UE tenta salvar acordo com Mercosul e Parlamento Europeu endurece salvaguardas agrícolas
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ESTRASBURGO, 16 Dez (Reuters) - Os parlamentares da União Europeia apoiaram controles mais rígidos sobre as importações de produtos agrícolas em um possível acordo comercial com o Mercosul, enquanto Bruxelas tenta convencer os céticos a assinar o maior acordo comercial da história da UE.
Havia a expectativa que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajasse para o Brasil no final desta semana para assinar o acordo, alcançado há um ano após 25 anos de negociações com o bloco formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Mas o acordo pode ser bloqueado por uma minoria suficientemente grande de membros da UE. A França e a Itália tentaram adiar a votação, enquanto a Polônia se opõe ao acordo.
A Alemanha, a Espanha e os países nórdicos afirmam que o acordo ajudará as exportações atingidas pelas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e reduzirá a dependência do bloco em relação à China, fornecendo acesso a minerais. Mas os oponentes, que o apelidaram de acordo "carros por vacas", dizem que commodities baratas poderiam inundar a UE, inclusive a carne bovina, em detrimento dos agricultores europeus.
O lobby tem se concentrado na Itália. Von der Leyen e o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, reuniram-se no final da segunda-feira com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.
"Se a Itália não estiver a bordo, está tudo acabado. Espero que hoje tenhamos uma visão um pouco mais clara", disse o chefe do comitê de Comércio do Parlamento Europeu, Bernd Lange, em uma entrevista à Reuters.
O ministro da Agricultura da Polônia pediu à Itália e a outras nações que se juntassem a uma minoria de bloqueio. Para bloquear o acordo, seria necessária a oposição de pelo menos quatro nações da UE que representassem pelo menos 35% da população do bloco.
"Temos os números, temos os argumentos e estamos moralmente certos. Não tenha medo da chantagem da indústria automotiva", disse Stefan Krajewski em um comunicado.
Os diplomatas dizem que é provável que pelo menos uma outra nação, como a Hungria, discorde do acordo.
As autoridades do Mercosul estão ficando impacientes, com uma autoridade brasileira alertando que é "agora ou nunca", já que o bloco está buscando acordos com outros países, como Japão, Índia e Canadá.
"Se a janela se fechar agora, ela não será reaberta tão cedo", disse outra fonte brasileira, um diplomata, à Reuters, sob condição de anonimato. "O Mercosul também tem outros parceiros, outras obrigações", disse ele.
PARLAMENTO EUROPEU REFORÇA SALVAGUARDAS
A França tem procurado reunir uma minoria de bloqueio para forçar proteções mais fortes para os agricultores.
Em uma concessão a Paris em outubro, a Comissão Europeia acrescentou um mecanismo para suspender o acesso preferencial a alguns produtos agrícolas do Mercosul, como carne bovina, aves e açúcar, se as importações aumentarem muito rapidamente ou se os preços caírem muito repentinamente.
O Parlamento Europeu votou na terça-feira para facilitar a suspensão do acesso, diminuindo os limites para acionar o mecanismo. O Parlamento agora terá que negociar um compromisso com os governos da UE que já haviam apoiado os limites mais altos. Espera-se que as negociações comecem já na quarta-feira.
Francesco Torselli, um parlamentar europeu do partido de Meloni, disse que, embora as salvaguardas estivessem melhorando o tratado, elas ainda não são suficientes para garantir que os agricultores pudessem competir em igualdade de condições.
"Também não entendemos a pressa em aprovar uma medida que está paralisada há anos, apesar de estarmos convencidos de que um acordo de livre comércio com a região do Mercosul poderia representar uma boa oportunidade para a Europa", disse ele.
(Reportagem de Philip Blenkinsop, em Estrasburgo; Lisandra Paraguassu, em Brasília; Angelo Amante, em Roma, e Alan Charlish, em Varsóvia)
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