Caminhoneiros param o terminal do Alto Taquari e Alto Araguaia, no MT

Publicado em 16/08/2010 14:27 e atualizado em 16/08/2010 18:10
É maior corredor de exportação de soja do país. Dali acontece o transbordo da soja para os trens que rumam ao porto de Santos.


Transportadoras de soja e caminhoneiros do Estado do Mato Grosso paralisaram hoje de manhã o principal corredor de exportação de soja do país. A categoria iniciou a mobilização como protesto pelas péssimas condições dos terminais de Alto Taquari e Alto Araguaia (MT), administrados pela operadora ferroviária ALL (América Latina Logística).

Os terminais recebem por dia pelo menos 300 caminhões e movimentam mais de25 mil toneladas de produtos a granel (principalmente soja, farelo de soja e milho). Nos períodos de safra, esse número pode alcançar 1.000 caminhões. Os caminhoneiros reclamam das precárias condições do terminal, como a falta de pavimento nos pátios e o excessivo tempo de permanência para o descarregamento da carga.

Segundo o diretor da Fettremat (Federação dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado de Mato Grosso), Olmir Feo, a falta de pavimentação nos terminais deixa os motoristas em meio à poeira durante a seca. "O ar fica irrespirável. E, dependendo da situação, um motorista tem de esperar até 24 horas para descarregar. No tempo de chuva, acaba a poeira, mas começam os atoleiros", aponta.

A reportagem da Folha já percorreu a perigosa BR 163, que interliga o Norte do Mato Grosso (área de grande produção de grãos) até o sul do Estado, onde a ALL recebe a produção e faz o transbordo para as composições que rumam para o Porto de Santos.

O tempo de permanência no terminal para o desembarque supera as 24 horas, podendo alcançar mais de 48 horas de espera em alguns períodos.

A mobilização tem o apoio de sete entidades ligadas ao transporte da carga no Mato Grosso. A ATC (Associação dos Transportadores de Cargas do Mato Grosso) emitiu comunicado para que todas as empresas de transporte recusem frete para Alto Taquari e Alto Araguaia.

Segundo a coordenação do movimento, os principais embarcadores (como Bunge, Amaggi e ADM) suspenderam a liberação da soja no interior do Mato Grosso.

De acordo com Feo, o movimento vem sendo articulado desde a semana passada e seguirá por tempo indeterminado. "Orientamos os colegas a não aceitar fretes para o terminal a partir de hoje. E vamos ficar de plantão na entrada para conversar com quem insistir em fazer a descarga", disse ele.

Os motoristas afirmam que só suspendem o movimento mediante um compromisso formal da ALL junto ao Ministério Público do Trabalho a partir do qual a companhia se comprometa a resolver os problemas dos dois terminais.

Liminar

Mesmo antes da greve, a categoria obteve uma vitória. A Federação dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário conseguiu na Justiça do Trabalho uma liminar que exige da ALL melhoria nas condições ambientais dos dois terminais, como a contratação de carros-pipa para molhar o pátio e reduzir a poeira.

Pelo despacho do juiz do trabalho Juarez Gomes Portela, a ALL também está proibida de barrar motoristas que protestam pelas péssimas condições dos terminais ou pelo tempo excessivo de espera. Segundo relato da ATC, a operadora bloqueia o CPF de caminhoneiros mobilizados impedindo-os de descarregar os caminhões.

A justiça trabalhista também determinou que a ALL amplie a capacidade de recebimento de grãos a fim de reduzir as filas nos terminais. À Folha, a assessoria de imprensa da ALL diz que o movimento não fechou os terminais. A empresa diz que fez "significativas melhorias" nos pátios de descarga desde 2006, quando assumiu a operação da Ferronorte, e que o processo não foi concluído.

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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