Marina acusa Dilma de mudar discurso sobre aborto para ganhar votos

Publicado em 29/09/2010 21:37


A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, acusou nesta quarta-feira a adversária Dilma Rousseff (PT) de mudar seu discurso sobre a legalização do aborto para ganhar votos.

"Eu não faço discurso de conveniência. A ministra Dilma já disse que era a favor e depois mudou de posição. Não acho que em temas como esse se deva fazer um discurso uma hora de uma forma e outra hora de outra só para agradar o eleitor".

A senadora reafirmou que é a favor de um plebiscito sobre o assunto. Ela se diz pessoalmente contrária à liberação do aborto por motivos religiosos.

Marina fez uma rápida aparição na Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. Cercada por muitos jornalistas e assessores, não conseguiu fazer corpo a corpo com eleitores que passavam pela estação.

Ela passa a noite no Rio e se prepara na quinta-feira para o debate entre os presidenciáveis na TV Globo.

DILMA

Na tentativa de rebater a onda de boatos que circula entre evangélicos e católicos, Dilma reuniu hoje lideranças dos dois segmentos para reforçar que é contra os temas-tabus para os religiosos, como o aborto, e desmentir a fala de que teria dito que nem Jesus Cristo tira dela essa eleição.

Dilma afirmou que esses boatos fazem parte do "submundo da política" e costumam aparecer na reta final das eleições.

A petista disse novamente que é contra o aborto e que não defenderá um plebiscito. Segunda ela, ainda que o PT defenda uma discussão maior sobre o tema, isso não a fará propor nenhuma medida ao Congresso para descriminalizar a prática.

"Somos um partido democrático. Não se trata de desautorizar [a discussão], eu como presidente não irei tomar essa posição. Não sou a favor de modificação a legislação. Deixe ao congresso a iniciativa", disse.

Dilma recebe o apoio do “bispo” Macedo, que é favorável ao aborto

Vamos fazer um textinho que pode ser debatido nas faculdades de jornalismo. Os professores que rejeitam a ideologia do escriba logo dirão: “Veja, caros aluninhos, vítimas do meu proselitismo, como esse Reinaldo Azevedo é manipulador”. Os realmente preocupados com jornalismo acharão que se está, ao menos, diante de um bom debate.

O PT inventou a história de que uma eventual murchada da candidatura Dilma — o Ibope da CNI do Armando Monteiro nega que tenha existido… — se deve a uma tal corrente na Internet que teria espalhado que ela é favorável ao aborto (e ela efetivamente era até abril do ano passado ao menos) e lhe atribuído a frase: “Nem Jesus Cristo me tira essa eleição”. Dilma nega que tenha dito isso. Pessoalmente, tendo a acreditar que não disse. Afinal, ela é a candidata de Lula. Na comparação, para eles lá, Jesus perde importância como símbolo de grandeza, entendem? Se o Ibope e o Datafolha investigarem a popularidade do Nazareno, talvez conclua que ela  anda abaixo de 80% nestes dias laicos, em que só Lula é adorado… Minha pena, obviamente, é de sarcasmo, não de melancolia. Mas vamos adiante.

O partido resolveu atribuir a queda de Dilma a esse boato — que chama de “preconceito”. Logo, a candidata seria vítima não da sua própria opinião sobre o aborto, mas de uma suposta maledicência. E, se a questão é de natureza religiosa e se os evangélicos fazem parte da equação, nada como exibir o apoio de um líder evangélico.

E é aí que entra Edir Macedo, o auto-intitulado “bispo”, dono da Igreja Universal do Reino de Deus e de um império de comunicação que inclui a verdadeira Lula News (que não é aquela de Franklin): a TV Record. Macedão botou pra quebrar e escreveu uma carta de apoio a Dilma Rousseff, atribuindo os “boatos” a coisas do capeta… A conferir: mas acho que a Universal, no passado, já viu o capeta em Lula. Como o diabo é quem é não por ser inteligente, mas por ser antigo, não deve ter mudado, deve continuar o mesmo. Lula e Macedo é que podem ter mudado um pouco. Mas esperem! Agora vem a parte que interessa aos professores de jornalismo.

Macedão entra na parada para combater os supostos boatos de que Dilma é favorável à legalização do aborto, certo? Mas quem é ele nessa questão? Ora, um defensor intransigente da… legalização! Chega a ter a cara-de-pau teológica de justificar a sua opinião apelando a uma leitura torta do Eclesiastes.

Assim, é uma obrigação do jornalismo informar o que pensa Macedo sobre o tema. Não fazê-lo é desinformação. Dado o contexto, uma desinformação favorável a Dilma  Ele já defendeu a legalização em entrevista, livro e no vídeo abaixo.

Na minha opinião, tudo é coerente: um líder evangélico favorável ao aborto pede votos em Dilma Rousseff. Faz sentido.PS - Acabo de ver Dilma no Jornal Nacional a defender que mulheres que fizeram o aborto em condições precárias sejam atendidas no serviço público de saúde. Diga-me, candidata: por acaso, elas não são hoje? Isso é plataforma de governo? Tenham paciência!

Por Reinaldo Azevedo

A imprensa, especialmente o jornalismo online e as rádios, está fazendo direitinho o trabalho para o PT. Dilma é tratada como vítima de uma grande conspiração. Até a sua conhecida posição favorável à legalização do aborto é tratada como mero “boato”. Boato? Ela mudou de idéia na boca da urna, o que me autoriza a escrever: “Ela diz ter mudado de idéia…”

“Eu não faço discurso de conveniência. A ministra Dilma já disse que era a favor e depois mudou de posição. Não acho que em temas como esse se deva fazer um discurso uma hora de uma forma e outra hora de outra só para agradar o eleitor”.

A fala acima é da candidata do PV, Marina Silva, que defende um plebiscito sobre o tema. Este blog, como se sabe, é contra a legalização do aborto,  não acha que se deva fazer um plebiscito a respeito nem mudar de idéia.  Mais: este blog acredita que a ministra Dilma tem o DIREITO de pensar o que pensa e a OBRIGAÇÃO de dizer o que REALMENTE pensa.

Por Reinaldo Azevedo
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Folha de S. Paulo

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário