Eleitor de Marina tende a votar em Serra no 2º turno

Publicado em 01/10/2010 11:01


Em um eventual segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), cerca da metade dos eleitores de Marina Silva (PV) se diz inclinada votar no candidato tucano à Presidência.

Segundo projeções da última pesquisa Datafolha, divulgada ontem, 51% dos eleitores de Marina migrariam para a candidatura Serra caso haja uma segunda rodada eleitoral em 31 de outubro.

Dilma receberia o apoio de 31%. Outros 15% dizem que votariam em branco ou anulariam o voto. E 3% responderam ainda não ter decidido o que fazer em um eventual segundo turno.

Ex-ministra do Meio Ambiente de Lula até maio de 2008, Marina Silva deixou o governo por discordar da política ambiental conduzida pelo governo.

Pouco mais de um ano depois, em agosto do ano passado, Marina anunciou sua saída do PT. Ela era filiada ao partido desde 1985, mas dizia militar na sigla há 30 anos.

Em maio deste ano, Marina anunciou o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência pelo Partido Verde.

VOTOS VÁLIDOS

Segundo a última pesquisa Datafolha, Dilma tem 52% dos votos válidos. Ela precisa de 50% mais um voto para vencer no domingo.

Como a margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, a petista pode ter entre 54% dos votos válidos e 50%.

Por isso, não se pode afirmar com segurança que Dilma não precisará enfrentar Serra novamente. O tucano tem 31% dos votos válidos.

Na projeção para o segundo turno, apesar do apoio maior dos eleitores de Marina a Serra, assim mesmo o tucano perderia a eleição. A pesquisa projeta vitória da petista por 53% a 39%.

Para derrotar Dilma, Serra teria de conquistar mais de sete pontos percentuais (já que a diferença entre os dois é de 14 pontos e, no segundo turno, cada ponto perdido por um candidato é ganho pelo adversário).

Em termos absolutos, Marina tem hoje o apoio de 19 milhões dos 135 milhões de eleitores do país.

Ela engordaria a votação de Serra no segundo turno com cerca de 9,7 milhões de votos. Dilma receberia cerca de 6 milhões.

Neste eventual segundo turno, do total de votos de Dilma, 8% viriam dos eleitores de Marina. No caso de Serra, seriam 18%.

Segundo a última pesquisa, encomendada pela Folha e pela Rede Globo, Dilma oscilou positivamente um ponto em relação ao último levantamento e tem 52% dos votos válidos na projeção para o primeiro turno.

Seu principal adversário, José Serra (PSDB), oscilou um ponto para baixo e tem 31% dos votos válidos. Marina Silva (PT) também variou negativamente um ponto, e está com 15%.

É lamentável Dilma depender de apadrinhamento de Lula, diz 'Economist' 

Em editorial na sua edição desta semana, a "Economist" diz lamentar a dependência da candidata presidencial do PT, Dilma Rousseff, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O fato de Dilma depender tanto do apadrinhamento de Lula é lamentável, pois o Brasil precisa de um líder forte e independente", diz a principal revista de economia e política da Grã-Bretanha.

Segundo a "Economist", caso seja eleita, Rousseff precisará sair da sombra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva "para conseguir a autoridade necessária" ao cargo.

A revista diz ainda que Lula "precisa deixá-la se afastar", uma atitude que seria "seu último presente a país".

Intitulado "A Passagem", o texto afirma que Lula deu ao Brasil continuidade e estabilidade e que agora ele precisa "dar independência" a sua sucessora.

TRÊS GRAVES PROBLEMAS

Se eleita, Dilma terá de lidar com ao menos três graves problemas, segundo a "Economist", e a corrupção seria o primeiro. A revista afirma que o PT tem uma "tendência de inchar os órgãos federais com indicados políticos".

A segunda preocupação seria com o papel do Estado na economia --que cresceu no segundo mandato de Lula. O terceiro "teste" é a política externa, por causa da aproximação do presidente com "autocratas" como os presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

Para a revista, ainda não está claro se Dilma tem "a força e vontade para lidar com esses problemas".

Em outra matéria, a "Economist" detalha o legado do governo Lula e explica como Dilma se beneficiou dele, apesar de especialistas acreditarem, há um ano, que era impossível transferir sua popularidade.

No entanto, a matéria afirma que a presidenciável não tem o "magnetismo" de Lula nem sua "habilidade de negociar". Por fim, ela especula sobre como seria o novo governo, apostando em nomes como Antonio Palocci e José Dirceu para integrar seu gabinete.

Lula diz à 'Economist' que não interferirá no próximo governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista ao site da revista britânica "The Economist", publicada na quinta-feira, que não pretende interferir no governo do seu sucessor.

"Um ex-presidente deve se recolher para algum lugar confortável e tranquilo, e não ficar dando palpite sobre política nacional, deixando seja lá quem for eleito governar o país, cometer erros e acertar, mas deixando eles governarem o país", disse Lula.

O presidente prometeu que continuará ativo na política, mas disse que ainda não pensou no que pretende fazer após o dia 1º de janeiro. Ele afirmou que não quer tomar nenhuma decisão precipitada sobre seu futuro.

Lula disse que como ex-presidente trabalhará para tentar aprovar a reforma política.

"Agora eu estou me comprometendo, quando eu não for mais presidente, a começar a convencer o meu próprio partido, porque eu acho que esta é a principal reforma que temos que fazer no Brasil, para que possamos [depois] fazer as demais reformas", disse Lula ao site da revista britânica.

Lula diz que depois de convencer o PT sobre a importância das reformas, ele poderá trabalhar junto com os demais partidos na aprovação da reforma.

O presidente considera que só uma reforma política poderá gerar "partidos fortes e um Congresso forte, para que quem sente nesta cadeira [de presidente] possa firmar acordos importantes com os partidos políticos e os líderes dos partidos".

Sem a reforma, Lula diz que o fator decisivo na política brasileira é "a força individual de cada cidadão, de cada região".

FRUSTRAÇÃO

O presidente disse à revista que se sente "frustrado" por não ter visto a reforma política aprovada no seu governo, e atribui isso ao fato de "as pessoas não gostarem de mudança".

"Eu aprendi muito e acho que isso vai permitir que, uma vez que eu não seja mais presidente e tenha mais liberdade, eu discuta temas que, como presidente, eu não queria discutir, porque eles não estavam sob a minha competência", diz Lula à revista.

Lula também sugere que como ex-presidente poderá ser mais influente na discussão sobre a reforma das leis trabalhistas, ajudando empregadores e trabalhadores a chegar a um consenso.

Lula revela que "a sua maior surpresa" ao chegar ao governo foi se deparar com "as dificuldades que o próprio Brasil cria para si, com legislações excessivas" que atrasam as decisões do Executivo.

PETROBRAS E ORIENTE MÉDIO

Na longa entrevista ao site da "Economist", o presidente brasileiro aborda diversos temas, como o maior controle do Estado sobre a Petrobras, as negociações de paz no Oriente Médio e sugestões para o seu sucessor.

Sobre a Petrobras, o presidente defende que o "petróleo pertence ao governo" e afirma que a receita das descobertas do pré-sal precisa beneficiar a população brasileira. O novo marco regulatório do setor, para Lula, é melhor do que a estrutura anterior, que "funciona bem apenas para as empresas petrolíferas".

Lula criticou o processo de negociação de um acordo de paz no Oriente Médio. Segundo o presidente brasileiro, as discussões não incluem todas as vozes necessárias para se chegar à paz.

"Cada vez que eles sentam para conversar, eles ganham um Prêmio Nobel. Eles deram dez Prêmios Nobel pela paz em Israel e Oriente Médio, e a paz não aconteceu. Essas pessoas deveriam devolver seus Prêmios Nobel, já que não há paz."

Sobre o próximo presidente brasileiro, Lula diz que o seu sucessor deve "fazer política com o coração, cuidar dos mais pobres e praticar a democracia até o fim absoluto".

O presidente diz acreditar na vitória de sua candidata, Dilma Rousseff, que "surpreenderá o mundo" quando chegar ao poder.

"A Dilma é tão democrática quanto eu, tão socialista quanto eu e tão responsável quanto eu. Talvez por ser mulher ela possa fazer mais, porque precisamos dar mais poder às mulheres na política", diz Lula.

Lula diz que seu sonho é ver o próximo presidente ajudar mais pessoas pobres a chegarem à classe média pobre.

Ele disse que não pensa, no momento, em se candidatar à Presidência em 2014.

"Terei 68 anos. Aos 68, os anos pesam. Se eu eleger a Dilma e ela for boa, ela terá que ser candidata à reeleição."


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Fonte:
Folha de S. Paulo

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