Após votar, Serra volta a falar das ameaças à democracia no país

Publicado em 03/10/2010 15:57



Após votar neste domingo, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra (PSDB), voltou a dizer, ainda que indiretamente, que o PT oferece ameaças à democracia no país.

Após parabenizar os pais e avós que levam os filhos para acompanhar a votação, o tucano afirmou que, assim, "a juventude vai se habituando àquela que é a grande conquista do povo brasileiro nos últimos 25 anos". "Construímos um regime democrático, um regime mais forte do que os abalos que tem sofrido", completou.

"Uma ou outra vez, há comportamentos que tendem a hostilizar toda a regra desse jogo democrático. Mas nós construímos instituições sólidas no Brasil. Isso vale ouro para o nosso futuro", disse o candidato.

Serra votou por volta das 13h deste domingo no Colégio Santa Cruz, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), e levou 1 minuto e 23 segundos para registrar a sua escolha.

Também sem citar nominalmente o governo Lula, o tucano elogiou o comportamento do governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB) --segundo ele, "um exemplo de decoro e compostura no exercício do cargo durange um período agitado de campanha".

Nacho Doce/Reuters
Candidato do PSDB à Presidência, José Serra, vota em São Paulo e posou para fotos
Candidato do PSDB à Presidência, José Serra, vota em São Paulo e posou para fotos

Mais uma vez, ele disse que o Brasil não tem dono e que vai trabalhar pela liberdade de imprensa. "Defenderei em todos os momentos, aconteça o que acontecer no Brasil, a liberdade da nossa imprensa de informar tudo que ela souber que está acontecendo, o que, na verdade, é a grande garantia que nós temos para a democracia e para o futuro de melhor ética e melhor qualidade moral dos governos do Brasil nas suas três esferas".

O candidato voltou a reiterar a confiança de que a disputa presidencial não terminará neste domingo. "Pelo bem do Brasil, se Deus quiser, nós vamos ao segundo turno." Serra cometeu ainda um ato falho, mas se corrigiu rapidamente: "Eu queria parabenizar as mulheres, que, na minha opinião, foram as mais competentes... na campanha estadual".

Um integrante do programa humorístico CQC tentou colocar em Serra uma faixa de presidente do Palmeiras --time pelo qual torce--, mas ele se recusou.

PESQUISA

A última pesquisa Datafolha indica que a disputa presidencial segue incerta sobre terminar ou não neste domingo, já no primeiro turno. Quando se consideram só votos válidos, Dilma Rousseff (PT) está com 50% contra 50% de todos os outros candidatos somados. Para vencer no primeiro turno é necessário ter mais da metade dos votos.

Serra aparece com 31% dos votos válidos --o tucano está nessa faixa desde a primeira semana de setembro. Marina Silva (PV) está com 17%.

Lula fecha campanha com ataque à imprensa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou ontem a campanha da candidata Dilma Rousseff (PT) com críticas à atuação da imprensa no processo eleitoral. Após participar ao lado de Dilma de uma carreata, ele elevou o tom das queixas e afirmou que setores da mídia foram autoritários.

Andre Lessa/AE
Andre Lessa/AE
Ao lado de Dilma, o presidente Lula comandou a festa, ontem, na carreta petista em SBC (SP)

"O País dá lições ao mundo de democracia e de liberdade de imprensa, mas é uma pena que tem gente que confunde liberdade com autoritarismo", disse. "Alguns setores não se deram conta de que as pessoas da senzala estão dentro da casa grande agora e precisam conviver democraticamente na diversidade."

Minutos antes, Lula e Dilma percorreram em carro aberto cerca de 3 quilômetros no centro de São Bernardo do Campo, berço político do presidente. A carreata saiu da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade que Lula já dirigiu, e terminou em frente à Igreja Matriz, outro local simbólico nas lutas sindicais dos anos 1970 e 1980. No trajeto, militantes levantaram faixas para reclamar da imprensa, incentivados pelos duros discursos de Lula nas últimas semanas contra veículos de comunicação. O escândalo que derrubou Erenice Guerra, ministra da Casa Civil acusada de tráfico de influência, foi o estopim para a nova turbulência na sempre tensa relação do presidente com a imprensa. Ele acusou veículos de comunicação de cobrirem o caso com interesses partidários.

Na entrevista após a carreata, Lula avaliou que Dilma tem "muita chance" de ganhar a eleição no primeiro turno e ironizou os adversários. "Apenas nós fizemos campanha de rua, comícios, porque os outros candidatos utilizaram apenas o espaço na televisão, certamente preocupados em não ter a receptividade do povo que nós tivemos."

Assim como na campanha, Lula comandou a festa petista. Mas não escondeu certo cansaço, ao contrário de Dilma, sempre sorridente. 

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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