Diretor de estatal do Ministério de Minas e Energia e amigo de Dilma é sócio de empresa com contratos com Petrobras

Publicado em 08/10/2010 20:14 e atualizado em 09/10/2010 08:51

República dos Companheiros - Diretor de estatal do Ministério de Minas e Energia e amigo de Dilma é sócio de empresa com contratos com Petrobras

Por Bruno Villas Bôas e João Guedes, no Globo:
Diretor de Gestão Corporativa da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), Ibanês César Cássel tem a Petrobras como cliente de sua empresa de eventos. Ligado à candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, desde que ela foi secretária de Energia, Minas e Comunicações no Rio Grande do Sul nos anos 90, Cássel assinou dois contratos com a estatal do petróleo no total de R$ 538.755,65 em 2008, por meio da Capacità Eventos Ltda, sediada em Porto Alegre. A Capacità tem Cássel como sócio e a mulher dele, Eliana Azeredo, como diretora-geral. Um dos contratos foi assinado sem licitação. Informações sobre Ibanês Cássel, entre outros rumores de denúncias que afetariam a Petrobras, circularam no mercado nesta quinta-feira [ontem] e derrubaram as ações da empresa .

Cássel assumiu o cargo estratégico na EPE em 2005, convidado pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Ele foi diretor administrativo da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) do Rio Grande do Sul, estatal ligada à Secretaria de Energia, Minas e Comunicações do estado, quando a pasta era comandada pela atual candidata.

Um dos contratos com a Petrobras (número 4600285827), de R$ 438.755,65, refere-se à inauguração da plataforma P-53, em 18 de setembro de 2008 em Rio Grande (RS), com a presença do presidente Lula. Houve licitação pelo modelo de carta-convite, no qual pelo menos três empresas precisam ser convidadas para a disputa.

A Petrobras também foi cliente da Capacità no contrato de patrocínio do evento “Porto Alegre - Uma visão de futuro”, realizado pela Câmara Municipal de Porto Alegre em 2008 e que tratou de “diversos temas relacionados à vida urbana das cidades”. Este contrato (número 4600283697) foi assinado sem licitação e somou R$ 100 mil. A Petrobras se valeu do decreto 2745 de 1998 - que flexibilizou as regras para licitação - para não abrir uma concorrência.

Cássel: “Não tenho ingerência na Capacità”
No Portal da Transparência do governo federal, consta o primeiro contrato entre a Capacità e a União em 2005, com a Casa da Moeda. No ano seguinte, a empresa assinou contratos de R$ 753 mil com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os contratos visavam à “administração da unidade” e à “formulação e avaliação da política de desenvolvimento agrário”.

Este último contrato foi assinado no mesmo ano em que Guilherme Cassel assumiu o MDA. O ministério disse que, apesar do sobrenome, ele não tem parentesco com Ibanês Cássel, e que os contratos foram assinados por pregão eletrônico para “organizar, produzir e pagar cachês de artistas que atuaram na 2ª Conferência Internacional de Reforma Agrária”.

O GLOBO enviou por e-mail uma lista de perguntas para Ibanês Cássel, que respondeu a apenas parte delas, de forma genérica. Ele diz que tem 1% de participação na Capacità Eventos, adquirida antes de sua posse na EPE.

- Tal participação foi analisada, antes da minha nomeação, pelos órgãos competentes e não constitui impedimento de ordem legal ou de qualquer natureza para o exercício do cargo - disse, por e-mail.

Cássel confirmou ter sido convidado pela então ministra para o cargo na EPE e afirmou que “minhas relações com Dilma Rousseff decorrem dessas experiências profissionais”. Disse ainda que “não participou da administração da Capacità” nem tem “ingerência sobre os contratos por ela celebrados.”

A assessoria de Dilma informou que a Capacità não presta serviços para sua campanha.

A diretora-geral da Capacità Eventos, Eliana Azeredo, mulher de Cássel, negou interferência do marido ou qualquer favorecimento:

- O Ibanês tem um 1%. Não atua na gestão. A Petrobras fez uma licitação em São Paulo com várias empresas e eu ganhei com o menor preço. Não vejo nada errado. É licitação.

Sobre o contrato de organização do seminário em Porto Alegre, ela disse que a Capacità foi “recebedora de patrocínio de um contrato para pagar fornecedores”.

Não é a primeira vez que o nome da EPE aparece ligado a denúncias. No mês passado, no rastro do escândalo de tráfico de influência que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil, foi descoberto que a estatal tinha contrato com o escritório Trajano & Silva, onde Israel Guerra, filho da ex-ministra Erenice, costumava despachar. Uma irmã de Erenice trabalhou na EPE.

Por Reinaldo Azevedo

Amigo de Dilma ao acordar à noite e ver a sua mulher domindo ao lado: “Meu Deus! Quem é essa?”

(ler primeiro o post abaixo)
Por Mônica Tavares, no Globo Online. Comento em seguida:
O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse nesta sexta-feira que a questão das denúncias contra o diretor de Gestão Corporativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Ibanês César Cássel, têm que ser discutidas com a empresa. Para ele, é uma avaliação que precisa ser feita pela estatal.

- A empresa é pública e tem estatuto próprio que prevê diversas regras - afirmou.

Zimmermann destacou ainda que as denúncias - segundo as quais Cássel tem a Petrobras como cliente de sua empresa particular de eventos - são reportagens de jornal e que ainda não conversou com o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.

O ministro lembrou que chegou na quinta-feira à noite de Manaus e do Acre. E participou na manhã desta sexta da reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), da qual Tolmasquim esteve ausente. Depois seguiu para o Palácio do Planalto onde se encontrou com o presidente Lula e a ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, para tratar da nova legislação de mineração.

Comento
Segundo o ministro, a denúncia ainda é só “notícia de jornal”…

Errado! A notícia de jornal informa um fato, meu senhor! O próprio Cássel e sua mulher admitem a relação da empresa do casal com a Petrobras. Em sua defesa, ele alega que não tem qualquer interferência no empreendimento privado. Entendi: mulher não é parente! Vai chegar o dia em que Càssel vai acordar à noite, olhar para o lado e se espantar:

— Meu Deus! Quem é essa?

Ah,bom! Agora está explicado! Jornal tem cada uma, né?

Por Reinaldo Azevedo

Dilma defende ex-assessor, inventa que Petrobras é vítima de especulação e demonstra que ainda não sabe o papel da imprensa

Vejam o que informam Maria Lima e Gerson Camarotti, de O Globo. Volto em seguida:
A candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) ficou irritada nesta sexta-feira, subindo o tom de voz quando questionada a respeito da matéria do GLOBO que trata dos negócios de um diretor da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) com a Petrobras . Ela defendeu Ibanês César Cássel, que já foi seu assessor na Secretaria de Energia do Rio Grande do Sul e hoje é diretor de Gestão Corporativa da EPE. (Leia também: Ministro de Minas e Energia diz que Empresa de Pesquisa Energética ainda tem que avaliar as denúncias envolvendo diretor da estatal.

- Aquela matéria é ridícula. Em algum momento foram questionados ministros e empresários, que tinham empresas, como Luiz Fernando Furlan e Roberto Rodrigues? - questionou Dilma, em referência, respectivamente, aos ex-ministros do Desenvolvimento e da Agricultura no primeiro mandato do governo Lula.

Confrontada com o fato de que o questionamento não se devia ao fato de o Cássel ter uma empresa, mas sim porque fez negócio com a Petrobras, ela não quis responder.

Dilma disse ainda que é preciso ter muito cuidado com denúncias em campanha eleitoral.

- Tem que ter cuidado com esse tipo de matéria. Isso se chama é especulação contra a maior empresa do Brasil - disse.

- Meu ex-assessor, o fato de ter uma empresa e participar do governo não é crime. Olha, acesse o site da empresa que vocês vão ver que ela presta serviços para muitas empresas, inclusive órgãos da imprensa. Isso é uma denúncia?

Ela voltou a demonstrar preocupação com os efeitos de denúncias como a que envolvem seu ex-assessor.

- Tem que ter muito cuidado no período eleitoral com esse tipo de matéria. Eu fiquei sabendo que tem relatório de bancos relatando a possibilidade de uma futura matéria a esse respeito e não era a matéria do GLOBO, disse ela, se referindo aos boatos de que a revista “Veja” deste fim de semana pode trazer uma matéria com denúncias que podem prejudicar a Petrobras.

Comento
Vamos por partes. O que derrubou as ações da Petrobras foi a mão grande do governo, que abocanhou uma fatia maior da empresa sem meter um tostão lá: deu o petróleo que um dia terá, quem sabe… Mais governo, menos transparência, foi a leitura que se fez. Foi isso o que os bancos refletiram em seus respectivos relatórios — alguns deles haviam participado ativamente do processo de capitalização e estavam interessados na valorização das ações, não no contrário.

“Matéria ridícula”? De vez em quando, a Dilma de verdade ameaça dar as caras.

Quanto à suposta reportagem de VEJA, já escrevi e reitero: não havia reportagem nenhuma — e, se houvesse, a revista publicaria. O papel do jornalismo, Dona Dilma, não é elevar ou derrubar o preço das ações das empresas. O papel do jornalismo é atender ao interesse público — é isso o que deveriam fazer os políticos e os dirigentes de estatais. Assim, VEJA não publicou a reportagem porque reportagem não havia; houvesse, teria publicado. Jornalismo não especula com ações.

A propósito: quem andou afirmando que a revista publicaria isso ou aquilo foram os blogs sujos, sustentados, diga-se, por empresas estatais. Imaginem… Só falta agora o PT acusar a imprensa de ser a responsável por suas inabilidades na condução dos assuntos da Petrobras em razão de matérias que nunca foram publicadas porque não existiam.

Por Reinaldo Azevedo

Propaganda de Serra na TV está muito melhor; Dilma, finalmente, descobre o eleitor

Assisti apenas aos programas do PT e do PSDB transmitidos à noite. O que há a destacar de mais importante? O de Serra melhorou muito, já digo por quê. O de Dilma descobriu, finalmente, o eleitor. Desde o início da campanha eleitoral na TV, foi a primeira vez em que candidata petista disse com clareza que, bem…, precisa do voto de quem está do outro lado da tela. De qual eleitor? Daquele que, no primeiro turno, resistiu a fazer aquilo que Lula mandou — já que ela, como individualidade, não existiu na primeira fase da disputa — e também daquele que, tendo votado nela, pode mudar de idéia.

Dilma agradeceu a Deus, se disse a favor da vida — embora não tenha pronunciado a palavra “aborto” —, fez as suas promessas e exibiu o apoio de aliados já eleitos no primeiro turno. O tom é menos triunfalista. Se, antes, a eleição parecia um mero ritual para referendar o que já era dado como certo, agora fica claro que há uma disputa. Seu grande esteio não poderia faltar: Lula apareceu pedindo voto para a candidata, usando a si mesmo como exemplo: também ele teria sido vítima de uma campanha negativa quando candidato — talvez se referisse a Collor, seu aliado de agora. É claro que ele não tratou da diferença entre os dois casos, não é mesmo? Que Dilma tenha defendido a descriminação do aborto é um fato, não um boato.

O programa teve um daqueles momentos sublimes. Anuncia-se a comparação entre os oito anos de governo FHC e os oito anos de governo Lula. E alertam: “Sem mentiras!” Em seguida, na seqüência mesmo!, a locutora afirma: “No governo FHC-Serra, não haveria Bolsa Família”. Uau! O PT, ENTÃO, MENTIU DUAS VEZES: NA MENTIRA EM SI E AO ANUNCIAR QUE NÃO MENTIRIA. Por quê? Os programas reunidos no Bolsa Família foram criados no governo tucano, e a idéia de unificá-los também partiu de um governador do PSDB. No vídeo abaixo, Lula confessa as duas coisas: a) os programas já existiam; b) Perillo propôs a unificação. Veja abaixo quem ainda viu.


O programa de Serra
O programa de Serra não abandonou as propostas mais imediatas que têm ancorado seus programas — mínimo de R$ 600, 10% de reajuste para aposentados, 13º para o Bolsa Família —, mas investiu também na imagem no estadista, que fala em defesa da democracia, das instituições, da liberdade de imprensa e, claro, do respeito à vida. Em seu programa, pronunciou-se, sim, a palavra aborto, contra o qual, informou-se, ele sempre se posicionou, sem mudar de idéia na reta da eleição. A referência a Dilma não é explícita, mas é clara.

Agora, há, sim confronto com o PT. Depois de lembrar a trajetória do candidato, desde os tempos de presidente da UNE, os contratastes com o partido adversário: Serra estava na luta pelas diretas; Dilma não se sabia onde estava; Serra estava com Tancredo; “o PT de Dilma”, contra; Serra estava defendendo o Real; “o PT de Dilma”, contra”. Nas suas intervenções, Serra fala da necessidade de unir o Brasil.

O discurso está mais arejado, mais aberto, mais jovial, mais confiante. O candidato “sem escândalos” é o do Programa Mãe Brasileira: mulheres grávidas, com o ar alegre — em vez do tom emocionado-choroso — passam a mão na barriga, e a narração em off lembra o candidato “a favor da vida”. O tucano volta ao vídeo para afirmar que um presidente tem de ter “postura, equilíbrio e VALORES CRISTÃOS” e estar preocupado em defender a “democracia, o meio ambiente”…

O texto flui. Até a política externa entrou no horário eleitoral de um modo claro, adequado, didático: o Brasil tem de dar o braço a países que honrem a democracia, não aos que “apedrejam mulheres e perseguem a imprensa”. Trata-se, enfim, de um leque de temas fala a brasileiros de todas as classes, de todas as rendas, de todas as formações. E a mensagem geral é para unir esses Brasis.

Os aliados também estiveram presentes: Aécio Neves, senador eleito (MG) e os governadores eleitos Beto Richa (PR), Geraldo Alckmin (SP) e Antonio Anastasia (MG) deram seu testemunho em favor de Serra. Lula apareceu, sim, no horário tucano, mas, agora, de um modo que todo eleitor da oposição certamente considerou adequado: faz-se uma seqüência de retratos de presidentes a partir de Collor , “que” ninguém conhecia, lembra o narrador. E deu no que deu. Depois vieram Itamar Franco, que “restaurou a dignidade”; FHC, “que fez o Real”, e Lula, que deu continuidade. E agora? Os eleitores colocarão na presidência uma pessoa desconhecida, como era Collor?

Cada um tem o seu programa ideal, não? Somos milhões de técnicos de futebol e de marqueteiros. A campanha de Serra pode melhorar? Eu acho que há muito a ser feito. Mas já dá para dizer que a do segundo turno não repete alguns erros óbvios da do primeiro turno. Parece outra. Os eleitores disseram nas urnas que se deve, sim, respeitar Lula, mas não temê-lo.

DE VOLTA À POLÍTICA! Já não era sem tempo!

Por Reinaldo Azevedo

Texto, contexto e subtexto

Leia Editorial do Estadão:
O texto: o ministro Franklin Martins, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, anuncia que está viajando a Londres e Bruxelas com o objetivo de convidar especialistas europeus a participarem do Seminário Internacional Marco Regulatório da Radiodifusão, Comunicação Social e Telecomunicação, agendado para os primeiros dias de novembro no Brasil, encontro que vai oferecer subsídios para a elaboração do projeto de “controle social” da mídia que, informaram fontes do Palácio do Planalto, o governo pretende enviar ao Congresso, atenção, muita atenção, “ainda este ano”.

O contexto: início do segundo turno das eleições presidenciais, no qual a campanha da candidata do governo não pode facilitar e dar margem novamente aos vacilos que frustraram a liquidação da fatura eleitoral já no primeiro turno, proeza da qual vinha prematuramente se jactando o maior cabo eleitoral da candidata oficial, o próprio presidente da República.

O subtexto: a mídia eletrônica - emissoras de televisão e rádio - é concessão estatal. Quem tem o poder de dar tem também o de pegar de volta. É bom, portanto, parar com esse negócio de “inventar coisas o dia inteiro”, ameaça recente do presidente Lula contra o que entende ser mau uso da liberdade de imprensa por parte de jornais, revistas, rádios e televisões. Esses que não se cansam de inventar notícias como as “taxas de sucesso” na Casa Civil ou as contradições de Dilma Rousseff sobre a questão do aborto.

O destampatório de Lula, como é de seu estilo, é bem menos sutil do que o recado do ministro Martins, mas ambas as manifestações fazem parte do mesmo roteiro que vem sendo há anos seguido pelo lulo-petismo na tentativa de viabilizar uma precondição indispensável a seu projeto de perpetuação no poder: o controle da imprensa.

Essa encenação que Franklin Martins montou como parte de seu papel na estratégia eleitoral petista é tosca. Para começar, é ridículo tentar fazer alguém acreditar que o principal objetivo da viagem à Europa é convidar personalidades para participar de um seminário que se realizará no Brasil daqui a um mês. A programação de eventos internacionais, pelo menos os relevantes, exige agendamento com antecedência de no mínimo seis meses. Chama a atenção também o cronograma imaginado pelo ministro Martins: até o dia 10 de novembro as personalidades convidadas para o seminário ofereceriam sua contribuição. A partir daí, os 50 dias restantes para o fim do ano - e do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, e provavelmente menos tempo ainda até o início do recesso parlamentar, seriam dedicados ao trabalho de concluir o projeto a ser apresentado ao Congresso, incorporando as novas sugestões dos convidados do ministro às 633 que foram aprovadas pela Conferência Nacional de Comunicação realizada em dezembro do ano passado em Brasília.

Resumo da ópera: tudo isso é jogo de cena. É claro que Lula, que detesta ser contrariado, anda cada vez mais irritado com o comportamento da imprensa, que de fato não para - porque os fatos simplesmente se sucedem - de divulgar malfeitos do governo. E seus recentes arreganhos demonstram claramente isso. Mas ele é esperto o suficiente para perceber que o projeto de poder do Partido dos Trabalhadores ainda não avançou o suficiente para permitir iniciativas de ostensivo “controle social da mídia”, que seriam vigorosamente repudiadas, como têm sido, pela consciência cívica do País. De modo que é absolutamente improvável que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disponha a mexer nesse vespeiro agora.

Já não se pode dizer o mesmo, por outro lado, do combativo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Franklin Martins tem uma história de lutas que fala por si. Aliás, essa é uma de suas grandes afinidades com Dilma Rousseff. Diferentemente de Lula, o pragmático esperto, para quem o que interessa é apenas o que convém a sua desmedida ambição de poder, Franklin Martins é “ideológico”. Suas ameaças, portanto, devem ser levadas em consideração, para o futuro.

Por Reinaldo Azevedo

Ofensiva tucana em SP foca 100 maiores cidades

Por Julia Duailibi e Chico Siqueira, no Estadão:

O comando da campanha do presidenciável do PSDB, José Serra, resolveu adotar medidas preventivas contra o crescimento da candidata adversária Dilma Rousseff (PT) entre o eleitorado de Marina Silva (PV) em São Paulo e passará a focar a campanha tucana nas 100 maiores cidades paulistas.

O governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), entrou na articulação. Na noite de quinta-feira, encontrou-se com prefeitos de Sorocaba, Piracicaba, São José dos Campos, Americana e Santos. Pediu a todos empenho na ofensiva pró-Serra.

Além de Goldman, os dois novos integrantes do conselho político da campanha tucana - o governador eleito Geraldo Alckmin e o senador eleito Aloysio Nunes Ferreira -, participarão do “mutirão paulista”. Também compõem o grupo o prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), o secretário de Educação, Paulo Renato, e o vice-governador eleito, Afif Domingos (DEM).

Kassab visita hoje Caieiras e Paulínia para entregar aos prefeitos a carta assinada por Alckmin e Aloysio, na qual pedem apoio a Serra. Nos últimos dois dias, Alckmin foi a Santos, Mogi das Cruzes e São José do Rio Preto.

A disputa no maior colégio eleitoral do País será acirrada. Serra venceu no Estado por uma diferença de pouco mais de 780 mil votos. Teve 40,66% dos votos, contra 37,31% de Dilma. Marina conseguiu obter 4,8 milhões de votos no Estado. Os tucanos querem focar em cidades estratégicas, onde o candidato perdeu para Dilma, como Campinas, Guarulhos e a região do ABC.

Alckmin disse ontem, em São José do Rio Preto, que as viagens têm finalidade de conquistar o eleitor de Marina. “O tempo de TV será igual, e Marina teve 20% dos votos. Em quem vai votar esse eleitor no segundo turno? Acho que ele tem uma afinidade maior conosco”, disse Alckmin.

O comando da campanha tucana também decidiu agora que vai tentar tirar do papel o “conselho político”, criado durante o primeiro turno e formado por lideranças dos partidos aliados.

O grupo foi feito para atender à demanda dos partidos aliados de terem maior participação nas principais decisões da campanha. Mas o “conselho de notáveis” nunca se reuniu. A ausência dos encontros foi vista internamente como exemplo de que o presidenciável tucano não estava aberto para ouvir os aliados. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Marina e o PV: estaremos mesmo diante de uma novidade?

A maioria dos membros da direção do PV quer apoiar a candidatura de José Serra. Marina Silva, que não é PV, mas esteve PV para se candidatar à Presidência da República, quer a neutralidade porque é o jogo que faz sentido para a sua carreira política. Ela não está nem aí para o partido. Já pespegou a pecha de “fisiológicos” nos que defendem uma posição diferente da sua. Eis Marina. Está nascendo uma nova inimputável na política.

Qualquer outro que buscasse uma legenda com o fito exclusivo de se candidatar levaria alguns petelecos de observadores muito severos. Não ela! Fez isso por princípios!!! Conseguiu até mesmo inventar uma instância decisória no PV que inclui pessoas não-filiadas. São os “marineiros”. Marina não alugou o PV, é bom ficar claro. Tomou ele todo. E ai daquele que for vítima de sua “fatwa”.

O PV foi só um veículo para a sua postulação, nada mais. A depender do que venha pela frente no que diz respeito à reforma política ou partidária, ela pode ser outra coisa. Sem mandato a partir de 1º de janeiro, não terá qualquer prejuízo se mudar. Nasce uma nova aiatolá na política brasileira. Lula sempre decidiu quem eram os bons e os maus da vida pública. Ao longo do tempo, bons passaram a ser maus, e maus contumazes passaram a ser bons. Critério? Estar com ele ou contra ele.

Marina tenta esse caminho. Lula tinha a tal agenda da “classe trabalhadora”. Pós-classista, Marina é a dona da “agenda ambientalista”. E já começou a campanha para 2014, 2018, 2022, sei lá eu. Apoiar quem? Ora, para ela, só faz sentido apoiar ninguém. Os outros que apóiem Marina se quiserem. E quem não está com ela cedeu ao fisiologismo. E isso é considerado um jeito novo de fazer política.

Por Reinaldo Azevedo
PT vai ter 8 minutos na TV da Canção Nova para combater palavras do padre José Augusto: “Podem me matar, mas eu não posso me calar diante de um partido que está apoiando o aborto”

Por Felipe Seligman, na Folha Online. Comento:
O PT e a TV Canção Nova, ligada à Igreja Católica, formalizaram um acordo, nesta sexta-feira, sobre o pedido do partido ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para veicular direito de resposta de 15 minutos contra sermão do padre José Augusto Souza Moreira. A defesa de Dilma considerou que as palavras do padre foram ofensivas e poderiam afetar a candidatura da petista.

Ficou decidido que o partido poderá veicular um direito de resposta menor, com oito minutos de duração, na programação matinal da TV “Canção Nova”. O acordo foi apresentado ao TSE, que terá de confirmá-lo. A resposta deverá ir ao ar no dia útil seguinte ao pronunciamento do tribunal sobre o fato. Em homilia veiculada no canal católico, o José Augusto afirmou que não poderia se calar “diante de um partido apoiando o aborto”.

“Podem me matar, podem me prender, podem fazer o que quiser. Não tenho advogado nenhum. Podem me processar e, se tiver de ser preso, serei. Mas eu não posso me calar diante de um partido que está apoiando o aborto, e a Igreja não aprova”, afirmou.

Segundo a representação do PT contra sua fala, o padre, ao dizer que poderia ser morto, ou preso, fez uma “clara sugestão caluniosa de que o PT poderia praticar algum crime contra a sua integridade física”.

O acordo enviado ontem ao TSE, afirma que, depois do pedido de resposta elaborado pelo PT, a TV Canção Nova respondeu que atenderia em parte o pleito petista, já que não houve “intenção ofensiva” nem do padre, nem da rede de televisão.

O partido insiste, porém, em dizer que a veiculação da resposta é necessária, já que a mensagem de José Augusto pode interferir no resultado das eleições. O caso está no gabinete da ministra Nancy Andrighi.

Comento
Estas são as palavras do padre consideradas “ofensivas”:

Por Reinaldo Azevedo

Bispos podem orientar fiéis sobre aborto, diz CNBB

Por Leonêncio Nossa, na Agência Estado. Volto em seguida:

O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, disse hoje que os bispos estão liberados para participar do debate sobre aborto que virou grande polêmica na campanha eleitoral. “Na sua diocese, o bispo tem o direito e o dever de orientar seus fiéis sobre temas da fé e da moral cristã”, afirmou. “Eles são livres para fazer o que achar que seja melhor”, acrescentou.

Em entrevista realizada na sede da instituição em Brasília, d. Dimas ponderou que a CNBB como entidade não entrará na discussão. A CNBB divulgou inclusive nota assinada por sua cúpula para reafirmar que não indica candidatos e lamentar que o nome da instituição e da Igreja tenham sido usados e manipulados ao longo da campanha.

Em relação aos bispos, d. Dimas ressaltou que eles nunca foram impedidos pela CNBB de participar desse debate. O religioso disse que a Santa Sé e o Direito Canônico não preveem uma legislação neste caso em relação ao bispos.

Questionado sobre se o debate em torno do aborto não está ofuscando discussões mais relevantes sobre educação e saúde, d. Dimas respondeu: “Eu acredito que o segundo turno está apenas no seu início e os candidatos não vão certamente se ater apenas a esse tema.”

O secretário-geral da CNBB evitou comentar decisão da campanha da petista Dilma Rousseff de entrar na Justiça pedindo direito de resposta à TV Canção Nova, emissora católica que, em um de seus programas, criticou a candidata. Ele disse apenas que a TV emitiu nota sobre o assunto.

Comento
Ah, bom! Assim, então, esta certo! Pensei que o “laicismo” do estado agora calaria as igrejas! Só uma coisinha: a tal nota da CNBB foi, na verdade, uma nota da Comissão Justiça e Paz, que pertence à entidade. Em si, o texto não tem nada demais, embora condoreiro demais para a literatura pia. O que distorceu a mensagem foi uma entrevista de Daniel Seidel ao Estadão — onde foi erroneamente identificado como “Veitel” — afirmando, calculem!, que Dilma já havia se manifestado a favor da vida e que Serra não era claro a respeito. Seidel é secretário-geral da comissão, mas também é militante do PT. Concorreu a uma vaga à Câmara pelo partido, no Distrito Federal, em 2002.

É claro que um petista pode ser militante católico. Desde que, falando como petista, NÃO FINJA falar como militante católico, entenderam?

A declaração de dom Dimas põe as coisas no seu devido lugar.

Por Reinaldo Azevedo

Quando a suposta laicidade do estado vira perseguição; Ou: guerra à religião vitima até os quartéis

Leiam o que vai na Folha Online. Volto em seguida:

Procuradoria quer impedir Aeronáutica de contratar três padres e um pastor

O Ministério Público Federal do Distrito Federal entrou com uma ação na Justiça para anular um concurso público da Aeronáutica que irá contratar de três padres e um pastor evangélico. A Procuradoria também quer que as Forças Armadas não mais contratem religiosos. Segundo o Ministério Público, esse tipo de concurso fere o princípio constitucional da laicidade do Estado e gera discriminação.

Lançado em agosto deste ano, o concurso para Capelães da Aeronáutica pretende selecionar os religiosos pagando um salário de R$ 4.590 para prestação de assistência religiosa aos militares. Uma lei de 1981 prevê o serviço de assistência religiosa. No entanto, para a procuradora Luciana Loureiro Oliveira, a contratação desses profissionais é inconstitucional.

“A laicidade, em síntese, não impede que o Estado receba a colaboração de igrejas e instituições religiosas voltadas à promoção do interesse público, mas veda, sim, qualquer tipo de favorecimento ou de discriminação no âmbito dessas relações”, diz a procuradora.

A procuradora argumenta ainda que a admissão de servidores para apenas duas religiões é contrária ao princípio da isonomia e segrega os seguidores de religiões minoritárias. A ação tramita na 9ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal. Procurada pela reportagem, a Aeronáutica ainda não se pronunciou oficialmente.

Comento
Estado e Igreja estão separados no Brasil desde a República, e as relações têm sido harmônicas. Mas uma coisa a doutora Luciana Loureiro Oliveira não consegue negar, não é? O Brasil é um país esmagadoramente cristão, dividido em várias confissões, sendo a católica a majoritária.

Laicismo não pode se confundir com perseguição religiosa. Os sem-religião nas Forças Armadas não estarão submetidos a nenhum constrangimento — não receberão orientação nenhuma se não quiserem. Atender à maioria, nesse caso, não significa retirar direitos, então, da “minoria”. Os que não forem cristãos — certamente uma minoria também nas Forças Armadas — simplesmente não vão procurar conforto espiritual numa crença que não é sua, a menos que queira, já que há valores que são universais. O fato de ser impossível contratar tantos orientadores quantas são as convicções religiosas não pode privar a esmagadora maioria de um benefício que nada retira dos demais.

As Forças Armadas são, sim, laicas — e isso quer dizer que a defesa do território brasileiro e de suas instituições, que também é um mandamento constitucional, não estará submetida a uma orientação de caráter religioso. Mas os homens preparados para a guerra — para, então, manter a paz — não existem no vácuo. O país tem uma história e uma cultura. O nome do que pratica a doutora é INTOLERÂNCIA. Esse é o mesmo espírito que animou o Programa Nacional-Socialista dos Direitos Humanos, que queria banir os crucifixos das repartições públicas.

Daqui a pouco a doutora Loureiro vai pedir que se derrube a Catedral de Brasília, que compõe o conjunto arquitetônico que compreende a Praça dos Três Poderes. Onde já se viu? A menos que tenhamos ali, então, templos de todas as confissões cristãs, duas mesquitas (uma sunita e outra xiita), uma sinagoga, um templo budista, outro xintoísta, outro hinduísta — e vai por aí , a catedral revela uma insuportável discriminação… É ridículo!

Como está faltando safadeza no Brasil, então sobra tempo a procuradores para se dedicar a temas relevantes como esse. Eu sou assim: quando vejo uma pessoa de princípios como a doutora Loureiro, gosto de testar suas convicções no limite, entenderam? Soldados são preparados para a guerra. A existência de capelães e pastores nas Forças Armadas é uma realidade mundial — nas chinesas, creio, não; preferem bala de prata…

Seria ela contrária a que um orientador religioso pegasse na mão do soldado e fizesse com ele uma última oração em meio a tiros e bombas? Pelo visto, sim! No máximo, a doutora admitiria que alguém se aproximasse do moribundo e dissesse:
“Lembre-se de Voltaire, meu filho! Você só está aqui porque ao Iluminismo venceu o clericalismo no século 18… E tem mais: esse papo de vida após a morte é besteira! Morreu, fedeu!”

Então pergunto: a doutora Loureiro é contra capelães e pastores nas Forças Armadas mesmo em tempos de guerra, ou sua laicidade intolerante só existe em tempos de paz? Aproveito para denunciar, minha senhora, que há hospitais públicos no Brasil que contam com capelas, onde doentes e familiares vão fazer as suas orações, buscando algum conforto quando, muitas vezes, todo o resto é irremediável. Pau neles, doutora! Não tem essa, não! Ou tudo ou nada! Doente, se quiser, que vá ler o Discurso sobre a origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens.  Nunca houve doença terminal para a qual Rousseau não desse uma resposta, não é mesmo?

Por Reinaldo Azevedo

PSDB do Piauí ajuíza ação por corrupção contra minitro Padilha

Por Luciano Coelho, no Estadão Online:
O PSDB do Piauí deve entrar com uma ação contra o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, por corrupção eleitoral. Ele teria trocado recursos públicos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), no valor de R$ 108 milhões, por apoio político do prefeito de Teresina, Elmano Ferrer (PTB), em favor da candidatura de reeleição do governador Wilson Martins (PSB). O dinheiro será destinado para obras de infraestrutura e drenagem na capital do Piauí. Padilha pediu licença do cargo de ministro para se engajar na campanha de Dilma Rousseff.

A ação deve ser representada junto à Procuradoria Geral Eleitoral, em Brasília, através de requerimento feito pela assessoria jurídica da coligação A Força do Povo, encabeçada pelo PSDB. A assessoria jurídica do candidato a governador Sílvio Mendes (PSDB) ajuizou a representação contra o prefeito de Teresina, Elmano Ferrer (PTB), por corrupção eleitoral passiva. Segundo a advogada Geórgia Nunes, foi pedida uma investigação criminal alegando que o prefeito declarou que trocou o apoio político ao governo por recursos do PAC.

A Procuradoria Geral Eleitoral vai fazer uma investigação criminal e judicial eleitoral contra o governador Wilson Martins (PSB), o prefeito Elmano Ferrer e o ministro Alexandre Padilha. Ainda existe uma ação de investigação judicial eleitoral que está sendo ajuizada contra o governador Martins e o prefeito Ferrer por abuso de poder econômico e abuso de poder político.

No inicio da campanha, a Executiva Regional do PT representou oficialmente à Executiva Nacional e à Comissão de Ética do PT uma ação contra Padilha porque ele declarou apoio e gravou mensagem ao candidato a senador Ciro Nogueira (PP), quando o partido já tinha os dois candidatos ao Senado: Wellington Dias e Antônio José Medeiros. Foram eleitos no pleito do último domingo os senadores Dias e Nogueira.

Por Reinaldo Azevedo

O funk-funk filosófico-liberticida de Marilena Chaui

Um ato de apoio à candidatura da petista Dilma Rousseff ocorrido ontem na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, dá conta da democracia e da imprensa que os petistas querem para o Brasil.

Liderada pelos professores Marilena Chaui (filosofia) e Dalmo Dallari (direito), a manifestação foi escancaradamente ilegal. A Lei Eleitoral veda expressamente, sem qualquer ambigüidade, o uso de prédios públicos para fins eleitorais ou partidários. Então se recorre à trapaça: a chamada Sala dos Estudantes foi requisitada para a suposta “reunião de um grupo de estudo”. Não obstante, Chaui, Dallari e outros professores da faculdade se revezaram na defesa da candidatura Dilma, nos ataques ao tucano José Serra e, principalmente, à imprensa, aquela que Franklin Martins quer controlar. Que retrato melhor se pode obter do petismo senão uma manifestação ilegal de professores de direito numa faculdade de direito?

Marxilena Chaui, a Tati Quebra-Barraco do marxismo, da filosofia e da fusão do pensamento de Spinoza com o pragmatismo de Delúbio Soares, mandou ver no seu funk-funk filosófico-liberticida. Num país academicamente sério, esta senhora teria desaparecido junto com a desconstrução que José Guilherme Merquior fez do “seu” livro “Cultura e Democracia”, que ele demonstrou pertencer, em grande parte, a Claude Lefort. Mas ela seguiu impávida, escrevendo artigos semanais para os jornais,  em especial para a Folha, que abria e ainda abre espaço para esses “inteliquituais”.

Segundo um site da patota, “Marilena Chaui defendeu que lideranças de esquerda e do PT deixem de atender jornalistas da imprensa convencional, em uma espécie de boicote a pedidos de entrevista. ‘Para defender a liberdade de expressão, é preciso não falar com a mídia’, propõe Marilena Chaui. Ela acredita que a mídia dá espaço para figuras do partido e de movimentos sociais apenas para ‘parecer plural’, mas promovendo um ‘controle de opinião’ sobre o que é publicado.”

Não se animem, leitores! Isso não vai acontecer. Esquerdistas não podem ver um microfone ou um gravador. Falam pelos cotovelos. Um dos alvos do ataque da turma foi o suprapartidário Manifesto em Defesa da Democracia, com quase 80 mil assinaturas, lançado, diga-se, em frente à faculdade, não dentro dela — os petistas não permitiram! Na “democracia deles”, um ato suprapartidário não pode ter lugar dentro da faculdade; já uma patusca que faz a defesa oblíqua da censura e de uma candidata à Presidência pode!

Marilena foi além — porque ela sempre vai. Segundo disse, a eleição não pode se transformar num “plebiscito sobre o aborto”. Plebiscito? O tucano José Serra é contra a legalização. Então quem é a favor? Só pode ser a sua adversária, aliada de Marilena: Dilma Rousseff. Marxilena sempre é muito divertida.

No tal site de esquerda de onde extraio aquela magnífica fala de Marilena, escreve um sujeitinho: “Recentemente, Reinaldo Azevedo, colunista da Veja, assumiu a posição para a imprensa como partido de oposição no país.” Ai, ai… “Assumiu a posição para a imprensa!!!” Eu não sei qual analfabetismo deles é mais saliente: o moral, o profissional ou o literal.

O autor alude a uma afirmação minha, feita durante debate no Clube Militar. Contestando, então, a bobagem de Lula segundo a qual a imprensa era um partido, ironizei — e minha fala está gravada: “Se bem que, em certo sentido, ele tem razão; a oposição no governo Lula foi tão mixuruca, que coube à imprensa a tarefa de defender os Artigos 5º e 220 da Constituição”. E afirmei que, dadas as muitas vezes em que o governo Lula os transgredia ou tentava transgredi-los, a deesa que a imprensa fazia da Constituição não deixava de ser uma espécie de oposição. Ou seja: eu estava contestando Lula, ironizando Lula e combatendo os arreganhos autoritários de Lula. Como é que um esquerdistazinho, um discípulo da professora do funk-funk liberticida registra isso? “Reinaldo Azevedo afirmou que a imprensa é um partido”. “Eles” querem mudar a imprensa para começar a trabalhar com o modelo de precisão que exibem em suas reportagens. A besta ao quadrado sabe muito bem o que foi que eu falei. Mas ele não tem compromisso com o fato, e sim com a sua “tarefa”.

À Folha, o professor de direito penal da USP Sérgio Salomão Shecaira afirmou que se tratou de um “ato pró-Dilma, não algo antiimprensa”. E emendou:“Atacamos bastante o PSDB, como resposta ao ‘Manifesto em Defesa da Democracia’, lido em frente à faculdade há algumas semanas”. Shecaira, como se nota, confessa a clara transgressão à Lei Eleitoral. Basta agora o PSDB acionar os meios legais competentes. A confissão está aí.

Já dei algumas chineladas lógicas nesse Shecaira — uma delas está aqui. Este senhor é autor de uma tese estupenda. Em 2007, ele andou enroscando com a política de segurança de São Paulo. Afirmava esse Colosso de Rhodes da lógica que era um absurdo o estado ser aquele que mais prende bandidos se é um dos que têm os menores índices de homicídio do país. Ao doutor em direito penal, com currículo para 400 talheres, não ocorreu que onde ele via contradição havia relação de causa e efeito. Shecaira é daqueles que se negam a reconhecer que haver mais bandidos na cadeia implica menos bandidos matando na rua. Ele ainda tentou espernear afirmando que a redução dos homicídios em São Paulo se devia ao Estatuto do Desarmamento, à diminuição do desemprego etc. Só não explicou por que, então, efeito semelhante não se registrou em outros estados. No Nordeste, houve aumento do número de homicídios.

Assim são muitos dos nossos “acadêmicos”: com a ética de Marilena, o amor pelo estado de direito de Dalmo Dallari e a lógica cristalina de Shecaira. E todos lá, desrespeitando a lei e violando o estado de direito numa faculdade de direito  — em nome, claro, dos desígnios mais sublimes do povo, que eles conhecem, no máximo, de ouvir falar!

Por Reinaldo Azevedo

09/10/2010

 às 7:55

Hoje tem Datafolha: o que esperar num momento em que pesquisas estão sob suspeição

A Folha de amanhã traz a primeira pesquisa Datafolha do segundo turno. O resultado deve ser conhecido no fim da tarde ou início da noite deste sábado, quando o jornal começa a chegar às bancas. Os institutos — o Datafolha menos; quase chegou lá na reta finalíssima — não vivem um momento feliz. Nenhum deles acertou todos os números da eleição presidencial  no primeiro turno, mesmo considerando as margens de erro. O Ibope naufragou até na boca de urna. Especialistas dizem que o método adotado, o de amostragem por cotas, constitui um problema insanável. Pode ser. De todo modo, os problemas do primeiro turno foram muito além da questão técnica.

Errando ou acertando, as pesquisas continuam a ser uma referência importante do meio político, ainda que sua reputação esteja bastante arranhada pela presença de pistoleiros de aluguel na atividade. O Datafolha pode errar, sim, como errou, mas acho que se esforça para acertar. Há bandidos vendendo “o erro”. Agora falemos um pouco de números.

O Datafolha fez uma simulação de segundo turno um dia antes da eleição: a petista Dilma Rousseff aparecia com 52% das intenções de voto, e o tucano José Serra, com 40%: uma diferença de 12 pontos. Aquele levantamento foi realizado no sábado; o de agora, ontem e anteontem, quatro ou cinco dias depois. Serra terá motivos para saudar qualquer eventual diminuição dessa diferença, e Dilma, nessa hipótese, para se preocupar. Num segundo turno, 12 pontos significam, na verdade, seis; oito querem dizer quatro. A razão é simples: quase sempre um ganha o voto que o outro perde; dificilmente o eleitor migra para o branco ou nulo.

A vontade de palpitar é grande — vocês sabem que sou prudente nessas coisas. O máximo que fiz ao longo deste ano foi afirmar: “Eu não sei quem vai ganhar as eleições; ‘eles’ sabem…” E “eles” quebraram a cara, não? Cedo à tentação: a minha impressão é a de que, se o Datafolha estava certo naquela diferença de 12 pontos, então ela deve ter diminuído bastante. O que quer dizer “bastante”? Ora, 3 pontos já significariam uma redução de 25%; 4, de 33%. E eu apostaria em algo por aí — sempre lembrando que esse levantamento pega o rescaldo da eleição do primeiro turno, mas quase nenhum efeito do reinício do horário eleitoral. A propaganda de Serra melhorou brutalmente!

Institutos alopraram
É preciso tomar cuidado com os institutos? É, sim! Vamos ver que números traz o Datafolha. Sejam quais forem, comparem-nos com aqueles apresentados pelo Ibope no dia 29, há míseros 10 dias. Além de afirmar que Dilma venceria com 55% dos votos válidos no primeiro turno, o instituto dizia que, num eventual segundo turno, a petista teria 55%, contra míseros 32% do tucano — 23 pontos de diferença! Quatro dias depois, o mesmo Ibope deu uma “corrigidinha”: 51% a 37%; a diferença teria caído, de súbito, para 14! Tenham paciência, né!?

Se o Datafolha apontou 12 na véspera da eleição, creio que há motivos para supor que a diferença esteja abaixo dos 10. A razão é simples: a semana foi melhor para Serra do que para Dilma, por motivos óbvios. Como os “analistas” tinham dado a candidatura do tucano por liquidada, ele viveu o triunfo da continuidade da disputa, continuidade que, para ela, soou como derrota. Derrota maior só a dos “analistas”.

Por Reinaldo Azevedo
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja.com)

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • Valter Antoniassi Fátima do Sul - MS

    Talvez o Serra não seja o candidato ideal que realmente necessitamos,mas é a opçao que temos,e ainda tem produtor que fica procurando chifre na cabeça de cavalo...Será que não percebem que este conluio que integra a chapa do governo vão sugar muito mais que nosso trabalho e nossa renda,eles irão destruir nossos sonhos e de nossos filhos...

    gente

    0