O Correio no governo Lula, por Ethevaldo Siqueira

Publicado em 14/10/2010 07:34


As nomeações políticas de dirigentes absolutamente despreparados – e, muitas vezes, corruptos – ameaçam levar o Correio brasileiro à degringolada. Não bastasse aquela imagem do vídeo chocante do funcionário subalterno sendo subornado por apenas R$ 3 mil, dos tempos do mensalão, temos agora a corrupção explícita praticada pelos protegidos das ex-ministras Dilma Rousseff e Erenice Guerra, da Casa Civil, e do ex-ministro Hélio Costa, das Comunicações.

O Correio – nome simplificado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – já foi um orgulho nacional, como modelo de empresa estatal eficiente e séria, até 2002. Criada em 1969 como empresa pública, para suceder ao Departamento de Correios e Telégrafos (DCT), o Correio se transformou em um dos exemplos mais edificantes de recuperação dos serviços públicos no País, graças ao trabalho de Haroldo Corrêa de Mattos, de 1969 a 1974, complementado por seu sucessor, Adwaldo Botto de Barros.

Antes da ECT, no entanto, era o caos. Até 1969, os serviços postais brasileiros eram operados pelo antigo Departamento de Correios e Telégrafos (DCT), repartição pública  que havia sido transformada em verdadeiro quarto de despejo do funcionalismo federal. Chegou a ter mais de 70 mil empregados.

Para o antigo DCT eram mandados todos os funcionários de setores que eram extintos – como os da antiga Estrada de Ferro Bragantina, do SAPS (Serviço de Alimentação da Previdência Social) e outros. Por isso, o DCT abrigava guardas de ferrovias, estafetas, foguistas, maquinistas, açougueiros, garçons, cozinheiros e faxineiros – e todos os demais empregados que não podiam ser postos na rua, porque tinham garantias de estabilidade como funcionários públicos da época.

Como brasileiro, temo que o Correio volte a ser aquela zorra de 1969. Lula está dando sua contribuição para isso. Se não houver uma reversão de total de métodos e costumes, daqui a pouco, a entrega de cartas, de encomendas e a qualidade de todos os demais serviços postais começarão a degradar. Ouçam meu apelo.

Mal político

Acho que escrevi mais de uma dezena de artigos condenando as nomeações políticas, de incompetentes protegidos de políticos, de partidos ou de ministros. Em sua maioria, eles são incompetentes. Em sua quase totalidade, são corruptos.

No passado, até 1984, o Sistema Telebrás, com suas 27 subsidiárias (as Teles), era um exemplo de profissionalismo, graças à orientação de duas figuras respeitáveis do setor de telecomunicações: o ex-ministro das Comunicações Euclides Quandt de Oliveira e o ex-presidente da Telebrás, general José Antonio de Alencastro e Silva.

Raríssimas vezes Quandt e Alencastro foram vencidos por alguma pressão política e tiveram que engolir nomeações de diretores não profissionais para as empresas de telecomunicações, à exceção de indicações do ex-ministro Delfim Netto, que, no auge de seu poder, conseguiu nomear protegidos, mas, todos eles ex-membros de sua equipe, profissionais competentes.

O que eu sempre pergunto é: por que um partido como o PMDB ou um cacique como o senador José Sarney têm tanto interesse em nomear conselheiros na Anatel e outras agências reguladoras, diretores do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, da Petrobrás ou da Infraero? Será por puro patriotismo?

O que eu espero do próximo presidente da República é que adote um critério absolutamente profissional, só aceitando indicação política se o candidato ao cargo público for, comprovadamente, competente e honesto. Se o presidente ou ministro ceder às pressões e nomear corruptos ou incompetentes, proponho que ele seja responsabilizado, juntamente com seus afilhados, por tudo que ocorra de errado como consequência na administração pública.

Não é uma boa filosofia?

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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