Internet está sendo usada "para o mal", diz Michel Temer (vice de Dilma)

Publicado em 14/10/2010 21:23

O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), vice na chapa da petista Dilma Rousseff na disputa à presidência da República, acredita que existe uma campanha difamatória contra a presidenciável em curso nestas eleições.

"Há na internet uma campanha muito grande, muito acentuada, usada para o mal. Lamento dizer isso, mas eu sou vítima, a Dilma é vítima".

A afirmação foi feita após encontro com o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Dimas Lara Barbosa, nesta quinta-feira (14), em Brasília. Questionado se havia ido à CNBB pedir para que a Igreja Católica manifestasse apoio à candidata, Temer disse que a posição manifestada até aqui pela entidade é suficiente.

"A Igreja Católica tem disseminado a ideia de que cada fiel deve decidir de acordo com suas convicções e não ser influenciado por campanhas difamantes na internet".

Nesta quinta-feira (14), pesquisa de intenção de voto CNT/Sensus apontou aumento na rejeição de Dilma, que passou dos 32,6% verificados em setembro para 35,4% do levantamento de outubro. Um dos motivos para o resultado, segundo o instituto, seria um suposto processo de difamação contra a candidata.

Aborto Na conversa com Dom Dimas, o vice de Dilma diz ter abordado a questão do direito à vida, que se tornou o principal assunto na reta final do primeiro turno das eleições. A polêmica sobre a descriminalização do aborto e uma eventual mudança legal nas situações de interrupção de gestações foi apontada até por aliados de Dilma como possível fator que impediu sua vitória já no primeiro turno.

Para Temer, contudo, a questão deve perder espaço na campanha. "(O tema aborto) deve desaparecer do cenário. Teve um momento mais agudo, que gerou uma reação de ambos os candidatos e agora vamos para a discussão dos temas nacionais".

O vice de Dilma afirmou que o tema está "bloqueando" o debate de outros assuntos de interesse da população. E disse que defender o direito à vida vai além da questão do aborto. "Defender o direito à vida é o que o governo Lula fez ao dar mais dignidade a vidas não tão dignas, do ponto de vista econômico".

Apesar de Temer falar em desaparecimento do tema da campanha eleitoral, na prática, a questão deve continuar em pauta. Ontem, Dilma Rousseff reuniu-se com líderes evangélicos que manifestaram apoio à candidata e cobraram um posicionamento público a respeito do aborto e outras questões polêmicas.

comentário:

“A questão religiosa deve desaparecer”, decreta vice de Dilma. É mesmo?

“Não devemos ficar apenas nesse tema. A questão religiosa deve desaparecer daqui para frente. A discussão sobre o aborto não é útil, já se esgotou”.

A frase é de Michel Temer, candidato a vice-presidente na chapa da petista Dilma Rousseff, depois de um encontro com a cúpula da CNBB.

Quem decide isso? O PT? O PMDB? Dilma não vai assinar a tal carta-compromisso? Quem transformou essa questão numa guerra santa, ignorando o pesado passivo que o petismo tinha com a religião?

Ora, os petistas mobilizaram seus amigos “laicistas” (se me permitem o neologismo…) da imprensa para denunciar um grande complô “reacionário” contra a candidata “progressista”. Em vez de o tiro acertar o alvo — a oposição —, saiu pela parte de trás da arma, pela culatra, e explodiu nas fuças de quem tentou armar a tramóia.

Resultado:
- mais gente ficou sabendo que Dilma é favorável à descriminação do aborto; notem que, até agora, ela não se disse contrária;
- mais gente ficou sabendo que ora ela acha que Deus existe, ora acha que não; que cada um tem seu próprio Deus…

O PT descobriu que aqueles que o partido chama “reacionários” são muito mais numerosos… E agora lhes faz a corte, tentando macaquear, covardemente, uma posição que não tem.

Por Reinaldo Azevedo

A questão é saber se extrair um feto é ou não como extrair um dente, a exemplo do que disse Dilma. Ou: PT quer obrigar Igreja a abjurar sua crença

Petistas da Paraíba fizeram um abaixo-assinado, que pretende falar em nome do povo, pedindo a cabeça de dom Algo Pagotto, arcebispo, que se pronunciou publicamente contra a defesa que faz o PT da legalização do aborto. Para ele, trata-se de introduzir no Brasil a “cultura da morte”. O arcebispo da Igreja Católica, que a tanto chegou segundo uma hierarquia que não foi inventada por ele, tem todo  o direito de se manifestar. Ou alguém contestou o autoproclamado bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal e defensor fanático do aborto, quando deu apoio explícito à candidatura de Dilma Rousseff? Note-se que dom Aldo não apoiou ninguém. Apenas lembrou um princípio de sua Igreja.

O governo pressiona a CNBB para que a Regional Sul I reveja os termos de uma recomendação dada aos fiéis: que não votem em candidatos que defendam o aborto. O PT leu como indução da Igreja o que era, de fato, dedução partidária: “Dado o que pensa Dilma sobre o aborto, pode ser uma recomendaçao de voto contra ela”.

Curioso… O PT tenta forçar a Igreja Católica — na verdade, todas as igrejas, também as protestantes tradicionais e evangélicas — a abjurar sua crença e a adotar a  do partido. O aborto tomado como questão simplesmente afeita ao direito das mulheres coisifica o feto.

Não por acaso, no dia 14 de maio, em Brasília, na chamada “Missa dos Excluídos”, que encerrou o 16º Congresso Eucarístico Nacional, indagada sobre o aborto, afirmou a Dilma:
“Não é uma questão se eu sou contra ou a favor, é o que eu acho que tem que ser feito. Não acredito que mulher alguma queira abortar. Não acho que ninguém quer arrancar um dente, e ninguém tampouco quer tirar a vida de dentro de si”.

E o que ela “acha que tem de ser feito”? Ora, ela acha que a prática tem de ser legalizada. Que ela tenha comparado um feto a um dente “excluído” na Missa dos Excluídos não deixa de ser uma ironia macabra.

Michel Temer (ver abaixo) declara, agora, o fim da polêmica. Não! Essa luta vai continuar porque o governo Lula, que está aí, elegeu-se e reelegeu-se sem debater o assunto. Não obstante, passou oito anos fazendo proselitismo pró-aborto e mobilizando a máquina oficial, como evidenciam o Ministério da Saúde e a Secretaria da Mulher, em favor da legalização. A Fiocruz chegou a financiar um filme a respeito.

A questão é saber se um feto é ou não como um dente. E esse debate não vai acabar agora, não, senhor Temer, vença quem vencer.

PS - É claro que os petistas não gostam das coisas que escrevo nesse caso — aliás, acho que em caso nenhum, embora sejam loucos por mim! O chato para eles é não poderem mandar uma carta ou e-mail ao blog afirmando: “Pare de mentir! Não dissemos nada disso! Você está inventando! Isso é uma calúnia, uma injúria, uma difamação!” Não! Não podem dizer nada disso porque não minto, não invento, não calunio, não injurio, não difamo. Analiso suas opiniões e, com freqüência, discordo e exponho o meu ponto de vista. E, evidentemente, confronto o que dizem agora com o que diziam anteontem, impedindo que a política vire um “presente eterno”, sem passado, em que vale dizer qualquer coisa para pegar o voto dos incautos. Política sem história é coisa de vigaristas.

Por Reinaldo Azevedo.
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Fonte:
Terra.com

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