Dilma defende plano de Marina Silva para Amazônia

Publicado em 14/10/2010 21:53

De olho no apoio de Marina Silva, candidata derrotada do PV à Presidência da República, a presidenciável petista Dilma Rousseff saiu hoje em defesa do Plano Amazônia Sustentável (PAS). O programa foi elaborado na época em que Marina estava à frente do Ministério do Meio Ambiente, mas acabou sob a coordenação do ministro extraordinário do Núcleo de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger. Este foi um dos motivos da saída de Marina do governo, cinco dias depois do lançamento do PAS.

"Os fundamentos do PAS, e aí é uma questão de justiça com a ministra Marina, foi ela que estabeleceu. Eles são absolutamente vitoriosos no processo de redução do desmatamento e desenvolvimento da Amazônia", afirmou Dilma. "Eu participei junto com o Ministério do Meio Ambiente, no caso com a Marina, do PAS. E eu concordo com o plano. Acho que o plano combina ações importantes. O meu programa de meio ambiente é o programa desenvolvido pelo governo federal nos últimos anos com aquelas bases", disse. "Agora, obviamente nós vamos ter de avançar mais."

Ela citou o caso do fim do desmatamento do cerrado. Este é um dos 42 compromissos do documento "Agenda por um Brasil Justo e Sustentável" que o PV submeteu à analise dos candidatos ao segundo turno das eleições presidenciais. Para a petista, o PAS não precisa passar por uma revisão. Terceira colocada na corrida presidencial com quase 20 milhões de votos, Marina é disputada por Dilma e pelo tucano José Serra.

Dilma também elogiou a operação Arco de Fogo, feita pelo ministério em conjunto com a Polícia Federal (PF), para conter o desmatamento. Esta operação ganhou força na gestão do ex-ministro Carlos Minc, que substituiu Marina no Meio Ambiente.

A petista desconversou sobre eventuais divergências que teve com Marina Silva na época em que ambas eram ministras do governo Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu acredito que nesta área da Amazônia não houve nenhuma divergência", disse. Dilma não quis comentar pesquisa divulgada hoje que pela primeira vez aponta empate técnico com Serra. 

Marina: PV já começou a discutir apoio com PT e PSDB

A senadora Marina Silva (AC), ex-candidata do PV à Presidência da República, revelou que seu partido iniciou hoje conversas com PT e PSDB sobre um possível apoio no segundo turno. Em entrevista ao portal Terra, ela disse que a lista com os dez pontos da plataforma de governo verde já está sendo discutida com petistas e tucanos e que a maior resistência está no comprometimento com o veto ao projeto do novo Código Florestal. "Tem um ponto que eu sinto que há uma dificuldade, que é o Código Florestal."

Na sexta-feira o PV apresentou a "Agenda por um Brasil Justo e Sustentável", uma pauta com as principais sugestões do partido para que sejam incorporadas pelos presidenciáveis neste segundo turno. O sétimo item da lista recomenda que a proposta de alteração do Código Florestal, em trâmite no Congresso, seja vetada pelo Executivo. "É um ponto estratégico fundamental para a Amazônia", justificou. Marina, lembrando que o projeto, sob relatoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), anistia desmatadores, criticou: "É um retrocesso muito grande."

Marina argumentou que fez um processo célere para definir as propostas a serem encaminhadas a Dilma e Serra e que o objetivo era reunir propostas que abordassem a área social, a ética e o compromisso com a sustentabilidade. Hoje, representantes do PV se reuniram com Marco Aurélio Garcia, um dos coordenadores da campanha do PT.

Ela afirmou que as duas candidaturas manifestaram o desejo de aprofundar os pontos sugeridos pelo PV. "Estou formando uma posição que espero seja a melhor para o Brasil", desconversou Marina, ao ser questionada sobre quem apoiaria neste segundo turno. A decisão só será anunciada no domingo em plenária do PV.

Ao comentar sua influência sobre os quase 20 milhões de eleitores que apostaram em sua candidatura no primeiro turno, Marina minimizou seu "poder" de direcionar os simpatizantes. "Não acredito na ideia de rebanho", afirmou. A senadora voltou a dizer que tanto Dilma quanto Serra têm o mesmo "perfil gerencial" e que a visão de mundo deles - embora seja amiga de ambos - é "diferente" da sua.

Aborto

Marina afirmou que, durante o primeiro turno, por ser evangélica, foi a candidata mais questionada sobre a legalização do aborto. A ex-presidenciável disse esperar que o debate sobre o tema seja feito de forma madura e sem posições preconceituosas, dentro do que se espera de um Estado laico. "É preciso tratar esse tema à altura do debate democrático."

Ela defendeu a liberdade de expressão tanto dos que são contra quanto dos que são favoráveis à legalização do aborto. "Não podemos defender a liberdade de expressão só para alguns."

No final da entrevista de 50 minutos, Marina disse não acreditar que um candidato ou outro, se eleito, possa resgatar a moralidade na política. "Não acredito em salvadores da pátria", afirmou. Para Marina, a única forma de combater a corrupção é dar transparência às ações do Estado. "Não existe mundo perfeito, existe a determinação de se aperfeiçoar os processos."

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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