Serra vai um pouco melhor que Dilma em debate morno

Publicado em 18/10/2010 08:15


O debate entre os presidenciáveis alcançou pico de sete pontos no Ibope. A média durante a transmissão foi de 4,3, segundo dados preliminares. O número representa cerca de 240 mil domicílios da Grande São Paulo. A maior audiência foi registrada no terceiro bloco, quando jornalistas da Folha e da RedeTV! fizeram perguntas aos candidatos. O share médio (participação dentre os televisores ligados) do debate foi de 6%. Na Folha.com, houve mais de 750 mil acessos (pageviews) durante toda a transmissão ao vivo.

Pesquisa qualitativa feita durante o debate da RedeTV! mostrou que, para eleitores indecisos paulistanos, José Serra (PSDB) foi um pouco melhor do que Dilma Rousseff (PT): ele manteve uma média mais alta, embora não muito, durante o confronto, foi melhor em mais blocos e, ao final, virou mais votos a seu favor.

Os resultados não podem ser extrapolados para todo o eleitorado brasileiro. Serve como indicativo dos pontos altos e baixos das falas dos presidenciávels. E dá pistas de quem foi melhor ou pior.

Numa escala que vai de 0 a 100 e 50 é o ponto de partida dos eleitores, Dilma e Serra nunca ficaram abaixo de 40, na média, nem ultrapassaram 75. O tucano passou mais tempo entre 60 e 70, enquanto a petista ficou mais vezes entre 50 e 60.

Ambos bateram em 75, mas Serra o fez mais vezes. Dilma chegou a 40, logo no primeiro bloco, ao enrolar-se em uma resposta sobre educação. Serra nunca teve menos do que 45.

O melhor momento do tucano foi quando falou de como o crack virou uma epidemia. Dilma foi melhor quando disse que o rival queria acabar com o Pro-Uni. Serra teve seu pior momento ao responder à pergunta sobre denúncias contra um membro de sua campanha, Paulo Preto, mas saiu melhor do que entrou na resposta, principalmente quando disse que o apelido dado a Paulo era racista.

Fazer pesquisa qualitativa em uma eleição é sempre difícil, especialmente em um pleito tão polarizado. Dos 27 participantes, 22 se declararam indecisos antes de o debate começar, 2 votaram em Serra e outros 2 em Dilma.

Esse teste é feito sempre, para confirmar que há equilíbrio na amostra e que a maioria está, de fato, indecisa. Como o teste mostrou, 4 eleitores mudaram de opinião entre a seleção e o início da pesquisa.

Uma das razões disso é que o indeciso é mais um eleitor io-iô (apud Memélia Moreira), que vaivém de um candidato para outro, do que alguém que não faz a mínima ideia de em quem vai votar. Ele pode ter mais simpatia por um dos candidatos, mas não está decidido a votar nele. Tem dúvidas.

Isso fica claro no voto de seis dos participantes da pesquisa. Ao final de cada um dos cinco blocos, eles votaram sempre da mesma maneira: favoravelmente a Serra e contrariamente a Dilma. Haviam se declarado indecisos antes da pesquisa. Ao final, votaram em Serra.

Considerando-se a proporção em que os eleitores de Marina Silva (PV) se dividiram até agora entre Serra e Dilma, não seria surpresa se os indecisos remanescentes trilhassem os mesmos caminhos: metade para o tucano, um quarto para a petista e um quarto anulando ou votando em branco. Coincidência ou não, foi como se dividiram, ao final, os indecisos da qualitativa feita durante o debate.

O resultado favorece Serra, mas não é suficiente para elegê-lo. O tucano precisa cooptar eleitores que declaram voto em Dilma para obter a maioria absoluta. (ANÁLISE DE JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO).

Eleitor paulista passa a ser alvo

Para impedir o crescimento do tucano José Serra nas pesquisas de intenção de voto, a petista Dilma Rousseff aproveitou o debate para mirar num alvo novo e importante: o eleitorado paulista. Com mais de 30 milhões de eleitores, São Paulo pode render a Serra o crescimento para reverter a liderança de Dilma na disputa. 


Foi esse risco que a campanha petista enxergou e decidiu atacar. Dilma e o PT sabem que no primeiro turno, Serra terminou bem abaixo do que poderia obter no Estado, já que Geraldo Alckmin foi eleito governador com dois milhões de votos a mais do que ele conseguiu na disputa presidencial. E o próprio Alckmin ficou aquém do que o PSDB costuma obter em São Paulo. 


Para barrar esse fluxo pró-Serra, Dilma criticou a gestão tucana no Estado, especialmente na Educação. Mas fez referência até ao PCC. Serra percebeu a manobra e rebateu, dizendo que a adversária parecia candidata ao governo e que repetia o discurso do PT paulista de falar mal do Estado. Com tantos votos em jogo, São Paulo pode virar a arena eleitoral decisiva.


Visão ideológica divide candidatos

Análise: Marcus Figueiredo

Em relação aos debates anteriores, o encontro de domingo, 17, foi muito melhor. Muito melhor porque os dois candidatos debateram questões relevantes em relação ao futuro, principalmente em relação à Petrobrás e a outras estatais estratégicas. Portanto os eleitores vão poder decidir com mais confiança entre os dois candidatos.

Debateram também em detalhes questões estratégicas, como a infraestrutura do País. Seja quem ganhar, Dilma Rousseff ou José Serra, se cumprirem os projetos que estão apresentando, o Brasil ficará bem melhor.

O que divide os dois candidatos é uma visão ideológica sobre o papel do Estado na promoção do desenvolvimento. Enquanto a aliança tucanos e democratas dá mais força ao mercado, a aliança do PT com os partidos de esquerda dá mais ênfase ao projeto do "welfare state", ou seja, a uma visão mais social-democrata.

O único senão do debate são as acusações. Isso, para mim, confunde e desestimula o eleitorado. E o resultado é imprevisível, porque o "bate-boca" prejudica os dois candidatos.


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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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