Mercado prevê inflação e juros maiores em 2011

Publicado em 31/01/2011 18:26 e atualizado em 31/01/2011 20:32
O Estado de S. Paulo


O mercado financeiro elevou a previsão da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011, conforme a pesquisa Focus, divulgada nesta segunda-feira, 31, pelo Banco Central (BC). A expectativa para a inflação neste ano subiu de 5,53% para 5,64%, em um patamar ainda mais distante do centro da meta de inflação, que é de 4,50% para o ano. A meta tem margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.

Os analistas também aumentaram a projeção para a inflação em 2012, de 4,54% para 4,70%. No caso da inflação de curto prazo, o mercado elevou de 0,72% para 0,74% a previsão para o IPCA de janeiro de 2011. Para a inflação de fevereiro, a taxa prevista passou de 0,77% para 0,80%, de acordo com a Focus.

A previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 avançou de 4,50% para 4,60%. Para 2012, a expansão projetada seguiu em 4,50%. A estimativa para o crescimento da produção industrial em 2011 passou de 5,02% para 5,03%. Para 2012, a projeção para a expansão da indústria seguiu em 5,00%.

Juros e dólar
De acordo com a pesquisa Focus, os analistas também elevaram a previsão para a Selic (a taxa básica de juros da economia) para o fim de 2011, de 12,25% para 12,50% ao ano. Hoje a taxa está em 11,25% ao ano. A projeção para a Selic no fim de 2012 permaneceu em 11,00% ao ano.

Para o mercado de câmbio, os analistas preveem que o dólar encerre 2011 em R$ 1,75, mesmo patamar da pesquisa anterior. A projeção do câmbio médio no decorrer de 2011 passou de R$ 1,72 para R$ 1,71. Para o fim de 2012, a previsão para o câmbio permanece em R$ 1,80.

Contas externas
O mercado financeiro alterou a previsão para o déficit nas contas externas em 2011. A previsão para o déficit em conta corrente neste ano passou de US$ 67,00 bilhões para US$ 67,87 bilhões. Para 2012, o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos estimado passou de US$ 68,76 bilhões para US$ 68,90 bilhões.

Já a previsão de superávit comercial em 2011 subiu de US$ 9,27 bilhões para US$ 9,52 bilhões. Para 2012, a estimativa para o saldo da balança comercial caiu de US$ 5,20 bilhões para US$ 5,00 bilhões. Analistas mantiveram a estimativa de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2011 em US$ 40,00 bilhões. Para 2012, a previsão passou de US$ 41,00 bilhões para US$ 42,19 bilhões.

IGPs
O mercado financeiro elevou a projeção de inflação medida pelo IGP-DI em 2011 de 5,85% para 5,96%.

Para o IGP-M, o mercado subiu a projeção de 2011 de 5,77% para 5,96%, mas manteve em 4,50% a estimativa para o ano que vem. Para os preços administrados, os analistas seguem trabalhando com altas de 4,40% para 2011 e de 4,50% para 2012.


Setor público economiza 2,78% do PIB, abaixo da meta para 2010

Pelo segundo ano consecutivo, o setor público não conseguiu cumprir a meta cheia de economia para pagar os juros da dívida. União, estados, municípios e suas estatais fizeram em 2010 uma economia de R$ 101,7 bilhões para pagar juros, o chamado superavit primário. O valor equivale a 2,78% do PIB (Produto Interno Bruto). A meta para este ano era de 3,1% do PIB ou R$ 103,4 bilhões.

Do ponto de vista contábil, no entanto, o governo considera que a meta foi alcançada, pois há uma regra que permite descontar dessa diferença de R$ 11,7 bilhões, os gastos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que foram quase o dobro desse valor. Esse não foi o único artifício contábil ao qual o governo recorreu este ano para melhorar o seu resultado fiscal.

Há também operações envolvendo Caixa Econômica Federal, Eletrobrás e, principalmente, a Petrobras.Em outubro, o governo fez uma triangulação de contas com a estatal do petróleo que permitiu engordar o superavit em R$ 32 bilhões, cerca de um terço do resultado do ano.

Em novembro, o governo também reduziu a meta e aumentou o superavit ao retirar das contas públicas a Eletrobrás. Em dezembro, incorporou mais R$ 4 bilhões às suas contas com base em depósitos judiciais na Caixa.

DÍVIDA
Como o superavit primário não foi suficiente para pagar os juros da dívida, que representaram 5,34% do PIB (R$ 195,4 bilhões), o setor público registrou também um deficit de 2,56% do PIB nas suas contas. Apesar desse resultado, a dívida líquida do setor público caiu de 42,8% para R$ 40,4% do PIB (R$ 1,48 trilhão) no ano passado. Isso porque o PIB brasileiro cresceu mais que a sua dívida. Em dezembro, o superavit primário foi de R$ 10,8 bilhões, inflado por uma operação envolvendo a Caixa. Segundo o BC, trata-se do melhor resultado o último mês do ano desde 2001.

ESTATAIS
Estados, municípios e suas estatais, que não tiveram a mesma ajuda contábil fizeram uma economia de 0,64% do PIB, abaixo da expectativa de 0,95%. O governo federal também ficou abaixo da meta, por causa do deficit nas suas estatais. De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o ano eleitoral também prejudicou o resultado das contas públicas.”Certamente o ano eleitoral leva a aumento de gastos, inclusive com aumento de investimentos”, afirmou.

Em relação ao repasse de dividendos de empresas estatais, recurso que também foi utilizado para melhorar esse resultado, o governo federal recebeu R$ 22,4 bilhões, ante R$ 26,7 bilhões em 2009.


Manual da Contabilidade Criativa de Mantega não engana ninguém, 

Por Reinaldo Azevedo


Como se pode ler no post abaixo, mesmo recorrendo a seu Manual da Contabilidade Criativa — ou: “Como Fabricar um Falso Superávit e Não Enganar Banqueiros” —- Guido Mantega não conseguiu “criar” o superávit primário de 3,1% do PIB. “Ah, mas caso se retirem os gastos do PAC”… Bem, leitor, tente isso na sua casa: ignore algumas despesas e, no papel ao menos, o seu superávit também será maior… Eu mesmo estou pensando em fazer de conta que não paguei taxa de matrícula, taxa de material escolar etc. Sobra um bom dinheiro. Ocorre que eu paguei tudo isso…

E, como vocês sabem, o PAC foi apenas um dos truques. A “operação Petrobras” colaborou para inflar o superávit do governo central — o que também é mera falcatrua contábil. Vale dizer: mesmo os 2,78% SÃO FALSOS! A verdade é que as contas públicas brasileiras entraram num severo processo de deterioração, como alertou o FMI — que Mantega, o criativo, preferiu tachar de “conservador”.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
O Estado de S. Paulo/Folha

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