Grãos: Avarias comprometem colheita mato-grossense

Publicado em 02/03/2011 08:18
Colheita mal começou em MT e algumas lavouras revelam até 30% de perdas em produtividade pelo excesso de umidade.
As fortes e incessantes chuvas que caem em várias regiões do Estado estão tirando o sono dos produtores. A preocupação é com a colheita, que segue a passos lentos e com as avarias provocadas aos grãos devido ao excesso de umidade. Em algumas lavouras no oeste mato-grossense, como Sapezal e Campos de Júlio, por exemplo, a soja apresenta até 30% de avaria. E, o mais preocupante, é que a colheita está apenas em seu começo e esse percentual deve aumentar.

“Nesta safra o plantio foi muito concentrado em virtude da seca prolongada lá no início do plantio entre setembro e outubro do ano passado. E, se continuar chovendo neste ritmo, por mais cerca de 15 dias, a grande maioria da colheita será feita sob intensas chuvas, deteriorando os grãos e colocando a rentabilidade do produtor em risco”, alerta o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Carlos Henrique Fávaro.

Em Campo Novo do Parecis (396 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), há informações de que produtores já registram perdas por causa das chuvas. De acordo com o sindicato rural, o início de colheita “tem sido preocupante”, com as chuvas levando produtores a trabalhar apenas algumas horas por dia. Muitas áreas dessecadas (prontas para colheita) apresentam problemas, como a soja ardida e elevado teor de umidade, tudo isso deprecia o grão no mercado. Uma fonte da entidade informou que os grãos colhidos estão sendo entregues às tradings em média com 30% de umidade, “traduzindo razoável prejuízo, além do percentual de grãos ardidos e/ou danificados”.

Segundo Carlos Favaro, da Aprosoja/MT, os descontos na recepção de grãos úmidos são progressivos, o que afeta muito a produtividade e a rentabilidade do produtor.

Os descontos referentes à impurezas e umidade dos grãos são os mais contestados pelos produtores. De acordo com o professor André Luis Duarte Gonelli, durante a comercialização as empresas compradoras, após análise das características que compõem um determinado lote de grãos de soja, firmam um contrato de compra, aplicando sobre o carregamento descontos referentes às características que não são desejáveis a eles.

Assim, classificadores a serviço destas empresas fazem a classificação do lote, de forma a caracterizar fatores como o teor de umidade dos grãos, presença e quantidade de impurezas, grãos ardidos, mofados, esverdeados, dentre outras.

“O grande impasse que existe no processo de comercialização é a não adoção de critérios uniformes, transparentes, justos e tecnicamente corretos por parte das empresas compradoras, que neste caso, submetem os produtores a descontos fora do que são recomendados pela lei, utilizando-se de tabelas e índices que não possuem qualquer respaldo técnico ou legal”, afirma o especialista. Produtores reclamam que trading tem uma “tabela” de descontos.

Segundo ele, é de fundamental importância que os níveis de tolerância ou referência sobre os defeitos apresentados no laudo de classificação estejam explícitas nos contratos de compra e venda. “Para cada um dos itens a serem considerados durante a classificação do lote de grãos de soja também deve ser negociado entre as partes envolvidas, comprador e produtor, bem quais os limites de tolerância serão aceitos na comercialização. O produtor deve ter em mente que os descontos relativos à umidade e impurezas e matérias estranhas devem ser físicos, ou seja, o que tem a mais se desconta do que ele tem a receber. No caso de descontos referentes aos defeitos, deve haver entre produtor ou vendedor e os compradores de grãos de soja negociações no sentido de se promover valores equivalentes ou deságio na hora dos descontos, uma vez que os defeitos não podem ser descontados em iguais quantidades de grãos sadios”, conclui o especialista.

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Diário de Cuiabá

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