É preciso conter a demanda para segurar a inflação, diz presidente do Banco central do Brasil

Publicado em 22/03/2011 15:19
Presidente do BC mencionou ainda que a tendência de ajustes salariais acima da inflação requer atenção porque coloca pressão na dinâmica de preços.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira, 22, em discurso na audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que é preciso conter o ritmo da demanda interna para segurar as pressões inflacionárias. 

Andre Dusek/AE
Andre Dusek/AE
Para Tombini, uso da capacidade produtiva está muito elevado

Tombini afirmou que há pressões dos preços das commodities e do setor de serviços, mas que o atual cenário externo torna mais complexa a análise do cenário prospectivo de inflação.

O presidente do BC lembrou ainda que a maior parte do salário tem tido reposição bem acima da inflação, o que requer atenção porque coloca pressão na dinâmica de preços. Ele disse que já há setores com dificuldade para contratar profissionais, porque o mercado de trabalho está aquecido.

Tombini afirmou que indústria já retomou os níveis de produção diante da crise econômica financeira, mas que ainda não foi suficiente para equilibrar oferta e demanda. Ele disse que o uso da capacidade produtiva está muito elevado e que isso é resultado dos investimentos realizados em 2009 e 2010, impulsionados pelas medidas anticíclicas adotadas pelo governo.

Para o presidente do BC, o setor de varejo é o que melhor expressa a situação da economia. Ele destacou, também, que o mercado de trabalho tem sinalizado a retomada da economia, o que reflete na capacidade de compra do trabalhador.

Tombini afirmou que há um cenário prospectivo positivo, que deve levar ao aumento do emprego e da renda no País. Ele disse que a política monetária ajuda a reduzir o prêmio de risco, na distribuição de renda e na queda da dívida pública, além de trazer ganhos para o setor privado, que tem maior acesso ao mercado de crédito e com custo mais reduzido.

Contenção de gastos

O presidente do Banco Central afirmou que a contenção de gastos anunciada pelo governo federal ajuda no esforço de combate à inflação. "O gasto público é efetivamente demanda agregada", disse Tombini, mencionando estimativas do mercado financeiro que comparam o esforço de controle de gastos públicos atual a uma alta da ordem de 1 ponto porcentual na taxa Selic.

Segundo Tombini, o processo de contenção da demanda agregada ajuda a evitar a propagação de choques de oferta na economia sobre os demais preços. Ele lembrou que a alta das commodities representa um choque de oferta, embora seja fruto de uma demanda agregada maior do conjunto de várias economias, principalmente emergentes. "A política monetária busca atuar para evitar efeitos secundários dos choques", afirmou.

Crescimento sustentável

Para Tombini, o Brasil apresenta ótima perspectiva de crescimento, no médio e longo prazo. Segundo ele, as políticas públicas adotadas pelo governo permitiram a rota de crescimento sustentável. E destacou o sucesso do tripé da economia : câmbio flutuante, meta de inflação e política fiscal responsável. Para ele, esse tripé se mostrou efetivo em momentos de crise e ajudou a consolidar o cenário promissor que existe hoje no Brasil.

Para Tombini é preciso adaptar essas políticas aos novos desafios. Ele disse que o aperfeiçoamento do regime de metas de inflação está avançado e que há uma maior potência da política monetária.

Para o presidente do BC, o regime de meta de inflação ajudou a combater os choques econômicos adversos e a manter a inflação sob controle. Ele disse que a política de inflação tem sucesso pela sua simplicidade e pelo entendimento fácil, por parte da sociedade, do seu funcionamento. Tombini destacou que isso tem permitido uma trajetória consistente de redução das taxas de juros e uma expansão do mercado de crédito.

Alimentos

Tombini afirmou  que o peso da alta das commodities no mercado internacional é maior no Brasil do que em outros países. Isso porque, na economia brasileira, o peso dos alimentos é maior na cesta de consumo, entre 22% e 23%.

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Alexandre Tombini alertou que, embora a alta dos preços das commodities não esteja sob o controle do BC, é preciso, com o uso da política monetária, evitar os efeitos secundários desse choque na economia.

Ambiente econômico

O presidente do Banco Central afirmou que o ambiente econômico atual é complexo e demanda paciência, discernimento e perseverança para que a inflação seja colocada na trajetória de metas. "A política monetária está focada em trazer a inflação para a meta o mais rapidamente possível", disse ele, destacando que as iniciativas adotadas estão encaminhando a solução para este problema.

"Podemos girar rapidamente inflações mensais no nível da meta. Temos um futuro promissor para a inflação", afirmou o presidente do BC, salientando que, mesmo assim, a taxa acumulada em 12 meses deve seguir em níveis elevados por algum tempo, em função dos choques e do efeito estatístico da comparação com alguns meses de inflação zero em 2010. "No final deste ano certamente a inflação em 12 meses começará a convergir para a meta", disse Tombini, para quem é preciso "sangue-frio e tranquilidade" para fazer o trabalho de levar a inflação à meta de 4,5%.


Com informações da Reuters

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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