Invasões impulsionaram reforma agrária, afirma presidente do Incra

Publicado em 30/03/2011 08:26
Empossado ontem, o novo presidente do Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária), Celso Lacerda, disse que as invasões de propriedades rurais por sem-terra impulsionaram a reforma agrária no país.
"Se não tivesse o conflito, não teria o que a gente tem de reforma agrária no país. Isso é comprovado", disse Lacerda.
Para ele, agrônomo que começou no Incra em 2003 como superintendente no PR (cuja indicação teve aval do MST), "a ação do Estado, décadas atrás, fomentou os trabalhadores a se organizarem em movimentos e começarem a ocupar e invadir terra". "Sou contra o conflito. Quem é a favor? Mas a história mostrou isso."
Lacerda disse ver "banalização" com a multiplicação de movimentos sociais agrários no país nos últimos anos.
Para ele, o Incra trabalhará para ajudar a atual gestão a cumprir a promessa de erradicar a miséria extrema. "Se o Estado fizer parcerias [...], consegue chegar muito mais rápido a essas pessoas [que não recebem política pública]. [Mas] não tenho fórmula definida."

Comentário de Reinaldo Azevedo, de Veja.com.br:

Reforma agrária: o esforço para seduzir “conservadores” continua. Agora, até o MST entra na dança…

A marquetagem do governo Dilma descobriu que basta falar algumas palavrinhas mágicas para amansar certos espíritos. Leiam o que informa João Carlos Magalhães na Folha Onine. Volto em seguida:

O agrônomo Celso Lacerda tomou posse hoje como presidente do Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) defendendo uma gestão do órgão “nos padrões da iniciativa privada”. “Temos que qualificar a gestão do Incra no sentido de ter uma gestão nos padrões da iniciativa privada, ou seja, que a gente possa gastar cada vez menos e produzir cada vez mais”, afirmou o petista, que foi superintendente do órgão no Paraná entre 2003 e 2008. MST dá aval a nomeação de petista para o Incra

“Vivemos uma era em que tudo é informatizado. Precisamos aprimorar os sistemas do Incra, para termos um controle mais eficiente, mais rápido, rigoroso dos recursos que a gente aplica.” Lacerda também disse que os assentamentos devem ter mais suporte técnico e se tornarem produtores de alimentos livres de agrotóxicos. “Nós queremos mudar o modelo tecnológico dos assentamentos para que ele seja viável do ponto de vista econômico, social e ambiental”, afirmou. “Quer dizer que a gente cada vez mais vai investir em difusão de tecnologia para eliminar o uso de agrotóxicos. A sociedade clama cada vez mais por alimentos saudáveis.”

Lacerda negou que haverá uma “revolução” na administração do Incra, mas disse que as superintendências estaduais terão de “entrar num planejamento muito rigoroso”. Uma minuta de decreto deste ano prevê um maior controle do Incra nos Estados e a concentração de poder e dinheiro em Brasília, por meio da criação de uma “diretoria-geral” e uma “corregedoria-geral”.

“Precisamos desenvolver novas ferramentas de controle para que a gente possa monitorar e cobrar mais das superintendências”, afirmou. Ele afirmou que o foco agora será a atuação nas áreas que concentram a pobreza extrema no país, para contribuir com o plano do governo federal de erradicar a miséria. “A reforma agrária é, eu acredito, a principal política para o combate da pobreza extrema no campo.”

Voltei
Pois é… Lacerda chega ao posto abençoado pelo MST, mas para implementar, diz, critérios da iniciativa privada. Fosse assim, os assentamentos teriam de ser fechados. Seria bem mais barato dar um salário para cada assentado e pronto! Confesso que não entendi nada — por enquanto, nem Lacerda entendeu. É um excesso de objetivos, todos  ao mesmo tempo. Não fica claro se é um plano de assistência social, de agricultura ecológica ou de reforma administrativa. Quem tem muitas metas não tem nenhuma.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Folha de S. Paulo

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