Governo quer cortar dinheiro para usinas de açúcar

Publicado em 08/04/2011 09:37
Pacote preparado por ministérios restringe financiamento oficial para quem produzir mais açúcar do que etanol; Ideia é taxar açúcar exportado, acabar com a Cide sobre a gasolina importada e aumentar papel da Petrobras (na Folha de hoje)

O governo quer restringir o financiamento de bancos oficiais como BNDES e Banco do Brasil para destilarias de cana que estejam produzindo mais açúcar que etanol e criando problemas na oferta do combustível.
A medida faz parte de pacote fechado pelas pastas da Fazenda e de Minas e Energia para segurar os preços do álcool, que pode ser anunciado por Dilma Rousseff na volta de sua viagem à China.
Outra determinação é para que a Petrobras eleve sua produção de etanol para funcionar como uma reguladora do mercado no país.
O governo quer ainda taxar a exportação de açúcar entre 4% e 5% e deixar de cobrar a Cide (contribuição sobre consumo de combustível usada para financiar a intervenção do governo no setor) da gasolina importada, visando baratear o produto.
Segundo aFolhaapurou, a expectativa dos dois ministérios é que a presidente dê o aval final às medidas na volta de sua viagem oficial à China, entre os dias 11 e 15, liberando sua divulgação logo em seguida.
Assessores de Dilma disseram que a intenção do governo é evitar a repetição dos problemas de abastecimento de etanol durante a entressafra do produto, quando as destilarias optam por reduzir a produção do combustível e aumentam a de açúcar.
A ideia é dar mais estabilidade ao mercado e evitar desestímulo à produção de carros flex no país.

DISTORÇÃO
Pela proposta, a partir de agora os bancos oficiais vão financiar as destilarias que produzam só etanol. Nas palavras de um assessor, as destilarias estavam criando distorções no mercado com estímulos do próprio governo. Em 2010, o BNDES destinou R$ 7,58 bilhões ao setor sucroalcooleiro.
Do total de cana projetado para a safra 2011/2012, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) estima que 45,34% serão destinados a açúcar, e 54,66%, a etanol.
O governo quer que a proporção de álcool seja maior para evitar desabastecimento, mas o setor sucroalcooleiro tem preferido o açúcar, que remunera hoje de 30% a 40% mais que o etanol.
O açúcar foi o grande destaque das exportações do agronegócio brasileiro em 2010, com expansão de 52% das receitas. Com 18% das exportações do setor, o açúcar só ficou atrás da soja, que deteve 22% da vendas.
Fará parte ainda do conjunto de medidas a decisão de transformar oficialmente o etanol num combustível para ser fiscalizado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) e a redução da mistura de álcool na gasolina. Essa última medida será temporária, até que o governo fique regulado com a entrada da safra de cana-de-açúcar.
O governo pretende ainda incentivar a construção de novas destilarias no país.
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Fonte:
Folha de S. Paulo

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2 comentários

  • Telmo Heinen Formosa - GO

    O castigo tarda mas não falha! Está aí o resultado do apoio maciço da Rede Bôbo com o abobalhamento midiático generalizado em favor dos beberrões carros FLEX. Bem feito! Desde 2005 não existe mais fabricação de motores à álcool, que se tivesse continuado poderiamos com as técnicas de Injeção Eletrônica de hoje em dia estarmos produzindo motores à etanol de 14 a 15 km por litro. Não, a bestial moda escolheu o 'chic' FLEX porque sua propaganda dizia que era isto que o consumidor queria. Queria e teve, agora dane-se, não me venha chorar pelo leite derramado. Comprou um Carro flex? Então você entrou numa 'Flex Enrolation' Não fazem nem 10 km por litro...

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, muitas pessoas já sentiram na pele e no bolso, esses "soluços", da administração pública , com referência as politicas implementadas ao setor sucroalcooleiro, dentre as quais me incluo . Com a criação do PROÁLCOOL, em 1975, pelo então Presidente Ernesto Geisel, fui ao antigo Mato Grosso, município de Rio Brilhante , implantar um projeto PIONEIRO de uma Destilaria Autônoma de Álcool. Imagine as "alegrias". Em 1978, ano que foi decretado a divisão do estado em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, a unidade já estava produzindo os PRIMEIROS litros de álcool para fins carburantes, no NOVO estado do Mato Grosso do Sul . Mesmo com a "CARTA COTA" expedida pelo ( antigo) IAA, o Patrão teve que ir pessoalmente à sede do IAA no Rio de Janeiro, munido com fotos da lavoura, indústria e todo o movimento, para conseguir a autorização de comercialização do álcool produzido e estocado por TRÊS MESES , pois o pessoal não acreditava que já estávamos em produção. Aí na primeira metade da década de 80 , as medidas politicas, DESACREDITARAM O PROÁLCOOL , só que naquela época não era carro FLEX , aí os donos de carro a álcool, ficaram com um "MICO" na mão. Até quando a "história" vai se repetir ?.Essa "conversa" que as Usinas fazem mais álcool ou açúcar, de acordo com o lucro de cada produto é tudo balela, os néscios de plantão, passam a balela adiante !!. Acho que uma entrevista com qualquer diretor industrial de Usina , ele, com certeza, vai esclarecer. ...." E VAMOS EM FRENTE ! ! ! " ....

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