Aprosoja recomenda cautela com China, diz a Folha

Publicado em 15/04/2011 06:54 e atualizado em 15/04/2011 08:58
Associação de produtores de soja diz que investimento em larga escala dos asiáticos no Brasil pode prejudicar indústria nacional
Os governos e os produtores do Brasil devem manter cautela diante da perspectiva de investimentos em larga escala por parte da China na agricultura brasileira.

A opinião é do presidente da Aprosoja Brasil (Associação dos Produtores de Soja), Gláuber Silveira, que disse ver o risco de prejuízo para o setor no longo prazo.
O alerta foi feito durante o Circuito Aprosoja, em Cuiabá -evento destinado a discutir o planejamento da safra.

"O chinês não gosta de fazer negócio a longo prazo. É tudo para amanhã. É por isso que acho um perigo o governo brasileiro se unir com o governo chinês e ficar contra o americano", disse Silveira.
Segundo ele, já há relatos de acordos que envolvem a troca direta de grãos por equipamentos e fertilizantes de origem chinesa. Para Silveira, o modelo pode "quebrar a indústria nacional".

"Vamos supor que façamos a troca. Iremos derrubar a indústria nacional de máquinas e fertilizantes. E se amanhã eles resolvem investir na África e dizer "não queremos mais a sua soja'? O setor irá quebrar", avalia.

Na safra 2010/2011, segundo a Aprosoja, 62% das exportações de soja de Mato Grosso tiveram a China como destino -em 2003/2004, essa proporção era de 19%.
Há duas semanas, a Folha mostrou que há planos bilionários de investimentos chineses para o setor.
Um dos mais recentes é o da estatal Chongqing Grain, na Bahia, que prevê investimentos de R$ 4 bilhões na implantação de uma fábrica de beneficiamento, porto seco e silos de armazenagem.
Em Goiás, a estatal Sanhe Hopefull anunciou planos de investir R$ 12,2 bilhões em agricultura e infraestrutura do Estado e assegurar a compra direta de 6 milhões de toneladas de soja por ano.
Para Silveira, o recurso chinês deve ser usado em ações de infraestrutura. "Precisamos de logística, não de fertilizantes e máquinas."

Palestrantes no evento em Cuiabá, o empresário chinês Tom Lin Tan, da Hopefull Investiments & Holdings, maior empresa privada de beneficiamento de soja na China, disse não ver problemas em acordos que envolvam trocar de soja por equipamentos e fertilizantes.

Para chineses, importar soja do Brasil sai mais barato do que comprar no país

Um dos motivos do interesse da China na soja brasileira é que muitas vezes sai mais barato importar o produto do Brasil do que comprá-lo no próprio país asiático. Isso ocorre por causa do problema de escoamento da parte nordeste da China, onde há maior produção, até o leste do país, em que vive a maior parte dos consumidores do país. Foi o que explicou o empresário chinês Lin Stan, presidente-executivo de Investimentos da Hopefull & Holding Corp., que participou nesta quinta, dia 14, do lançamento do Circuito Aprosoja 2011, em Cuiabá.

Stan disse que a China tem interesse de importar cada vez mais soja brasileira e investir na cultura. Entretanto, não há interesse da parte dos asiáticos em comprar terras no Brasil, pois não saberiam o que fazer com elas, já que os agricultores chineses estão acostumados com uma média de um hectare para plantar.

– Os chineses têm um outro sistema de agricultura. Na China, o problema é a terra. Os chineses não têm tanto conhecimento para plantar soja. Por isso, o interesse do país é de investir na agricultura brasileira fazendo parcerias – disse Lin Stan.

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Fonte:
Folha de S. Paulo + Canal Rural

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