Estadão: União Européia tenta blindar Itália, novo alvo da crise

Publicado em 10/07/2011 21:24 e atualizado em 11/07/2011 06:23
Grande demais para ser resgatada, a terceira maior economia da Europa enfrenta caos político e começa a sofrer ataques do mercado, por Jamil Chade, correspondente de O Estado de S. Paulo em Genebra
Depois de Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal, a crise da dívida desembarca na Itália e líderes da União Europeia (UE) convocam para esta segunda-feira, 11, uma reunião de emergência para tentar frear o contágio. Por mais séria que tenha sido, a ameaça de um default apenas rondou a periferia da Europa. Mas agora é a terceira maior economia da zona do euro que sofre os ataques do mercado.

Durante a reunião de emergência, um segundo pacote de resgate à Grécia também será alvo das negociações convocadas de última hora. O resgate vive um impasse. Na sexta-feira, o risco país da Itália foi duramente atingido pelo mercado, que passou a apostar não apenas na quebra da periferia. As dúvidas em relação à saúde dos bancos italianos também ajudou a proliferar a tensão, a uma semana do resultado do teste de stress nas instituições financeiras da Europa. As ações do Unicredit Spa, o maior banco da Itália, desabaram quase 8%.

Nos Estados Unidos, fundos de pensão que tinham investimentos na Itália iniciaram uma corrida para vender seus ativos, aprofundando ainda mais os temores em relação à Roma.

As ameaças de um default na Grécia, Portugal e Irlanda prometiam criar um terremoto para a Europa. Mas o bloco sempre esteve convencido de que tinha como resgatar financeiramente esses países. No caso da Itália, não haveria um resgate multilateral possível que pudesse ser arrecadado para salvar Roma. Para analistas, uma quebra da Itália significaria uma falência do projeto de moeda comum do euro.

Por enquanto, nenhum líder europeu acredita que a Itália esteja sob essa ameaça real. Mas eles querem tentar matar qualquer dúvida já em seu início, antes que ela se instale e seja ainda mais difícil de dissipar.

Para isso, o presidente do Conselho da Europa, Herman Van Rompuy, decidiu convocar para hoje um encontro com a mais alta cúpula do bloco, entre eles Jean Claude Juncker, presidente da zona do euro, José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, e Olli Rehn, comissário de Finanças.

"A Europa está preocupada com o que ocorreu na sexta-feira com a Itália. Há uma percepção que não existe uma defesa montada para evitar o contágio da crise nas grandes economias do bloco", afirmou um dos negociadores envolvidos na convocação do encontro.

Divergências. Na Itália, o caos político não tem ajudado o país que já tem uma dívida superior a 120% do PIB. Para completar, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi e seu ministro de Finanças não se falam por divergências sobre como aplicar o plano de austeridade. Não por acaso, o risco país da Itália atingiu um pico recorde na semana passada.

Depois de meses de crise, a UE continua tratando a questão da dívida como um problema de liquidez, aprovando pacotes de resgate para países como Grécia e Portugal baseado na injeção de recursos. No caso da Itália, a própria UE admite que não teria nem como imaginar um pacote de resgate, diante do tamanho da economia envolvida.

Para especialistas, uma nova forma de lidar com a crise da dívida teria de ser estabelecida, baseada em uma restruturação de toda a economia.

Ministros de Finanças do bloco se reúnem para debater o segundo pacote de resgate à Grécia, de mais de US$ 110 bilhões. A Alemanha garante que está disposta a ajudar, desde que o setor privado faça sua parte e arque com parte da conta.

Itália adota medidas para conter especulação financeira

ROMA - A agência reguladora do mercado financeiro da Itália (Consob) aprovou hoje medidas que têm como objetivo aumentar a transparência do setor e combater a especulação, obrigando que os operadores, entre outras coisas, divulguem que estão assumindo posições vendidas a descoberto em determinados ativos a partir de um determinado nível.

As regras determinam que operadores divulguem para a Consob qualquer ordem de venda a descoberto - quando não se possui o ativo em questão - envolvendo ações que representem 0,2% ou mais do capital de determinada companhia. Também será necessário divulgar ordens subsequentes de venda a descoberto que sejam equivalentes a 0,1% ou mais do capital da mesma empresa. As novas regras passarão a valer amanhã e devem vigorar até 9 de setembro.

Na sexta-feira, as ações de bancos da Itália sofreram queda acentuada em meio a receios com a instabilidade política do país e com a possibilidade de uma disseminação da crise da dívida soberana europeia para a economia italiana.

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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