Nos EUA há possibilidade da crise da dívida ser resolvida ainda hoje

Publicado em 22/07/2011 06:25

A 12 dias para o 'apocalipse'

Dia é marcado por rumores sobre aproximação entre Obama e Boehner -- 

Faltando 12 dias para os EUA estourar o limite de endividamento, o presidente Barack Obama e o deputado John Boehner estariam próximos de uma saída para a dívida do país; oficialmente eles negam - possivelmente para evitar reação da linha-dura de ambos os lados

Carolina Guerra
O deputado republicano, presidente da Câmara, John Boehner

John Boehner (foto) e Barack Obama cedem para chegar num acordo final (Mark Wilson/AFP)

Enquanto a zona do euro conseguiu apresentar soluções para a crise de dívida da região, as discussões sobre a situação fiscal dos Estados Unidos também prosseguiram em Washington, mas não de forma tão transparente. Interlocutores da Casa Branca comunicaram líderes democratas, segundo o jornal The New York Times, de que o presidente Barack Obama estaria perto de fechar um grande acordo orçamentário com o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner.

Oficialmente, contudo, a informação foi negada. "Não há avanços a anunciar. Não estamos perto de um acordo", afirmou Jay Carney, porta-voz de Obama, ressaltando, no entanto, que um acordo continua sendo possível. Boehner também refutou os rumores de que participaria das negociações de um acordo iminente. Seu gabinete completou em comunicado: "mantemos as linhas de comunicação abertas".

As discussões entre Obama e Boehner, de acordo com o The New York Times, envolveriam uma economia da ordem de 3 trilhões de dólares no orçamento a ser obtida por meio de significativos cortes nas despesas públicas e do aumento da arrecadação com a revisão do código tributário. Por ora, ambos preferem adotar a discrição para evitar protestos de membros de seus respectivos partidos, que se considerariam traídos. O jornal americano apurou que os maiores descontentes são os democratas no Congresso, furiosos com as concessões do presidente e por não terem sido chamados a discutir.

Obama e Boehner tentam agir em segredo para evitar a repetição da rebelião política que minou seus esforços conciliatórios no início deste mês. Desta vez, com um grupo muito reduzido de pessoas a par das negociações, eles esperam aparar as arestas sem serem incomodados.

As tensões não teriam sido ainda de todo eliminadas. O líder republicano mostra-se ainda um pouco incomodado com pressões do presidente por aumento de impostos – não negociar a ampliação da carga tributária tem sido, desde o início, a principal bandeira de seu partido no confronto com a Casa Branca. Já Obama relutaria em ceder aos pedidos de Boehner por reduções nos gastos sociais. O presidente americano sonhava em explorar na campanha presidencial a insistência republicana em atacar o Medicare, o Medicaid e a Previdência Social – os principais programas de assistência governamental aos mais pobres nos EUA.

Nesta quinta-feira, houve também manifestações em relação à proposta do senador republicano Mitch McConnell de conceder à Obama o poder necessário para elevar o teto da dívida do país. Quase 90 deputados republicanos assinaram uma carta afirmando que não apoiarão a proposta.

Enquanto isso, crescem as tensões políticas e pioram as previsões do cenário para o que esperar caso não haja acordo.  “Escute, se cairmos em default (calote) em 2 de agosto, isso ficará parecido com o que aconteceu durante a queda do Lehman, mas com asteróides. Será um apocalipse financeiro", advertiu Larry Summers, economista e ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos,  durante uma conferência, em relação à quebra do banco Lehman Brothers.

Novo alerta – Em meio ao noticiário cheio de rumores, a agência de classificação de risco Standard & Poor's reiterou nesta quinta-feira que vê um risco real de os futuros déficit do governo americano ultrapassarem os limites hoje em discussão e que existe um risco de 50% de o rating de crédito do país (AAA) ser cortado dentro de três meses.

Enquanto Obama e Boehner não apresentam sua própria proposta, será votado neste sábado no Senado o plano batizado de 'Cut, Cap and Balance' (no português, 'cortar, limitar e equilibrar'), elaborado pelos deputados republicanos e aprovado nesta terça-feira na Câmara, casa em que o partido tem maioria. A expectativa é que o projeto seja reprovado no Senado, cuja maioria é democrata.

Europa

Bolsas europeias abrem em alta após acordo sobre Grécia

Mercados iniciam a sexta-feira com otimismo depois de alívio na crise do euro

O primeiro-ministro grego George Papandreou, o presidente do Conselho Europeu Herman Van Rompuy e presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso, na sede do Conselho Europeu em Bruxelas

O primeiro-ministro grego George Papandreou, o presidente do Conselho Europeu Herman Van Rompuy e presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso, na sede do Conselho Europeu em Bruxelas (Georges Gobet/AFP)

Após o acordo realizado nesta quinta-feira para o socorro financeiro à Grécia, as principais Bolsas europeias abriram o pregão desta sexta em alta. 

O índice geral da Bolsa de Valores de Paris, o CAC-40, abriu a sessão desta sexta-feira com alta de 0,95%, aos 3.852,83 pontos. Em Madri, o indicador principal da Bolsa de Valores, o Ibex-35, iniciou o pregão de hoje com avanço de 1,28%, aos 10.145,80 pontos. Cenário de alta também em Londres, cujo índice FTSE-100 iniciou o pregão desta sexta-feira com ganhos de 0,56%, aos 5.933,02 pontos, e na Alemanha, com o índice DAX em elevação de 0,79%, aos 7.348,01 pontos. A maior alta, no entanto, se deu na Itália, cujo índice FTSE MIB abriu a sessão desta sexta-feira com avanço de 2,01%, aos 19.879 pontos. Já o índice geral, FTSE Itália All-Share, subia 1,77%, aos 20.498 pontos.

Acordo - Depois de semanas de incerteza, a zona do euro chegou nesta quinta-feira a um acordo sobre o segundo pacote de resgate da Grécia, após reunião da cúpula em Bruxelas, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. O plano de ajuda totaliza 158 bilhões de euros. O acordo, que inclui a reestruturação da dívida de 350 bilhões de euros do país, poderá diminui-la em 26 bilhões de euros até 2014, mas poderá provocar o calote parcial no curto prazo.

Tema em Foco: indisciplina fiscal e descontrole das contas públicas, a crise do euro

Pela primeira vez, o pacote inclui a iniciativa privada. A ajuda oficial, vinda dos governos europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI), somará 109 bilhões de euros. Já o setor privado contribuirá com mais 49,6 bilhões de euros até 2014, através de uma combinação de rolagem da dívida e compra de títulos gregos com desconto no mercado secundário. O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, explicou que, desses 49,6 bilhões de euros, 37 bilhões de euros sairão de uma "contribuição voluntária" dos bancos credores e 12 bilhões de euros consistirão em amortizações da dívida no mercado. O presidente francês Nicolas Sarkozy explicou que este plano foi especificamente desenhado para a Grécia, e que Irlanda e Portugal não poderão se beneficiar deste pacote.

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veja.com.br

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