No Estadão: Bovespa tem forte queda; atenções voltadas para Japão e Turquia

Publicado em 04/08/2011 11:20 e atualizado em 04/08/2011 12:07
Baixa repete o movimento de ontem, quando a bolsa teve o maior recuo em quase seis meses, no Estadão.com.br
Diante da piora do pessimismo em diversas economias, a Bolsa de Valores de São Paulo abriu o pregão desta quinta-feira em queda de 0,06%. Com pouco mais de dez minutos de pregão, a Bolsa rompeu não só o patamar de 56 mil pontos como também o dos 55 mil pontos. Às 10h31, a queda era de 2,43%, a 54.669 pontos.

A baixa repete o movimento de ontem, quando a bolsa teve forte recuo de 2,26%, o maior em quase seis meses.Dentro do Ibovespa, as maiores baixas são MMX (-6,87%), Fibria (-6,48%) e Duratex (-4,57%).

Enquanto isso, no Brasil o dólar de balcão atingia a máxima, em alta de 0,7% a R$ 1,5730.
Hoje, mais dois países anunciaram que começarão a intervir no câmbio para conter a alta de suas moedas. O Japão ampliou a venda de ienes no mercado. Operadores acreditam que no total as vendas somem até 1 trilhão de ienes. Além disso, aumentou seu fundo especial para compra de ativos e operações de oferta de liquidez de 10 trilhões de ienes (US$ 125,913 bilhões) para 15 trilhões (US$ 188,8 bilhões).

Na Turquia, o Banco Central cortou o juro básico e disse que vai começar a vender dólares para tentar proteger a lira.

Mais cedo, as bolsas na Ásia já demonstravam pessimismo. A maioria fechou em queda. Hong Kong teve o terceiro dia de queda, encerrando o pregão em baixa de 0,5%. Movimento parecido ocorreu em Cingapura, que caiu 0,74% pelo terceiro dia. A Bolsa de Sydney, na Austrália, atingiu a maior queda em mais de um ano (-1,3%).

BCs se mantêm cautelosos em decisões sobre o juro

Zona do euro, Inglaterra e Rússia mantiveram o juro básico; Japão fez intervenção no mercado de câmbio para conter alta do iene

Em meio à continuidade do enfraquecimento das moedas e às incertezas quanto à melhora da economia, os Bancos Centrais de diversos países tomaram decisões sobre juro hoje e inferiram no mercado cambial. As economias de todo o mundo continuam paradas, deixando os governos preocupados.

Na zona do euro, o BCE resolveu manter a taxa de juros em 1,50% ao ano, após ter anunciado em julho uma segunda elevação de 0,25 ponto porcentual nos juros em três meses. A Inglaterra também resolveu manter o juro, em 0,5% ao ano. Além disso, manteve o programa de compra de ativos em 200 milhões de libras.

O banco central da Turquia cortou inesperadamente a taxa de juro para uma nova mínima histórica, provocando forte pressão de venda da lira, numa demonstração de surpresa e rejeição à estratégia do BC para conter potenciais efeitos da crise econômica global.

Em reunião de emergência, o comitê de política monetária turco decidiu reduziu a taxa de referência de recompra para 5,75%, de 6,25%, e elevou a taxa para tomada de recursos de 1,5% para 5%. O banco central também anunciou que começará a vender dólares a partir de amanhã.

Já o Banco Central da Rússia manteve as taxas de juros básicas inalteradas pela segunda reunião seguida hoje e sinalizou que a política monetária poderá continuar assim durante o futuro próximo. A taxa de refinanciamento, que é a referência, permaneceu em 8,25%.

Câmbio

O Japão entrou nos mercados de câmbio nesta quinta-feira, lançando uma campanha de venda de ienes lastreada em até 10 trilhões de ienes  (US$ 125,913 bilhões) em medidas de afrouxamento por parte do banco central. Segundo as autoridades japonesas, as medidas são necessárias para conter a especulação do mercado que ameaça a frágil recuperação econômica do país. Nos últimos dias, o iene vem se valorizando frente ao dólar.

Operadores em Tóquio estimavam que o Japão tenha gastado pelo menos 1 trilhão de ienes (US$ 12,59 bilhões) que novas ordens de venda seriam maiores se a intervenção continuasse.


Grécia, Irlanda e Portugal têm de implementar programas, alerta BCE

Presidente do Banco Central Europeu também destaca a importância de um renovado compromisso de todos os chefes de Estado da zona do euro para aderirem às metas fiscais


O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, destacou em pronunciamento à imprensa nessa quinta-feira, 4, a necessidade de estrita e rápida implementação dos programas de ajustes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia na Grécia, na Irlanda e em Portugal.
Trichet também chamou a atenção para a importância de um renovado compromisso de todos os chefes de Estado e governos da zona do euro para aderirem estritamente às metas fiscais acordadas. "Para muitos países, isso exige anunciar e implementar medidas de ajuste fiscal adicionais", disse Trichet.

Compra de títulos

Paralelamente à entrevista, operadores de mercado comentavam que o BCE reabriu seu programa de compra de títulos da dívida de países pela primeira vez em cinco meses, mas Trichet não confirmou a informação na entrevista.

Ele disse que nunca afirmou que o programa estivesse inativo e que ele sempre é discutido nas reuniões. Acrescentou que o programa de compra de bônus não é um instrumento de afrouxamento quantitativo - ou seja, para injetar dinheiro na economia.

A informação sobre a compra de bônus tirou o euro das cotações mínimas. Às 10h28 (de Brasília), o euro caía para US$ 1,4171, voltando a operar abaixo de US$ 1,42.

Intervenção no câmbio do Japão

Trichet também se mostrou insatisfeito com a intervenção no câmbio realizada esta madrugada pelo Japão. Em entrevista à imprensa após a decisão do BCE de manter as taxas de juros, Trichet disse que intervenções precisam ser feitas de forma multilateral.

O comentário de Trichet foi feito depois de uma fonte afirmar à Dow Jones que os EUA não apoiou a decisão do Japão de intervir nos mercados de câmbio. O governo japonês lançou uma campanha de venda de ienes para conter a valorização da moeda. As informações são da Dow Jones.

BCE compra bônus e amplia liquidez a bancos

FRANKFURT - O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou nesta quinta-feira que está comprando bônus governamentais em resposta ao aprofundamento da crise de dívida, oferecendo também uma nova rodada de liquidez aos bancos.

No entanto, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, sugeriu que a taxa básica de juros da zona do euro pode subir ainda mais.

Depois que o BCE manteve o juro básico em 1,5 por cento pela manhã, Trichet disse que o programa de compra de bônus, ativado desde março, ainda está em vigor.

"Eu nunca disse que ele estava inativo", afirmou Trichet, acrescentando que os dados semanais de compra de bônus do BCE mostrariam quais ações foram tomadas pela autoridade monetária. "É um programa ativo e nós somos totalmente transparentes."

Operadores disseram que viram o BCE comprar bônus dos governos de Portugal e da Irlanda no mercado secundário enquanto Trichet falava, mas não da Itália e da Espanha, países também abatidos pela crise de dívida.

O BCE enfrenta pressão para agir após a escalada da crise de dívida nas últimas semanas. A Itália, economia do G7, viu seus custos de financiamento dispararem, algo que alarma as autoridades monetárias, pois a exposição dos bancos à dívida italiana é bem maior que às dívida da Grécia, Irlanda e Portugal -- países já socorridos.

Trichet também disse que os bancos comerciais poderão acessar liquidez ilimitada do BCE até pelo menos o fim do ano, e anunciou uma nova oferta de empréstimos de seis meses aos bancos.

"Dadas as renovadas tensões em alguns mercados financeiros ... (o BCE) decidiu conduzir uma operação suplementar de refinanciamento, com vencimento de aproximadamente seis meses, com parcela total", disse ele.

Enquanto isso, em uma atitude surpreendente após a decisão de juro, a Comissão Europeia disse que considera aumentar o tamanho do fundo de resgate europeu.

Apesar da declaração da Comissão, os novos poderes do fundo para comprar bônus no mercado secundário ou dar crédito aos Estados não serão operáveis até que sejam aprovados pelos Parlamentos nacionais, algo que só deve acontecer a partir de setembro.

Isso deixa o BCE como único meio de defesa no curto prazo contra os ataques do mercado a Itália e Espanha.

JURO PODE SUBIR

Trichet sinalizou que a taxa básica de juros da zona do euro pode continuar a subir, contrastando com o afrouxamento monetário realizado pelos bancos centrais da Suíça e do Japão nesta semana.

"Nós continuaramos a monitorar muito atentamente todos os acontecimentos com respeito aos riscos de alta à estabilidade de preços", declarou Trichet, usando a mesma expressão que o BCE usou após a elevação do juro básico no mês passado. 

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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