Geada no Sul de Minas atinge botões florais da próxima safra e Bolsas fecham em alta

Publicado em 05/08/2011 19:11 e atualizado em 06/08/2011 09:46
Produtores de café do sul de Minas Gerais, maior região produtora do grão no País, ainda avaliam as possíveis perdas com a geada da madrugada desta sexta-feira. Enquanto alguns cafeicultores já estimam quebra de até 10% em suas lavouras para a próxima safra, agrônomos de cooperativas ainda agem com cautela, uma vez que as geadas desta sexta-feira foram mais acentuadas nas regiões de baixada, assim como ocorreu no final de junho. No entanto, o frio afetou duramente os botões florais de lavouras de maior altitude, e, com isso, a próxima safra poderá sofrer redução de produtividade. As avaliações serão mais completas até o próximo final de semana.
 
O coordenador de desenvolvimento técnico da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Maciel Yukio Nishioka, afirmou que sua equipe detectou geadas de maior intensidade em lavouras de municípios no entorno de Poços de Caldas (MG), mais ao sul da área de abrangência da cooperativa. Segundo ele, as geadas ocorreram em regiões de risco, nas baixadas. Essas áreas não registravam geadas há tempos e ao longo do tempo foram ocupadas com café. Os pontos mais críticos ocorreram em lavouras de Botelhos (MG) e Campestre (MG). "As perdas ocorrerão, mas ainda não é possível calcular", afirmou. Na região entre Machado e Alfenas o frio chegou o queimar os ramos, além dos botões florais.
 
Segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe), a temperatura mínima registrada no Aeroporto de Poços de Caldas nesta madrugada chegou a -3,5 graus Celsius por volta das 6 horas. A leitura só não foi menor que os 3,6 graus negativos de Monte Verde, na Serra da Mantiqueira. Já em Maria da Fé, entre Varginha e Itajubá, a temperatura mínima foi de -0,7 graus. A partir de amanhã, de acordo com o Cptec, as temperaturas devem subir.
 
Para Sebastião Márcio, agrônomo da Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive), a geada desta madrugada na região de Carmo de Minas (MG), foi mais intensa que a de junho. "Às 8 horas da manhã ainda havia gelo nas plantações", relatou. Segundo ele, as geadas atingiram lavouras já prejudicadas pelo fenômeno climático de junho, principalmente nas regiões de baixada. Já o produtor Armando Matielli, de Guapé (MG), fala em perdas de 10% nas lavouras. "Além das regiões de baixadas, as áreas de ponteira dos canaviais também foram bastante atingidas", disse.

Matielli explica que visualmente parece que não houve perdas fortes, mas os prejuízos são indiretos. Com as perdas dos botões florais, há interrupção de fornecimento do AIA (ácido indolacético), e com isso, as flores não terão forças para se segurar nos ramos. "Café não gosta de frio", diz o agrônomo, secretário-executivo da Sincal.

Em sua avaliação, o frio pegou longa faixa que vai desde a divisa de S. Paulo (Mogiana/Pinhal), prejudicando mais as lavouras da região de Piumhi (MG), pois ali não houve chuvas leves como as registradas em Varginha e três Pontas. Também a cafeicultura de S. Paulo (região de Garça) e no norte do Paraná há relatos de perdas com as geadas da quinta-feira. A meteorologista Desireé Brandt, da Somar meteorologia, afasta o temor de novas ondas de frio para a cafeicultura. A previsão é de tempo quente, com dias de sol forte na próxima semana.

Armando Matielli considera que os preços devem continuar subindo na Bolsa de Nova York e na BM&F, como aconteceu nesta sexta-feira. O vencimento dezembro, em N. York, fechou em alta de  155 pontos, a US$ 241,30. Na BM&F, a saca de 60 quilos para setembro com alta de 1,88%, a US$ 318,90. Para Matielli, o produtor deve vender com muito cuidado daqui para a frente, porque a tendencia é de alta.
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Fonte:
Redação NA/Estadão

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