Incertezas crescem e o Brasil não está imune, editorial deste sábado

Publicado em 20/08/2011 19:59
Antes das turbulências globais deste mês, o ambiente econômico nos países latino-americanos era melhor do que no resto do mundo, segundo o Índice de Clima Econômico (ICE) do Instituto Ifo e da FGV. O Brasil está entre os países que crescem e têm boas perspectivas que, no entanto, declinaram, sem interrupção, desde o início do ano passado.

A pesquisa é feita em 18 países, com 145 especialistas, que avaliam a conjuntura e as expectativas - se positivas, os avaliados ganham 9 pontos; se indiferentes, a pontuação é 5; e se negativas, é 1. Acima de 5 pontos, entende-se que há crescimento. Nos últimos dez anos, a marca mais alta alcançada pela América Latina foi de 6 pontos, em julho de 2010 - declinando para 5,6 pontos, em abril e em julho.

O ICE global caiu de 6 pontos, em abril, para 5,4 pontos, em julho, refletindo a gravidade dos problemas europeus. Ficou abaixo de 5 pontos no Reino Unido, nos Estados Unidos e na China - o que influi nas expectativas relativas ao Brasil, país dependente das exportações para a China. A principal exceção positiva é a Alemanha, com expectativas favoráveis tanto imediatas quanto em seis meses. Entre os Brics, a melhor posição é a da Índia, com 5,9 pontos, embora em queda.

A América Latina "continua na zona de crescimento do ciclo econômico, mas o declínio dos indicadores ao longo dos trimestres anteriores sugere um cenário mais cauteloso do que o de julho de 2010". As melhores avaliações dos últimos quatro trimestres são do Chile e do Uruguai, que ocuparam o primeiro e o segundo lugares no ICE, respectivamente. A Colômbia passou do sexto para o quinto lugar e substituiu o Brasil. Salvo Bolívia e Venezuela, todos os países da região estão crescendo.

Pioraram mais as expectativas do Brasil para os próximos seis meses: após o pico de 8,4 pontos, em outubro de 2009, caíram para 4,7 pontos, em julho. Na avaliação da situação atual, o País tem 6,8 pontos, com queda de 1,6 ponto porcentual em relação a julho de 2010. E o ICE do Brasil ficou abaixo da média histórica dos últimos dez anos. Segundo a pesquisa, "o que sustenta a avaliação positiva da economia parecem ser ainda as despesas de consumo, mas com perspectivas de piora".

A pesquisa mostra que o desaquecimento e a diminuição de investimentos no País eram previsíveis antes da euforia de 2010 - e certamente foram influenciados pelos estímulos excessivos à economia, que mais cedo ou mais tarde teriam de ser compensados por um aperto monetário. 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
O Estado de S. Paulo

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário