Agronegócio pode chegar a 25% do PIB em 2011, diz ministério
Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicadas (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), a agropecuária foi responsável por um crescimento de 1,3% no PIB do primeiro trimestre do ano, a maior expansão em relação a outros setores da economia. Conforme o Cepea, até abril o agronegócio brasileiro já tinha apresentado crescimento de 2,76%. O setor agrícola teve desempenho mais significativo, com expansão de 3,18%, enquanto a pecuária cresceu 1,75% no período. O levantamento concluiu também que a forte alta nos preços internacionais de commodities como algodão, café, laranja, milho e soja foram responsáveis pelo aumento de faturamento do segmento.
Para a economista e pesquisadora do Cepea, Adriana Ferreira Silva, embora a participação do agronegócio PIB tenha caído nos últimos três anos, isso não representava uma retração.
"A economia brasileira está acelerada e, embora o agronegócio tenha aumentado outros setores da economia, como a indústria e o setor de serviços, tinham crescido mais", diz. De 2009 para 2010, em decorrência da crise internacional de 2008, a retração do agronegócio foi de 5,08%, mas no ano seguinte, o setor voltou a crescer 5,29%.
"O Brasil adquiriu competência na agricultura e pecuária e vem tendo desempenhos excelentes, mesmo sem os subsídios do governo. E a tendência ainda é de crescimento, até porque há 200 milhões de hectares ainda disponíveis no País", diz o consultor da Allier Brasilm Flávio Hirata. "A perspectiva para os próximos cinco anos é excelente".
Conforme o levantamento "Brasil, projeções do agronegócio", do Ministério da Agricultura, a safra de 2010/2011 vai levar o País a um novo recorde na produção de grãos, com 161,5 milhões de t. O resultado está 8,2% acima da safra anterior, com aumento de 3,8% na área plantada e de 4,2% na produtividade. O levantamento mostra ainda aumento de 8,3% no Valor Bruto da Produção (VBP) das principais lavouras como algodão, arroz, café, feijão, laranja, mandioca, milho, soja e uva, responsáveis por 73% do valor da produção brasileira.
"Até o momento, as exportações estão indo muito bem, melhor que o ótimo ano de 2010. A perspectiva que podemos ter a partir da safra de verão, que já está sendo plantada, é excelente", diz o diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABA), Luiz Antônio Pinazza.
Exportações
Conforme o Ministério da Agricultura, as exportações agrícolas cresceram 34,7% em agosto em comparação ao mesmo mês de 2010, com superávit de US$ 8,3 bilhões. Nos últimos 12 meses, as exportações agropecuárias brasileiras tiveram crescimento de 24,8% em relação ao mesmo período do ano passado, com superávit comercial de US$ 71,9 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses.
Os principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro no último ano foram a União Europeia, com US$ 20,4 bilhões, a China, com US$ 11 bilhões, os EUA, com US$ 5,4 bilhões, a Rússia, com US$ 4,6 bilhões e o Japão, com US$ 2,3 bilhões. Ao todo, os produtos brasileiros chegam a cerca de 180 países.
A soja, em suas três principais variações (farelo, grão e óleo), foi o produto mais exportado, com total de US$ 21,5 bilhões, seguido do complexo sucroalcooleiro (açúcar e etanol), com vendas de US$ 15,6 bilhões. As carnes aparecem em terceiro lugar, com exportações de US$ 14,8 bilhões e um crescimento de 12,1% no acumulado dos últimos 12 meses. O café (63,1%), os cereais, as farinhas e preparações (127,7%) e os sucos de fruta (41,1%) também tiveram resultados expressivos de exportações no acumulado dos últimos doze meses.
Crescimento expressivo
De 1960 a 2010, a produção brasileira de grãos aumentou 774%, de acordo com o ministério. A área do País ocupada pela agricultura passou de 22 milhões de hectares para 47,5 milhões enquanto a produtividade passou de 783 quilos por hectare para 3.173 quilos por hectare. No mesmo período, a pecuária passou a ocupar uma área 39% maior, embora a produção de carne bovina tenha aumentado 251%.
A produtividade passou de 0,47 cabeça por hectare para 1,2 no período. Conforme o ministério, a expectativa é que até 2020 o aumento seja de 26,8% na pecuária e de 23% na agricultura.