Abapa celebra criação da Aliança pelo Desenvolvimento Energético dos Polos e dos Projetos de Irrigação do Brasil
Segundo maior estado produtor de algodão do Brasil e o primeiro no ranking de maiores irrigantes da pluma no país, a Bahia, representada pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), celebrou a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica entre os Ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), de Minas e Energia (MME) e da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), para a criação da Aliança pelo Desenvolvimento Energético dos Polos e dos Projetos de Irrigação do Brasil. O propósito do acordo é impulsionar a agricultura irrigada e fortalecer a produção sustentável no país. A solenidade, da qual participou a presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, foi realizada na última quarta-feira (05), no Observatório Nacional de Transição Energética, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), com a participação de cinco ministros de Estado.
Na ocasião, estiveram presentes os ministros Carlos Fávaro (Mapa), Alexandre Silveira (MME), Waldez Góes (MIDR) e Jader Filho (Cidades), além de Silvia Massruhá (presidente da Embrapa), Marcelo Moreira (diretor-presidente da Codevasf) e Marcos Madureira (presidente executivo da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica). Além deles, representando os produtores com um caso de sucesso de agricultura irrigada, a produtora e segunda secretária na diretoria da Abapa, Ana Paula Franciosi, gerente de Suprimentos, Insumos e Investimentos na Franciosi Agro.
Na Bahia, na safra 2024/2025, da área total plantada com algodão, que deve superar 380 mil hectares, 32% foi cultivada sob regime de irrigação. Além de complementar a oferta de água nos períodos em que falta chuva para o desenvolvimento da planta, a irrigação tem um impacto direto na qualidade da fibra e na produtividade da lavoura: dois atributos nos quais a Bahia se destaca. Nesta safra, a produtividade esperada no estado é de 1.950 quilos de pluma (algodão beneficiado) por hectare, uma das mais altas do país.
Segundo Alessandra Zanotto Costa, a cotonicultura baiana na região Oeste se beneficia da irrigação nas áreas de menor índice pluviométrico. “Tratam-se de sistemas 100% outorgados, dentro da legalidade, e de uso complementar. Sem isso, dificilmente poderíamos garantir essa produção de cerca de 741 mil toneladas de fibra que esperamos colher este ano e que, para se ter uma ideia, é um volume do tamanho da demanda da nossa indústria nacional”, pondera Zanotto.
Para o agro como um todo, a irrigação representa mais segurança alimentar. “Além de aumentar a produção de alimentos, a ampliação da área irrigada também contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, combate à pobreza e promoção do desenvolvimento sustentável”, afirma, demonstrando satisfação em ver tantos órgãos públicos envolvidos, inclusive alguns que tradicionalmente antagonizam entre produção de alimentos e conservação ambiental.
Maior da América
Durante o evento, o Grupo Franciosi compartilhou sua trajetória na Bahia e o forte investimento na expansão da irrigação, após a severa crise hídrica de 2017. Atualmente, algumas de suas unidades são 100% irrigadas, incluindo a Fazenda Santana, considerada a maior área irrigada da América Latina. O objetivo de sua exposição foi sensibilizar os participantes sobre a importância da união entre setores e ministérios para impulsionar a agricultura irrigada e o crescimento regional.
“A irrigação é fundamental para garantir a segurança e a estabilidade da produção agrícola, permitindo no mínimo duas safras por ano, o que aumenta a produtividade sem depender do clima. No oeste da Bahia, por exemplo, a irrigação complementa a água da chuva e possibilita a rotação de soja e algodão. Isso gera mais empregos, aumenta a produção sem expandir áreas e contribui para o crescimento vertical das propriedades”, explica Ana Paula Franciosi.
16 polos brasileiros
Atualmente, o Brasil conta com 16 polos de agricultura irrigada, incluindo o Polo de Irrigação do Oeste da Bahia, que abrange municípios estratégicos como Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Correntina e São Desidério. A Política Nacional de Irrigação (PNI), instituída pela Lei nº 12.787/2013, busca diagnosticar e superar gargalos que dificultam o avanço da produção irrigada no país. Hoje, 1,7 milhão de hectares são irrigados no Brasil, com potencial de expansão para mais 8 milhões de hectares.
Kits de irrigação
Na Bahia, a irrigação tem sido um fator essencial para garantir a sustentabilidade da produção agrícola, beneficiando tanto grandes produtores quanto pequenos agricultores familiares. A Abapa tem desempenhado um papel fundamental nesse cenário por meio do Projeto de Apoio aos Pequenos Agricultores Familiares, que, desde a safra 2014/2015, distribui gratuitamente kits de irrigação para comunidades agrícolas. Até o final de 2024, 487 kits em 31 municípios do sudoeste e oeste da Bahia tinham sido entregues em parceria com as prefeituras e o Governo do Estado, por meio da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).
O projeto, inicialmente voltado aos cotonicultores do sudoeste da Bahia, expandiu-se para o oeste do estado, onde os agricultores familiares passaram a utilizar a irrigação para o cultivo de hortaliças e frutas, comercializadas nas feiras e mercados locais. Essa iniciativa tem contribuído diretamente para a segurança alimentar e para a geração de renda nessas comunidades, mostrando que a irrigação é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento regional.
Demanda crescente
Com a previsão da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) de que, até 2050, a produção mundial de alimentos precisará crescer entre 60% e 70% para atender a uma população global próxima de 10 bilhões de pessoas, o Brasil se posiciona como um dos principais fornecedores globais. Segundo a diretora de Irrigação da Secretaria de Segurança Hídrica (SNSH) do MIDR, Larissa Rêgo, estima-se que 60% da demanda global por alimentos será atendida pela produção brasileira, e a irrigação será uma aliada essencial nesse desafio.
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