Petrobras prevê atender 100% da demanda de SAF do Brasil com produto coprocessado até 2029
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Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO, 9 Dez (Reuters) - A Petrobras acredita que conseguirá atender 100% da demanda nacional por combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) entre 2027 e 2029, no início da obrigatoriedade do uso do biocombustível no país, disse um executivo.
A partir de 2027, as companhias aéreas terão de adicionar obrigatoriamente alguma parcela do produto renovável ao querosene de aviação fóssil para diminuir a emissão de gases do efeito estufa (GEE) em pelo menos 1%, conforme legislação aprovada no ano passado.
A petroleira pretende atender a demanda de SAF até 2029 com seu produto fabricado a partir da rota do coprocessamento, disse o gerente de Desenvolvimento do Refino da companhia, Carlos Antônio Machado, na segunda-feira, acrescentando que as empresas aéreas também se prepararam para exigências internacionais no mesmo sentido.
A Petrobras entende que poderá atender a demanda inicial a partir de quatro refinarias na região Sudeste. Depois disso, a empresa planeja unidades dedicadas à produção de SAF, por meio de outras rotas.
Machado, no entanto, não informou qual será a demanda por SAF no Brasil nos próximos anos.
No Brasil, a partir de janeiro de 2029, os operadores passam a ser obrigados a reduzir em 2% as emissões de gases de efeito estufa, demandando potencialmente mais SAF, segundo a legislação. Depois, esses percentuais crescem um ponto percentual ao ano até chegarem a 10% em 2037.
Atualmente, a companhia já pode produzir SAF por meio de coprocessamento com 1% de conteúdo renovável nas refinarias Reduc (RJ), e Revap (SP). Além disso, prevê iniciar no segundo semestre de 2026 a produção na Regap (MG), e na Replan (SP), com até 1% e até 5% de conteúdo renovável, respectivamente.
"A gente entende que com essa estratégia dessas quatro (refinarias) a gente consegue chegar até 2029..., até a entrada das nossas unidades dedicadas. Pela nossa previsão de mercado, isso aí atende", disse Machado, ao participar de workshop com jornalistas sobre transição energética na sede da Petrobras.
O executivo explicou que o coprocessamento é uma das rotas reconhecidas para a produção de SAF e que o produto da Petrobras tem certificado de sustentabilidade ISCC-CORSIA. Segundo ele, esse combustível é mais regulado do que os demais, uma vez que "onde o avião voa não tem acostamento", brincou.
Após 2029, a Petrobras planeja iniciar a produção de SAF em unidades dedicadas, começando pela refinaria RPBC (SP), com 15 mil barris por dia. Posteriormente, a empresa planeja produzir também no complexo Boaventura, no Estado do Rio, com 19 mil barris por dia, e na Replan, com 10 mil barris por dia.
Machado explicou que a rota de coprocessamento é reconhecida internacionalmente e demanda investimento pequeno, mas tem uma limitação para elevar o percentual de conteúdo renovável.
"Não consigo chegar a concentrações muito elevadas de conteúdo renovável, porque tem uma limitação técnica", disse Machado.
"Para começar a transição, que (a rota de coprocessamento) é importante, porque no início da transição energética, ali do primeiro ano do CORSIA, eu preciso só de 1%, 2%, eu não preciso de mais do que isso."
A Petrobras realizou suas primeiras entregas de combustível sustentável de aviação no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, na semana passada, após ter se tornado a primeira a produzir o combustível integralmente no país.
Foram comercializados pela petroleira 3 mil metros cúbicos de SAF com distribuidoras que atuam no aeroporto, o equivalente a um dia de consumo nos aeroportos do Estado do Rio de Janeiro, informou a companhia.
"Agora ainda é uma fase não obrigatória, uma fase voluntária. Mas a gente acredita que depois dessa venda, o mercado vai se animar e a gente vai conseguir já vender uma parte no mercado voluntário", disse Machado.
O combustível das primeiras entregas foi produzido na Reduc, certificada para produzir e comercializar SAF. A Reduc possui autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para incorporar até 1,2% de matéria-prima renovável na produção de SAF por essa rota.
(Por Marta Nogueira)
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