Lula e Eike Batista nasceram um para o outro: os dois são vendedores de nuvens...

Publicado em 30/10/2013 18:13 e atualizado em 19/02/2014 13:55
textos publicados no blog de Augusto Nunes, de veja.com.br + editoriais de O Estado de S. Paulo

Na Folha: "Eu acuso", por Luiz Felipe Pondé

Muitos alunos de universidade e ensino médio estão sendo acuados em sala de aula por recusarem a pregação marxista. São reprovados em trabalhos ou taxados de egoístas e insensíveis. No Enem, questões ideológicas obrigam esses jovens a "fingirem" que são marxistas para não terem resultados ruins.

Estamos entrando numa época de trevas no país. O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior. Vejamos.

No cenário geral, desde a maldita ditadura, colou no país a imagem de que a esquerda é amante da liberdade. Mentira. Só analfabeto em história pensa isso. Também colou a imagem de que ela foi vítima da ditadura. Claro, muitas pessoas o foram, sofreram terríveis torturas e isso deve ser apurado. Mas, refiro-me ao projeto político da esquerda. Este se saiu muito bem porque conseguiu vender a imagem de que a esquerda é amante da liberdade, quando na realidade é extremamente autoritária.

Nas universidades, tomaram as ciências humanas, principalmente as sociais, a ponto de fazerem da universidade púlpito de pregação. No ensino médio, assumem que a única coisa que os alunos devem conhecer como "estudo do meio" é a realidade do MST, como se o mundo fosse feito apenas por seus parceiros políticos. Demonizam a atividade empresarial como se esta fosse feita por criminosos usurários. Se pudessem, sacrificariam um Shylock por dia.

Estamos entrando num período de trevas. Nos partidos políticos, a seita tomou o espectro ideológico na sua quase totalidade. Só há partidos de esquerda, centro-esquerda, esquerda corrupta (o que é normalíssimo) e do "pântano". Não há outra opção.

A camada média dos agentes da mídia também é bastante tomada por crentes. A própria magistratura não escapa da influência do credo em questão. Artistas brincam de amantes dos "black blocs" e se esquecem que tudo que têm vem do mercado de bens culturais. Mas o fato é que brincar de simpatizante de mascarado vende disco.

Em vez do debate de ideias, passam à violência difamatória, intimidação e recusam o jogo democrático em nome de uma suposta santidade política e moral que a história do século 20 na sua totalidade desmente. Usam táticas do fascismo mais antigo: eliminar o descrente antes de tudo pela redução dele ao silêncio, apostando no medo.

Mesmos os institutos culturais financiados por bancos despejam rios de dinheiro na formação de jovens intelectuais contra a sociedade de mercado, contra a liberdade de expressão e a favor do flerte com a violência "revolucionária".

Além da opção dos bancos por investirem em intelectuais da seita marxista (e suas similares), como a maioria esmagadora dos departamentos de ciências humanas estão fechados aos não crentes, dezenas de jovens não crentes na seita marxista soçobram no vazio profissional.

Logo quase não haverá resistência ao ataque à democracia entre nós. A ameaça da ditadura volta, não carregada por um golpe, mas erguida por um lento processo de aniquilamento de qualquer pensamento possível contra a seita.

E aí voltamos aos alunos. Além de sofrerem nas mãos de professores (claro que não se trata da totalidade da categoria) que acuam os não crentes, acusando-os de antiéticos porque não comungam com a crença "cubana", muitos desses jovens veem seu dia a dia confiscado pelo autoritarismo de colegas que se arvoram em representantes dos alunos ou das instituições de ensino, criando impasses cotidianos como invasão de reitorias e greves votadas por uma minoria que sequestra a liberdade da maioria de viver sua vida em paz.

Muitos desses movimentos são autoritários, inclusive porque trabalham também com a intimidação e difamação dos colegas não crentes. Pura truculência ideológica.

Como estes não crentes não formam um grupo, não são articulados nem têm tempo para sê-lo, a truculência dos autoritários faz um estrago diante da inexistência de uma resistência organizada.

Recebo muitos e-mails desses jovens. Um deles, especificamente, já desistiu de dois cursos de humanas por não aceitar a pregação. Uma vergonha para nós.

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Lula e Eike Batista nasceram um para o outro: os dois são vendedores de nuvens

Nenhuma farsa dura para sempre, avisou em 23 de abril o post abaixo reproduzido, inspirado nas semelhanças que transformaram Eike Batista e Lula numa dupla muito afinada. Nesta quarta-feira, o império imaginário de Eike sucumbiu ao peso de uma dívida sem garantias que soma U$ 5,1 bilhões. “Pedido de recuperação judicial”, como o formulado pela petroleira OGX, é o nome do velho e inconfundível calote quando praticado por gente fina. A tapeação chegou ao fim. O candidato a empresário mais rico do mundo faliu. O ex-presidente continua empinando seus malabares. Mas está condenado a descobrir, não importa quando, que acabou a freguesia dos camelôs de palanque. Lula é Eike amanhã, previne o texto que se segue:

Lula é o Eike Batista da política. Eike é o Lula do empresariado. Um inventou o Brasil Maravilha. Só existe na papelada que registrou em cartório. Outro ergueu o Império do X. No  caso, X é igual a nada.

O pernambucano falastrão que inaugurava uma proeza por dia se elogia de meia em meia hora por ter feito o que não fez. O mineiro gabola que ganhava uma tonelada de dólares por minuto se louvou o tempo todo pelo que disse que faria e não fez.

O presidente incomparável prometeu para 2010 a transposição das águas do São Francisco. O rio segue dormindo no mesmo leito. O empreendedor sem similares adora gerúndios e só conjuga verbos no futuro. Estava fazendo um buquê de portos. Iria fazer coisas de que até Deus duvida. Não concluiu nem a reforma do Hotel Glória.

Lula se apresenta como o maior dos governantes desde Tomé de Souza sem ter concluído uma única obra visível. Eike entrou e saiu do ranking dos bilionários da revista Forbes sem que alguém conseguisse enxergar a cor do dinheiro.

Lula berrou em 2007 que a Petrobras tornara autossuficiente em petróleo o país que, graças às jazidas do pré-sal, logo estaria dando as cartas na OPEP. A estatal agora coleciona prejuízos e o Brasil importa combustível. Eike vivia enchendo milhões de barris com o mundaréu de jazidas que continuam enterradas no fundo do Atlântico.

Político de nascença, Lula agora enriquece como camelô de empresas privadas. Filho de um empresário admirável, Eike adiou à falência graças a empréstimos fabulosos do BNDES (com juros de mãe e prestações a perder de vista), parcerias com estatais (sempre prontas para financiar aliados do PT com o dinheiro dos pagadores de impostos) e adjutórios obscenos do governo federal.

Lula só poderia chegar ao coração do poder num lugar onde tanta gente confia nos eikes batistas. Eike só poderia ter posado de gênio dos negócios num país que acredita em lulas.

É natural que tenham viajado tantas vezes no mesmo jatinho. É natural que se tenham entendido tão bem. Nasceram um para o outro. Os dois são vendedores de nuvens.

(por Augusto Nunes)

 

Há dois anos e meio, Diogo Mainardi enxergou o embuste durante a entrevista com Eike Batista: ‘Essas empresas são uma espécie de corrente de Santo Antônio da Bolsa de Valores. As empresas existem?’

Em março de 2011, Eike Batista irrompeu no programa Manhattan Connection fantasiado de Oitavo Mais Rico do Mundo no Ranking da Forbes. Vacinado contra vigarices ainda no berço, o jornalista Diogo Mainardi recusou-se embarcar na tapeação. Aos 1:45 do vídeo, por exemplo, Mainardi solta um direto no queixo do entrevistado. “A gente tem a sensação de que essas empresas são uma espécie de corrente de Santo Antônio da Bolsa de Valores”, compara. “Essas empresas existem?” Dois anos e meio depois, está claro que só existiram no mundo virtual. Reveja outro grande e profético desempenho de Diogo Mainardi.

Tags: Diogo MainardiEike BatistaentrevistaManhattan Conection

 

O Pensador Coletivo

Segue o primeiro parágrafo da coluna de Demétrio Magnoli naFolha de hoje.
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Você sabe o que é MAV? Inventada no 4º Congresso do PT, em 2011, a sigla significa Militância em Ambientes Virtuais. São núcleos de militantes treinados para operar na internet, em publicações e redes sociais, segundo orientações partidárias. A ordem é fabricar correntes volumosas de opinião articuladas em torno dos assuntos do momento. Um centro político define pautas, escolhe alvos e escreve uma coleção de frases básicas. Os militantes as difundem, com variações pequenas, multiplicando suas vozes pela produção em massa de pseudônimos. No fim do arco-íris, um Pensador Coletivo fala a mesma coisa em todos os lugares, fazendo-se passar por multidões de indivíduos anônimos. Você pode não saber o que é MAV, mas ele conversa com você todos os dias.

O Pensador Coletivo se preocupa imensamente com a crítica ao governo. Os sistemas políticos pluralistas estão sustentados pelo elogio da dissonância: a crítica é benéfica para o governo porque descortina problemas que não seriam enxergados num regime monolítico. O Pensador Coletivo não concorda com esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica imediatamente, evitando que o vírus da dúvida se espalhe pelo tecido social. Uma tática preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses de malévolos terceiros: um partido adversário, “a mídia”, “a burguesia”, os EUA ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o Pensador Coletivo não crê na hipótese de existência da opinião individual.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Desde o surgimento da Internet, todo mundo é fascista

Li com atraso um artigo de Sandro Vaia, publicado no Blog do Noblat. Mas nunca é tarde. Eu o reproduzo abaixo.
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A observação foi feita em tom irônico pelo professor norte-americano Douglas Harper em seu dicionário etimológico e convenientemente lembrada esta semana pelo crítico literário Sérgio Rodrigues em seu blog. Esse passou a ser o xingamento campeão nas redes sociais.

Usa-se a torto e direito, mais ainda do que reacionário e direitista, e por ironia das ironias na maioria das vezes é usado por quem não sabe que seu significado lhe serviria como uma luva. Mal comparando, seria como se o Tiririca chamasse alguém de palhaço.

Na semana passada, dois acontecimentos muito didáticos jogaram luzes sobre esse jogo de sombras onde se esconde esse crescente autoritarismo castrador que se espalha como unha-de-gato em muro chapiscado.

A Folha contratou dois novos colunistas semanais para, segundo ela, ampliar o pluralismo de opiniões em seu caderno “Poder”: Reinaldo Azevedo, que tem um blog campeão de audiência hospedado na Veja, e Demétrio Magnoli, sociólogo e geógrafo conhecido por combater a imposição de cotas raciais nas universidades brasileiras.

A internet se encheu de gritos de maldição contra os articulistas e o jornal que os contratou, leitores anunciaram que cancelariam as suas assinaturas e, fato inusitado, a coluna de estreia de Azevedo, sobre a ação de libertação dos beagles de um instituto de pesquisas científicas, levou a ombudsman do jornal a classificar delicadamente o colunista como um “rotweiller” — o que ela explicou depois, claro, era só uma força de expressão.

Um caso claro de intolerância ideológica, que pode ser facilmente curado por duas providências simples: ou deixar de ler o jornal ou continuar lendo o jornal, mas não ler os colunistas desagradáveis. Rebater argumentos e tentar provar com fatos que os deles estão errados e que os seus estão certos nem pensar. Isso dá muito trabalho. Negar em bloco e chamar de “fascista” facilita a vida. Desqualificar sempre, debater nunca.

Mais grave do que isso foi o que aconteceu numa feira literária em Cachoeira, no interior da Bahia, quando ativistas armados apenas pelas suas bordunas de intolerância intelectual impediram, aos gritos, que se realizassem os debates entre o sociólogo Demétrio Magnoli e a cientista social Maria Hilda Baqueiro Paraíso e o filósofo Luiz Felipe Pondé e o sociólogo francês Jean Claude Kaufmann.

Magnoli e Pondé foram impedidos de falar — como Yoani Sánchez já havia sido impedida meses atrás – por pessoas que os xingavam de “fascistas”. Exemplo perfeito daquilo que os franceses chamam de “glissement semantique” – ou deslizamento de sentido das palavras.

País estranho e paradoxal onde opiniões fortes são comparadas com mordidas de rotweiller e onde fascistas em ação proíbem debates e quem é impedido de falar é que é o fascista.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma chama arruaceiros de “fascistas”. Vamos ver! Ou: “Aliche é fascista demais para o meu estômago!”

Ah, fazer o quê? Às vezes, até Dilma Rousseff pode estar quase inteiramente certa — e já direi qual é a minha restrição. Quando está, é o caso de vir aqui e dizer: “Está”. Assim como, por contraste, descasquei o seu secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que resolveu dar piscadelas para arruaceiros. Leiam o que informa Folha. Volto em seguida:

*
A presidente Dilma Rousseff qualificou de “fascista” a série de ações violentas que tem ocorrido em manifestações por todo o país. Dilma defendeu nesta sexta-feira (1º) uma ação unificada entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para combater ações de vandalismo em protestos, como as que têm sido protagonizadas por grupos como os “black blocs”. “Somos a favor de manifestações pacíficas. Mas devemos repudiar integralmente o uso da violência nessas manifestações. Não podemos aceitar pessoas tampando o rosto, destruindo o patrimônio público e machucando os outros. Essas pessoas não são democráticas”, afirmou a presidente.

As declarações foram dadas em entrevista às rádios Metrópole FM e Tudo FM, de Salvador. A presidente desembarcou na manhã desta sexta-feira na capital baiana para participar da inauguração da Via Expressa Baía de Todos os Santos, que vai ligar o porto de Salvador à BR-324, principal saída da cidade. Na entrevista, Dilma afirmou ainda que “nós temos de nos responsabilizar para não deixar que a democracia no Brasil se confunda com esse tipo de ação violenta e bárbara”. “Fascista”, disse em seguida o jornalista que a entrevistava. “Fascista”, repetiu a presidente.
(…)

Comento
Tanto a presidente como os jornalistas precisam parar de chamar de “fascista” tudo aquilo de que não gostam. Por conta da hegemonia que as esquerdas exercem na imprensa e nos meios culturais, “fascismo” virou sinônimo de tudo o que não presta — e o fascismo, é bom deixar claro, é uma das coisas que não prestam. Mas não pode ser evocado assim, indiscriminadamente.
— Quer pizza de aliche?
— Ah, não, aliche é fascista demais para o meu estômago!

Ou:
— Nossa! Estou com um sapato fascista!
— Como assim?
— Está fazendo bolha no meu pé.

Ou ainda:
— Arrume o seu quarto. Está uma bagunça!
— Ah, pai, que coisa fascista!

Notem: fascismo e socialismo têm a mesmíssima origem, com diferenças de acento. Nem entro agora nessas minudências. Ocorre que Dilma não deve achar isso. Prefere o pensamento convencional, que é mais ideologia do que história: “fascismo = direita”; “socialismo = esquerda”. Assim, dados os parâmetros da presidente, cumpre observar que boa parte da pancadaria está sendo promovida por grupos de esquerda, não de direita. Liberais, por exemplo, são, direitistas — quando a palavra não é tomada como ofensa. Alguém já os viu por aí a interditar avenidas, pontes, viadutos? Acho que não!

Sim, a prática dos arruaceiros lembra gangues fascistas que se manifestaram ao longo da história, mas também remetem às gangues comunistas. Então ficamos assim: é coisa de gente que não reconhece a democracia como um valor inegociável, seja com que viés for. Uma coisa é certa: TODOS OS QUE BOTAM PRA QUEBRAR HOJE SE DIZEM DE ESQUERDA E QUEREM NÃO SÓ FIM DO LIBERALISMO, COMO OS FASCISTAS, MAS O FIM DO CAPITALISMO. Sei que é tarefa grande demais pra eles, mas cada louco com a sua convicção, não? Se Dilma quiser fazer um acordo, fecho com ela assim: TRATA-SE DE FASCISMO DE ESQUERDA!

Por Reinaldo Azevedo

 

‘Suprema felicidade’, por José Casado

Publicado no Globo desta terça-feira

JOSÉ CASADO

O “socialismo bolivariano do século XXI” não fracassou. Talvez seja apenas uma peça de humor político mal compreendida. Na semana passada, por exemplo, enquanto o Banco Central confirmava a falta de papel higiênico em 79% dos estabelecimentos comerciais da Venezuela, o presidente Nicolás Maduro discursava sobre a criação do “Ministério do Poder Popular para a Suprema Felicidade”. O anúncio presidencial aconteceu enquanto emissários de Dilma Rousseff cobravam, em Caracas, o pagamento de cerca de US$ 800 milhões em dívidas pendentes com exportadores brasileiros.

 

O país derrete em grave crise econômica, porém Maduro garantiu a preservação da “Suprema Felicidade” dos 27 milhões de venezuelanos como um item do plano financeiro anual de governo.

Orçamento público é uma conta que se faz para saber como aplicar o dinheiro que já se gastou, ensinou o Barão de Itararé. A Venezuela foi além. Criou uma peça orçamentária que supera as melhores obras de ficção do ramo.

Por Decreto Supremo, os “Ministérios do Poder Popular” só podem investir dinheiro público em projetos para “Construir a Suprema Felicidade”, “Aprofundar a Democracia Revolucionária”, “Desenvolver uma Nova Ética Socialista” e “Construir uma Nova Geopolítica”.

Essa fórmula de renovação permanente da promessa de paraíso político é de autoria de Hugo Chávez. Ele morreu em março, mas de vez em quando reaparece aos olhos do presidente Nicolás Maduro “na forma de um passarinho, bem pequeno, que me abençoa” ─ segundo a descrição presidencial.

Maduro criou o ministério, depois de desvalorizar a “Suprema Felicidade Social do Povo”. Sob pressão de uma inflação corrosiva (69% para alimentos no ano), um inédito declínio nas reservas cambiais (US$ 25 bilhões) e um déficit fiscal crescente (15% do PIB), maior que o da agonizante Grécia, ele reduziu a previsão do orçamento para a “Felicidade”. Somava 47% do total de despesas governamentais, nos dois últimos anos de Chávez. Caiu para 37% dos gastos previstos entre 2013-2014.

Manteve intactas, porém, as mordomias presidenciais. Maduro tem um dos mais caros gabinetes presidenciais do planeta (US$ 700 milhões ao ano). Conserva o modelo de verbas secretas de Chávez, que gastava US$ 40 mil por mês apenas com roupas, sapatos e produtos de beleza e higiene pessoal ─ tudo importado, claro.

O orçamento deste ano informa que na folha de pagamento do gabinete de Maduro estão inscritas 120 mil pessoas. Na maioria, são servidores encarregados de “processar e articular as solicitações que o povo dirige ao Palácio de Miraflores”. Quase dois mil trabalham no aparato de guarda-costas pessoal e familiar, sob supervisão do serviço secreto cubano. E há, ainda, uma plêiade de especialistas em “técnicas de explosivos”, “segurança alimentar” e “segurança médica” (com “epidemiologistas”), que o acompanham em todas as viagens, como a do mês passado à China, aonde foi pedir US$ 5 bilhões em crédito emergencial para compra de alimentos básicos.

O “socialismo bolivariano do século XXI” não fracassou. Apenas não funciona na vida real. Nem sequer na ficção. E, como peça de humor político, é simplesmente tragicômico.

(por José Casado)

 

‘Rasgando a nossa fantasia’, de Carlos Brickmann

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Pegue o trem-bala em Campinas e vá até o Rio em altíssima velocidade. Faça baldeação para outro trem, o da Ferrovia Norte-Sul, e viaje paralelamente aos canais de transposição das águas do rio São Francisco. Na região que antigamente era árida, beba água pura à vontade, trazida de mananciais distantes.

 

É possível? Claro que sim: o trem-bala, que deveria estar pronto para a Copa, e a transposição das águas do São Francisco correm em paralelo ─ ambos são sonhos futuros. A Ferrovia Norte-Sul, que já provocava escândalo nos antigos tempos do presidente José Sarney, continua no ritmo de Martinho da Vila: é devagar, bem devagar, é devagar é devagar devagarinho. A transposição do São Francisco vem do império, de D. Pedro 2º, que prometeu vender até a última joia da coroa para acabar com a seca do Nordeste. Perdeu a coroa, sem vendê-la. E a seca do Nordeste continua ganhando de goleada ─ sempre com a ajuda do apito ladrão.

Oito mil creches! E 800 aeroportos, que a presidente, estimulada pelas luzes de Paris, prometeu construir! E os royalties do pré-sal, revolucionando Educação e Saúde! O pré-sal ainda não foi extraído, vai levar uns 15 anos para começar a render, mas a festa está no ar. Creches? Estarão prontas um dia, quem sabe. Os 800 aeroportos não existem, nem caberiam no país, mas o número é tão bonito! Há as casas dos desabrigados de Petrópolis, que não têm teto, que não têm nada; os caças da Força Aérea, esperando os aeroportos; Internet para todos, espalhando seus sinais sem fio, de graça, pelo Brasil. Sonhar não é um sonho impossível.

Oração do silêncio
Os mestres também se enganam. O monumental Aldous Huxley, no ensaio Music at night,dizia que, depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música. Não é bem assim: o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é o som de uma história certa na hora certa. Comenta-se, por exemplo, que até políticos avessos à religião têm orado com frequência pelo silêncio de José Amaro Pinto Ramos, conhecida personalidade da política brasileira, indiciado na Suíça pelo caso Alstom. Pinto Ramos sempre teve fama de amigo do PSDB. Mas não é radical em sua atuação na área política. 

Na negociação dos caças, por exemplo, conversou com gente de todos os partidos. O caso Alstom ─ Siemens atinge diretamente o Governo tucano paulista ─ aliás, os Governos dos últimos 15 anos, já que o cartel começou a operar na administração de Mário Covas e passou pelas gestões de Alckmin e Serra. Mas tanto uma empresa quanto outra participam de obras comandadas por outros partidos em diversos Estados e no Governo Federal. Pinto Ramos, mudo, será o poeta de todos.

A falha assassina
A tragédia ocorreu no domingo: durante abordagem policial em São Paulo, provocada por uma queixa de som alto, um rapaz de 17 anos foi morto por um PM (que já foi autuado por homicídio culposo e está preso administrativamente). A reação de revolta foi imediata: três ônibus incendiados, barricadas nas ruas, horas de tumultos. Mas há um fato que a população revoltada desconhece: neste ano, conforme minuciosa reportagem apresentada no SBT por Joseval Peixoto e Raquel Sherazade, o comando-geral da PM de São Paulo mandou recolher 98 mil pistolas Taurus .40, séries 640 e 24/7, por disparar sem motivo. O filme mostra que a arma dispara mesmo travada, mesmo sem que haja um dedo no gatilho. 

Pode ter sido falha humana. Mas evitar injustiças exige ampla investigação.

E vai rolando a festa
Lembra do famoso discurso do senador Renan Calheiros, prometendo cortar despesas? Esqueça: naquela ocasião, o presidente do Senado demitiu 512 funcionários terceirizados, que trabalhavam oito horas por dia. Mas, informa o colunista Cláudio Humberto, isso valeu por pouco tempo. Vários já foram recontratados, com menos trabalho e mais dinheiro. Em números: 65 funcionários, que trabalhavam 40 horas por semana, passam a trabalhar 30 horas por semana. Destes, 43 que recebiam R$ 3.541 mensais passaram a R$ 3.669. Outros 21, que ganhavam R$ 4.678, passaram a R$ 4.678 mensais.

Quem disse que fazer economia é difícil? Basta saber como é que político faz.

E todos em um
A promessa é de Marina Silva: se o PSB ganhar as eleições presidenciais (com ela na cabeça de chapa, ou com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos), vai governar “com os melhores do PT, do PMDB e do PSDB”. Digamos, com Kátia Abreu, do PMDB do Tocantins, senadora boa de voto e de forte atuação, mas, como porta-voz do agronegócio, adversária política de Marina. Sem Fernando Gabeira, que é ótimo mas não é do PT, nem do PMDB, nem do PSDB. Com Paulo Skaf, do PMDB, presidente da Federação das Indústrias, “patrão dos patrões”, e o dirigente sindical e político petista Luiz Marinho. 

Falta Gilberto Gil, claro; não para ocupar um cargo, mas para cantar a Geleia Geral.

O pioneiro
E pensar que todos falaram mal de Gilberto Kassab, por ter dito que seu PSD não era de centro, nem de direita, nem de esquerda! Kassab pode ter muitos defeitos, mas tem duas virtudes: saiu à frente dos outros e fala a verdade.

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Exportações agrícolas em alta, editorial do Estadao

Ao contrário do que acontece com a indústria, que encontra dificuldades crescentes para manter o espaço que conquistou no mercado internacional, o agronegócio vem ampliando sua participação no comércio exterior e desempenhando um papel decisivo para evitar a deterioração ainda mais aguda das contas externas. Enquanto as exportações totais do País nos primeiros nove meses deste ano, de US$ 177,65 bilhões, registraram queda de 1,6% em relação às vendas externas do período janeiro-setembro de 2012, as exportações do agronegócio aumentaram 9,5%. De janeiro a setembro, o setor exportou US$ 78 bilhões, o que corresponde a 44% de tudo o que o País vendeu para o exterior no período.

Quanto às importações, embora elas tenham crescido neste ano também no agronegócio (total de US$ 12,67 bilhões nos primeiros nove meses), o aumento no setor, de 5,3% em relação a 2012, foi menor do que a expansão das importações totais, que alcançou 8,7%. Com esse desempenho, o agronegócio acumulou, no período, um saldo comercial positivo de US$ 65,33 bilhões. Mas, por causa do elevado déficit registrado por outros setores, a balança comercial acumulou um déficit de US$ 1,6 bilhão de janeiro a setembro (no ano passado, o resultado foi um superávit de US$ 15,7 bilhões).

As exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) alcançaram 40,6 milhões de toneladas, 28% mais do que em igual período do ano passado. Em média, o Brasil vem exportando cerca de 50% da safra de soja. As carnes (bovina, suína e de aves) ocupam a segunda posição entre os itens do agronegócio mais exportados pelo País.

Os agricultores e os pecuaristas continuam a apostar no aumento de sua produção e, claro, das exportações. Há pouco, o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, prognosticou que, "em breve, o País deve se tornar o maior produtor mundial de carnes". Mesmo que isso não se confirme, é muito provável que as exportações de carnes continuem a crescer.

Quanto à soja, o primeiro levantamento da safra 2013-2014 e da intenção de plantio dos produtores realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que, nessa safra, o Brasil poderá tornar-se o maior produtor do mundo. A previsão é de que a produção de soja fique entre 87,4 milhões e 89,7 milhões de toneladas. Mesmo a menor projeção supera as previsões da safra americana, estimada em 85,7 milhões de toneladas pelo Departamento de Agricultura dos EUA. Enquanto as condições climáticas devem favorecer a produção brasileira, a seca prejudica a dos EUA.

A primeira estimativa da Conab projeta uma safra de grãos de 191,9 milhões a 195,5 milhões de toneladas, com alta entre 2,6% e 4,5% sobre a safra anterior, de 187,1 milhões de toneladas. A soja será o grande destaque da safra 2013-2014, seguida pelo milho, cujas projeções cresceram tanto para a área plantada quanto para a produção. O grande estímulo para o plantio deve ser o preço internacional, ainda bastante favorável para os produtores.

Problemas deverão surgir em algumas regiões. A redução da área plantada de milho no Sul dificultará a atividade da indústria de aves e suínos, que está concentrada na região. A produção de dois itens essenciais na mesa dos brasileiros, o arroz e o feijão, continua a patinar. O pequeno aumento esperado da área plantada indica que o Brasil continuará a ser importador desses produtos. O Brasil importará também mais trigo. Do consumo interno estimado em 10,5 milhões de toneladas, o País deverá importar 6,7 milhões. Para atender à demanda, a Câmara de Comércio Exterior já autorizou a importação de 2,7 milhões de toneladas de fora do Mercosul sem a cobrança da tarifa externa comum aplicada a produtos vindos de países que não pertencem ao bloco.

Apesar do esforço dos agricultores, problemas já conhecidos - a precariedade da infraestrutura de transportes e de armazenamento - continuam sem merecer a atenção devida pelo governo. E se agravam com o correr do tempo e a ampliação da safra.

 

Fadas, duendes e agricultura

por Zander Navarro, em O Estado de S.Paulo

Poderia ser o dia da mentira, mas esse já consta no calendário. Melhor designá-lo como o dia do assombro. Ao lançar em 17 de outubro, com fanfarra, o Plano Nacional de Agroecologia e Agricultura Orgânica, o governo federal mergulha no ridículo e, de quebra, desmoraliza ainda mais o que restou da antiga autointitulada esquerda agrária. É mais uma criativa contribuição brasileira para o anedotário internacional, pois é histriônica a sugestão de a agroecologia ser o caminho tecnológico para assegurar tanto a produção como a sustentabilidade das atividades agropecuárias.

Na exiguidade deste espaço destaco, sobretudo, quatro aspectos. O primeiro é apontar incisivamente que agroecologia e expressões como "práticas agroecológicas", de fato, não existem. Para quem duvidar, fica o repto: aponte um caso concreto, um único que seja. Não se trata de um novo modelo tecnológico e organizativo factível na agricultura. Nem é uma ciência emergente e menos ainda um movimento social. Dessa forma, causa pasmo a pirotecnia operada a partir de algo que é ficcional.

Em alguns poucos países, agroecologia aponta apenas esforços científicos multidisciplinares destinados a ecologizar a agricultura. Mas não é ciência em si mesma.

Certamente a Presidência foi induzida a erro por assessores movidos por um só objetivo: combater a moderna agricultura brasileira e, por conseguinte, confrontar politicamente o capitalismo como ordem social. Mas por que não fazem esse combate à luz do dia, como seria natural numa ordem democrática? É provável que a presidente nem tenha percebido a manipulação de setores radicalizados, descomprometidos com a pobreza rural, o ambiente e a prosperidade do País. São movidos somente por objetivos políticos, mas sem nenhum verniz democrático, preferindo o jogo sujo das sombras.

O plano pontifica sobre algo que é falso e, por isso mesmo, o documento não define o que é agroecologia em nenhum momento. Nem poderia, pois não passa de uma palavra sem conteúdo que pretende englobar os modelos tecnológicos chamados "alternativos" - e seriam alternativos ao eficiente padrão moderno que organiza a agricultura em todo o mundo. Escassamente adotados, esses modelos são muito diferenciados entre si e nenhuma palavra poderá abranger todos eles, sendo logicamente impossível um termo que inclua todas as facetas dos formatos já propostos. Em síntese, temos um plano oficial ancorado em palavra cujo significado ninguém sabe. E acreditem: até o CNPq já lançou edital, apoiado por cinco ministérios, para fomentar projetos, cursos e outras atividades centrados na misteriosa agroecologia. Mais ainda, recente chamada pública do Ministério do Desenvolvimento Agrário oferece espantosos R$ 98,3 milhões para "ampliar processos de agroecologia existentes". Impossível algo mais absurdo.

Outro aspecto importante é que os militantes que organizaram esse assalto à razão incluíram o termo de contrabando nas costas da "agricultura orgânica", como se fossem parentes próximos. Outra falsidade. A chamada agricultura orgânica ostenta uma longa história, normas próprias, desenvolve mecanismos de certificação, é até legalizada e lucrativa. Seus praticantes não são anticapitalistas, como o são os que defendem a agroecologia. É preciso separar o joio do trigo, mas o Planalto, estranhamente, preferiu deixar-se enquadrar por ideólogos.

Um terceiro aspecto a realçar é a incapacidade de nossos governantes desenvolverem uma honesta argumentação sobre tais iniciativas. Se o fizessem, seria possível iluminar esta noite escura criada e demonstrar, com números, fatos e estatísticas, que a moderna agricultura brasileira tem observado trajetória espetacular em termos de produção e produtividade e, como resultado, seu desempenho ao longo do tempo tem poupado recursos naturais em vastas proporções. Sucintamente, o desempenho produtivo da agricultura brasileira tem produzido continuamente a sustentabilidade, deixando assim a pergunta ainda sem resposta: por que não existe este debate?

Finalmente, há o aspecto mais relevante a ser citado, ignorado pela Presidência e pelos que fizeram a festa naquele dia. Modelos de ecologização da agricultura, qualquer um deles, exigem o desenvolvimento de sistemas de produção agrícola complexos, combinando diversas atividades de produção vegetal e animal na propriedade. Considerações econômicas à parte, sensatos fatores agronômicos e ecológicos sustentam a tendência, mas embutem duas consequências práticas: a gestão produtiva do estabelecimento rural torna-se extremamente desafiadora e requer maior uso da força de trabalho. Por essas razões, na prática não são modelos concretizáveis. As famílias rurais desejam o melhor da tecnologia, mas uma crescente complexidade de manejo é para raros agricultores. A lógica da produção moderna requer certa uniformidade, facilitando a administração. E quanto ao fator trabalho, os fatos são preocupantes, pois a oferta de mão de obra está caindo em todas as regiões rurais e seu preço, subindo. Por isso, modelos de agricultura ecológica podem ter o seu lugar, mas jamais deixarão de ser nichos de mercado. Sua generalização não é viável.

Tudo isso é inacreditável e nos deixa diante de um dilema: podemos assumir que o País e seu povo são mesmo parte de uma comédia permanente e, assim, deveríamos "vestir" a alegria inconsequente dos adolescentes. Ou, contrariamente, somos tomados pela melancolia, pois seríamos um povo sujeito à condenação eterna e os genes da ignorância fariam parte de nossa estrutura de funcionamento desde sempre.

Mais detalhes em Agroecologia: as coisas em seu lugar. A Agronomia brasileira visita a terra dos duendes, publicado na revista Colóquio, volume 10, n.º 1, 2013, Faccat, Rio Grande do Sul.

*Zander Navarro é sociólogo e professor aposentado da UFRGS. E-mail:[email protected] 

 

‘Afronta ao Estado’, editorial do Estadão

Publicado no Estadão desta terça-feira

Os golpes desferidos pelos “black blocs” contra um coronel da Polícia Militar, na noite da última sexta-feira (26/10) em São Paulo, atingiram não apenas a pessoa do oficial, mas o próprio Estado. É este que, ante a hesitação de seus agentes, está à mercê desses criminosos fascistoides, que estão cada vez mais à vontade para cometer seus crimes e atentar contra a ordem.

 

O coronel Reynaldo Simões Rossi foi espancado por cerca de dez mascarados, durante protesto organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) no Parque Dom Pedro II, centro da capital. Chefe do Comando de Policiamento da Área Metropolitana, Rossi foi cercado pelos baderneiros no momento em que parte dos manifestantes começava a depredar um terminal de ônibus, seguindo o roteiro de vandalismo já bastante conhecido na cidade.

Após levar socos e pontapés até ser derrubado, Rossi tentou se levantar, mas então foi atingido na cabeça por uma placa de ferro. Roubaram-lhe a arma e um rádio. Com as duas escápulas fraturadas e ferimentos nas pernas, no abdome e na cabeça, o coronel foi socorrido por um policial à paisana. Ao ser levado para o hospital, Rossi ainda teve tempo de pedir a seus comandados que não exagerassem na reação: “Segura a tropa, não deixa a tropa perder a cabeça”.

Foi um apelo de alguém consciente de que o monopólio da força legítima, que está nas mãos do Estado, não pode ser usado sem limites. Mesmo em meio a uma situação de clara covardia desses criminosos que estão todos os dias a aterrorizar a cidade, é preciso agir dentro da lei. Mas é preciso agir, sob pena de cristalizar uma imagem de impotência, que só encoraja mais violência.

Os ataques contra policiais cometidos por esses bandidos infiltrados em manifestações têm sido sistemáticos. Segundo o coronel Rossi, nada menos que 70 PMs já foram feridos durante protestos neste ano.

O caso mais dramático até agora havia sido o do PM Wanderlei Paulo Vignoli, que quase foi linchado ao tentar impedir que um manifestante pichasse a parede do Tribunal de Justiça, na Praça da Sé, durante um dos protestos de junho. Ouviu gritos de “lincha, mata”. Ele só escapou porque apontou a arma para os agressores, mas a imagem desse policial acuado e de rosto ensanguentado mostrou que a violência de alguns manifestantes extrapolava o mero vandalismo. O espancamento do coronel Rossi só reafirmou a índole criminosa dessa militância mascarada, para a qual a violência é um fim em si mesma.

Os manifestantes que permitem a infiltração desses vândalos em seus protestos e que não os repudiam são cúmplices de seus atos. Em nota, o MPL condenou a agressão a Rossi, mas praticamente a justificou, ao citar abusos cometidos por policiais contra manifestantes em outras ocasiões.

O vale-tudo ficou ainda mais claro quando o MPL aplaudiu a destruição causada no terminal de ônibus do Parque Dom Pedro II – foram depredados dez ônibus e várias catracas, além de orelhões e caixas eletrônicos. “Entramos no maior terminal de ônibus da América Latina para realizar na prática a tarifa zero”, orgulhou-se o MPL. “A revolta que destruiu as catracas nessa sexta-feira foi acesa pela violência cotidiana do transporte coletivo. E continuaremos lutando pela destruição de todas as catracas.”

Essas palavras mostram que o movimento deixou de ser pacífico, como pretendia no início das manifestações. A ameaça de violência é agora clara e permanente. O desafio a tudo o que se interpõe no caminho dos vândalos – sejam catracas, sejam policiais – denuncia o falso caráter moderado dos líderes desse movimento.

Os cidadãos de bem, aqueles que confiam no Estado e em suas instituições, estão a exigir que os responsáveis pela manutenção da ordem pública não mais se intimidem ante um punhado de delinquentes travestidos de “ativistas”. E aqueles que saem às ruas para exercer seu legítimo direito de protestar devem imediata e indubitavelmente se dissociar dos criminosos, sob o risco de com eles se confundirem. Como disse o coronel ferido, “o silêncio dos bons é muito pior do que o ruído dos maus”.

(O Estado de S. Paulo)

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Fonte:
Blog Augusto Nunes (veja.com.br)

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1 comentário

  • Liones Severo Porto Alegre - RS

    Pobre Republica bolivariana, falta exatamente o principal, quando a verdadeira felicidade de um vivente consiste em chegar a tempo naquele lugar e onde acaba a obra de um grande chefe/cozinheiro...

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