Dilma se irrita (e se enrola) ao explicar relação do Planalto com farsa da CPI

Publicado em 06/08/2014 15:21 e atualizado em 09/10/2014 14:03
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Presidente exaltou-se ao ser questionada sobre a ação de servidores das Relações Institucionais. E ensaiou a tese de que só técnicos teriam condições de elaborar perguntas à estatal

Laryssa Borges, de Brasília

Dilma Rousseff participa do encontro na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília

Dilma Rousseff participa do encontro na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília  (Ichiro Guerra/Divulgação/VEJA)

A presidente Dilma Rousseff ficou extremamente irritada nesta quarta-feira ao ser questionada sobre a participação do Planalto na farsa montada por governistas e pelo PT para impedir investigações na CPI da Petrobras no Senado – revelada por VEJA nesta semana. Ao deixar a sabatina promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília, a petista negou-se a esclarecer a ligação de servidores do Planalto com o caso

Nesta quarta, o jornal Folha de S. Paulo informou que Luiz Azevedo, secretário-executivo das Relações Institucionais, ajudou a elaborar o plano de trabalho apresentado pela comissão em maio. Já Paulo Argenta, outro assessor da pasta, foi um dos responsáveis pela preparação das questões antecipadas aos depoentes, como mostra vídeo obtido por VEJA.

Dilma também não explicou porque servidores do governo e da liderança governista no Senado participaram da formulação de um gabarito para depoentes. E foi além: ignorando o fato de que a elaboração das perguntas feitas em uma CPI seja tarefa exclusiva dos integrantes da comissão e do relator dos trabalhos, Dilma afirmou ser “estarrecedor o fato de que seja necessário alguém de fora da Petrobras formular perguntas para ela”.  

Em um raciocínio confuso, a presidente-candidata disse que o setor de petróleo seria complexo demais para que pessoas de fora da área questionassem a Petrobras a respeito – e ainda ensaiou a tese de que apenas técnicos especializados em combustíveis teriam condições de elaborar perguntas à estatal. “Vou te falar uma coisa. Acho extraordinário. Primeiro porque o Palácio do Planalto não é expert em petróleo e gás. O expert em petróleo e gás é a Petrobras. Eu queria saber se você pode me informar quem elabora perguntas sobre petróleo e gás para a oposição também. Muito obrigada. Não é o Palácio do Planalto nem nenhuma sede de nenhum partido. Quem sabe das perguntas sobre petróleo e gás só tem um lugar. Pergunta só tem um lugar no Brasil. Eu diria vários lugares no Brasil: a Petrobras e todas as empresas de petróleo e gás”, disse, sem disfarçar o nervosismo – que tornou a fala da presidente ainda mais difícil de ser compreendida.

“Você sabe que há uma simetria (sic) de informação entre nós, mortais, e o setor de petróleo. É um setor altamente oligopolizado, extremamente complexo tecnicamente. Acho estarrecedor que seja necessário alguém de fora da Petrobras formular perguntas para ela”, completou, sem esclarecer o episódio.

VEJA revelou nesta semana que governistas engendraram esquema para treinar os principais depoentes à comissão de inquérito, repassando a eles previamente as perguntas que seriam feita na CPI e indicando as respostas que deveriam ser dadas. Paulo Argenta; Marcos Rogério de Souza, assessor da liderança do governo no Senado; e Carlos Hetzel, secretário parlamentar do PT na Casa, formularam perguntas aos depoentes e atuaram para que as respostas, tal qual um gabarito de prova, fossem entregue às pessoas que falariam à comissão. O kit de perguntas e respostas foi distribuído ao ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli e ao ex-diretor Nestor Cerveró, apontado como o autor do “parecer falho” que levou a estatal do petróleo a aprovar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, um negócio que causou prejuízo de quase 1 bilhão de dólares à empresa. A atual presidente da companhia Graça Foster também recebeu as perguntas da CPI por meio do chefe do escritório da empresa em Brasília, José Eduardo Barrocas.

Até o momento a oposição identificou que o teatro na CPI da Petrobras pode ter envolvido os crimes de obstrução da Justiça, fraude, improbidade por uso de servidores para fins privados, falso testemunho de depoentes, advocacia administrativa e possível violação do sigilo funcional se servidores tiverem repassado documentos sigilosos da CPI para o Poder Executivo.

Sem deixar que questionamentos sobre a Petrobras fossem apresentados a ela, a presidente ainda se recusou a responder sobre os possíveis impactos da inclusão de Graça Foster entre os responsáveis por Pasadena, em decisão a ser tomada pelo TCU nesta quarta-feira. Graça, que era diretora de gás e energia quando se desenvolviam as negociações de Pasadena, deve ter seus bens declarados indisponíveis, a exemplo dos demais. “Você já julgou, querida? Se você julgou, eu te agradeço por não fazer isso”, afirmou Dilma, interrompendo a pergunta. “Acho que se não houve julgamento não se gera constrangimento nenhum. Peço para você não me fazer uma pergunta sobre um julgamento de uma corte, que não foi feito. Não é correto”, disse.

 

A “política industrial” de Dilma: setor automotivo tem pior desempenho em 6 anos; produção industrial em junho cai em 11 dos 14 locais pesquisados, e a anual, em 12 dos 15! Parabéns, governanta!

O mês de julho foi o pior para o setor automotivo desde 2006, segundo dados divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). A produção teve uma queda de 20,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, embora tenha havido uma recuperação de 17% na comparação com junho: foram produzidas 252,6 mil unidades no mês passado, somando 1,82 milhão no ano — queda de 17,4% na comparação com 2013. A retração tem feito as montadoras conceder férias coletivas, suspender contratos de trabalho e reduzir a jornada. O setor empregou em julho 150.295 pessoas, queda de 4,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. O declínio maior é registrado no segmento de caminhões, com 30,5%, seguido pelos ônibus, com 22,9%, e pelos veículos leves: 19,9%. O quadro é compatível com cenário de economia estagnada.

Se a produção não foi bem, as vendas também não emitem um bom sinal: subiram 11,8% em julho na comparação com junho, mas caíram 13,9% no cotejo com igual período de 2013. Foram comercializados 294,8 mil veículos, com 1,96 milhão neste 2014 — uma queda de 8,6% no confronto com o ano passado. Concorrem para o péssimo resultado tanto o mercado interno, que ainda enfrenta escassez de crédito, com queda de 13,9% sobre julho de 2013, como as exportações, que caíram 36,7%.

É a única má notícia nessa área? Não! O IBGE aponta que a produção industrial brasileira caiu em junho, na comparação com maio, em 11 dos 14 locais pesquisados. Os dados são da “Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional”, que foram divulgados nesta quarta. Em São Paulo, que concentra o maior parque industrial do país, a retração foi de 1%. Acaba sendo a maior no volume, mas não no índice, superado, de longe, por Amazonas (- 9,3%), Paraná (-7,5%), Pernambuco (-7,4%) e Ceará (-5,4%)

A queda anual da indústria em junho, se comparada com junho de 2013, é de 6,9%, com retração em 12 dos 15 locais pesquisados. Quem lidera o índice negativo, de novo, é o Amazonas, com -16,1%, seguido por Paraná (-14%), Bahia (-12,1%) e Rio Grande do Sul (-11,9%). Nesse caso, a queda em São Paulo é de -6,5%.

Deve ser a isso que Dilma chama de… política industrial!

Por Reinaldo Azevedo

 

Economia

Déficit bilionário

O jeito é achar petróleo

O jeito é achar petróleo

Não é boa notícia para ninguém. Nem para o governo, nem para o Brasil: o déficit da conta-petróleo (exportação de petróleo e derivados menos importação de petróleo, derivados e gás natural) do o primeiro semestre , de acordo aos dados oficiais, foi de 8,7 bilhões de dólares. Um péssimo resultado, mas abaixo do vermelho de 12 bilhões de dólares do mesmo período do ano passado.

Do total do déficit, o petróleo tem uma participação de 5%; os derivados, 56%; e o gás natural, devido ao grande acionamento das termelétricas, 39%.

Por Lauro Jardim

 

EconomiaPolítica

Populismo tarifário vai custar bilhões ao trabalhador

Para anunciar queda das tarifas na marra, rede nacional de televisão. E agora, para anunciar alta de até 25%?

Para anunciar queda das tarifas na marra, rede nacional de televisão. E agora, para anunciar alta de até 25%?

A presidente Dilma Rousseff dissenesta terça-feira que ainda não é possível precisar o impacto nas tarifas de energia dos empréstimos concedidos às distribuidoras para cobrir custos extraordinários. E negou, mais uma vez, que haverá um “tarifaço” no próximo ano. nesta terça-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) negou pedido das distribuidoras de energia elétrica para prorrogar o pagamento das dívidas das empresas no mercado de curto prazo referentes a junho, como ocorreu com os valores de maio.

Trata-se de uma postura defensiva de quem pensa apenas nas eleições, claro. Como escreveu Vicente Nunes em artigo publicado hoje no Correio Brasiliense, “Qual candidato se arriscaria a dizer, pouco antes de os eleitores depositarem os votos nas urnas, que a luz ficará ao menos 25% mais cara meses depois da votação?” Compreende-se a tentativa de a presidente negar o óbvio. Mas cabe, então, à oposição explicar de forma bem mastigada para os leigos. Diz o autor:

Em vez de um discurso claro, os principais concorrentes de Dilma—Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB)—recorrem a argumentos frouxos para atacar o que o economista Raul Velloso chama de populismo tarifário. 

O pior, porém, é ouvir Campos recorrendo ao mesmo subterfúgio do governo para tentar acumular votos. Segundo ele, se eleito, as tarifas de ônibus serão gratuitas, totalmente subsidiadas pelo poder público. Assim como Dilma, ele não fala de onde tirará os recursos necessários para bancar a proposta. Por uma razão simples: sabe que é inviável. Mas não custa nada prometer ao eleitorado o que não se pode cumprir.

A política nacional ainda precisa evoluir muito. Vemos muita demagogia, muitas promessas irrealistas, e ninguém cobrando a fonte dos recursos, de onde vem o dinheiro, qual o custo disso para os outros. É um leilão de promessas vazias, típicas de uma democracia capenga, sob o voto apenas de ignorantes.

A Nova Zelândia, por exemplo, conseguiu evoluir quando os debates políticos migraram para os meios em vez de os fins “nobres”. Todos querem oferecer tudo, mas ninguém quer explicar a origem dos recursos. A demagogia é o maior inimigo de um debate sério e profícuo.

Voltando ao setor elétrico, o uso intensivo de termelétricas custa uma barbaridade. Nos cálculos de Raul Velloso, em mais 12 meses, o custo extra do setor elétrico pulará para R$ 78 bilhões. Disso ninguém no governo Dilma quer falar. Nunes conclui:

Como o Tesouro Nacional está sem caixa para cobrir essa fatura, devido à gastança desenfreada dos últimos anos, não restará outra alternativa a não ser o aumento na conta de luz. A presidente-candidata não mente quando diz que não está definido o tamanho do reajuste a ser imposto aos consumidores. Mas que a pancada será grande, será. E de nada adianta jogar a culpa nos pessimistas. A política energética do país é controlada por Dilma Rousseff, e ninguém mais.

Rodrigo Constantino

 

Eleições 2014:

Com recepção fria, Dilma recicla propostas para o setor agrícola

Presidente sequer usou todo o tempo destinado a sua apresentação. Sabatina evidenciou desgaste da petista com empresários do agronegócio

Gabriel Castro e Laryssa Borges, de Brasília

Dilma Rousseff participa do encontro na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília

Dilma Rousseff participa do encontro na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília(CNA/DIvulgação/VEJA)

A participação da presidente Dilma Rousseff na sabatina organizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nesta quarta-feira, em Brasília, expôs o desgaste dela com o setor. Dilma teve uma recepção fria da plateia de empresários do ramo agrícola e nem mesmo usou todo o tempo destinado a sua apresentação.

Leia também: Agenda para TV: Dilma faz visita-relâmpago a usina

A petista foi a terceira e última candidata a falar. Eduardo Campos (PSB), o primeiro, foi aplaudido por quinze vezes. Aécio Neves (PSDB), ainda mais - e de pé, no fim de sua fala. Dilma ouviu apenas cinco aplausos. Ela nem mesmo preencheu os 30 minutos destinados a sua exposição inicial: acabou seu discurso, lido, quando faltavam mais de sete minutos para o fim do tempo. E, mesmo informada de que poderia continuar sua apresentação optou pelo início da fase de perguntas.

Nessa etapa, novamente, Dilma parecia não ter muito o que dizer. Em um dos casos, a apresentadora que conduzia a sabatina avisou: "A senhora ainda tem três minutos e 41 segundos". Dilma respondeu: "Mais do que isso eu não tenho o que falar não, viu?". Depois, acabou improvisando um complemento à resposta. Dilma apresentou um apanhado das realizações e promessas de seu governo para o setor. Mencionou o aumento do crédito agrícola e as obras de logística, como a construção de 2.000 quilômetros de ferrovias. Disse que herdou um passivo tão grande que é impossível extinguir em quatro anos. A presidente também afirmou que a BR-163, o principal eixo de escoamento da soja no país, "está sendo duplicada em toda sua extensão", o que não é verdade. As obras incluem um pequeno trecho da estrada, que tem uma parte considerável onde nem mesmo o asfalto chegou.

Na categoria das promessas reeditadas, está a de licitar a construção de 900 quilômetros da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), de Lucas do Rio Verde (MT) a Campinorte (GO). O início das obras era um compromisso do primeiro mandato, mas não aconteceu. A presidente falou pouco de ideias para um segundo mandato. Uma delas é a aproximação com a CNA: "Proponho a criação sistemática de um diálogo permanente, um grupo ou uma mesa de diálogo com a CNA para aprofundar o debate em torno das propostas que nos foram apresentadas", disse ela. Dilma também admitiu fragilidades: "Eu assumo aqui o compromisso de melhorar nossa defesa agropecuária. Ela está aquém da necessidade do país", afirmou.

A candidata à reeleição levou o vice, Michel Temer, e seis ministros à sabatina. Quando esteve na CNI, na semana passada, ela estava acompanhada de sete ministros. Isso motivou o PSDB a apresentar uma representação à Justiça Eleitoral. A presidente também concedeu uma entrevista coletiva depois da sabatina. Confrontada com as críticas feitas pelos adversários sobre a tímida reforma agrária de seu governo, ela recorreu ao expediente de somar os números de seu governo com os de Luiz Inácio Lula da Silva: "Nós fizemos a maior reforma agrária do Brasil", afirmou.

 

Campos fala ao agronegócio e deixa meio ambiente em segundo plano

Candidato do PSB deixou de lado discurso ambientalista da vice, Marina Silva. Mas foi obrigado a defendê-la ante pergunta que provocou constrangimento

Gabriel Castro e Laryssa Borges, de Brasília

O candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos, participa de sabatina na CNA, em Brasília

O candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos, participa de sabatina na CNA, em Brasília (Futura Press)

O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, deixou de lado o discurso ambientalista de sua vice, Marina Silva, e apresentou nesta quarta-feira uma plataforma amplamente favorável ao agronegócio em sabatina na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. O ex-governador de Pernambuco teve ainda de defender a aliada ao responder a uma pergunta que mencionava o "ambientalismo radical”. Aécio Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT) também serão ouvidos pelos representantes do setor nesta quarta.

Leia também:
Campos: "Dilma tem tudo a ver com crise da Petrobras"

Durante sua exposição inicial, Campos citou a palavra "sustentabilidade" apenas uma vez, no 28º e penúltimo minuto de sua fala. Não houve referências a expressões caras a Marina Silva, como "meio ambiente" e "preservação ambiental".

Depois, na fase das perguntas, Campos foi mais enfático ao abordar o assunto. Mas apenas depois de uma pergunta elaborada pela CNA ter causado certo constrangimento ao candidato – e o obrigado a defender sua vice, que foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e não teve um bom relacionamento com o setor agrícola. "O Ministério do Meio Ambiente, durante muito tempo, foi capturado pelo ambientalismo radical e prejudicou a economia do país sem nenhum bem à proteção ambiental", dizia o texto elaborado pelos produtores.  Campos defendeu Marina diretamente, sem citá-la: "Eu respeito a opinião, mas discordo".

Marina estava presente à sabatina e o acompanhou na coletiva de imprensa, mas não falou. Na última eleição, quando disputava a Presidência pelo PV, não compareceu à sabatina da CNA. Ela tem um histórico de atritos com o setor agrícola.

Durante sua exposição, Campos disse o que os produtores rurais queriam ouvir: atacou a falta de planejamento do setor logístico, afirmou que o Brasil precisa construir um clima favorável aos investidores e que é importante "não ter preconceito com a livre iniciativa e com o lucro num país capitalista".

Campos prometeu melhorar o cenário econômico – que, segundo ele, é fruto da crise internacional mas também de "desencontros internos". O candidato do PSB também prometeu pôr fim ao loteamento partidário: "Vou tirar o Ministério da Agricultura do balcão político e das lideranças e colocá-lo na mão da competência e de quem possa inspirar um diálogo responsável", declarou.

Em um esforço para ajustar seu discurso de campanha, ele elogiou os antecessores de Dilma (até Collor foi citado, numa comparação sobre a demarcação de terras indígenas) e guardou as críticas apenas para a atual presidente. "A primeira vez que o Brasil vai ser entregue pior do que foi recebido será no dia 1º de janeiro, quando eu receber o Brasil", afirmou ele. Campos repetiu, por diversas vezes, que é preciso superar a divisão de forças que, segundo ele, é representada por seus oponentes. "Nós estamos andando o Brasil oferendo a possibilidade de o país superar uma polarização que está na vida brasileira há vinte anos", disse ele. Campos foi aplaudido quinze vezes pelo público, formado, sobretudo por empresários do agronegócio.

 

Aécio diz que pretende criar 'Superministério' da Agricultura

Tucano participou de sabatina promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Segundo ele, nova pasta estará em "igualdade de condições" com a Fazenda

Gabriel Castro e Laryssa Borges, de Brasília

O candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Campos participa de sabatina na CNA, em Brasília

O candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Campos participa de sabatina na CNA, em Brasília (Luís N. Oliveira/Futura Press)

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, anunciou nesta quarta-feira que, se eleito, pretende fundir os atuais ministérios da Agricultura e da Pesca em um “Superministério" da Agricultura e disse que a nova pasta terá “igualdade de condições” com o primeiro escalão do governo federal, como os ministérios da Fazenda e do Planejamento. “Criarei no primeiro dia do governo um superministério da Agricultura. Vou incluir a [Secretaria Especial de] Pesca novamente sob a alçada do Ministério da Agricultura para que a pasta possa discutir ações em igualdade de condições com a Fazenda e o Planejamento”, disse o candidato ao participar de sabatina na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília.

Leia também: Aécio afirma que planeja criar Ministério da Infraestrutura

De acordo com Aécio, a nova pasta permitirá maior independência em relação à equipe econômica e ao Banco do Brasil, instituição financeira responsável por disponibilizar recursos para o plano safra e para a agricultura familiar, e será ouvida na discussão de políticas de investimento logístico, de redução da carga tributária e de discussões orçamentárias. Sem dar detalhes, o candidato afirmou ainda haver a possibilidade de outras áreas serem integradas à pasta, mas disse não saber se o atual Ministério do Desenvolvimento Agrário será ou não incorporado ao superministério agrícola. “No meu governo, o superministério da Agricultura será decisivo na formulação de política de investimento e logística em infraestrutura. O Ministério da Agricultura vai discutir quais são os principais eixos de investimento que possam agregar competitividade para quem produz no Brasil”, disse.

A produtores agrícolas, o candidato criticou o inchaço da máquina pública e declarou que parte dos gargalos em áreas estratégicas, como a de transportes, é reflexo do aparelhamento político-partidário promovido nos últimos 12 anos de governo do PT. “É impossível que o Brasil avance no resgate da credibilidade junto a parceiros e da efetivação de obras de logística quando assistimos o Ministério dos Transportes e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) significar um instrumento de viabilização de mais tempo na propaganda eleitoral”, disse. Na reta final para a formação de alianças políticas e costura de um maior tempo de propaganda na TV, Dilma trocou o comando do Ministério dos Transportes para conter insatisfações do Partido da República (PR) e conseguir pouco mais de um minuto que a sigla detém no palanque eletrônico.

Embora sem detalhar boa parte das propostas ao setor, o tucano fez afagos ao agronegócio. Defendeu interlocução direta e políticas para garantir ganho de competitividade a produtores, ampliação da cobertura do seguro rural e, para sinalizar o “respeito à propriedade privada”, prometeu não desapropriar, por dois anos, fazendas invadidas. Disse ainda que pretende desonerar todas as exportações agropecuárias. “A produção no campo elevou o padrão de vida de milhões de brasileiros ao longo das últimas décadas. Nenhuma outra atividade fez tanto. Essa atividade vem sustentando o PIB, as contas externas e gerando milhões de empregos, em grande parte exclusivamente com base no esforço do produtor, porque não há visão estratégica do governo”, disse. “A prioridade zero do nosso governo para o conjunto da economia será declarar guerra ao Custo Brasil. O agronegócio ainda avança no Brasil e ele não vai bem por causa do governo; ele vai bem apesar do governo”, criticou.

Também sem explicar como colocaria em prática boa parte das promessas feitas durante a sabatina da CNA, o candidato garantiu que não vai contingenciar recursos destinados à defesa sanitária e disse que pretende resgatar a capacidade de pesquisa da Embrapa. O candidato, que já havia anunciado que pretende simplificar o sistema tributário nos primeiros dias de governo, afirmou que suas propostas incluem “regras claras e marcos confiáveis” e agências reguladoras “fora da cota dos amigos”. Ainda que não tenha afirmado de forma clara se pretende ou não reajustar o valor dos combustíveis, Aécio criticou subsídios dados a combustíveis fósseis e disse que pretende reorganizar o setor de etanol.

 

No esforço de combater as evidências de fraude na CPI, petistas partem para a delinquência política. A propósito: cadê o ar da Graça?

A esta altura, está claro que a farsa armada na CPI da Petrobras no Senado, que envolveu parlamentares do PT, o governo e o comando da Petrobras, constitui uma grave agressão à democracia, ao Poder Legislativo e ao estado de direito. Tenham clara uma coisa, leitores: da forma como se deu a tramoia, estamos diante de algo inédito. O PT desce a um novo patamar da degradação institucional a que submete o país há 12 anos. A direção do Senado mandou abrir uma sindicância para apurar o caso. Nesta terça, surgiram novas evidências de que o comando da operação esteve mesmo no Palácio do Planalto, mais especificamente aos cuidados de dois assessores diretos do ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Relações Institucionais: Luiz Azevedo e Paulo Argenta. Tudo conforme denunciou reportagem da VEJA, que veio a público no sábado.

Graça Foster, presidente da Petrobras, uma das beneficiárias da tramoia e em cujo gabinete se deu uma das reuniões que cuidaram da farsa, está muda. E impressionam tanto o discurso como o comportamento indecente dos petistas nesta terça-feira. Contra todas as evidências, contra os fatos, o senador Humberto Costa (PE), líder do PT, chamou a denúncia de “ajuntamento de tolices” e afirmou ser “absolutamente natural que haja trocas de informações institucionais entre as assessorias da CPI e as lideranças dos partidos”. Trata-se apenas de uma mentira. O que se viu não foram “trocas de informações”, mas fornecimento prévio das perguntas, com gabarito e tudo. José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso e relator da CPI, repetiu a conversa mole da Petrobras e afirmou que as perguntas já estavam no plano de trabalho da CPI e eram públicas. Infelizmente para a decência do Senado, isso também é mentira.

Mas ninguém, ninguém mesmo!, ofendeu o Congresso com tanta determinação como o governador da Bahia, Jaques Wagner, também petista. Um dos investigados na CPI é José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras e hoje seu secretário. Segundo Wagner, a “CPI é cena. Não é um delegado perguntando. É um monte de deputado que sabe que está sendo fotografado e filmado e quer fazer aquela pergunta-chave”. Atentando contra uma das prerrogativas do Poder Legislativo, prevista na Constituição, disse ainda o petista: “Deputado não é treinado para investigar, mas para fazer julgamento político. Quem investiga é a Polícia Federal e Ministério Público, que são treinados para isso”.

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, também decidiu refletir. Disse: “Só haveria farsa se houvesse a impossibilidade de qualquer senador fazer a pergunta que quisesse”. É um despautério. O senador fazer a pergunta que quiser é justamente a prerrogativa da qual os farsantes abriram mão. Observem que ele nem se ocupou de negar a tramoia.

A fala de Wagner não deixa de ser emblemática do que o PT fez com as comissões parlamentares de inquérito nestes 12 anos de poder — justamente o partido que tanto se beneficiou delas no passado: transformou-as em farsas. E, a depender de Wagner, serão extintas. A menos que seja para a legenda se vingar de adversários.

E foi o que fez o PT. Decidiu se apressar para instalar a CPI do Metrô em São Paulo. Que gente! O partido pretende que a mesma maioria empregada para fraudar a CPI da Petrobras seja usada agora para atacar os tucanos. Em qualquer dos dois casos, não quer investigar nada, mas fazer baixa política. A propósito, pergunto: a CPI petista vai investigar as evidências de cartel, que estão sendo apuradas até no Cade — hoje uma repartição da legenda — na construção dos metrôs de Belo Horizonte e Porto Alegre, ambos tocados por estatais federais, controladas pelo partido?

Encerro com um enigma: o tempo dirá se o PT ainda não vai se arrepender de ter criado essa CPI do Metrô. É esperar para ver.

Por Reinaldo Azevedo

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7 comentários

  • Lula na próxima Goiânia - GO

    Olha seu Reinaldo esse seu enigma é um pouco estranho. Você ta querendo dizer que o PT é corrupto e o PSDB não! Nós vivemos num país democrático. Todo mundo tem o direito de se defender. Você acha de acordo CPI para investigar o PT e critica CPI para investigar o PSDB. Será que está sendo justo?

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  • Lula na próxima Goiânia - GO

    Politica não é uma coisa de Deus. A escutamos tanta coisa, que ficamos sem saber, se acreditamos ou não.

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  • Lula na próxima Goiânia - GO

    Esta história de PETROBRAS, vai resumir no seguinte. O sonho do PSDB, quando estava no poder, era privatizar a PETROBRAS. Agora esta historia de compra de refinaria, CPI. Se numa possível vitoria do PSDB, eles vão colocar na cabeça de nós brasileiros, que a PETROBRAS é isso, é aquilo, que a unica solução para ela é "PRIVATIZAÇÃO". Ai minha gente, vocês verão o que é inflação.

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, salta aos olhos o estado de alienação em que vive a “gerentona” do Lulla. Tenho minhas dúvidas quanto à personalidade da mesma, muitos dizem que sua maneira de agir ante aos fatos, tem certa dose de jacobice.

    Diante dos fatos recentes, sua irritação quando foi questionada sobre a participação do Planalto na farsa montada por governistas e pelo PT para impedir investigações na CPI da PETROBRAS no Senado, revelada pela revista VEJA e, o conteúdo das suas propostas para o agronegócio na sabatina organizada pela CNA.

    Quando uma pessoa apresenta em conjunto irritação e, ignoram as circunstâncias; esta pessoa é chamada de: ENERGÚMENA !!

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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  • Telmo Heinen Formosa - GO

    A dona desse discurso é a Presidente da República Federativa do Brasil.

    Discurso da semana: Dilma Roussef respondendo a uma jornalista sobre a participação do Planalto na farsa montada pelo PT para impedir investigações na CPI da Petrobras no Senado.

    “Vou te falar uma coisa. Acho extraordinário. Primeiro porque o Palácio do Planalto não é expert em petróleo e gás. O expert em petróleo e gás é a Petrobras. Eu queria saber se você pode me informar quem elabora perguntas sobre petróleo e gás para a oposição também. Muito obrigada. Não é o Palácio do Planalto nem nenhuma sede de nenhum partido. Quem sabe das perguntas sobre petróleo e gás só tem um lugar. Pergunta só tem um lugar no Brasil. Eu diria vários lugares no Brasil: a Petrobras e todas as empresas de petróleo e gás. Você sabe que há uma simetria (sic) de informação entre nós, mortais, e o setor de petróleo. É um setor altamente oligopolizado, extremamente complexo tecnicamente. Acho estarrecedor que seja necessário alguém de fora da Petrobras formular perguntas para ela”

    A senhora desse discurso é a Presidente da República Federativa do Brasil.

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  • João Alves da Fonseca Paracatu - MG

    Só mais uma coisa,se cumprirem 20% da cartilha da CNA ao final do mandato,eu garanto,este País será o céu na terra,de igual maneira parabenizo a iniciativa da confederação,que poderia ser tão importante,se não fosse trampolim político e casa de traíras.Saudações mineiras,uai!

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  • João Alves da Fonseca Paracatu - MG

    Antes de postar este comentário,fiz questão de ver tudo que pude sobre a sabatina da CNA aplicada aos candidatos Dilma,Aécio e Eduardo,primeiramente,o documento da confederação fornece as respostas,assim como aquelas da CPI da Petrobrás,sabendo então,o que queremos ouvir,fica fácil prometer,cumprir aí então,são outros quinhentos... Com relação às respostas é nojento, para não dizer coisa pior ver candidato falar em segurança jurídica,sendo que a insegurança foi criada por ele(a)

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