Um debate bom para Aécio, neutro para Dilma e ruim para Marina. Ou: Uma legislação contra o eleitor

Publicado em 03/10/2014 04:42 e atualizado em 04/10/2014 19:03
POR REINALDO AZEVEDO (+ RODRIGO CONSTANTINO), DE VEJA.COM

Um debate bom para Aécio, neutro para Dilma e ruim para Marina. Ou: Uma legislação contra o eleitor

Sabem quem venceu o debate da noite e começo da madrugada na Globo? Aquele que o eleitor disser que venceu. A gente não é juiz desse tipo de coisa. Se vocês me perguntarem quem se saiu melhor, aí, sim, a minha opinião é clara: o tucano Aécio Neves. No meu blog, escrevi 38 pequenos posts ao longo do embate, pergunta a pergunta.

A síntese é esta: apesar da participação ativa dos que não tinham nada a dizer, com destaque para as palermices de Eduardo Jorge (PV) e a espantosa má-fé de Luciana Genro (falarei mais sobre esta senhora), do PSOL, podem-se concluir algumas coisas:
a) Aécio Neves, do PSDB, e Dilma Rousseff, do PT, foram os protagonistas do debate;
b) Marina Silva, do PSB, uma vez mais, se mostrou murcha, sem brilho;
c) a legislação vigente no Brasil impede um debate realmente proveitoso entre os candidatos e milita contra o interesse dos brasileiros.

A petista deixou claro que preferia o confronto com o senador mineiro, buscando, na medida do possível, ignorar Marina. A presidente-candidata acionou o tucano três vezes e foi acionada por ele uma vez. As regras do debate não permitiram mais do que isso. Nos quatro embates, ele apresentou os melhores argumentos. O tucano e a peessebista estiveram cara a cara uma única vez, por iniciativa dele.

Esnobada por Dilma, Marina conseguiu tirá-la para dançar duas vezes. E, nesse caso, é forçoso admitir, Dilma levou a melhor. Primeiro, a pesssebista acusou petista de ser contraditória sobre a independência do Banco Central. A presidente-candidata afirmou que a adversária fazia confusão entre “independência e autonomia”. Marina replicou afirmando que Dilma se tornou presidente sem ter sido nem vereadora. E teve de ouvir a outra ironizar que aquele conceito não era exatamente coisa de nova política.

Marina voltou à carga contra Dilma associando-a à corrupção da Petrobras. Dilma deu uma voadora: afirmou que demitiu o chefe do Ibama por corrupção — um aliado da adversária — e nem por isso jogou a culpa nas suas costas. Foi o momento em que Marina se irritou e tentou falar fora de seu tempo. Não ficou bom.

À parte o enfrentamento, quando foi possível, entre os três candidatos, o resto foi pura perda de tempo e abuso da nossa paciência. Vá lá: Aécio, Dilma e Marina aproveitavam as deixas dadas pelos nanicos para falar sobre suas propostas, mas é evidente que aquilo não contribuía para o eleitor formar juízo nenhum. Luciana Genro, que faz a trajetória inversa dos vinhos e só piora à medida que vai ficando mais velha, fez duas perguntas a Dilma — ambas boçais. O mesmo fez Eduardo Jorge. Só contribuíram para dar palanque á candidata-presidente. Farei um post específico a respeito.

É escandaloso que uma emissora seja obrigada a aceitar no debate candidatos que têm 1% dos votos ou que nem mesmo chegam a isso. Não falam em nome do eleitor; não falam em nome de uma coletividade; não representam ninguém. Mas contribuem enormemente para impedir o confronto entre aqueles que têm o que dizer que podem vir a presidir o Brasil.

Quem, no fim das contas, acaba ganhando com essa legislação estúpida? Ora, o statu quo. É evidente que Dilma estaria numa situação bem mais difícil caso se confrontasse, finalmente, em condições de igualdade, com os outros dois candidatos viáveis — já que usou seu latifúndio no horário eleitoral para demonizá-los. Em vez disso, a presença dos nanicos serve para poupá-la de um embate mais duro.

Duvido que Dilma vença a disputa no primeiro turno. Nas três últimas eleições, o PT sempre teve menos votos do que lhe davam os institutos até o dia da votação (na margem, mas menos), e o PSDB, mais (às vezes, fora da margem). Assim, não creio que o debate possa ter contribuído para que ela liquide a fatura agora.

A ser como diz o Datafolha e havendo, de fato, um empate técnico entre Marina e Aécio, ele pode ter sido beneficiado pelo encontro em razão da determinação de Dilma de brigar com um tucano. O candidato do PSDB desmentiu a petista, que afirmou ter demitido Paulo Roberto Costa da Petrobras — não foi demissão, mas acordo; demonstrou os desacertos da política ambiental do governo; falou da necessidade de corrigir o Minha Casa Minha Vida e demonstrou com números, apesar do esperneio, que a economia vai mal.

Síntese das sínteses: o debate teve tudo para ser neutro para Dilma, ruim para Marina e bom para Aécio. Mas quem vai dizer é o eleitor.

Por Reinaldo Azevedo

 

Aécio subiu o tom e Marina tirou a máscara, enquanto Dilma foi… Dilma!

O grande vencedor do debate da TV Globo foi Aécio Neves, que finalmente resolveu adotar uma postura bem mais firme, sem aquele ar de Mr. Simpatia de antes. Com cara de poucos amigos, soube enquadrar a leviana e irresponsável Luciana Genro, com sua pose de menina mimada, reforçou a lembrança de que Marina foi PT por 24 anos e que sua “nova política” foi contratar para seu ministério vários petistas derrotados nas urnas, e colocou Dilma contra a parede em relação ao fracasso evidente de sua gestão econômica, assim como no caso das quadrilhas instaladas dentro de nossas estatais. Soube, enfim, explorar bem as fraquezas e contradições das adversárias, assim como sua clara vantagem em termos de preparo e equipe.

Já Marina foi a grande perdedora, em minha opinião. Não apenas pelo visível cansaço físico e abatimento emocional, após tanta pancada nas campanhas recentes, mas por ter deixado sua máscara de moderada mais ao centro cair quando confessou ter um programa de governo muito parecido com o de Luciana Genro, a mais radical de todas, que só sabe culpar o mitológico “capital financeiro” por todos os males do mundo. Não sei que votos ela ganha com essa declaração sincera, mas sei os que ela perde: os de todos aqueles que resolveram acreditar que ela era Giannetti da Fonseca e Lara Resende, e não MST.

Dilma foi… Dilma, a de sempre, com imensa dificuldade de concatenar o raciocínio, mostrando enorme esforço para completar uma frase com começo, meio e fim, e algum elo entre todos. Parece realmente algum problema cognitivo. Logo na primeira fala cometeu ainda um ato falho, quando tentou falar que seu governo era responsável pelo “confisco de bens” dos corruptos, e acabou dizendo “conquista de bens”. Ou seja, o seu governo realmente quer conquistar os nossos bens, apoiando os corruptos. Freud explica.

Enrolou-se feito uma moréia no anzol ao falar de independência e autonomia do Banco Central, alegando que defende a autonomia, mas não a independência legal. Em outras palavras, quer uma “autonomia” até resolver que não é mais desejável. Como demonstrou em seu governo, tornando o BC subserviente ao Planalto e permitindo a volta da alta inflação. Afirmou, em total desconexão com a realidade, que “a inflação está sob controle”. Só se for sob o controle da Unicamp, rumo aos 10% ao ano!

Dilma ainda conseguiu celebrar a quantidade abissal de 56 milhões de dependentes de esmolas estatais. Para Dilma, quanto mais miseráveis no Bolsa Família, melhor? Presumo que se fossem 100 milhões seria uma conquista ainda maior. Ou seja, o PT vibra com o aumento dos pobres que precisam de programas assistencialistas para sobreviver. Vai adorar a miséria assim lá em Cuba!

Em suma, o debate da Globo tem potencial para colocar Aécio no segundo turno com Dilma, levando em conta que já há empate técnico entre ele e Marina. Para aqueles que, como eu, consideram a candidatura do tucano a mais preparada para enfrentar os desafios que vêm por aí, como resultado das trapalhadas do governo Dilma, isso é alvissareiro.

Rodrigo Constantino

 

Aécio e Marina estão tecnicamente empatados no Datafolha. As brutais divergências entre dois institutos sobre votos brancos e nulos e indecisos

O Datafolha e o Ibope divulgaram suas respectivas pesquisas para a Presidência da República. Vejam os gráficos publicados pela Portal G1:

Pesquisas 1º turno

Vamos ver
Tanto no Datafolha como no Ibope, Dilma, do PT, tem 40% das intenções de voto, e Marina Silva, do PSB, 24%. Ainda que dentro da margem de erro, os números são distintos no caso de Aécio Neves, do PSDB, que aparece com 21% no Datafolha e com 19% no Ibope. Uma pequena diferença, sim, mas que pode… fazer toda a diferença: no primeiro instituto, o tucano e a pessebista estão tecnicamente empatados; no segundo, não. No Datafolha, os outros candidatos somam 4%; no Ibope, 3%. Os institutos também têm outra divergência, e já digo por que isto é importante. No primeiro, 5% dizem não saber em quem votar, e o mesmo tanto votam em branco ou nulo; no segundo, esses números são, respectivamente, 8% e 7%. Assim, Dilma continua com 45% dos votos válidos no Datafolha e chega a 47% no Ibope. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa de 50% mais um dos votos válidos.
 
Segundo turno
No segundo turno, os números oscilam dentro da margem de erro nos dois institutos, mas acabam sendo bastante diferentes entre si. Vamos ver os números do Datafolha (os gráficos são do G1).Datafolha 2º turnoAgora vejam os dados do Ibope
Ibope 2º turno com MarinaIbope 2º turno com AécioNo Datafolha, na disputa contra Marina, Dilma oscilou um ponto para baixo, e a pessebista se manteve no mesmo lugar. Se a eleição fosse hoje, a diferença entre as duas seria de 7 pontos em favor da candidata do PT: 48% a 41%. No Ibope, esse mesmo confronto traz números bem distintos, embora a distância seja mesma: 43% a 36%. Notem: nos dois casos, o Ibope atribui cinco pontos a menos a cada candidato. Por que essa diferença? No Datafolha, os brancos e nulos (8%) e indecisos (3%) somam 11%; no Ibope, somam 20% (12% brancos e nulos e 8% de indecisos).

 

No caso de Dilma disputar com Aécio, como se nota acima, tanto os índices como as respectivas distâncias são muito distintas: no Datafolha, a petista teria apenas 7 pontos a mais do que o tucano: 48% a 41%; os brancos e nulos seriam 7%, e os indecisos, 3%. Segundo o Ibope, a diferença seria bem maior: de 13 pontos: 46% para ela e apenas 33% para ele. De novo, a distância enorme em brancos e nulos, que seria 12% nesse caso, com 9% de indecisos. Em quem acreditar? Ah, isso é com você, né, leitor amigo. Os dois institutos dizem que a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. O Datafolha ouviu  12.022 eleitores em 433 municípios entre estas quarta e quinta. O Ibope entrevistou  3.010 eleitores em 205 municípios, entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro. Logo, os números do primeiro instituto são, digamos, mais quentes.
 
Rejeição
Há algumas ligeiras diferenças entre os dois institutos no que diz respeito à rejeição. Vejam os números do Datafolha:Rejeição DatafolhaAgora, no Ibope:
rejeição IbopeA diferença de números para Aécio e Dilma estão quase na margem de erro; a rejeição a Marina é substancialmente maior nos números do Datafolha. Então vamos a uma síntese:
– no Datafolha, a outra vaga do segundo turno segue indefinida: ou Marina ou Aécio; no Ibope, é a pessebista quem vai para a etapa final;
– a divergência sobre brancos e nulos e indecisos nos dois institutos é gigantesca nos dois turnos. Isso faz diferença: no Ibope, Dilma estaria mais perto de vencer no 1º turno do que no Datafolha;
– no Ibope, caso passe para um segundo turno, Aécio estaria numa situação bem mais difícil do que no Datafolha: no primeiro caso, uma diferença de 13 pontos; no segundo, de 7.
Façam as suas apostas — além, claro!, de votar direito.

Por Reinaldo Azevedo

A três dias da votação, um dos institutos de pesquisa deformou a verdade eleitoral

Infográfico: Portal G1 sobre pesquisa Datafolha e Ibope

Infográfico: Portal G1 sobre pesquisa Datafolha e Ibope

Na pesquisa Datafolha que acaba de ser divulgada, Dilma Rousseff repetiu o índice da anterior, Marina Silva sofreu uma ligeira queda e está tecnicamente empatada com Aécio Neves, que subiu mais um pouco. Os números informam que a eleição não será decidida no primeiro turno. Na simulação do segundo, Dilma aparece como favorita e os dois candidatos da oposição alcançam o mesmo índice.

Na pesquisa do Ibope que acaba de ser divulgada, a candidata à reeleição ampliou a vantagem sobre Marina, que caiu, e Aécio, que não saiu do lugar. Os números permitem acreditar que Dilma tem chances de vencer a eleição já no primeiro turno. Na simulação do segundo, a performance de Aécio é inferior à de Marina.

O confronto das duas pesquisas adverte: a três dias da votação, um dos institutos produziu uma fotografia eleitoral que distorce a realidade. O Datafolha registrou o quinto tropeço consecutivo de Marina e o quinto avanço de Aécio. Os gráficos mostram que, se não ultrapassar a candidata do PSB, o senador tucano cruzará a linha de chegada a poucos centímetros da concorrente.

Nesta quinta-feira, o Ibope avisou que a presença de Aécio na etapa final é uma hipótese remota. Pode deixar de ser em poucas horas. O instituto vai divulgar nesta sexta-feira e no sábado mais duas pesquisas ─ que talvez acusem, como ocorreu tantas vezes, reviravoltas de bom tamanho. Precavidos, os donos do Ibope têm ensinado que, mesmo que nada de importante aconteça, tudo pode mudar quando se aproxima a hora da verdade.

(por Augusto Nunes)

Minha coluna da Folha: “A urna de domingo e os ladrões”

Leiam trecho da coluna:

Paulo Roberto Costa era apenas um tipo comum. Jamais seria incluído numa lista de mais influentes nem era chefe de nada. Não levava jeito para “capo di tutti i capi”. Permaneceu por nove anos à frente da diretoria de Abastecimento da Petrobras. Chegou pelas mãos do PP e, bom rapaz, foi logo adotado pelo PT e pelo PMDB.

Lula, que sempre soube empregar o diminutivo com grande eficiência, o chamava de “Paulinho”. Há “Paulinhos” à mancheia nas outras estatais, nos fundos de pensão, nas autarquias, na alta administração federal, em toda parte. Os “Paulinhos” sem rosto são mais influentes na República do Babalorixá de Banânia do que os eunucos no Império Persa.

Costa está em prisão domiciliar, ornado por uma tornozeleira eletrônica. No acordo de delação premiada, aceitou devolver aos cofres públicos espantosos R$ 70 milhões. É o que admite ter capturado, em proveito próprio, como operador do esquema criminoso, suprapartidário e governista, incrustado na estatal. Ele separava para si, note-se, apenas uma pequeníssima parcela do saque. Quanto levavam seus “chefes”?
Leia a íntegra aqui

Por Reinaldo Azevedo

PT: quatro naufrágios, um dissabor, uma surpresa e uma preocupação

O PT chega à reta final do primeiro turno com quatro grandes desastres e uma surpresa do seu agrado, segundo o Datafolha. Naufragaram espetacularmente as candidaturas de Alexandre Padilha, em São Paulo; de Gleisi Hoffmann, no Paraná; de Lindbergh Farias, no Rio, e de Agnelo Queiroz, no Distrito Federal. O primeiro, segundo o Datafolha, tem apenas 11% das intenções de voto no levantamento feito anteontem e ontem, depois do debate da Globo. Também 11% é a marca da ex-ministra da Casa Civil. No Rio, Lindbergh chega a apenas 13% e está em quarto lugar. No Distrito Federal, com 21%, Agnelo pode nem ir para o segundo turno.

Nos dois primeiros estados, tucanos serão reeleitos sem precisar Da segunda votação. Em São Paulo, Geraldo Alckmin tem 50%, seguido por Paulo Skaf, do PMDB, com 22%. No Paraná, Beto Richa chega a 49%, seguido pelo peemedebista Roberto Requião, com 27%. No Rio, Luiz Fernando Pezão, do PMDB, com 30%, disputará o segundo turno ou com Anthony Garotinho (PR), que tem 21%, ou com Marcelo Crivella (PRB), com 17%. O atual governador venceria qualquer um deles no segundo turno: 52% a 30% contra o candidato do PR e 47% a 39% contra o do PRB. No Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, do PSB, chega a 39% no primeiro turno, seguido por Jofran Frejat (PR), com 23%. Rollemberg venceria o petista no segundo turno por espantosos 65% a 25% e bateria Frejat por 56% a 30%.

Em Pernambuco, embora sem candidatura própria, o PT enfrenta uma contrariedade: Armando Monteiro (PTB), o candidato que conta com seu apoio, deve ser derrotado no primeiro turno por Paulo Câmara, do PSB, por 46% a 36%.

Minas e Rio Grande do Sul
Os petistas têm o que comemorar justamente no Estado em que talvez não apostassem tanto. Fernando Pimentel disparou e tem 45% das intenções de voto. Seria eleito no primeiro turno. Em segundo, fica o tucano Pimenta da Veiga, com 27%.

No Rio Grande do Sul, os petistas estão tentados a comemorar, mas, ao mesmo tempo, estão ressabiados. O Estado vive uma situação algo curiosa. De meados de agosto para agora, Ana Amélia, do PP, caiu de 39% para 28%. Tarso Genro, atual governador, do PT, oscilou de 30% para 32%. Quem teve uma ascensão meteórica foi José Sartori, do PMDB, que saltou de 7% para 23%. Como a margem de erro e de três pontos, ele empata com Ana Amélia.

O curioso é que Sartori, o terceiro colocado, venceria qualquer um dos outros dois no segundo turno: 45% a 40% contra Tarso e 41% a 38% contra Ana Amélia. Se ela disputar contra o atual governador, marca 44%, contra 41% — há um empate técnico.

Em suma, o PT, que passou boa parte da campanha comendo poeira para Ana Amélia e demonizando a mulher, agora torce para que seja ela a passar para o segundo turno.

Por Reinaldo Azevedo

 

NA FOLHA, ARTIGO DE JOSIAS DE SOUZA:: 

Sem saber, eleitor pode consagrar futuros réus,  

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa já está em sua casa, no Rio de Janeiro. Ganhou o direito de trocar a cana dura pela prisão domiciliar graças ao suor do seu dedo indicador. Chama-se Beatriz Cattapreta a advogada do delator. Nas palavras da doutora, o destampatório do seu cliente, mantido em segredo, “é um acontecimento de grandes proporções.”

 

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Operação Lava Jato da PF18 fotos

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17.mar.2014 - Camaro apreendido pela Polícia Federal durante a operação Lava-Jato, que expediu mandados de prisão de 47 pessoas por lavagem de dinheiro em sete Estados. Numa operação envolvendo 400 policiais, foram expedidos mandados de prisão nos Estados do Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e no Distrito Federal. Além das detenções, foram executados 81 mandados de busca e apreensão Leia mais Divulgação/Polícia Federal

 

O que Beatriz Cattapreta disse, com outras palavras, é que vem aí mais um grandioso escândalo de corrupção. Ao homologar o acordo que levou Paulo Roberto a mover os lábios, o ministro Teori Zavascki, do STF, deu a entender que a encrenca será realmente grande, muito grande, gigantesca.

“…Há elementos indicativos, a partir dos termos do depoimento, de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de parlamentares federais”, anotou Teori em seu despacho.

Ao se referir aos “tribunais superiores” de Brasília assim, no plural, Teori sinalizou que, além de besuntar ministros e congressistas, que usufruem do foro do STF, o derramamento de óleo deve engolfar governadores de Estado, cujo foro é o STJ.

Teori informou, de resto, que há nos depoimentos de Paulo Roberto Costa indícios de “vantagens econômicas ilícitas oriundas dos cofres públicos”. Anotou que as vantagens foram “distribuídas entre diversos agentes públicos e particulares.” No português das ruas: rolou uma fe$ta. E o contribuinte entrou com o bolso.

Procuradores da República e delegados federais sinalizam que a roubalheira, por grandiosa, não se transformará em ações penais do dia para a noite. No momento, colhem-se os depoimentos do doleiro Alberto Youssef. Se ele for tão colaborativo quanto Paulo Roberto, ficará mais difícil para os ratos colocar a culpa no queijo.

O maior problema é que a hecatombe só virá depois da eleição. Mantido no escuro, o eleitorado pode eleger no domingo não os melhores candidatos, mas uma série de explosões esperando para acontecer —2015 tornou-se um ano velho antes de nascer.

As delações da Petrobras produziram na sucessão presidencial um fenômeno inusitado: Dilma Rousseff, a candidata oficial, fala mais de corrupção do que seus antagonistas Aécio Neves e Marina Silva. A presidente sustenta na sua propaganda eleitoral que nunca se combateu tanto a corrupção como nos governos petistas. E não será o repórter que irá discutir com uma perita no assunto. Quem já viveu o mensalão e está prestes a encarar o petrolão deve saber o que diz.

USO CRIMINOSO DOS CORREIOS EM FAVOR DE DILMA: JÁ SE TEM A PROVA PROVADA. AGORA CUMPRE AO TSE CASSAR A SUA CANDIDATURA — NA HIPÓTESE DE HAVER LEI NO PAÍS

O crime eleitoral está comprovado.

Não se trata de mera acusação do PSDB.

Não se trata de mera ilação da imprensa.

Não se trata de mera suposição.

Cidadãos, pagadores de impostos, tão donos dos Correios como eu e você, flagraram um carteiro entregando propaganda eleitoral da Dilma. Sim, o rapaz faz isso em horário de expediente. O material que está sendo entregue não tem chancela, não tem carimbo, não tem nada. Assistam ao vídeo.

Já sabíamos que os Correios haviam distribuído quase cinco milhões de folders da candidata Dilma Rousseff sem nenhuma forma de registro que comprovasse o pagamento. Mas isso ainda é pouco: os tucanos reúnem evidências de que uma parcela do material do PSDB entregue legalmente à estatal para ser distribuído, com o devido pagamento e a devida chancela, desapareceu, não foi entregue, sumiu.

Na quinta-feira passada, há uma semana, numa reunião num comitê do PT em Minas, o deputado do partido, Durval Ângelo, afirmou: “Se, hoje, nós temos a capilaridade da campanha do [Fernando] Pimentel [candidato do PT ao governo de Minas] e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é graças a essa equipe dos Correios”. Mais adiante, diz ainda: “A Dilma tinha em Minas Gerais, em alguns momentos, menos de 30%. Se, hoje, nós estamos com 40% em Minas Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios”.

Revejam o vídeo com a confissão.

Atenção, leitores! Atenção, brasileiros de toda parte! Isso é crime! Na verdade, há aí uma penca de crimes: abuso de poder econômico, doação irregular estimada em dinheiro feita por ente estatal e improbidade administrativa. Isso só para começar. O que a legislação prevê nesses casos? A cassação da candidatura. Tanto da candidatura de Dilma como da candidatura de Pimentel.

 “Ah, querem ganhar no tapetão!” Não! Ocorre que é preciso vencer, seja quem for, segundo as regras legais.

O pobre carteiro que entrega os panfletos, a gente nota, está visivelmente contrariado. É evidente que ele não executa o serviço sujo para o PT por conta própria ou por vontade. Está proibido de falar. Os Correios têm uma rede enorme de franqueados, e os funcionários são contratados segundo as normas dea CLT: podem ser demitidos sem nenhuma das exigências burocráticas que existem para dispensar um servidor concursado. Assim, gente pobre, gente humilde, que não pode perder o emprego, é constrangida a trabalhar para uma máquina que se apoderou do estado brasileiro.

O crime está aí comprovado, aos olhos de todos. Existe a confissão do deputado Durval Ângelo. Ela se deu na presença de Wagner Pinheiro, presidente dos Correios, que se calou — e, portanto, confessou também. E agora temos a comprovação, em vídeo, do uso da estatal em favor do PT e de sua candidata. E o que diz o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, a quem a empresa é subordinada?

Lembram-se do assalto à Petrobras? É evidente que aquilo não aconteceu por acaso nem é uma exceção. Talvez esteja em vigência no Brasil hoje a maior máquina jamais criada para usar o que pertence a todos os brasileiros em benefício de alguns.

Estamos sendo assaltados em escala jamais vista. Também isso estará em questão quando os brasileiros forem votar no domingo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Mais um crime eleitoral, agora do sindicato dos petroleiros. Ou: Companheiros sindicalistas querem continuidade do governo em cuja gestão Petrobras ficou à mercê de ladrões

Para que servem as leis no Brasil? Para nada! Os primeiros a desrespeitá-las são os poderosos de turno. É asqueroso! É nojento! O Sindicato dos Petroleiros enviou na manhã desta quinta um e-mail a todos os funcionários da Petrobras pedindo votos a Dilma Rousseff. É claro que se trata de uma ação ilegal.

Diz a Lei Eleitoral, a 9.504, que é vedado a partido ou candidato “receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie”. Está lá, no Artigo 24.

A mensagem não se limita a defender a candidatura de Dilma. Também ataca a oposição. Segundo o texto, a eleição contrapõe dois projetos antagônicos: o do PT, que “garante emprego e renda”, e o da oposição que “reduz o Estado e favorece a terceirização”.

É mentira! É picaretagem! É falcatrua! Além de ser uma ilegalidade. Vejam aí um dos traços mais perversos da confusão que o PT faz entre partido, sindicato e estado. Nos dias em que se descobre o maior escândalo de corrupção da história da Petrobras — e certamente um dos maiores da nossa história —, o sindicato de trabalhadores, que deveria estar dedicado à defesa da categoria, pede votos para o governo em cuja gestão as canalhices foram praticadas. Por quê? Porque a turma que comanda a entidade é, antes de mais nada, petista. Trata-se de um braço do partido. O e-mail chega aos funcionários. Quem passou a lista ao sindicato? “Ah, os próprios filiados…” Errado! Os não filiados também receberam.

Não sei se Dilma será reeleita ou não. Se for, pior. Conseguirá o segundo mandato deixando atrás de si um rastro de crimes eleitorais.

Por Reinaldo Azevedo

 

Aécio vai ao TSE contra Dilma por abuso de poder e uso da máquina

Por Fernanda Odilla, na Folha:
A campanha do candidato Aécio Neves (PSDB) vai pedir na tarde desta quinta-feira (2) que a Justiça Eleitoral investigue denúncias de abuso de poder e uso da máquina do governo federal em prol de Dilma Rousseff (PT), que disputa a reeleição. Além da distribuição pelos Correios de 4,8 milhões de folders pró-dilma sem chancela (CNPJ e nome do candidato ou coligação) e da denúncia de que cartas com mensagens de tucanos não foram devidamente entregues pelos carteiros em Minas Gerais, o PSDB prepara um pacote de supostas irregularidades já veiculadas para a Justiça apurar.
Entre elas estão a prótese dentária dada a uma eleitora que participou do programa eleitoral de Dilma na televisão e divulgação de propaganda de campanha no site da CUT (Central Única dos Trabalhadores). “São denuncias graves. As consequências podem ser até a cassação, antes ou depois das eleições deste domingo”, afirmou o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), coordenador jurídico da campanha de Aécio. Para Sampaio, o uso da máquina a favor da candidata à reeleição ficou explicitado pelo vídeo no qual o deputado Durval Ângelo (PT-MG) aparece dizendo que o crescimento de Dilma nas pesquisas em Minas “tem o dedo forte do PT nos Correios”. As imagens foram publicadas pelo jornal “O Estado de S.Paulo”. “O benefício [do uso da máquina por Dilma] é evidente e desequilibra a disputa”, avaliou o deputado, dizendo que o simples fato de o deputado dizer que o PT trabalhou por Dilma dentro dos Correios indica abuso do poder econômico entrelaçado com o abuso do poder político.
Medidas
Na tarde desta quinta, advogados da campanha apresentam uma AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e também uma representação junto à Procuradoria Eleitoral pedindo providências para apurar as denúncias. Medida similar será tomada em âmbito estadual, junto ao TRE-MG (Tribunal Regional Eleitora de Minas). Os tucanos estão recolhendo declarações de eleitores atestando que não receberam material da campanha de Aécio Neves e de Pimenta da Veiga, que concorre ao governo do Estado pelo PSDB.
Há suspeita de que os Correios não entregaram em sua totalidade dois lotes que totalizam 11,4 milhões de correspondências com material de campanha dos tucanos. O primeiro lote era uma carta assinada por Aécio e o segundo trazia publicidade de candidatos locais. Os tucanos vão fundamentar o pedido de investigação com base na troca de correspondência da campanha com uma gerente regional dos Correios. Segundo Carlos Sampaio, num primeiro momento, os Correios disseram que quase 100% dos malotes contratados foram entregues. Diante da reclamação de que não haviam chegado, disseram que iriam ser “redistribuídos”.
“Como redistribuir o que não foi enviado? A resposta confessa a culpa”, disse Sampaio, afirmando que as primeiras denúncias de sindicatos partiram dos carteiros de Campinas e São José do Rio Preto de que material de campanha foi distribuído sem efetivo contrato e chancela. Não se sabe, contudo, o que aconteceu com o material que não chegou. Na busca por denunciantes, foi criado um espaço no site do candidato à Presidência para recolher declarações e novas informações.
(…)
 

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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