O que Aécio garante na Carta que pode levar Marina a declarar seu apoio a ele neste domingo

Publicado em 12/10/2014 05:03 e atualizado em 13/10/2014 11:05
por Reinaldo Azevedo, de veja.com

O que Aécio garante na Carta que pode levar Marina a declarar seu apoio a ele neste domingo

O candidato à Presidência Aécio Neves tornou pública uma carta em que se compromete com temas que, na verdade, já estão contemplados no programa de governo do PSDB, mas que ganharam especial relevância porque Marina Silva decidiu trazê-los para o primeiro plano como precondição para declarar seu apoio ao tucano.

O deputado Beto Albuquerque (RS), candidato a vice na chapa de Marina e membro do PSB — que já declarou apoio oficial a Aécio —, considerou a carta bastante satisfatória e avalia que ela contempla boa parte do programa do seu partido. Walter Feldman, que tem se comportado como uma espécie de porta-voz político de Marina, afirmou que o texto é um “avanço”. Neste domingo, espera-se que a líder da Rede anuncie a sua posição — em princípio, às 10h30.

No post anterior, publico a íntegra do texto. Abaixo, segue uma síntese da carta. Destaco antes os temas que podem facilitar a adesão de Marina considerados essenciais para garantir a adesão da líder da Rede.
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MAIORIDADE PENAL – O tucano jamais propôs a diminuição da maioridade penal. A proposta do senador Aloysio Nunes, seu vice, que ele apoia, abre a possibilidade de o maior de 16 anos ser processado pelo Código Penal no caso de crimes hediondos. Ainda assim, o Ministério Público e a Justiça seriam chamados antes a se pronunciar. Marina queria que Aécio abrisse mão da proposta. Não aconteceu. Na carta, no entanto, ele afirma: “Vamos convocar a sociedade brasileira a debater e encontrar soluções generosas para nossa juventude, para lhe dar horizontes que a afastem da violência e outros descaminhos. Entendo que podemos, juntos, evitar que os problemas relacionados aos jovens sejam encarados apenas sob a ótica da punição. Essa seria uma forma injusta de penalizá-los, na ponta do processo, por erros e omissões que são de todos nós.”

TERRAS INDÍGENAS – Proposta de Emenda Constitucional transfere para o Congresso a última palavra sobre demarcação de terras indígenas. Hoje, é uma prerrogativa da União. Há uma grande chance de ser aprovada. As esquerdas, o Conselho Indigenista Missionário e as ONGs são contra. Marina pediu, e obteve, que Aécio se comprometa em deixar tudo como está. De todo modo, que fique claro: quem vai tomar a decisão final a respeito é o Congresso. Diz a carta: “Criaremos também o Fundo de Regularização Fundiária que permitirá resolver as pendências em áreas indígenas nas quais proprietários rurais possuem títulos legítimos de posse da terra, reconhecidos pelo poder público.”

REFORMA AGRÁRIA – Aécio se compromete com a retomada do processo, que andou muito pouco na gestão Dilma. E afirma: “E também fomos nós que criamos o Ministério da Reforma Agrária, criamos o PRONAF e assentamos cerca de 500 mil famílias, processo tão descuidado pelo governo atual. A reforma agrária precisa ser retomada com seriedade e prioridade.”

REFORMA POLÍTICA E FIM DA REELEIÇÃO – O candidato do PSDB se compromete com o fim da reeleição, mas não está claro se valeria já para o seu mandato. Nem seria possível. Afinal, isso também depende de emenda constitucional e, pois, de negociação com o Congresso. Afinal, a questão também diz respeito a 27 governadores e a milhares de prefeitos. Está na carta: “Reconhecemos a necessidade de uma reforma política que não pode mais ser adiada e com ela nos comprometemos, a começar pelo fim da reeleição para os cargos executivos”.

PARTICIPAÇÃO POPULAR – O texto se compromete com a ampliação da participação popular no governo, mas destaca que o mecanismo não se choca com a democracia representativa, mas a fortalece.

AUTONOMIA DO BANCO CENTRAL – Aécio diz que seu governo se compromete com as metas de inflação e com a autonomia operacional do Banco Central. Ele não fala em independência.

EDUCAÇÃO INTEGRAL – “Propomos agora ampliar a cobertura das creches, universalizar o acesso à pré-escola e a adoção da educação em tempo integral para os alunos no ensino fundamental. O futuro do Brasil será decidido nas salas de aula.”

SAÚDE – “Ampliação da participação da União no financiamento do sistema através do programa Saúde +10, que viabilizará o reajuste da tabela SUS e a recuperação das instituições filantrópicas, em particular das Santas Casas”.

ENERGIAS ALTERNATIVAS – “A exploração do petróleo, inclusive do pré-sal, é imperativo do desenvolvimento e não põe à margem a diversificação de fontes energéticas menos poluidoras, como as eólicas, solar, a bioenergia, o gás e, sobretudo, o uso racional da energia para poupá-la”.

QUESTÃO AMBIENTAL – “Quero reiterar nossos compromissos programáticos com a questão ambiental, vista do ângulo de seu tripé: o cuidado com a natureza, com as pessoas, visando mais bem-estar e igualdade e a adoção de corretas políticas macroeconômicas, notadamente das que afetam nossa matriz energética. O moderno agronegócio brasileiro defende um programa efetivo de preservação da riqueza florestal visando ao objetivo maior de alcançarmos o desmatamento zero. (…) Assumo o compromisso de levar o Brasil à transição para uma economia de baixo carbono, magna tarefa a que já se dedicam as nações mais desenvolvidas do planeta (…)”.

FIM DO APARELHAMENTO – “A democracia, tal como a concebemos, não se faz destruindo-se os órgãos de estado ao sabor de interesses partidários e privados, como foi feito com as agências reguladoras, as empresas estatais, os fundos de pensão e a própria administração federal”.

Encerro
A carta lembra o óbvio: o Bolsa Família teve início no governo FHC, que também promoveu um amplo programa de reforma agrária, além de ter sido o criador do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). O texto, em suma, destaca que o PSDB tem compromisso histórico com o chamado resgate da dívida social.

Neste domingo, Marina vai dizer o que pensa. Convenham: tudo indica que o eleitor já está dizendo.

Por Reinaldo Azevedo

Leia a carta pública de Aécio que pode resultar no apoio oficial de Marina, neste domingo

Leia a íntegra da carta assinada por Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, que deve levar Marina Silva a declarar apoio ao tucano do domingo. Volto no próximo post.

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JUNTOS pela Democracia, pela Inclusão Social e pelo Desenvolvimento Sustentável

Terminado o primeiro turno das eleições as urnas foram claras: a maioria do eleitorado, 60% dele, mostrou o desejo de mudança. Mudar significa tirar do poder os que o estão exercendo, mas significa também mudar para melhor, em primeiro e principal lugar visando a aprimorar as práticas partidárias e eleitorais. Significa também ampliar os canais pelos quais cada cidadão poderá expressar seus pontos de vista e cooperar na deliberação dos grandes temas nacionais ou de interesse local. É minha intenção, neste segundo turno, ser consequente com os desejos da maioria dos brasileiros: vamos continuar propondo mais mudanças para melhor. Para isso, é natural que contemos, nesta etapa, com as sugestões dos que, comprometidos com a mudança, se lançaram à campanha e, mesmo não obtendo votos suficientes para chegar ao segundo turno, contribuíram com suas ideias, propostas e debates para melhorar a qualidade de nossa democracia.

De minha parte reitero o compromisso com os valores democráticos, cuja efetivação depende de mantermos as instituições virtuosas e de sermos capazes de entender que, no mundo atual, a ampliação da participação popular no processo deliberativo, através da utilização das redes sociais, de conselhos e das audiências públicas sobre temas importantes, não se choca com os princípios da democracia representativa, que têm que ser preservados. Ao contrário, dá-lhes maior legitimidade.

O PSDB se orgulha de ter ajudado o Brasil a reencontrar o equilíbrio econômico. Não só fizemos a estabilização da moeda com o Plano

Real, mas criamos instituições fundamentais para sua continuidade, sustentadas por políticas de transparência que infelizmente não vêm sendo seguidas pelo atual governo. O sistema de metas de inflação e a autonomia operacional do Banco Central para fixar a taxa de juros e observar as livres oscilações do câmbio provaram ser eficientes. Graças a esta base, inauguramos nova etapa de investimentos, tanto externos quanto internos, que permitiram gerar empregos e assegurar mais tarde grande mobilidade social. Mudamos de patamar no contexto das nações, sendo que, em 2000, já éramos proclamados como fazendo parte dos BRIC’s, países populosos que sobressaiam pelo vigor econômico.

Este trabalho foi feito simultaneamente com o reforço das políticas sociais. Foi nos governos do PSDB que alcançamos a universalização do acesso ao ensino fundamental e criamos o Fundef. Propomos agora ampliar a cobertura das creches, universalizar o acesso à pré-escola e a adoção da educação em tempo integral para os alunos no ensino fundamental. O futuro do Brasil será decidido nas salas de aula.

Foi também durante o governo do PSDB, que, na prática, se instalou o SUS, que,com os genéricos e a entrega gratuita de medicamentos aos mais pobres, começou a construir um Estado de bem-estar social. Falta muito ainda, e o governo do PT maltratou a saúde pública, mas continuaremos na caminhada positiva com a ampliação da participação da União no financiamento do sistema através do programa Saúde +10, que viabilizará o reajuste da tabela SUS e a recuperação das instituições filantrópicas, em particular das Santas Casas. Foi a partir de 1994 que se inaugurou uma política de aumento real dos saláriosmínimos, transformada em lei mais tarde pelos governos que sucederam ao PSDB. Com isso, os benefícios da Previdência também foram aumentados. Foi nos governos do PSDB que se generalizaram as políticas de transferência direta de renda, as bolsas, assim como o Benefício de Prestação Continuada, que garante renda mínima de um salário mínimo para idosos e pessoas com deficiência. Os governos posteriores ampliaram estes avanços. E também fomos nós que criamos o Ministério da Reforma Agrária, criamos o PRONAF e assentamos cerca de 500 mil famílias, processo tão descuidado pelo governo atual. A reforma agrária precisa ser retomada com seriedade e prioridade.

As políticas sociais sempre fizeram parte de nossos governos, mesmo quando enfrentamos conjunturas econômicas adversas, e nos orgulhamos de ter entregue o país em condições de estabilidade que foram essenciais para que nossos sucessores pudessem ampliar e aprofundar essas políticas. Nossa determinação, e com isso pessoalmente me comprometo, é levar adiante o resgate da dívida social brasileira, que é tarefa inarredável de qualquer governante. Vamos ampliar e aprimorar as políticas existentes, inclusive transformando o Bolsa Família em política de Estado, e não de governo, justamente para que não sofra descontinuidade ou interrupção.

Vamos convocar a sociedade brasileira a debater e encontrar soluções generosas para nossa juventude, para lhe dar horizontes que a afastem da violência e outros descaminhos. Entendo que podemos, juntos, evitar que os problemas relacionados aos jovens sejam encarados apenas sob a ótica da punição. Essa seria uma forma injusta de penalizá-los, na ponta do processo, por erros e omissões que são de todos nós.

Temos muitas ferramentas para lidar com nossas desigualdades. A mais importante delas é a riqueza da diversidade sociocultural brasileira que deve estar expressa no combate a toda discriminação, seja étnica, de gênero, de orientação sexual, religiosa, ou qualquer outra que fira os direitos humanos e a liberdade de escolha de cada cidadão.

Mais ainda, entendemos que o governo Dilma Roussef tem sido negligente na questão da demarcação das terras indígenas. Tanto produtores rurais como indígenas têm sido vítimas dessa negligência, que contribui para acirrar conflitos e tensões. No nosso governo vamos nos posicionar pela manutenção da prerrogativa constitucional do Poder Executivo de demarcar terras indígenas, ouvindo os Estados e os órgãos federais cuja ação tenham conexão com o tema.Criaremos também o Fundo de Regularização Fundiária que permitirá resolver as pendências em áreas indígenas nas quais proprietários rurais possuem títulos legítimos de posse da terra, reconhecidos pelo poder público. Da mesma forma, daremos a merecida atenção, não dada pelo atual governo, às reivindicações dos quilombolas e outras populações tradicionais.

É triste constatar que a Federação está doente, enfraquecida e debilitada. Padece de centralismo excessivo na esfera federal, ficando os poderes locais à mingua dos recursos e desprovidos de competências para enfrentarem os problemas e melhorar a qualidade de vida de suas comunidades. É nosso propósito promover a revisão desse estado de coisas, devolvendo a estados e municípios os meios de exercerem sua autonomia constitucional, habilitando-os a levar a solução do problema para perto de onde ele ocorre. É urgente revigorar nossa Federação, fortalecendo suas bases.

O debate sobre o Pacto Federativo será articulado com a temática do desenvolvimento regional.

Não há como pensar em novo ciclo de desenvolvimento nacional sem considerar como base fundamental o desenvolvimento regional.

Nunca teremos pleno desenvolvimento com o país cada vez mais concentrado em ilhas de prosperidade e extensos vazios de produção e riquezas.

O estabelecimento de políticas públicas regionais é um componente fundamental para articulação do Pacto Federativo.

Quero reiterar nossos compromissos programáticos com a questão ambiental, vista do ângulo de seu tripé: o cuidado com a natureza, com as pessoas, visando mais bem-estar e igualdade, e a adoção de corretas políticas macroeconômicas, notadamente das que afetam nossa matriz energéticaO moderno agronegócio brasileiro defende um programa efetivo de preservação da riqueza florestal visando ao objetivo maior de alcançarmos o desmatamento zero.

A exploração do petróleo, inclusive do pré-sal, é imperativo do desenvolvimento e não põe à margem a diversificação de fontes energéticas menos poluidoras, como as eólicas, solar, a bioenergia, o gás e, sobretudo, o uso racional da energia para poupá-la. Além disso, estabeleceremos uma política efetiva de Unidades de Conservação, não apenas para garantir a implantação e o correto uso das já existentes, como para retomar o processo de ampliação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, paralisado no atual governo.

Enfatizo que darei a devida e urgente importância ao trato da questão das Mudanças Climáticas, iniciando um decisivo preparo do país para enfrentar e minimizar suas consequências. Assumo o compromisso de levar o Brasil à transição para uma economia de baixo carbono, magna tarefa a que já se dedicam as nações mais desenvolvidas do planeta, retomando uma postura proativa de liderança global nesta área, perdida no atual governo.

Espero, enfim, que o PSDB e seus aliados sejamos vitoriosos neste segundo turno pelo que trazemos de positivo em nossas propostas e não apenas pelos malfeitos, abusos e desmandos do atual governo, que são enormes. A democracia, tal como a concebemos, não se faz destruindo-se os órgãos de estado ao sabor de interesses partidários e privados, como foi feito com as agências reguladoras, as empresas estatais, os fundos de pensão e a própria administração federal. Nem pela estigmatização infamante dos setores políticos minoritários. É preciso devolver o Estado à sociedade brasileira.

Reconhecemos a necessidade de uma reforma política que não pode mais ser adiada e com ela nos comprometemos, a começar pelo fim da reeleição para os cargos executivos. Quero que meu governo seja aquele no qual os brasileiros vão recuperar a confiança na política como caminho para o exercício pleno de sua cidadania.

É com esta visão de brasileiro, mais do que de representante de um partido, que espero unir o Brasil. Apelo aos eleitores que já votaram contra a continuidade da situação política atual, e a todos os partidos e lideranças que propuseram melhorias em nossa política, que se unam a nós para levar adiante os compromissos que ora assumo, na segunda fase desta caminhada. Não para abdicarem do que creem, mas para ajudarem a ampliar nossa visão e para podermos, juntos, construir um Brasil melhor.

Destaco, especialmente, o legado de Eduardo Campos e o papel que Marina Silva tem exercido na renovação qualitativa da política brasileira e na afirmação do desenvolvimento sustentável. Peço a todos os que amam o país: juntem-se a nós! Só na união, no consenso, os brasileiros e as brasileiras poderão construir o que queremos: uma sociedade mais justa, democrática, decente e sustentável.

Aécio Neves

Por Reinaldo Azevedo

Viúva de Eduardo Campos divulga carta de apoio a Aécio

Por Talita Fernandes, na VEJA.com:
Renata Campos, viúva do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos divulgou uma carta de apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições presidenciais. O texto foi lido pelo filho mais velho de Renata e Eduardo, João, considerado herdeiro político do ex-governador, morto em acidente aéreo em 13 de agosto.

Na carta, Renata agradece ao povo pernambucano pelo apoio ao PSB nas eleições. O candidato da sigla ao governo do Estado, Paulo Câmara, foi o governador mais bem votado do país, em termos proporcionais, com 68% dos votos. Além disso, a chapa liderada pelo PSB elegeu Fernando Bezerra Coelho para o Senado e 20 deputados federais, oito deles do PSB, formando a maior bancada do partido na Câmara dos Deputados. Marina Silva também saiu vitoriosa em Pernambuco, onde a ex-senadora teve 48% dos votos, quadro que se repetiu apenas no Acre, seu Estado natal.

A viúva de Campos lembrou que este foi um ano muito difícil, mas afirmou que “continua com os mesmo sonhos” do marido. “Aécio, acredito na sua capacidade de diálogo e gestão”, disse, acrescentando que os caminhos de Campos e Aécio se cruzaram várias vezes durante suas carreiras políticas. “Sei que vocês eram diferentes, mas vocês souberam se unir pelo Brasil.”

Ela encerrou a mensagem desejando sorte ao candidato tucano e dizendo que ele levará de Pernambuco “a garra e a energia que serão fundamentais para construir um novo Brasil”, escreveu.

Aécio participa neste sábado de eventos de campanha em duas cidades pernambucanas, a capital Recife e Sirinhaém, no Sul do Estado, cidade onde Marina teve o maior percentual de votos no Brasil. O candidato tucano participará de um almoço na casa da família Campos.

Por Reinaldo Azevedo

Reynaldo-BH: ‘Obrigado, dona Renata’

REYNALDO ROCHA

Dona Renata:

Num momento em que Dilma recorre a mentiras para tentar separar o Brasil em dois, confrontar pobres e ricos, pretos e brancos, nordestinos e sulistas, sua carta foi um bálsamo. Quem no Brasil não admira o Nordeste não o conhece. Nada sabe da cultura nordestina, desconhece figuras como Ariano Suassuna, João Cabral, Jorge Amado e  tantos outros que nos fazem sentir orgulho da condição de brasileiro. Só ignorantes ou desonestos intelectualmente, não importa onde tenham nascido, enxergam no Nordeste uma terra menor e sem história.

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Aécio e os 17,6 pontos à frente de Dilma em uma pesquisa

Leitores aos montes me perguntam se acredito no resultado da pesquisa IstoÉ/Sensus que aponta o tucano Aécio Neves com quase 18 pontos de vantagem sobre a petista Dilma Rousseff. A minha resposta: eu acredito — e já afirmei isto quando saiu a pesquisa do Instituto Paraná — que ele esteja na frente. E acho que por mais do que os dois pontos apontados pelo ibope e pelo Datafolha. Se o Sensus está certo ou não, bem, isso eu não sei. Estamos todos ressabiados depois dos erros grotescos — e sem explicação — cometidos por essas empresas no primeiro turno. Que a onda pró-Aécio é crescente, isso é perceptível.

Segundo o Sensus, Aécio obtém 52,4% dos votos totais e Dilma, 36,7%. Os indecisos são 11%. Em votos válidos, a disputa está 58,8% a 41,2% para ele, com uma diferença de 17,6 pontos percentuais. O Sensus ouviu 2000 pessoas entre os dias 7 e 10 de outubro, e a margem de erro é de 2,2 pontos para mais ou para menos.

Será isso mesmo? O Brasil é muito grande. É sabido, no entanto, que o candidato tucano conseguiu abrir algumas trincheiras importantes no Nordeste. Mais: seu programa no horário eleitoral gratuito é muito superior ao da petista (tratarei do assunto em outro post). O PT e Dilma estão se enrolando nas tramoias havidas na Petrobras. Não conseguiram elaborar uma explicação convincente. A virulência contra o tucano no horário eleitoral também não ajuda. Há o risco de provocar o efeito contrário ao pretendido. Os testemunhos de Paulo Roberto Costa e de Alberto Youssef são, como posso dizer?, acachapantes. Raramente a gente ouviu a confissão de um crime com tantos detalhes. Durante as três gestões petistas, uma quadrilha se apoderou da estatal. Não resta dúvida a respeito.

Há outros dados que, a serem verdadeiros, demonstram o desastre que o assalto à maior estatal brasileira promove na candidatura de Dilma: a sua rejeição teria saltado para 46,3% contra 29,2% do adversário. Hoje, o tucano venceria em todas as regiões, exceção feita ao Nordeste, e em todas as classes sociais.

Por Reinaldo Azevedo

Em VEJA desta semana

“Vou ganhar esta eleição”

Bela Megale e Silvio Navarro
VOLTA POR CIMA – Aécio Neves, cercado por correligionários no encontro que marcou o reinício de sua campanha, em Brasília

VOLTA POR CIMA – Aécio Neves, cercado por correligionários no encontro que marcou o reinício de sua campanha, em Brasília (Cristiano Mariz/VEJA)

Tido como derrotado até meados de setembro, o senador Aécio Neves afirma que, mesmo nos momentos mais desanimadores, nunca desistiu. Ele atribui sua chegada ao segundo turno à decisão de abandonar os conselhos de marqueteiros e assessores: “Se hoje avancei, não foi porque mudei a estratégia ou incorporei outras propostas, mas porque comecei a olhar nos olhos das pessoas, deixando de lado o teleprompter, os textos feitos e as sugestões”. Ele acusa o PT de “terrorismo eleitoral”, reafirma que vai manter e aprimorar o Bolsa Família e se permite ser otimista: “Vou ganhar esta eleição”. Abaixo, a entrevista que ele concedeu a VEJA na manhã de sexta, em seu comitê no Rio de Janeiro.

Como o senhor se sente, à frente nas pesquisas, depois de ter chegado a ser considerado uma carta fora do baralho?
As pesquisas não vão me tirar do chão. Sei que vamos ter dificuldades lá na frente. Sempre acreditei na vitória, mesmo nos momentos de maior dificuldade. Nós tivemos duas eleições. Uma antes e a outra depois da trágica morte do Eduardo Campos. Naquele momento, minha candidatura se fragilizou, porque o emocional prevaleceu sobre o racional. Minha candidatura é baseada na razão. O meu desafio agora é deixar a emoção aflorar também.

O senhor perdeu da presidente Dilma Rousseff em Minas Gerais, e o seu candidato a governador não se elegeu. O que deu errado?
Quando saí do governo, minha aprovação era de 92%. Mas isso já faz algum tempo. Claro que gostaria de ter tido um resultado melhor lá, mas é preciso saber distinguir as coisas. A maioria dos eleitores optou pelo candidato do PT. Tenho que, democraticamente, aceitar essa opção. Agora, pode ter certeza de que vou chegar bem na frente no segundo turno em Minas Gerais.

Como pretende explicar aos mais pobres que sua política também os beneficiaria, já que o o PT afirma que o PSDB só governa para os ricos?
Esse discurso do governo é de perdedor. O governo sabe que a vida das pessoas só vai melhorar se voltarmos a crescer, a gerar empregos com maior qualidade e se avançarmos em investimentos na área social. Um país que não cresce e não controla a inflação não vai melhorar a vida das pessoas. O governo quer blindar uma parcela do eleitorado que ele acha que lhe é cativa, que ele acha que domina em razão dos benefícios que distribui. É uma deslealdade para com os brasileiros usar essa tática do terror. Porque não é a mim que eles aterrorizam, mas aos cidadãos mais humildes, que dependem desse benefício. É a eles que a inflação pune mais. Quem ganha dois salários mínimos vê 35% de sua renda ir embora com alimentos. A inflação de alimentos no governo Dilma foi de 34%.

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Outros destaques de VEJA desta semana

IMPRESSIONANTE!!! O PT ESTÁ MAIS DESORIENTADO DO QUE QUANDO ERA UM PARTIDO INVIÁVEL DA OPOSIÇÃO. É A FORÇA DE SUA HERANÇA MALDITA SE VOLTANDO CONTRA ELE PRÓPRIO

O PT está desorientado. Desorientado como nunca se viu. Não sabe o que pensar, o que fazer, o que falar. Se a dianteira do tucano Aécio Neves é de 2 pontos, de 8 ou de 18 — segundo os mais variados institutos —, isso, não sabemos. Mas ninguém duvida de que esteja à frente de Dilma — nem os próprios petistas. O PT não larga atrás no segundo turno desde 1989 (em 1994 e 1998, FHC se elegeu no primeiro). E isso, não tem jeito, acaba induzindo a erro. Dilma está falando bobagens sobre a investigação, João Santana erra a mão no horário eleitoral — o do tucano está muito melhor —, e os terroristas da Internet, atônitos, enfiam as patas traseiras pelas patas dianteiras, numa escalada de virulência também inédita.

Tudo isso vai caracterizando uma espécie de vale-tudo e de jogo sujo contraproducente. Neste domingo, Marina Silva tem tudo para anunciar o apoio a Aécio — algum efeito terá. De todo modo, parece que a esmagadora maioria do seu eleitorado já migrou para o tucano por conta própria. Como pano de fundo — e, ao mesmo tempo, protagonista —, o escândalo de dimensões inéditas na Petrobras. No Nordeste, o candidato do PSDB vai abrindo trincheiras, com o apoio do família Campos em Pernambuco, com um Tasso Jereissati senador no Ceará, com um ACM Neto na Bahia.

Dilma e a Petrobras
A candidata do PT está perplexa. Nem a maquiagem nem a marquetagem de João Santana conseguem esconder. Quando alguém, na sua condição, também presidente da República, usa o tempo para criticar a investigação e para acusar perseguição — não nos esqueçamos de que a operação Lava Jato nasceu de uma investigação da Polícia Federal —, eis, então, um sinal de que as coisas vão de mal a pior.

Dilma se queixa de “vazamentos seletivos”. Infelizmente para ela, os depoimentos que já começaram a causar um terremoto no mundo político — e estamos só no começo — não pertencem àquela parte da investigação coberta pelo sigilo de Justiça; não integram a fatia de depoimentos da chamada “delação premiada”.

Não tendo o que dizer, Dilma diz, então, qualquer coisa e pede que tudo seja divulgado, como se o “tudo” lhe pudesse ser benéfico. Ora, não nos esqueçamos de que, segundo apurou a VEJA, a parte sigilosa dos depoimentos atinge, por exemplo, o seu ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, além de algumas cabeças coroadas do PMDB.

Pois é… Paulo Roberto contou tudo. As diretorias eram separadas em cotas partidárias. O PT tinha a de Serviços, a de Exploração e Produção e a de Gás e Energia. O PP ficava com a de Abastecimento — que era a do engenheiro —, e o PMDB, com a Internacional. Cada partido tinha o seu operador para cuidar do serviço sujo.

Ele deu detalhes de como a coisa funcionava, por exemplo, na de Serviços, que era comandada pelo petista Renato Duque:
“A diretoria de Serviços, através da comissão de licitação, ia no cadastro, escolhia as empresas de acordo com a complexidade da obra, de acordo com valor da obra aproximado, que já se tinha ideia etc., e separava as empresas. Então, quem fazia tudo isso era a comissão de licitação interna da companhia, da Petrobras”. Eis aí.

Que se note: em nenhum momento Paulo Roberto nega que ele próprio cometesse também os crimes. Ao contrário: ele narra a história na condição de um dos operadores. O que Dilma queria? Que os donos da Petrobras — os brasileiros — fossem privados dessas informações? Por quê?

O PT nega tudo e tal, mas as provas do crime estão lá, com a Polícia Federal, com o Ministério Público e com a Justiça. Na hora em que essa história chegar, de fato, aos engravatados é que a terra vai tremer. NOTEM QUE, ATÉ AGORA, NÃO SE SABE QUEM ERA O VERDADEIRO CHEFE DO ESQUEMA. Não se enganem: numa engrenagem como essa, alguém dava a última palavra e harmonizava os interesses. Quem???

Horário eleitoral
As circunstâncias estão forçando o horário eleitoral de Dilma na TV a ser reativo, tenso, mal- humorado, rancoroso e terrorista. O partido tenta empregar contra a Aécio a tática empregada contra Marina, sem se dar conta de que, de fato, não tirou votos da candidata do PSB com aquela retórica. Embora as pesquisas tenham deixado de apontar a tempo, eles estavam migrando para Aécio — ou voltando para ele, sabe-se lá.

Dia desses, no metrô, ouvi uma conversa de pessoas simples,  sem, vamos dizer, sotaque universitário. Uma das mulheres dizia à outra: “Cê vai ver: agora o PT vai começar a xingar o Aécio; eles sempre fazem isso…”. E, de fato, eles sempre fazem isso. E isso era de tal sorte esperado que há uma boa possibilidade de que ninguém dê bola.

O PT opta pelas piores práticas de demonização de pessoas e de sua biografia. Transformar Armínio Fraga e FHC em inimigos do salário mínimo é uma fraude, uma mentira, uma indignidade. Inferir que o ex-presidente agrediu nordestinos é indecoroso. Eis aí: de fato, a propaganda de Aécio passou a falar em nome da mudança e da esperança. Ao PT, restou o exercício do medo, do ódio e do ressentimento.

Faltam 13 dias para o segundo turno. Há pela frente os debates, que, agora sim, oporão de verdade os candidatos com chances de vencer a disputa. Dá para dizer que Aécio já ganhou? É claro que não! Mas já dá para afirmar com absoluta certeza que Dilma perdeu o juízo. Ao chamar de golpistas os eleitores que se negam a votar nela, evidenciou que, no fundo do peito, ainda nutre um profundo desprezo pela democracia. Pode ser inexperiência, né? Afinal, ela venceu até hoje 100% das eleições que disputou: UMA. Não deve saber que é a derrota que evidencia se o político aderiu ou não aos valores democráticos — afinal, é só nas tiranias que o mandatário vence sempre, governanta!

Parte da herança maldita do petismo o atropelou na reta final da disputa. À diferença de Dilma, eu respeito as urnas, mesmo quando não gosto do resultado — estou achando que, nesse caso, há uma boa chance de eu gostar. E, porque respeito, encerro assim: que o eleitor decida. A democracia existe para que ele exerça a sua soberania, não para que um partido vire o dono da sociedade.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma enlouqueceu e agora chama democracia de “golpe”. Isso era pensamento da terrorista da VAR-Palmares, não de quem se fez presidente pelas urnas

“Os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir.” Em latim: “Quos volunt di perdere dementant prius”. A citação no singular é mais conhecida: “Quem vult deus perdere dementat prius” — “Deus primeiro enlouquece aquele a quem quer destruir”. Prefiro a citação com “deuses”. O problema de “deus”, no singular, é que a frase parece remeter ao Deus único, este nosso (ou meu, hehe), não àqueles vários do paganismo, que viviam atazanando os homens. É o que me ocorre ao tomar conhecimento do que Dilma afirmou nesta sexta. Ela pode estar perdendo o juízo. Leiam o que afirmou:

Numa caminhada na periferia de Porto Alegre, discursando sobre uma caminhonete, ela se saiu com a seguinte estupidez:
“Eles [oposição] jamais investigaram, jamais puniram, jamais procuraram acabar com esse crime terrível que é o crime da corrupção. Agora, na véspera eleitoral, sempre querem dar um golpe. E estão dando um golpe. Esse golpe nós não podemos concordar”.

Golpe? Que golpe? O golpe das urnas, presidente? Haver quem não vote no PT, então, agora é golpe? Uma eleição só é legítima quando vencida pelo PT? Se o seu partido perder, dona Dilma, será porque a maioria terá votado no seu adversário. Será, então, sinal, governanta, de que a maioria do eleitorado terá se transformado em golpista?

A fala é de uma estupefaciente irresponsabilidade. Até porque Dilma, que continua presidente da República, está afirmando, na prática, que, se ela perder a eleição, então o resultado não é legítimo. Se não é, então o PT poderá sair por aí botando fogo no circo. Golpista é a fala da petista!

Eles já recorreram a esse expediente em 2006. Essa tese tem “copyright”, tem autoria: Marilena Chaui, a militante do PT disfarçada de filósofa. Foi ela quem procurou dar alcance até acadêmico a essa vigarice naquele ano. Segundo essa senhora, denunciar o mensalão correspondia, imaginem vocês, a dar um golpe. Agora, para mostrar que somos legalistas, deveríamos todos nos calar diante do “petrolão”???

Sabem o que é isso? Sinal de desespero. Em dois dias, é o segundo golpe baixo — o primeiro é tentar fazer de FHC um inimigo dos nordestinos. Imaginem o que vem por aí. Dilma está se esquecendo de que ainda é presidente da República e que tal cargo lhe impõe uma especial responsabilidade.

Democracia como golpe, presidente? Esse pensamento ficava bem na terrorista da VAR-Palmares, não na pessoa que se elegeu por meio das urnas, as mesmas que, no momento, dão a vitória a seu adversário. Até que Dilma não comece a sentir vergonha do que disse, sentirei um pouquinho por ela, a tal vergonha alheia. 

Texto publicado originalmente às 19h51 desta sexta

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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