Falha nos três regimes de chuva da Bahia frustra a pecuária no estado

Publicado em 08/04/2013 19:17

Uma falha simultânea nos três regimes de chuva, nos últimos dois anos, na Bahia, ocasionada por uma confluência desfavorável de fatores aleatórios, é a responsável pela seca que castiga o estado, e que já dizimou mais de 500 mil cabeças de gado do rebanho baiano. A falta de chuvas no dia 19 de março, o Dia de São José, indica que a Zona de Convergência do Atlântico Norte não desceu, e a má notícia é que quando isso acontece, até novembro, não chove significativamente na Bahia. As informações são da Somar Meteorologia e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), que participaram hoje (8) da programação do III Congresso Internacional da Produção Pecuária – CIPP, que acontece até amanhã no Hotel Bahia Othon Palace, em Salvador. A capital baiana também está sentindo o impacto dessa falha. Normalmente, no mês de março chove em torno de 128 milímetros em Salvador. Este ano, foram apenas 28 mm no período.

Segundo Paulo Etchichury, diretor da Somar Meteorologia, um resfriamento nas águas do Oceano Atlântico na costa do Nordeste brasileiro foi uma das condições desfavoráveis para a  formação de chuvas. A Bahia tem três regimes de chuva distintos, influenciados pela Zona de Convergência, pela Amazônia, e pelo Oceano Atlântico. As primeiras chuvas ocorrem historicamente no Sul e no Oeste do estado, entre os meses de novembro e fevereiro. São as chamadas “chuvas de trovoada”.  Depois, vêm as chuvas de fevereiro a maio, no Norte do estado e parte do Oeste, e, por último, as chuvas da região Leste/ Recôncavo Baiano,  de maio a agosto.

“Em geral, há um equilíbrio compensatório entre estes regimes. Quando um falha, outro é forte o suficiente para compensar. Desta vez, falharam todos. As chuvas do Recôncavo, que ainda estão por vir, não bastam para influenciar nos outros regimes do estado”, afirmou Etchichury.  

Observação

De acordo com o meteorologista da Somar, há sempre um grande índice de imprecisão na meteorologia, como nas demais ciências, mas, a observação sistemática associada a outras informações podem ser decisivas para a tomada de decisões acertadas, feitas com base na análise dos riscos.

 
“Ouvimos muitas reclamações sobre a falta de chuva no Brasil, mas o país, como toda a América do Sul, é uma das regiões mais privilegiadas do globo. Chove pouco no mundo inteiro, e inclusive em outros grandes produtores de alimentos, chove menos ainda que no Brasil. Por outro lado, temos muita água e luz do sol o ano inteiro, o que nos proporciona excelentes condições de produção, e temos tecnologia para isto. Precisamos aprimorar a nossa comunicação para oferecer a cada região um tratamento regionalizado”, disse Etchichury.

A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Cláudia Valéria Silva, explica que o melhor cenário para a produção agropecuária na Bahia é quando há o fenômeno La Niña, somado ao aquecimento da costa nordestina.
Perguntada sobre as possíveis influências das intervenções urbanas no clima de uma cidade, como Salvador, ela afirmou que essas intervenções agem no microclima, mas não no macro.

Monitoramento constante

Na Bahia, o INMET tem 75 estações meteorológicas, entre automáticas e convencionais. As automáticas fazem medições de hora em hora, e as convencionais, diariamente. As informações consolidadas são gratuitas e podem ser acessadas por qualquer pessoa através da internet ou pelo telefone 71 3525-9800. Elas também são cedidas para jornais e site, que as publicam diariamente.  “O produtor rural, em geral, tem o hábito de consultar as informações meteorológicas todos os dias, mas ainda é preciso fazer disso uma cultura para muitos deles”, diz o diretor geral do INMET na Bahia, Itajacy Diniz.
“Muitos produtores têm pluviômetros e anotam diariamente há muito tempo. Essas informações são preciosas e poderiam ser disponibilizadas, enriquecendo muito a estatística no estado”, pondera Diniz.  Ele explica ainda que o produtor pode ter a sua própria estação na propriedade, através de um termo de cooperação com o INMET, para o qual ele precisa disponibilizar para o Instituto uma área de 40mX 40m para a implantação do sistema, sem custos para isso.

“O INMET é um órgão público de 103 anos. Aqui em Salvador, temos uma estação no bairro de Ondina, construída em 1903. Poucas pessoas sabem disso. Estamos abertos à visitação do público e de escolas”, informa Itajacy Diniz.

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Fonte:
AI III CIPP

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