Expectativa de menor confinamento de gado no Brasil pressiona preço do boi, diz Minerva

Publicado em 08/06/2022 12:39

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Por Nayara Figueiredo

CAMPINAS (Reuters) - Os pecuaristas do Brasil devem diminuir o volume de gado que será enviado para confinamento no segundo semestre, fator que contribui para intensificar a queda da arroba bovina, já que mais animais serão levados ao abate, disse à Reuters o CEO da Minerva (SA:BEEF3) Foods, Fernando Galletti de Queiroz.

O menor confinamento ocorre diante do aumento nos preços de insumos utilizados na ração animal, como milho e farelo de soja.

"Se espera ter menos confinamento no segundo semestre e isso adiciona pressão para os produtores venderem os animais nesse momento, que realmente é de uma queda nos preços (da arroba)", afirmou o executivo durante evento em Campinas (SP) promovido pela Syngenta.

Segundo o presidente da maior exportadora de carne bovina na América do Sul, a pressão sobre a terminação intensiva é "justamente pelo custo da comida, da ração".

Os preços dos insumos foram impulsionados pela alta nas cotações globais, em consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia. No Brasil, houve também a quebra na safra de soja por seca no último verão e maior expectativa de exportações de milho, para cobrir uma lacuna deixada por grãos ucranianos.

No fim de março, a companhia de nutrição animal DSM, que realiza um censo sobre confinamento, indicou que o viés era de alta para a terminação intensiva neste ano, mesmo diante da escala nos custos com ração.

Para Queiroz, além do abate de animais que não serão confinados, a fraqueza na demanda do mercado interno por carne e a sazonalidade da safra de gado contribuem para pressionar as cotações da arroba.

"Você tem um mercado interno sofrendo um pouco nesse momento, então parte da queda do boi é devido ao mercado interno que está comprando menos."

As vendas de carne no mercado atacadista estiveram tão lentas em maio que a carcaça casada do boi (formada pelo traseiro, dianteiro e pela ponta de agulha) se desvalorizou 6,3% no acumulado do mês. Trata-se da maior baixa no acumulado de um mês desde janeiro de 2020, quando a retração foi de 8,16%, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Neste cenário, os preços do boi gordo (Indicador Cepea/B3, Estado de São Paulo) caíram 4% no acumulado de maio e fecharam a 321,40 reais por arroba. Neste início de mês a cotação baixou ainda mais, para 311,40 reais no fechamento de segunda-feira.

EXPORTAÇÃO

O CEO da Minerva disse que a companhia continua otimista com a demanda da Ásia, especialmente da China.

"O sudeste asiático, que sempre dependeu muito de Austrália está vindo mais ao Brasil... Esperamos que melhore o lockdown (na China), o que reativa o consumo, então estamos otimistas com este mercado", disse ele.

Recentemente, concorrentes da Minerva como Marfrig (SA:MRFG3) e JBS (SA:JBSS3) tiveram unidades suspensas temporariamente para embarcar carne bovina à China, em momento de maior rigor na fiscalização contra o coronavírus entre os chineses. Queiroz avalia isso como um "movimento natural no mercado, sem benefício às demais empresas exportadoras".

(Por Nayara Figueiredo)

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Fonte:
Reuters

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