Dívidas totais do Independência já alcançam R$ 3,45 bilhões

Publicado em 06/05/2009 09:01
Diante de uma economia mundial ainda recessiva, o Frigorífico Independência nada contra a maré para reverter o quadro de alto endividamento e baixa geração de caixa que atravessa e culminou no pedido de recuperação judicial no início de março. Ontem, a companhia apresentou aos credores o primeiro relatório auditado pela KPMG em que mostra seu real endividamento e as ações tomadas para retomar abates e reduzir custos. O documento mostra que a dívida total do frigorífico cresceu para R$ 3,45 bilhões. Além do lançamento de mais debêntures no segundo semestre de 2008, o adicional da dívida se deve a perdas de R$ 270 milhões com derivativos em 2008, às rescisões trabalhistas, além de débitos com produtores de gado, outros fornecedores e com o pagamento de aquisição de cinco plantas frigoríficas feitas em 2007 e 2008, reflexo da agressiva estratégia de crescimento adotada pela empresa.

No último balanço apresentado pelo Independência, referente ao terceiro trimestre de 2008, o total do passivo da empresa era de R$ 2,5 bilhões (já excluído o patrimônio líquido, na época de R$ 390 milhões), e se referia principalmente a dívidas financeiras.

A empresa informou na conferência para credores que pretende atingir uma economia de R$ 8 milhões mensais com as medidas que estão sendo negociadas. Entre elas, a devolução de ativos e plantas arrendados, redução de contratos de energia elétrica e mais reduções na folha de pagamento, sendo que estas podem representar R$ 2,9 milhões de economia.

Além desses desafios, e de um adicional de quase R$ 1 bilhão no seu endividamento, o Independência precisa ainda lidar com outros percalços, como o bloqueio dos pagamentos de clientes, por ações judiciais movidas pelos credores da empresa.

A Sadia, por exemplo, informou que não pôde quitar uma nota fiscal devida ao frigorífico porque recebeu da Justiça um ofício determinando que quaisquer pagamentos à empresa teriam de ser feitos em juízo. A decisão de março deste ano foi tomada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Além disso, os clientes da empresa enfrentaram alguns contratempos para quitar seus débitos, como por exemplo, com cobrança por meio de notas emitidas por factorings. "Nosso último pedido do Independência foi em março. Não estamos devendo nada para eles", garante Ismael Duarte de Assis, diretor-comercial da rede Irmãos Bretas, quinta maior cadeia de supermercados do País. O executivo explica que o único contratempo ocorrido neste ano com o frigorífico foi com a emissão de um boleto originário de uma factoring. "Está em contrato que não pagamos para factoring. Então fizemos um depósito na conta do Independência", afirma Assis. A rede de supermercados, assim como outros clientes, vigoram no documento da KPMG (divulgado no site do Independência), como tendo contas em atraso com o frigorífico.

Ontem, outra rede de supermercados, a Sondas, tratou de esclarecer que também não tem débitos em atraso com o Independência. Ele figurava na lista como o segundo maior credor com R$ 1,9 bilhão em débito. Roberto Moreno, diretor financeiro do Sonda, afirma que compra por volta de R$ 9 milhões por mês do Independência e nega que a varejista tenha dívidas com o frigorífico. Moreno relatou que enfrentou algumas dificuldades para receber entregas do Independência, que chegou a não ter alguns produtos para entrega.

O diretor de Relações com Investidores do Independência, Tobias Bremer, tentou esclarecer ontem que os dados do relatório são uma fotografia de 27 de fevereiro, portanto, não são atuais. "Além disso, é normal no dia-a-dia com esses grandes clientes que haja atraso no pagamento", acrescenta Bremer. Apesar de o relatório estar no site da empresa, ele reforçou que a divulgação foi para os credores, e não para o público em geral. "Detalhamos ali a nossa situação de contas a receber. Dada a nossa situação, temos que ser muito transparentes. Os credores têm que estar informados da nossa posição de liquidez. Trata-se de uma informação relevante", argumentou o Bremer.

 

Fonte: Gazeta Mercantil

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Gazeta Mercantil

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