Cooperativas começam a surgir para obter melhores preços pela arroba bovina

Publicado em 04/11/2010 06:51
Um grupo de 20 pecuaristas da região de Campo Grande (MS) se uniu para formar uma cooperativa e vender carne diretamente para o varejo. O objetivo da iniciativa é agregar valor ao produto e diminuir a dependência dos produtores em relação à indústria frigorífica. Atualmente, segundo a Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o Estado possui 36 indústrias "sifadas" – que possuem o Selo de Inspeção Federal (SIF) –, mas 15 não estão operando. A capacidade de abate do Estado é de 18 mil cabeças de gado por dia e Campo Grande concentra metade dessa capacidade.

Conforme estimativas do Sindicato Rural de Campo Grande, a margem bruta de lucro da indústria chega a 20% e a do varejo, a 120%.

Varejo – A cooperativa deve começar a operar no início de 2011. No início deve começar com 4 a 5 mil animais e cada cooperado deverá fornecer pelo menos 200 cabeças de gado por ano, em entregas com intervalo máximo de 70 dias. A ideia é que cada produtor se comprometa a fazer pelo menos cinco vendas ao ano.

O abate dos animais será feito por um frigorífico prestador de serviço – que será pago com dinheiro da cooperativa – e a carne será vendida para varejistas e abastecerá casas de carne próprias. Geralmente a venda de animais diretamente para a indústria deixa o produtor muito vulnerável.

Outros estados - Embora tenha foco diferente do da cooperativa de Campo Grande, o grupo Conexão Delta G, de Araçatuba (SP), fomenta, por meio da troca de melhoramento genético, a cadeia produtiva. Fundada em 1986, a Delta G reúne 38 pecuaristas de todo o País e plantel de 500 mil animais. O trabalho feito pelo grupo também atrai o interesse de frigoríficos que querem animais padronizados e de qualidade diferenciada.

Com experiência no ramo de cooperativismo pecuário, o criador Euvaldo Foroni presidiu a Cooperativa Rondoniense de Carne Ltda. (Cooperocarne), que não opera mais desde 2008. A cooperativa foi fundada em 2003, em Pimenta Bueno (RO). Tinha frigorífico próprio – a capacidade de abate era de 700 animais/dia –, 540 cooperados e plantel de 500 mil animais. A decisão de formá-la foi dos criadores. "No Estado havia necessidade de abater 1,8 milhão de animais/ano, mas a capacidade de abate instalada era de 1,3 milhão de cabeças. Dois frigoríficos abatiam 80% do rebanho e o criador recebia até 20% menos do que em Mato Grosso. Havia muita defasagem de preços."

Com a fundação da Cooperocarne, a capacidade de abate do Estado aumentou, mas outras indústrias também investiram em novas plantas. "Faltou espírito cooperativista. O pecuarista tem de aprender a pensar a longo prazo e que é melhor deixar de ganhar mais sozinho e enfrentar dificuldades futuras em grupo." Hoje, 50% da capacidade de abate do Estado concentra-se nas mãos de um grande grupo.

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Fonte:
Capital News

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