O PT de volta à sua real natureza; Ou: O partido voltará à agitação

Publicado em 01/05/2011 15:04
Do blog de Reinaldo Azevedo (veja.com.br)

O PT de volta à sua real natureza; Ou: O partido voltará à agitação

O PT está, mais do que nunca nos últimos oito anos, de volta à sua real natureza. É um simbolismo importante, sem deixar de ser uma coincidência, que Delúbio Soares, o operador de José Dirceu nas falcatruas do mensalão, retorne no momento em que Rui Falcão assume a presidência do partido. Cumpre notar que o candidato de Lula e da presidente Dilma era o senador Humberto Costa (PE). Falcão, embora negue, é o nome escolhido por José Dirceu e por fatia expressiva da máquina petista no esforço de exacerbar a “petização” do governo. No dia 13 de setembro do ano passado, numa palestra a sindicalistas baianos (íntegraaqui), Dirceu deixou muito claro:

A eleição da Dilma é mais importante do que a eleição do Lula, porque é a eleição do projeto político, porque a Dilma nos representa. A Dilma não era uma liderança que tinha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no país, como o Lula (…) Então, ela é a expressão do projeto político, da liderança do Lula e do nosso acúmulo desses 30 anos, porque nós acumulamos, nós demos continuidade ao movimento social.”

Antes que avance um pouquinho, uma consideração quase à margem: Falcão reforça a hegemonia do PT de São Paulo no governo federal, onde já tem uma presença esmagadora. Mais um sinal está sendo emitido para que o PSDB no Estado se organize contra os adversários, não contra os aliados. Sigamos.

Dilma e Lula queriam Humberto Costa porque sabem que este não tem uma agenda particular dentro do partido hegemônico, que é o caso de Falcão-Dirceu. Mas o ex-ministro se movimentou com mais rapidez. E se explica o comportamento de Marta Suplicy para se apresentar como a patronesse do reingresso de Delúbio Soares no partido, coisa com a qual Lula concordava, claro!, mas também questão de honra para Dirceu. Falcão é aliado político da senadora, de quem já foi secretário — e ela quer se candidatar à Prefeitura.

Delúbio está de volta com o “sim” não de meros 50% do Diretório Nacional, o que já lhe teria bastado. Ele contou com 60 dos 77 votos — 78% de aprovação! Uma vitória consagradora. O PT que chegou ao poder em 2003 está “re-unido”. Mas atenção! Falcão podia não ser o candidato in pectore de Lula e Dilma, mas também não é ninguém que constranja. Eles se entendem.

O fato é que a presidente inicialmente saudada como “a diferente” está presa a uma teia que a torna, segundo a predição de Dirceu, mais dependente do petismo do que Lula — até porque este é insubordinável. Como lembrou naquela palestra a sindicalistas o “chefe de quadrilha” (segundo a Procuradoria Geral da República), Dilma “não era uma liderança que tinha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no país, como o Lula (…). Então, ela é a expressão do projeto político (…)”

O governo Dilma, de fato, é mais “petizado” do que o governo Lula, e a presidente tem menos poder para se impor ao partido do que o antecessor, que sempre foi muito maior do que a legenda — na prática, faz o que bem entende. Afinal, Dilma “não era uma liderança…” A assunção de Falcão dilui certas ilusões de que a presidente pudesse ensaiar vôos próprios ou buscasse consolidar uma imagem acima dos interesses partidários. Isso não vai acontecer — ainda que ela quisesse. Tendo a achar que ela não pode querer o que sabe não poder. Setores da imprensa até investem nessa fantasia, mas é inútil.

A rigor, as “novidades” de Dilma se resumem a um acento diferenciado na política externa — mas ainda é cedo para dizer — e ao congelamento do projeto de controle da “mídia”. Vamos ver agora com a ascensão de Falcão, um petista do “núcleo duro do dirceuzismo”. Na economia, o Banco Central se esforçou para parecer que tem mais coração e só conseguiu, até agora, lançar suspeitas adicionais sobre o cérebro de Guido Mantega. A saudada —  em algumas áreas — inflexão da política monetária, se me permitem a graça, já “inflexionou” outra vez.

Essas coisas à parte — e não chegam a caracterizar mudança de rumo, certo? —, Dilma segue o modelo herdado, só que com menos dinheiro, já que Lula enfiou o pé na jaca, muito especialmente para eleger a sua candidata. A tendência, por exemplo, de agigantar o estado, sob severo controle do petismo, persiste — e com requintes. Até agora, estou um tanto abismado com o fato de que ninguém tenha se espantado com a “reforma” dos estatutos dos Correios. A empresa, a rigor, pode se dedicar a qualquer atividade que lhe dê na telha — avião, celular, trem-bala… Tornou-se pau para toda obra, instrumento para qualquer maluquice a que o governo decida se dedicar. Isso, convenham, não corrige características deletérias do entendimento que o PT tem sobre o estado; a ocontrário: exacerba-as.

A ascensão de Falcão, no momento em que volta Delúbio, também enfraquece aquela Dilma que quase levou Elio Gaspari a lhe dedicar um poema épico: algo como a “gerente da fazeção”, que entra cedo, trabalha, encerra o expediente, com tudo em paz. Acho que vem uma nova fase por aí. No seu discurso de posse, o novo presidente do PT deixou claro que é preciso defender a “hegemonia cultural e política do PT”.

Haverá mais proselitismo, que será exacerbado com as dificuldades, especialmente as da economia. Petistas têm o hábito saudável — para eles — de se unir nas crises. É um bicho um pouco diferente de tucanos, capazes de criar uma crise só para deixar claras as suas diferenças…

Por Reinaldo Azevedo

Algumas idéias são estúpidas pela própria natureza — bem, leitor amigo, não é que elas sejam estúpidas só porque eu não gosto delas; é que seriam contraproducentes segundo os propósitos anunciados. É o caso da fusão PSDB-DEM, por exemplo. Vamos pensar: se esses partidos conseguirem produzir um consenso sobre determinados temas, terão o número de parlamentares que resultar da soma das bancadas, certo? Caso se fundissem e não perdessem parlamentares no processo, o número seria o mesmo. Fundir pra quê?

Um dos problemas do tucanato é excesso de cacique. Aí alguém teve uma idéia numinosa (com “n” mesmo…): “Por que não trazer mais caciques?” E com certo agravante: no caso do atual DEM, sobram caciques, e faltam eleitores. Em alguns estados, a convivência seria simplesmente impossível. Resultado: como já adverti aqui, deputados e senadores mudariam de partido alegando descaracterização da legenda pela qual se elegeram. Trata-se de uma bobagem.

Ontem, alguns tucanos e alguns democratas resolveram ter mais uma idéia luminosa (esta com “l”): tornar compulsória a aliança entre os dois partidos. Huuummm… Muito bom! Só se torna formalmente compulsório o que correria o risco de não acontecer naturalmente. O folguedo consistiria no seguinte: onde o DEM for mais viável, o PSDB apóia e vice-versa. Mas e se as legendas, localmente, não se entenderem? Bem, aí suponho que será preciso haver uma intervenção, o que, de novo, abre uma porta para que os descontentes ou prejudicados mudem de legenda alegando que estão sendo obrigados a fazer algo contrário à sua consciência.

A aliança compulsória fabricaria o consenso… compulsório! Como um consenso existe ou não existe, a coisa mais fácil do mundo é eventualmente engolir a imposição e simplesmente não fazer campanha — ou cristianizar o candidato imposto. Discussões como essa explicam, entre muitos outros fatores, a penúria das oposições.

Convenham: com sacadas geniais como essas, Gilberto Kassab e outras lideranças empenhadas em criar o PSD — ou que nome tenha — nem precisam fazer muito esforço. Bastaria ficar parado, no meio do campo, com a mão na cintura. A coisa parece funcionar mais ou menos assim: “Nós nos reservamos o direito de fazer todas as tolices e depois buscamos os culpados de sempre”.

Os deuses primeiro tiram o juízo daqueles a quem querem destruir. O juízo do DEM já foi faz tempo. O PSDB agora desocobriu o rumo do abismo e segue adiante tocando lira. Chegando à beira, vamos ver se, corajosamente, dará mais um passo…

Por Reinaldo Azevedo

Há coisas que são de uma triste obviedade. Ontem, duas notas no Twitter de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), fizeram certo barulho, a saber:
A primeira
“O presidente do PSDB emerge de um longo mutismo com disposição de combate. Contra o PT? Não. Contra um aliado: Gilberto Kassab”.
 
A segunda
“E isso no dia em que PT estende tapete vermelho para Delúbio [Soares]“.

A nota de Sérgio Guerra não foi infeliz só por isso. Ele também resolveu fazer uma “defesa” do governo Geraldo Alckmin como se, por alguma razão, este estivesse fragilizado. Jogou nas costas do partido, em São Paulo, um problema que é nacional. Um completo disparate. O governo tem virtudes das quais deveria se orgulhar como senhor de si, não como vítima que estivesse precisando de amparo.

Quanto às notas de Aloysio, acho que ele vocalizou o óbvio, não? Na sexta-feira, às17h32, publiquei aqui o seguinte post:

Delúbio Soares está de volta ao PT. Até o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), se mostra um tanto constrangido. Em público ao menos.
Os comandantes das oposições ignoram o assunto porque estão ocupados em se destruir.

A equipe econômica dá claros sinais de que não tem resposta satisfatória - nem mesmo um diagnóstico - para a equação “inflação-câmbio-juros”.
Os comandantes das oposições ignoram o assunto porque estão ocupados em se destruir.

Os gargalos na infra-estrutura são evidentes, como demonstram os aeroportos.
Os comandantes das oposições ignoram o assunto porque estão ocupados em se destruir.

Bastaram quatro meses de governo para que se percebesse que o megaplano de Dilma para a segurança pública não passava de delírio e cascata.
Os comandantes das oposições ignoram o assunto porque estão ocupados em se destruir.

As demais obras de infra-estrutura para a Copa do Mundo estão atrasadas, e a respostas do governo é pregar o desrespeito à lei em nome da eficiência.
Os comandantes das oposições ignoram o assunto porque estão ocupados em se destruir.

A inflação, aquela que se percebe nos supermercados, começa a fazer parte do cotidiano dos brasileiros.
Os comandantes das oposições ignoram o assunto porque estão ocupados em se destruir.

Querem saber de uma coisa? Ao se ocupar mais de suas dissensões internas do que em dar combate ao governo, cobrando-lhe coerência e eficiência, as oposições desrespeitam o voto dos eleitores, que a nomearam fiscal do governo federal. No que diz respeito ao futuro, pergunta-se: por que essa gente se organiza para voltar ao poder? Lula disse que oposição é como carrapicho: cresce sozinho… Digamos que a oposição é o carrapicho da oposição.

Por Reinaldo Azevedo

É inútil me pedir para apoiar uma estupidez, ainda que dirigida contra gente como Muamar Kadafi. Leiam o que segue. Volto em seguida.

Ataque mata filho e três netos de Kadafi

No Estadão Online, com AP, AFP e Efe:
O ditador líbio, Muamar Kadafi, sobreviveu ontem a um ataque aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que matou seu filho e três de seus netos, segundo Musa Ibrahim, porta-voz do regime da Líbia. A residência de Saif al-Arab Kadafi, sexto filho do líder e figura discreta no regime de Trípoli, foi alvo de pelo menos três bombas disparadas pela aviação da Otan, informaram jornalistas ocidentais que tiveram acesso ao local.

“A casa do senhor Saif al-Arab Kadafi foi atacada com todo poder essa noite (ontem). O líder e sua mulher estavam na residência, juntamente com amigos e parentes”, disse Ibrahim. Segundo ele, porém, Kadafi e sua mulher “passam bem”. Localizada em um bairro residencial de Trípoli, a casa térrea do filho do ditador foi quase toda reduzida a ruínas. O teto e parte da estrutura da residência cederam e uma camada de pó marrom cobria o que havia sobrado da construção.

“Foi uma tentativa direta de assassiná-lo”, disse o porta-voz de Trípoli, referindo-se a Kadafi. O líder líbio - no poder há 42 anos - tem aparecido esporadicamente em público, geralmente cercado por forte segurança e por supostos partidários de seu governo.

O porta-voz do governo da Líbia afirmou que o ataque era um “crime de guerra” cometido pelas forças aliadas. “Pedimos ao mundo que veja isso com cuidado, pois o que temos agora é a lei da selva”, afirmou Ibrahim. “Como isso (o ataque) ajuda a proteger civis”, questionou, referindo-se ao argumento usado pelo Conselho de Segurança da ONU para justificar a intervenção na Líbia. “O senhor al-Arab era um civil, um estudante. Ele estava brincando e conversando com seu pai, sua mãe e sobrinhos quando foi assassinado por um crime que nunca cometeu.”

Arab, que teria morrido na hora do ataque, tinha 29 anos e viveu anos na Alemanha como estudante. Ele chegou a ser investigado por Berlim em uma acusação de contrabando de armas, mas não foi condenado. Os dois filhos mais conhecidos de Kadafi são Saif al-Islam, que era considerado o “herdeiro natural” do regime, e Hannibal, que comanda a unidade de elite de Trípoli. Arab era o mais novo e discreto dos irmãos e não tinha papel central no governo do pai.

Pouco antes do ataque aéreo, Kadafi havia oferecido um cessar-fogo e um diálogo direto com a França e os EUA. A proposta foi recusada pela Otan - da qual fazem parte os dois países - e pelos rebeldes líbios, que exigem a rendição incondicional do ditador. Após o anúncio feito pelo governo, rebeldes de Benghazi celebraram com tiros a morte do filho de Kadafi.

Voltei
Muita gente já morreu na Líbia dos dois lados. É o caso de se espantar com o ocorrido? É o caso de apontar a desordem que está em curso. Só o mais descarado cinismo poderia dizer que um ataque dessa natureza está abrigado pela resolução da ONU. O que se viu ontem foi uma tentativa de assassinar Kadafi — muitos podem até achar justo, mas as Nações Unidas não deram esse mandato a ninguém. A resolução nem mesmo afirma que o objetivo da missão é depor o ditador.

Sem conseguir vencer Kadafi, restou tentar matá-lo. É triste que a indagação de Musa Ibrahim faça sentido e que as explicações da Otan não façam? É! Não se pode dizer que o Ocidente viva um momento especialmente feliz. O que se viu ontem foi um ato de guerra, não uma ação destinada a proteger civis.

Os “rebeldes” comemoraram a morte de Saif al-Arab Kadafi e de três crianças. É um sinal do que será a Líbia quando os humanistas de Obama, Sarkozy e Cameron mandarem no pedaço. Pois é… Sou assim: acho que as impotências ocidentais têm de respeitar a resolução da ONU.

Afinal, o Jabor sempre achou que Obama é muito mais humano do que George W. Bush, né? A propósito: na guerra do Iraque, não havia, ao menos, resolução a jogar no lixo…

Por Reinaldo Azevedo

Por Tânia Monteiro,  no Estadão:
A Engenharia do Exército está com sua capacidade de emprego no limite e a Força não tem mais condições de atender a qualquer novo pedido de ajuda do Palácio do Planalto. A “empreiteira” Exército atende preferencialmente a projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e trabalha hoje nas obras de sete aeroportos, três rodovias e na transposição do Rio São Francisco, não tendo mais como ajudar na infraestrutura dos estádios da Copa.

“Toda a nossa capacidade operativa está completamente empenhada”, disse ao Estado o chefe interino do Departamento de Engenharia e Construção do Exército, general Joaquim Brandão. “Não tenho reserva”, completou, sobre a falta de pessoal e equipamentos. Segundo o general, “se houver alguma emergência ou urgência”, o Exército terá de “parar alguma obra para atender à necessidade premente”.

Os 12 batalhões de Engenharia e Construção e os 12 batalhões de Engenharia de Combate estão envolvidos em 40 projetos, o que dá um total de 50 obras espalhadas pelo Brasil. No total, a engenharia do Exército conta 10 mil homens - 750 permanentemente envolvidos com a missão brasileira no Haiti.

Por causa das atuais limitações, o Exército não pode atender o pedido do Planalto e do governo do Espírito Santo para que a Força se envolvesse com a construção do terminal do aeroporto de Vitória. Há duas semanas, o então presidente em exercício Michel Temer - a presidente Dilma Rousseff estava na China -, chamou o general Brandão a seu gabinete para conversar com o governador capixaba, Renato Casagrande (PSB), e a bancada de parlamentares do Estado. Eles pediram que o Exército assumisse e executasse a obra.

Habituados a usar o Exército como “pau pra toda obra”, o vice-presidente, o governador e a bancada do Espírito Santo ouviram o general dizer que não tinha como atendê-los. Ele lembrou que o Exército finaliza os projetos de pátio, pista e acesso do aeroporto de Vitória, mas não tem pessoal disponível, até dezembro, para trabalhos extras.

“Podemos entrar com a fiscalização, mas isso não adiantaria o processo em quatro meses, como gostariam os representantes do Espírito Santo”, comentou.

Apesar da capacidade esgotada, a Força não pretende aumentar o corpo de oficiais da Arma da Engenharia - o número de militares que trabalham nessa área “está dimensionado para o que o Exército precisa”, diz o general.

O Exército faz as obras, executa um trabalho de adestramento do seu pessoal para as emergências e ainda prepara jovens que estão prestando o serviço militar para trabalhar na construção civil, quando deixarem a tropa.

“Fazendo esse trabalho social, a empresa privada já recebe esse homens prontos”, disse o general, acrescentando que 50% das obras que o Exército está executando são do Programa de Aceleração Econômica (PAC).

Segundo o general, entre as 50 obras em andamento, algumas são de difícil execução.

“Se recebemos uma missão, vamos executá-la. Sabemos que obras mais difíceis e mais complexas são entregues à Força. Aceitamos e não discutimos. Apenas executamos”, disse, lembrando que as decisões do governo são “uma missão”.

Mais barato. O general evita comparar o custo das obras feitas pela corporação com as tocadas pela iniciativa privada, mas diz que os dois grupos trabalham lado a lado no País. O governo, no entanto, sempre que enfrenta problema de superfaturamento de obras chama o Exército para baixar custos, sob a alegação de que, quando isso ocorre, os preços ficam pelo menos 30% mais baratas que o original. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Dilma retalia OEA por Belo Monte e suspende recursos

Pois é… Esses petistas são mesmos de amargar. Em dezembro do ano passado, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o estado brasileiro pelos “graves crimes” cometidos pelo regime militar e declarou sem efeitos jurídicos a Lei de Anistia  — como se ela pudesse fazer isso… Alguns chefões petistas adoraram, a começar de Paulo Vannuchi, então ministro dos Direitos Humanos. Houve até quem dissesse que o STF era obrigado a se subordinar ao juízo da tal corte. Bobagem. O governo brasileiro não chiou.. Pois bem. Leiam agora o que vai na Folha Online. Volto em seguida:

O governo brasileiro decidiu jogar duro com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos): deixará o órgão a partir de 2012 e suspendeu, por ordem presidente Dilma Rousseff, o repasse de verba à entidade previsto para este ano, de US$ 800 mil. A reação do Brasil veio após a comissão pedir, em abril, a interrupção das obras de Belo Monte. O órgão alegou irregularidades no processo de licenciamento ambiental da hidrelétrica de Belo Monte, atendendo a uma medida cautelar de entidades indígenas que questionaram o empreendimento. Como reação à época, a diplomacia brasileira usou termos fortes e pouco usuais. Chamou a decisão de “precipitada e injustificável” e alegou não ter tido tempo suficiente para se defender.

Irritada com o que considerou interferência indevida, Dilma quis mostrar um posicionamento ainda mais duro: convocou de volta ao país o representante do Brasil na OEA, embaixador Ruy Casaes. Ele, até agora, ainda não recebeu autorização para retomar seu posto em Washington, tampouco sabe quando o terá. A comissão integra o sistema interamericano de direitos humanos nas Américas. Embora ligada à OEA, é um órgão formalmente independente; não representa países, embora a indicação venha deles. Seus sete membros, entre eles o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, são eleitos por assembleia-geral. O Brasil havia apresentado o nome de Paulo Vanucchi, ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos no governo Lula, para substituir Pinheiro a partir de janeiro de 2012. A indicação, porém, acabou suspensa em caráter irrevogável.

A relação pode piorar ainda mais. Isso porque a comissão passou a analisar uma nova reclamação de ONGs, que contestam obras no Rio para a Copa-2014 e Olimpíada-2016, eventos caros a Dilma. Quando soube do novo processo, Dilma mandou um recado às lideranças do órgão: se isso for levado adiante, levará o caso à própria OEA, dando contornos de crise real ao caso. Aqui

Voltei
Tem lá a sua graça, certo? Não que eu considere grande coisa a tal comissão. De jeito nenhum! Posso até achar que Belo Monte, na forma como saiu, é um “belo monte” do petismo, mas me parece óbvio que a tal comissão está se metendo de forma indevida num assunto interno.

O meu ponto é outro: é irônico que Vannuchi, o petista mais entusiasmados para rever a Lei da Anistia e defensor entusiasmado da Corte Interamericana, tenha perdido a boquinha na Comissão Interamericana porque o Brasil não gostou da decisão da dita-cuja. E é um não-gostar, como se nota, bastante duro, ameaçando até com rompimento.

Quanto petista concorda com a decisão de um organismo internacional de direitos humanos, transforma a sua decisão em algo sagrado. Quando não gosta, busca formas de retaliação.

Por Reinaldo Azevedo

Já que a oposição prefere se estapear a trabalhar, a própria Dilma fala sobre a inflação na TV…

Vejam como o Brasil é um país realmente excepcional. No dia em que Sérgio Guerra, presidente do PSDB, o maior partido de oposição, emite uma nota cujo efeito prático pode ser acirrar os conflitos na própria oposição, a presidente Dilma Rousseff vai à TV, reconhece que a inflação é um problema e, como não poderia deixar de ser, convocou os brasileiros para uma batalha e coisa e tal. Eu não disse? Dilma até dá uma forcinha aos oposicionistas… Eles é que não se ajudam. Leiam o que informam Leonencio Nossa e Rafael Moraes Moura, da Agência Estado.

Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na noite desta sexta-feira, 29, às vésperas do 1º de Maio, a presidente Dilma Rousseff anunciou o lançamento do programa Brasil Sem Miséria e defendeu “jogo duro” contra a inflação. Numa fala de nove minutos e quarenta e cinco segundos, ela ressaltou que distribuição de renda, crescimento e combate à inflação e à miséria são “políticas permanentes” e que respeito à democracia e aos direitos humanos são “compromissos sagrados”.

A presidente citou quatro vezes o problema da inflação, destacando a importância de garantir o poder de compra do salário. “Garantir o poder de compra do salário significa jogar duro contra a inflação”, afirmou. “Esse é um dos fundamentos da nossa política econômica e dele jamais abriremos mão. Estamos, por exemplo, melhorando a qualidade do gasto público, com o desafio de fazer mais e melhor com menos recursos”.

Dilma disse que o País reagiu bem à crise financeira de 2008 e está preparado para “enfrentar as pressões inflacionárias que rondam, no momento, a economia mundial”. “Nada vai conseguir deter a marcha harmônica do Brasil para o futuro”, enfatizou. Ela disse que não haverá interrupção nos canteiros de obras dos principais programas de infraestrutura do governo - Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e Minha Casa, Minha Vida.

No pronunciamento, Dilma “convocou” os brasileiros para vencer “a batalha contra a miséria”. “Essa é uma grande bandeira do meu governo”, afirmou. “Nas próximas semanas, daremos um passo importante para concretizá-la com o lançamento do programa Brasil Sem Miséria. Ele vai articular e integrar novos e antigos programas sociais, ampliar recursos e oportunidades e, muito especialmente, mobilizar todos os setores da sociedade para a luta decisiva de acabar com a pobreza extrema em nosso país”.

Por Reinaldo Azevedo

Mantega pode não saber o que fazer, mas sabe a quem culpar

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pode não saber direito o que fazer com a economia, mas ele já encontrou a quem culpar. Leiam o que disse na reunião do Diretório Nacional do PT:

“Estarei sempre à disposição do partido para vir aqui dar esclarecimentos e explicar melhor o que estamos fazendo no governo para estarmos mais sintonizados. Para explicar a política econômica porque, às vezes, ela acaba sendo distorcida pela imprensa”.

Entenderam?

Por Reinaldo Azevedo.

Atraso injustificado

Tempo perdido - Saguão insuportavelmente lotado no aeroporto de Cumbica: a solução era óbvia, mas o governo demorou a agir

O governo anunciou com toda a pompa a concessão de aeroportos como forma de rebater as críticas recebidas. Mas é tentativa vã lutar contra os fatos: o Executivo sentou em cima da solução. Em outubro de 2008, uma resolução do Conselho Nacional de Desestatização assinada por Miguel Jorge recomendou a Lula a desestatização dos aeroportos do Galeão e de Viracopos. Outra resolução cravava que a iniciativa privada construísse um terceiro aeroporto na região metropolitana de São Paulo. Justamente o que se fará agora. Mas o lobby da CUT, dos funcionários da Infraero e a demagogia eleitoreira barraram as propostas, que eram defendidas por Dilma Rousseff.

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Por Lauro Jardim

A maquinista do trem-fantasma também pilota um avião invisível que voa sem sair do solo

“Eu cumpro meus compromissos”, repetiu a presidente Dilma Rousseff na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Cumpre nada, reitera o vídeo de cinco minutos e meio gravado em 18 de outubro de 2010 e reproduzido na seção O País quer Saber. Embalada pela campanha eleitoral, a candidata promete garantir a segurança nas fronteiras com os sobrevoos de um Vant (Veículo Aéreo Não-Tripulado) e a mobilização de uma Polícia Federal de Primeiro Mundo. Nesta semana, constatou-se que os dois deslumbramentos só existem no Brasil Maravilha registrado em cartório.

No mundo real, a Polícia Federal foi empurrada para longe das fronteiras pelo corte de R$1,5 bilhão no orçamento anual do Ministério da Justiça. Com o sumiço do dinheiro, ficaram para quando Deus quiser a ampliação dos efetivos da Polícia Federal e a fiscalização das rotas do narcotráfico e do contrabando de armas. E o Vant só decolou na imaginação de Dilma Rousseff. Continua em terra por falta de combustível, revelou nesta quarta-feira a Folha de S. Paulo.

Até que a PF consiga alguém disposto a fornecer 12 mil litros de gasolina de aviação por ano, a bandidagem estará livre desse espião eletrônico que, guiado por controle remoto, dispensa pilotos e consegue, a 5 mil metros de altitude, fotografar a placa de um carro em alta definição. O lote de 15 Vants e quatro estações de controle, comprado por R$ 540 milhões de um fabricante israelense, chegará em fatias até 2015. Por enquanto, só chegou o aparelho que segue estacionado num galpão do aeródromo de São Miguel do Iguaçu, a 40 quilômetros de Foz do Iguaçu.

Em fevereiro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pousou na região para anunciar que a decolagem inaugural ocorreria em março. De volta a Foz do Iguaçu nesta semana, preferiu conversar sobre a importância da integração dos mecanismos de combate aos narcotraficantes e aos comerciantes de armas. Nada sobre as verbas que sumiram. Nem sobre o colosso tecnológico.

Quem conhece Dilma Rousseff não tem o direito de surpreender-se. Em vez de honrar compromissos, ela prefere fingir que o imaginário existe. No momento, brinca de maquinista de trem-fantasma e, simultaneamente, flutua sobre as nuvens na cabine de um avião invisível.

29/04/2011

 às 17:22 \ Direto ao Ponto

A filha de Jorge Amado revela o que fez Requião no aeroporto em Paris

Dispensando-se do desconforto de citar-lhe o nome, Paloma Jorge Amado revelou nesta quinta-feira, em seu Facebook, outro episódio de boçalidade explícita protagonizado por Roberto Requião. Vejam na seção História em Imagens o relato da filha de Jorge Amado e Zélia Gattai. E conheçam mais uma do senador que conseguiu tornar um pouco pior a Casa do Espanto.

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28/04/2011

 às 21:54 \ Direto ao Ponto

O desabamento do túnel avisa que a transposição das águas do São Francisco pode demorar mais 150 anos

“O Brasil teve que esperar mais de 150 anos para que um presidente cumprisse a promessa que Dom Pedro II fez”, começou a gabar-se o presidente Lula já em 2003, quando comunicou à nação que resolveria o problema das secas no Nordeste com a transposição das águas do Rio São Francisco. Em 14 de dezembro de 2010, o palanque ambulante visitou São José de Piranhas para festejar o ritmo das obras do túnel Cuncas I, com 15 quilômetros de extensão, que liga essa cidade paraibana a Mauriti, no Ceará.

“Cada vez que vocês olharem esse canal”, cumprimentou-se no comício, “vocês irão lembrar que em 1847 Dom Pedro tentou fazer esse canal, ele era imperador do Brasil e não deixaram ele fazer”. Para que não restassem dúvidas, marcou data para a consumação de mais um milagre operado pelo PAC: “Estou percebendo que a obra vai ser inaugurada definitivamente em 2012. A não ser que aconteça um dilúvio, qualquer coisa”.

Não houve nenhum dilúvio, nem se sabe o que aconteceu, mas é melhor esperar sentado, acaba de avisar o desabamento parcial da maravilha sertaneja celebrada por Lula. Ocorrido no dia 21, quinta-feira passada, o acidente no Cuncas I acaba de ser revelado pelo site do Estadão. Forçado a comentar o que tentou esconder durante uma semana, com a cumplicidade das empreiteiras premiadas nas licitações, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, encarregou a assessoria de imprensa de explicar o que houve.

Segundo a nota divulgada nesta quinta-feira, a causa do deslizamento de terra na entrada do túnel foi “a consistência não uniforme do solo encontrado naquele ponto”. Tão clara quanto uma discurseira de Dilma Rousseff, tão verdadeira quanto uma promessa de Lula, a justificativa só reforça a suspeita de que, caso as obras obedeçam ao padrão PAC de eficiência e agilidade, as águas do São Francisco continuarão onde estão por mais 150 anos.

(por Augusto Nunes)

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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