Pecuaristas querem livre comércio de boi com Bolívia

Publicado em 30/09/2011 07:59
Gado vizinho é considerado de boa genética e custa até 30% menos.
Pecuaristas localizados em municípios mato-grossenses que fazem fronteira com a Bolívia querem que o governo federal amplie relações com o país vizinho para que o trânsito de boi em pé, o boi vivo, seja legalizado na região. Pelo menos quatro cidades do Estado recebem influência direta do vizinho andino, como Cáceres, Comodoro, Vila Bela da Santíssima Trindade e Pontes e Lacerda. Juntos, as cidades formam um rebanho estimado em 2,47 milhões de cabeças, quase 10% do total estadual de 28 milhões de animais.

Como explica o presidente do Sindicato Rural de Cáceres (225 quilômetros ao oeste de Cuiabá), Márcio Lacerda, o trânsito, o comércio de compra e venda de bovinos existe, e o que se quer, além de regularizar a situação, é permitir que os pecuaristas localizados nesta faixa de fronteira seca entre Mato Grosso e Bolívia, possam comprar animais tidos como de “qualidade” e a preços que chegam a ser até 30% abaixo do que pagariam em transações dentro do Estado. “O comércio existe, mesmo na base da clandestinidade, do contrabando, e isso sim é arriscado para sanidade do Estado e do Brasil”, argumenta.

Como ele explica, a região conhecida como “Chiquitânia”, dentro do território boliviano tem o reconhecimento de status livre de febre aftosa com vacinação, o mesmo que Mato Grosso detém. “Atualmente, a importação de couro é permitida e se houve a evolução do status para essa região, temos de ter a liberdade de comprar animais mais baratos como também, de fugir da crise frigorífica que fechou inúmeras plantas e deixou muitos de nós sem alternativa para abater os animais”, completa. Lacerda diz que na cidade de San Ignácio há frigorífico para abater o boi mato-grossense. “Além disso, os animais nesta região boliviana têm genética e as pastagens são muito boas”.

Questionado sobre o esforço para legalizar o comércio, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Rui Ottoni Prado, que também é presidente do Fundo Emergencial de Saúde Animal (Fesa), destaca que essa ação é de nação para nação, ou seja, “governo brasileiro com governo boliviano”. Mesmo assim, ele se mostra preocupado com a liberação por considerar a sanidade boliviana “temerária”. Anualmente, o Fesa doa 50 mil doses de vacina contra febre para pecuaristas bolivianos o que garante cobertura vacinal num raio de 15 quilômetros fronteira adentro. “Existe o risco já que não há uma certificação, um controle de vacinação com é feito aqui no Estado, por exemplo, pelo Indea”, aponta o superintende federal do Ministério da Agricultura em Mato Grosso, Chico Costa.

O presidente do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea/MT), Valney Correa, lembra que as interceptações de cargas com bois vindo da Bolívia acontecem e na última, há cerca de 90 dias, cerca de 20 animais foram sacrificados em um frigorífico de São José dos Quatro Marcos. “Temos atualmente, na faixa de fronteira seca com a Bolívia, 24 horas de vigilância e barreiras móveis”.

Costa frisa que o assunto requer a instauração de um fórum permanente de discussões para se minimizar ao máximo o risco da aftosa, citando o exemplo recente de focos no Paraguai e que estão causando prejuízos a Mato Grosso Sul que faz fronteira com aquele país. “Essa legalização precisa ser levada ao Ministério das Relações Exteriores e ser tratada no mesmo nível dentro da Bolívia, aproveitando o bom relacionamento que há com os mato-grossenses”.

Lacerda frisa que 99% dos pecuaristas da região de fronteira são fiscalizadores e os maiores interessados na manutenção do status sanitário de Mato Grosso. Há mais de 15 anos, nenhum caso da doença foi registrado no rebanho estadual.

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Diário de Cuiabá

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