Governo tem até dia 14 para evitar protesto nacional da cafeicultura

Publicado em 05/11/2013 10:06 e atualizado em 05/11/2013 10:44
Produtores pressionados pelo endividamento e falta de renda aguardam medidas emergenciais, mas iniciam contagem regressiva para uma grande mobilização. Orientação informal é para que produtor deixe de pagar bancos até anúncio do governo.

Reunidos na Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), nesta segunda-feira (04), em Belo Horizonte, os produtores de café e suas lideranças de cooperativas e sindicatos rurais, decidiram aguardar até o próximo dia 14 de novembro pelas medidas emergenciais que deverão ser anunciadas pelo governo federal, para remediar a maior crise que a cafeicultura enfrenta desde o início dos anos 30. Após esta data, e caso as medidas não atendam a reivindicação dos produtores, já está acertado um grande protesto nacional, que será deflagrado já na segunda-feira, 18 de novembro, com o fechamento das portas das agências bancárias nas regiões cafeeiras com tratores e caminhões carregados de café, além de outras medidas, como a entrega de café no armazém da Conab, em Varginha, ao preço mínimo estabelecido pelo governo de R$ 307,00, o que é um direito do produtor previsto em lei. Também está aprovada a realização de uma campanha de mídia, buscando sensibilizar a sociedade para o enorme prejuízo que os cafeicultores estão enfrentando e os sérios reflexos sociais e econômicos que esta situação provoca no meio urbano.
 
Presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), o deputado peemedebista Silas Brasileiro – que integra a base do governo federal, pediu os 10 dias até que o governo possa anunciar as medidas, que são de caráter emergencial, sobretudo visando a prorrogação das dívidas do crédito rural que estão vencendo. “A nossa orientação é para que os produtores não paguem os bancos, vamos esperar mais alguns dias porque serão prorrogadas”, afirmou publicamente. “Se as medidas não atenderem a maior parte dos produtores serei o primeiro a marchar no protesto rumo a Brasília, vamos sim para as ruas, ai não tem mais jeito”, afirmou Silas, perante um plenário lotado de dirigentes de sindicatos que se revezaram ao microfone pregando a imediata paralisação.
 
Bastante incomodado com o imobilismo dos governos frente ao grave quadro da cafeicultuta, o presidente da Associação dos Sindicatos Rurais do Sul de Minas (Assul) e do Sindicato Rural de Varginha, Arnaldo Brottel Reis, enfatiza que é fundamental o setor sensibilizar e ter a seu lado a opinião pública. “O governo demora a tomar as ações, nós estamos insistindo em medidas de apoio ao setor junto às autoridades, para que a situação não chegasse a esse ponto”, diz Bottrel.
 
Todos os presidentes de sindicatos estavam muito focados e acalorados em suas colocações. Um exemplo dessa postura foi do presidente do Sindicato Rural de Jacutinga, Carlos Renó Viana, que pediu claramente “uma data”. “Vamos marcar uma data para uma grande manifestação. Temos que brigar pela dignidade pessoal de cada um de nós, pelas nossas famílias, por nossa sociedade. Vamos deixar a cargo esta organização para a Faemg e CNA, e mostrar às autoridades em Brasília que nossas lideranças e nossos deputados, não estão sozinhos.”Eles estão falando a verdade, o governo tem que entender e respeitar o produtor rural, com café a R$ 230,00 estamos machucados de morte”, disse o dirigente sindical.
 
“O que tem que fazer todo mundo sabe. A questão é outra, o que nos podemos fazer para motivar o governo para atender nossos pleitos no menor espaço de tempo. O setor como um todo, de forma ordenada”, disse o diretor da FAEMG e presidente das comissões de Café da FAEMG e da CNA, Breno Mesquita, que coordenou a reunião, em função de compromissos do presidente Roberto Simões, que abriu o encontro.
 
“Vocês todos tem acompanhado nosso trabalho em relação a este momento difícil. Para que se resolva alguma coisa em Brasília está cada vez mais complicado. Temos que freqüentar 5 ou 6 ministérios, é uma luta e tanto, mas não fugimos, estamos atuantes com nossa equipe, destacou Simões, enfatizando que “o governo, quando finalmente resolve, é tarde. A coisa não cumpre seus efeitos”. O dirigente da Fameg reforçou que esta pedida uma audiência com a presidente Dilma Rousseff, formalizada pelo governador Antonio Anastasia, e esperamos para breve esta agenda.
Falei agora com a senadora Kátia Abreu (presidente da CNA), e há um promessa de que teremos as medidas emergenciais até que possamos discutir uma proposta concreta para o setor.


PACTO DO CAFÉ - Presidente da Cooparaiso e deputado federal, Carlos Melles, foi autor em 2012 do artigo “Por que não reagimos?”, em que relembrava as propostas claras formuladas pelo setor em 2009, após as edições do SOS Café, e estimulava o produtor e a sociedade a exercitar sua capacidade de indignação frente à asfixia vivida pelo setor produtor de café. “Vamos fortalecer as nossas lideranças, vamos sentar à mesa e apresentar nossas propostas, não podemos e não vamos aceitar prato feito”, destacou Melles, ao apresentar o Pacto do Café, movimento iniciado pelo setor produtor que contempla tanto as medidas emergenciais para socorrer o produtor, como também ações de médio e longo prazos para que o café recupere sua renda e tenha sustentabilidade. “Vamos fazer tudo em conjunto, precisamos de um pacto, o mercado vai sentir e reagir positivamente, pagando o preço real do produto”, disse Melles.

O Pacto do Café está coletando adesão de cafeicultores, bastando acessar o site www.pactodocafe.com.br.
 
Os dirigentes de cooperativas de cafeicultores presentes endossaram a proposta de se aguardar o prazo para o anúncio das medidas, mas também afirmaram que as cooperativas em suas áreas de atuação irão oferecer o suporte para que os produtores possam se organizar seu protesto nacional. Estavam presentes o presidente da Cooxupé, Carlos Paulino da Costa, o presidente e o vice-presidente da Cooparaíso, deputado Carlos Melles e José Rogério Lara, o presidente da Minsaul, Osvaldo Henrique Paiva Ribeiro, o presidente da Cocarive, Ralf Junqueira, e o superintendente da Capebe, Vanius Vilela.
 
“Estamos no momento mais difícil que já assisti na cafeicultura, precisamos de muita reflexão, planejamento e união em torno de propostas claras. Vai depender sim de uma mobilização, mas em torno de algo concreto. O que vai resolver no mercado é uma ação concreta, uma posição do governo para retirar café do mercado ou o governo nos dar condições de cobrir o nosso custo e ter renda”, disse o presidente da Minasul.
 
“A Cooparaiso endossa as palavras das cooperativas e dos sindicatos, mas queria reafirmar que temos uma bomba no colo do governo. Vamos para a porta da Conab, em Varginha, e entregar café ao preço mínimo, esse é nosso direito e força uma definição”, pontuou José Rogério Lara.
 
Presidente da Comissão de Agricultura e Agroindustria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o deputado Antonio Carlos Arantes, destacou que Minas e o Brasil estão perdendo bilhões. “Se estivesse político lá em cima que pensasse no café a situação não estaria desse jeito. A base da presidente pode querer acertar, mas está errando, mas é a base dela que levou as propostas. Não ouviram os produtores. Errou feio, mas vai continuar errando?”, perguntou.
 
O secretário de Estado de Agricultura de Minas, Elmiro Nascimento, chegou no final do encontro e reforçou o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo governo do estado em favor do café. “O governador Anastasia esteve com a presidente Dilma, formalizou a preocupação com a crise do setor e aguarda um encontro para breve para discutir especificamente esta situação”, disse.

Veja também  >> Boletim Conjuntural do Mercado de Café

Outubro é marcado por queda acentuada nos preços do arábica e do robusta. Relação de troca entre café e fertilizante aumentou 77% (mais de 4 sacas por tonelada) desde 2011.

 

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Coffee Break

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1 comentário

  • joão leite machado Capitólio - MG

    Eu acho que alem das medidas emergenciais,que o governo prometeu e ainda não cumpriu,o governo precisa de fazer uma política para o café.E o primeiro passo,é parar com os financiamentos para o plantio de café.

    Aqui na região de Capitolio,uma grande exportadora e torrefadora de café,pegou um empréstimo não sei de qual banco,que vai plantar 1 milhão de pés de café por ano,não sei por quanto tempo.Tem muitas empresas que plantam café pra descarregar imposto-Magazine luiza,Organizações Globo,etc,etc,etc-então tem que mudar isto,porque pra este povo pode dar lucro ou

    prejuizo,que pra eles é a mesma coisa.Tem que mudar o jeito de cobrar imposto.

    João Leite.

    Capitolio-MG.

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