Café: Bolsa de Nova York fecha semana acima de US$ 1,50/lb de olho no câmbio e clima no Brasil

Publicado em 27/01/2017 16:04 e atualizado em 27/01/2017 16:57

A semana no mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) foi marcada por altas e baixas. No entanto, no acumulado da semana, o vencimento março/17, referência para os negócios, fechou praticamente estável com leve queda de 0,52%, saindo de 153,20 cents/lb na sexta-feira passada para 152,40 cents/lb na sessão de hoje (27). Os preços externos da variedade oscilaram nos últimos dias acompanhando as informações sobre a safra comercial 2017/18 do Brasil impactada pelo clima, o câmbio – que influencia diretamente nas exportações da commodity –, a retomada dos fundos de investimento e indicadores técnicos.

Nesta sexta-feira, os lotes na ICE com vencimento para março/17 registraram 152,40 cents/lb com 95 pontos de alta, o maio/17 anotou 154,90 cents/lb, também com valorização de 95 pontos. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia cotado a 157,20 cents/lb com avanço de 90 pontos e o setembro/17, mais distante, teve ganhos de 90 pontos a 159,45 cents/lb. Durante a sessão, as cotações oscilaram dos dois lados da tabela mas o câmbio acabou dando suporte ao mercado.

Dando continuidade aos ganhos da semana anterior, as cotações do arábica em Nova York iniciaram essa semana valorizadas e com os vencimentos do fim de 2017 próximos do patamar de US$ 1,60/lb. Os investidores repercutiam as informações de poucas chuvas em áreas do cinturão produtivo do Brasil, o câmbio e indicadores técnicos. No entanto, no decorrer dos dias, o mercado demonstrou fraqueza técnica e o clima também melhorou em importantes áreas produtoras do país. A safra 2017/18 do Brasil tende a ser mais baixa por conta da bienalidade negativa e a preocupação com um desequilíbrio entre oferta e demanda é cada vez mais evidente.

"O mercado está assimilando a safra menor do Brasil, com isso chegou a romper o patamar de US$ 1,50/lb também com o câmbio, depois teve impulso técnico e foi até US$ 1,55/lb, mas recuou um pouco quando o dólar se recuperou no decorrer da semana. Os últimos dias foram basicamente uma consolidação do movimento de alta recente", afirma o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach.

Com a divulgação de dados mais fracos sobre a economia dos Estados Unidos e após duas altas seguidas, o dólar comercial fechou a sessão desta sexta-feira com queda de quase 1 por cento, voltando ao patamar de R$3,15 na venda, menor nível em três meses. Na semana, a divisa acumulou baixa de 0,60%. As oscilações no câmbio impactam diretamente nas exportações da commodity e nos preços externos da variedade. O dólar mais baixo desencoraja os embarques.

"Os futuros ficaram mais baixos quando o dólar norte-americano manteve-se em uma área de suporte e rally. Não havia muita notícia para o mercado digerir, embora a nova administração [presidência dos EUA] pareça estar reticente neste momento em tornar as relações com a América Latina mais fáceis", explicou em relatório na quinta o vice-presidente da Price Futures Group e analista de mercado, Jack Scoville.  "Há relatos de menor oferta do Brasil e de países produtores de robusta no mercado. Os preços de oferta do Vietnã permanecem muito elevados devido aos preços internos extremamente elevados", disse.

A semana começou com bons volumes de chuva nos estados do Paraná e São Paulo, também há previsão de instabilidades em algumas áreas do sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro. Na Bahia, Espírito Santo e leste de Minas Gerais, o tempo ficou seco por alguns dias. Esse fator deu suporte aos preços da commodity por um tempo. No entanto, o clima melhorou em muitas áreas de produção do grão no Brasil. Nos próximos dias, no entanto, o INMET prevê chuva entre 20 e 50 milímetros no nordeste do Paraná, em todo o Estado de São Paulo e algumas em áreas do sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro. Com isso, houve uma pressão nas cotações da ICE na véspera.

Essa condição climática pode aliviar a preocupação dos produtores brasileiros nos últimos dias. "Cafeicultores consultados pelo Cepea seguem preocupados com a temporada 2017/18, apesar da retomada de bons volumes de chuvas nas regiões de arábica. A previsão de safra menor e estoques justos têm limitado o volume de negócios tanto no spot como para entregas futuras, em relação aos anos anteriores", disse o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou na semana passada que a safra desse ano do Brasil deve ficar entre 43,65 e 47,51 milhões de sacas de 60 kg do produto beneficiado, somadas as espécies arábica e conilon (robusta). Os números são do primeiro levantamento da safra atual e representam uma redução entre 15 e 7,5%, quando comparado com a produção de 51,37 milhões de sacas do ciclo anterior.

A valorização nos últimos dias também foi motivada pela retomada dos fundos de investimento no mercado. Depois de diminuírem seus lotes no início de janeiro, os fundos tinha saldo líquido comprado de mais de 18 mil lotes na última terça-feira, segundo mostrou o relatório da CFTC (Comissão de Comércio de Futuros de Commodities). As máximas de quatro anos e meio no mercado do café robusta na Bolsa de Londres nos últimos dias encorajou compras no arábica.

Mercado interno

Os preços do café nas praças de comercialização do Brasil seguiram as movimentações externas e o câmbio. Na maioria das localidades verificadas pelo Notícias Agrícolas os valores de negociação estão acima do patamar de R$ 500,00 a saca. Ainda assim, poucos negócios são registrados. Segundo Barabach, os negócios estão acontecendo mais com os tipos rio e riado de arábica, que estão sendo utilizados pela indústria como substitutivo do robusta.

"Apesar da alta externa, a liquidez segue baixa no mercado interno. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou nessa terça-feira, 24, a R$ 528,04/saca de 60 kg, alta de 1,7% em relação à terça anterior. Quanto ao robusta, as cotações têm registrado quedas consecutivas desde a última quinta-feira", reportou o Cepea nesta quarta.

Seguindo a estratégia de regular o mercado interno em virtude da elevação dos preços do produto, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) retomou os leilões de venda de café arábica nesta semana. Foram arrematadas todas as 95 mil sacas de 60 kg ofertadas aviso nº 023/2017. Os preços iniciais estabelecidos pela Companhia, dependendo do lote, foram de R$ 480,00 e R$ 507,66 a saca, sem ICMS incluso. Com a venda de toda a oferta de café, o governo arrecadou R$ 46,84 milhões.

O tipo cereja descascado anotou maior alta na semana em Poços de Caldas (MG) com avanço de 3,50% (+ R$ 20,00), encerrando a R$ 591,00 a saca. A cidade também obteve o maior valor de negociação dentre as praças no período.

No tipo 4, a maior variação na semana foi registrada em Franca (SP), com valorização de 3,51% (+R$ 20,00) e saca a R$ 590,00. Em Guaxupé (MG) foi registrado o menor valor na semana, com R$ 576,00 e recuo de -1,20% (- R% 7,00).

Para o tipo 6 duro, o maior avanço na semana também ocorreu em Franca (SP) com alta de 3,64% (+R$ 20,00) e saca cotada a R$ 570,00.

Na quinta-feira (26), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 531,80 com queda de 0,29%.

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Tags:
Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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