Conilon: Preço subiu, custo também e foco atual é trabalho de gestão e de recuperação para o produtor

Publicado em 21/02/2022 09:53

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Com a quebra na produção do café arábica, o preço do café tipo conilon também avançou bastante no último ano. No começo de 2021, as negociações giravam em torno de R$ 540,00 e de acordo com o indicador Cepea, na última atualização da semana passada, a saca era negociada por R$ 819,78. 

Um levantamento realizado pela Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São São Gabriel, a Cooabriel, mostrou que, no entanto, o custo de produção, conforme observado durante os últimos 12 meses, confirma a tendência e também subiu expressivamente para esse produtor. O momento, segundo a cooperativa, é de trabalho de gestão para o produtor que precisa focar em acertar as contas e garantir a rentabilidade com os preços mais altos. 

Os dados da Cooabriel, com base nos números do Espírito Santo - estado que tem em média uma produção de 40 sacas por hectare, mostram que o custo de produção saltou de R$ 222,40 por saca na safra 21, para R$ 517,00 no ciclo 22. De acordo com Luiz Carlos Bastianello, presidente da maior cooperativa de café tipo conilon do Brasil, a alta é puxada pelos fertilizantes e insumos agrícolas. 

"Isso é uma projeção que fizemos para 2022. O custo subiu de produção subiu muito, o que de certa forma acompanhou a alta dos preços. Sabemos que é muito relativo de produtor para produtor e precisa levar em consideração a produção por hectare. Essa é uma projeção porque ainda tem a fase de colheita, em relação à mão de obra, que está estimada uma média de R$ 20,00 por saca", afirma. 

Deste montante, Bastianello explica que pode se considerar uma média de R$ 328,00 de lucratividade por saca de café para o produtor que conseguiu alcançar a média de produtividade do estado. "Essa é a média por estado, mas temos também os produtores que investem mais e conseguem avançar ainda mais", afirma. 

O presidente comenta ainda que o cenário atual é de recuperação para o produtor de café tipo conilon, apesar do custo de produção mais caro. Na transição da safra 20 para 21, foi observado pela própria cooperativa que o cafeicultor estava optando em reduzir os tratos culturais, mas segundo Bastianello, com a demanda mais forte muitos voltaram com os tratos necessários no cafezal. 

"Muitos produtores buscaram pelos melhores tratos, mas ainda tem aquela parcela que ainda não está aplicando o cuidado ideal. As lavouras que vão produzir menos esse ano, são reflexo ainda da baixa aplicação ideal lá trás, mas no geral a avaliação é de lavoura muito bonita e desenhando uma boa safra", afirma. 

Além de cuidar do campo, o momento agora também é para o produtor cuidar melhor das finanças, fazendo balanço da gestão da propriedade. Bastianello acrescenta que o diferencial entre café arábica (média de R$ 1.400,00/saca) e conilon (R$ 800,00) ainda é expressivo, mas que o cafeicultor precisa se atentar para também conseguir aproveitar as condições climáticas mais favoráveis. "Se o produtor estivesse mais remunerado poderia estar cuidado mais das lavouras. Ainda assim, é hora de pagar as contas e estar preparado para problemas que possam vir acontecer", comenta, destacando as condições climáticas observada mundo afora pelo produtor de café. 

As últimas semanas foram positivas quando se fala em chuva em área de produção de café tipo conilon. De acordo com Bastianello, em importante fase da lavoura as chuvas foram suficientes para garantir o bom desenvolvimento da safra. A partir de agora, as atenções se voltam para as condições climáticas para o mês de março. "Chove bem desde o começo de ano, os reservatórios estão cheios e o produtor não têm precisado usar a irrigação, mas sempre fica o estado de alerta", comenta. 

Com a indústria demandando mais do café tipo conilon no mercado interno, também foi observado redução nos embarques do grão, o que segundo analistas é justificado por preços mais atrativos no mercado físico para o produtor. Os dados da consultoria StoneX, divulgados no início deste mês, mostraram que o diferencial entre Brasil e Bolsa de Londres voltou a ficar positivo em meados do mês de janeiro. 

"Não teve uma movimentação muito expressiva no mercado interno, o mercado na Bolsa de Londres caiu, mas mesmo com essa queda o mercado interno foi firme para manter os preços nos pamatares que estamos vendo", destacou o analista de mercado Fernando Maximiliano em entrevista ao Notícias Agrícolas.  De acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) no período entre junho e dezembro de 2021, foram embarcados 1.7 milhões de sacas, o que representa uma queda de 39% em relação ao ano de 2020, o que segundo o analista, já representava essa tendência de queda nos embarques. 

"Isso já foi reflexo desse diferencial. Não faz sentido vender para o exterior com a indústria pagando melhor no mercado interno. A expectativa continua sendo de queda para o mês de janeiro, mas precisamos lembrar que esse reflexo não é imediato. Vamos observar um impacto maior nas exportações de fevereiro ou março", acrescenta. 

  

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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