Impactos da guerra: Negócios da indústria de café solúvel estão praticamente paralisados há mais de 20 dias para o Leste Europeu

Publicado em 18/03/2022 12:47 e atualizado em 18/03/2022 13:19
Rússia é importante parceiro comercial do Brasil e tem forte demanda por este tipo de café; problema de abastecimento já é uma realidade

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Após 23 dias da invasão entre Rússia e Ucrânia, o setor cafeeiro no Brasil continua acompanhando os impactos para o mercado, que além de temer pelo consumo da bebida e os impasses na logística, há exatos 23 dias vê as negociações paralisadas por parte da indústria na compra de café tipo solúvel quando se fala em Leste Europeu. Sem o cessar-fogo entre os dois países, as preocupações aumentam a cada dia, com reflexo inclusive para os preços do café no mercado futuro. As informações são de Marcio Cândido Ferreira, presidente do Centro do Comércio de Café do Vitória. 

A Rússia é um importante parceiro comercial do Brasil quando o assunto é café solúvel. O país ocupa a 2ª colocação no ranking de importadores e segundo os dados do CCCV em 2020 o país foi responsável pela compra de 43 mil toneladas de café solúvel, estando entre os principais fornecedores do produto Brasil - com aproximadamente 7.800 toneladas, Alemanha com o mesmo volume e Vietnã com 6.500. Também aparecem na lista países como Índia, Equador, Japão, Reino Unido, Suíça e Bielorrússia. Já a Ucrânia ocupa a sétima posição no ranking. Em relação ao consumo, os dos países juntos consomem uma média de 6 milhões de sacas por ano. 

De acordo com Márcio, as sanções financeiras aplicadas à Rússia é o que trazem mais preocupações neste momento, mas destaca que o cenário precisa ser avaliado no médio e longo prazo já que ainda que os dois países entrem em acordo nos próximos dias, a situação deve levar um tempo para normalizar. "É lamentável o que está acontecendo, as vidas sendo perdidas e tudo mais. É óbvio que com as sanções muita demanda vai ficar parada. Os dois precisam se resolver, mas precisamos lembrar que parar a guerra não significa que vai voltar tudo ao normal imediatamente", comenta o presidente. 

Com relação aos importadores, acrescenta que a preocupação é muito maior com as pequenas empresas, considerando que os grandes importadores estão encontrando formas de driblar problemas como a logística, direcionando a carga para países vizinhos como por exemplo para Lituânia. A indústria tem como tradição realizar as compras pelo menos seis meses antes da mercadoria e a pausa de 20 dias deve ser mais um agravante para o mercado lá na frente.

"Nós temos duas situações, o navio que não consegue chegar até o destino, mas as empresas que não tem matriz na Rússia, por exemplo, conseguem direcionar para outros lugares, mas tem muito cliente pequeno que tem problema logístico e não consegue realizar os pagamentos necessários com o bloqueio ao Swift", acrescenta. 

Problema de abastecimento já é uma realidade no Leste Europeu

As sanções aplicadas à Rússia não afetam apenas o mercado de café e de acordo com as notícias mais recentes, o problema de abastecimento no Leste Europeu já é uma realidade na região. De acordo com informações da agência de notícias Reuters, as sanções  aumentaram a demanda por açúcar e outros alimentos básicos, e as prateleiras dos supermercados estão esvaziando devido à estocagem de alimentos.

"O volume de açúcar embarcado é incomumente alto, disseram traders, observando que a Rússia tende a importar cerca de 100.000 toneladas de açúcar por ano. A Rússia não é um importador ou exportador notável de açúcar, mas os russos começaram a acumular o adoçante.Enquanto as vendas de açúcar não são cobertas pelas sanções, as transações financeiras são. Além disso, analistas disseram que problemas de segurança no Mar Negro podem atrapalhar os navios", afirma a Reuters. 

Os embarques para a Rússia e a Geórgia foram carregados em navios que saem do Brasil, o maior exportador de açúcar do mundo, com três comerciantes europeus de alimentos e uma empresa brasileira por trás dos negócios: Sucden, Louis Dreyfus Co e Tereos na Europa, além de e Raízen no Brasil.

Reflexo em Nova York e mercado "invertido"

Desde o início da guerra, o produtor brasileiro está vendo os preços caindo na Bolsa de Nova York e também em Londres em algumas sessões. Os negócios são fechados no curto prazo, para entregas no máximo em abril, maio e junho. Na análise de Marcio, os negócios saem de acordo com a necessidade em se ter a matéria-prima em um curto período, mas o mercado ainda monitora as condições da safra brasileira. "Hoje com  juros cada vez mais altos e com mercado "invertido" não tem porque o exportador alongar a compra", comenta. 

Com o retorno das chuvas no Brasil, o mercado opera sim com preocupação na oferta deste ano, mas de certa forma também precifica acreditando em uma produção mais positiva no ciclo 23. "O mercado que trabalha com indicativos está precificando a safra futura muito mais barata do que a atual", comenta. Por volta das 12h54 (horário de Brasília) desta sexta-feira (18), por exemplo, o contrato referência maio/22 era negociado por 217 cents/lbp em Nova York, enquanto setembro/22 era vendido por 207,65 cents/lbp. 

 

 


 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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