Sem perspectiva de recuperação: ICE tem queda de quase 90 mil sacas de cafés certificados

Publicado em 02/06/2023 16:42
Analista destaca "jogada de mestre" do Vietnã em momento que o robusta ainda foi ainda mais demandado no mercado internacional

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Mesmo com a colheita da safra brasileira avançando, o mercado do café continua monitorando os estoques certificados na ICE. No mês de maio, em Nova York foi registrada queda de 87.234 mil sacas e o mês terminou com 574 mil sacas. Já no acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas quase 500 mil sacas a menos. 

Desde as baixas históricas como resposta à Covid-19, não há aumento expressivo de volumes e há mais de um ano o mercado opera com volume abaixo de 1 milhão de sacas de arábica na ICE. Também é importante mencionar que não há sacas pendentes de avaliação, condição oposta do que o observado há alguns meses, quando o mercado operava com 600 mil sacas pendentes. 

Segundo análise de Haroldo Bonfá, da Pharos Consultoria, ao menos no curto prazo não há expectativa de recuperação dos estoques na ICE. "O mundo do café ficou muito atento às expectativas do arábica subir ainda mais e acho difícil que se tenha uma recuperação no curto prazo. Principalmente porque o Brasil, que tem sido um grande fornecedor de café certificado, ainda vai precisar entender qual a qualidade desse café sendo colhido", afirma. 

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Fonte: Pharos Consultoria

O volume da safra brasileira ainda é uma incerteza para o mercado de café. Os números oficiais da Conab apostam em uma produção de 54 milhões de sacas, mas existem consultorias que estimam até mais de 60 milhões de sacas. 

"A partir de agora nossa preocupação é de incentivar esse produtor a focar no pós colheita, ter planejamento, é fundamental que se tenha essa qualidade na bebida e que o Brasil já apresentou ao mercado. É preciso entender que uma mesma fazenda pode ter vários tipos de café", complementa. 

Enquanto os estoques de arábica certificado registram baixas, na Bolsa de Londres o mercado viu o incremento de 46 mil sacas. No acumulado do ano, no entanto, foi registrada queda de 330.667 mil sacas. 

Para Haroldo, o Vietnã enquanto maior produtor de robusta do mundo, teve uma "jogada de mestre" ao perceber que o mercado internacional precisaria ainda mais deste tipo de café diante dos impasses climáticos nas principais origens produtoras de arábica. 

"O mundo ficou muito atento ao robusta e com a perspectiva de recuperação do arábica. Neste sentido, o Vietnã subiu preço, subiu toda estratégia e participou muito do mercado. Isso é muito importante porque com isso os produtores investiram mais nos cuidados nas lavouras", afirma.

É importante lembrar que há alguns anos o Vietnã mantém a produção na casa das 30 milhões de sacas. "E isso acaba dando pressão aos preços e conseguiram fazer dinheiro. ", complementa. 

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Fonte: Pharos Consultoria

Mas e o Brasil?

Para o analista, apesar do país ter perdido certo espaço no mercado internacional nos últimos dois anos, esse não é um fator que traz preocupações neste momento, já que a indústria interna ainda demanda muito com valores que remuneram os produtores. 

"Não vejo grandes preocupações em termos de rentabilidade porque a indústria vem usando muito, o solúvel está muito forte e tudo isso mantém esse produtor na atividade", finaliza. 

Mercado mais frágil 

No mês passado, o mercado de café perdeu um direcionador importante para os preços. Pegando todo o setor de supresa, a Green Coffee Association informou que não vai mais divulgar as informações sobre os estoques de café verde nos Estados Unidos.

O relatório mensal de estoques de café verde dos EUA fornece informações importantes informações para o mercado global de café, pois revela o quanto da commoditie ainda está disponível em armazéns nas principais portos dos EUA.

"É uma baixa de dados importante, deixa o mercado ainda mais frágil, era um parâmetro importante de definição, mas em termos de consumo ainda podemos focar na importação. Se continua importando é porque está consumindo. Para o Brasil é importante que esse café embarque", afirma o analista. 

Vale lembrar que há alguns anos o consumo de café nos Estados Unidos é mantido em 25 milhões de sacas. "Precisamos levar em conta que a população americana não está crescendo, é um volume interessante que se mantém", complementa. 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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