Venezuela assume o controle de processadoras de café

Publicado em 03/08/2009 12:14
O governo venezuelano informou nesta segunda-feira, 3, que assumiu por três meses o controle de duas das maiores processadoras de café do país, Fama de América e Madri, por suposto descumprimento das normas sobre a comercialização do produto. Segundo o ministro venezuelano do Comércio, Eduardo Samán, as autoridades investigarão se as empresas contrabandearam café ao exterior, afirmando que será proposta sua expropriação se as ilegalidades forem confirmadas.

 

Nos últimos meses, Chávez ocupou e desapropriou várias empresas de produção de alimentos básicos, como arroz e macarrão, com o objetivo de acabar com iminente desabastecimento destes produtos no mercado interno, que, segundo o governo, é provocado pelo comportamento dos empresários. A queda da produção do café pode ainda fazer com que o país, tradicional exportador, tenha que importar o grão.

 

De acordo com a Federação Nacional das Associações de Produtores Agropecuários(Fedeagro), ambas as empresas controlam 70% do mercado venezuelano de café. A entidade, crítica do governo Chávez, disse que a queda na produção pode forçar a Venezuela a importar grandes quantidades de café neste ano para suprir a demanda doméstica.

 

Segundo o ministro da Agricultura do país, Elías Jaua, a medida pretende "garantir o abastecimento do povo venezuelano e fazer uma auditoria profunda para determinar o que foi feito com o café produzido". "Se a auditoria demonstrar que houve contrabando, práticas desleais e monopolistas, poderemos estar diante de uma nacionalização destas empresas", disse o ministro, ressaltando que todos os trabalhadores estão com seus empregos garantidos.

 

A crise entre governo e as empresas privadas do setor de alimentos se arrasta desde o locaute empresarial de 2002, no auge da crise política do país, quando os principais produtores paralisaram a produção e abastecimento de alimentos por 62 dias, em uma tentativa de derrocar o governo de Hugo Chávez. As consequências dessa permanente disputa têm sido o eventual desabastecimento de produtos da cesta básica nas grandes redes de supermercados.

 

O governo acusa os empresários de especulação e estocagem de alimentos com o fim de gerar um falso desabastecimento no país. Já os empresários do setor, argumentam que as regras impostas pelo governo para a comercialização tornariam a atividade pouco competitiva e desestimularia a produção.

 

Além do setor agrícola, desde 2007, o governo tem tomado controle dos setores considerados estratégicos. Desde então, foram nacionalizadas as companhias de telecomunicações e de eletricidade, a faixa petrolífera do rio Orinoco, a maior indústria siderúrgica do país e empresas de cimento, além da estatização de uma das maiores instituições financeiras do país, o Banco da Venezuela, que pertencia ao grupo espanhol Santander.

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Fonte:
Estadão.com

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