Polícia Federal apura fraudes na venda de café em Manhuaçu e no Espírito Santo
As 25 pessoas estão detidas na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Vila Velha. Durante todo dia, a movimentação de advogados no local foi intensa, devido aos interrogatórios que foram feitos. Dos 32 mandados de prisão, 23 são de prisão preventiva e nove temporárias de cinco dias. As prisões preventivas são necessárias, de acordo com o Ministério Público, pois há prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria do acusado.
Entre os detidos estão empresários, diretores e funcionários de empresas e corretores. Pelo fato de sete pessoas ainda não terem sido localizadas, o MPF não divulgou os nomes para não atrapalhar na detenção dos demais acusados. As investigações apontam que no esquema fraudulento as exportadoras e torrefadoras de café utilizavam empresas laranjas como intermediárias da compra do produto, ao invés de adquirirem direto do produtor.
A fraude identificada até o momento em 23 empresas laranjas soma um prejuízo de R$ 280 milhões aos cofres públicos federais. Mas segundo a delegada da Receita Federal no Estado Laura Gadelha, o montante pode chegar a R$ 400 milhões.
Essas empresas intermediárias, na hora que emitiam nota fiscal às exportadoras, informavam que recolhiam PIS e Cofins, que de fato não acontecia. De acordo com o Procurador da República, Vinícius Cabeleira, responsável pelas investigações do MPF, como estavam comprando uma mercadoria onde os tributos já tinham sido recolhidos, as exportadoras e torrefadores aproveitavam para utilizar esses créditos indevidos de PIS e Confins para quitar débitos tributários próprios e até mesmo para pedir ressarcimento junto ao fisco.
Por meio da inserção dessa empresa fictícia, era criado um crédito de PIS e Cofins no valor de 9,25% da operação. Esse crédito que deveria ser recolhido por essa empresa laranja, não é, de modo que o destinatário consegue obter um crédito fictício. Se a operação fosse feita normalmente, do produtor para o exportador, não haveria a criação desse crédito", explica o procurador.
O superintendente da Polícia Federal no Estado, Sérgio Barbosa Menezes, contou que durante as investigações os policiais detectaram que muitas dessas empresas laranjas funcionavam em pequenas salas com apenas um computador e uma impressora, quando na realidade deveriam apresentar uma estrutura de pessoal e física para receber e despachar o café comprado do produtor.
Os mandados de busca e apreensão foram realizados em 74 endereços de empresas e residências dos investigados, nos municípios de Colatina, Domingos Martins, Linhares, São Gabriel da Palha, Viana, Vila Velha, Vitória e também em Manhuaçu (MG). A Receita Federal acredita que empresas de São Paulo, Minas Gerais e Bahia também utilizavam empresas laranjas do Estado para obterem vantagens indevidas.
Um dado que chamou a atenção do Ministério Público foi de que dos 30 maiores contribuintes de ICMS no Estado que atuam no ramo do café, pelo menos 18 estão envolvidos no esquema.
0 comentário
Onda de calor no Brasil consolida ganhos do café arábica no fechamento desta 6ª feira (26)
Após Natal, preços do café arábica trabalham em campo misto em NY nesta 6ª (26)
Mais da metade do café analisado em compras públicas no Paraná apresenta fraude, aponta fiscalização
Dedicação e resiliência: Desafios climáticos não conseguiram abalar a qualidade dos cafés brasileiros
Após fortes oscilações, mercado cafeeiro fecha sessão desta 3ª feira (23) em lados opostos nas bolsas internacionais
Preços do café robusta sobem em Londres na manhã desta 3ª feira (23) diante demora nas vendas no Vietnã