Illy vê nova safra de café do Brasil em até 47 mi sacas

Publicado em 18/03/2011 13:39
A próxima safra de café do Brasil (2011/12) foi estimada em uma faixa de 45 a 47 milhões de sacas (60 kg) pelo presidente da illycaffè, tradicional produtora italiana de cafés de alta qualidade.

Segundo Andrea Illy, cuja empresa é importante compradora do café gourmet do Brasil, essa previsão indica que o país terá a sua maior produção em anos de baixa do ciclo bianual do arábica, com colheita começando em maio.

Pelos dados de Illy, o Brasil produziu um recorde na temporada passada (2010/11) de 55 milhões de sacas.

As previsões do presidente da companhia apontam safra maior do que as estimativas do Ministério da Agricultura do Brasil, que prevê produção de 41,9 a 44,73 milhões de sacas para 11/12, ante 48 milhões de sacas em 10/11.

"Na temporada passada, houve um problema, muito calor durante a maturação, a fruta sofreu com uma maturação acelerada, afetou o tamanho do grão e a qualidade para o café super premium, foi um tempo difícil. Na próxima safra, não podemos antecipar o que será (com qualidade). Até agora está tudo bem", disse em entrevista à Reuters nesta quinta-feira.

Illy, que está no Brasil para comemorar 20 anos de atuação da empresa no país, disse que os produtores brasileiros têm colaborado para compensar parcialmente a queda de produção de café em outros países, mas que isso não é suficiente para evitar o atual déficit global no mercado, cujos preços em Nova York atingiram máximas de 34 anos recentemente.

"A contribuição do Brasil não é suficiente para manter o equilíbrio em situação positiva, então estamos em déficit. Estamos falando em nível de estoque na área de 20 por cento do total do consumo global, o que é muito baixo", afirmou.

O empresário disse ainda temer que os altos preços do produto, mais elevados do que deveriam estar por questões especulativas, em sua opinião, poderão gerar uma produção excessiva nos próximos anos, desequilibrando o mercado, como já ocorreu no passado.

SITUAÇÃO PREOCUPA

"Não gosto da atual situação do mercado, o preço está muito alto comparado com o que deveria ser. E isso é devido à especulação, é um fator negativo para o café", disse ele, cobrando ações mais fortes das autoridades reguladoras.

De acordo com Illy, a atuação de fundos de índice, por exemplo, eleva os preços das commodities para níveis muito mais altos do que deveriam estar por questões fundamentais.

A alta dos preços, acrescentou, cria problemas para o setor, que está com dificuldades de financiar o capital de giro e de transferir preços do café para o varejo, num momento em que o consumo cresce mais forte em países emergentes e mais lentamente na Europa.

"Mas o que me preocupa mais é isso resultar em uma explosão de produção, como ocorreu na última grande alta do café, em 1998. Três anos depois o mundo estava inundado de café, e isso levou a uma redução nos preços e a uma crise no café, e isso pode se repetir, prejudicando os produtores", alertou.

MELHORES TRATOS

Por outro lado, ele avalia que os produtores do Brasil poderão melhorar os tratos culturais em suas lavouras, após anos de preços que "não subiram o suficiente para compensar o aumento de custos dos produtores", disse Illy.

De qualquer forma, ele avalia que os atuais preços ainda não permitirão aos produtores elevar a área plantada.

"Os preços atuais do café poderão ajudar na recuperação... vejo elasticidade na produtividade, os tratos culturais podem melhorar", ressaltou ele, lembrando que isso pode ser fator positivo também para a qualidade.

Illy, cuja empresa compra no Brasil mais da metade dos grãos arábica adquiridos mundialmente, disse que o país agora pode ser considerado um líder mundial no fornecimento de cafés gourmets.
"E graças a isso compensa o déficit em outros países como a Colômbia e América Central", disse ele, limitando-se a afirmar que vê a produção colombiana "recuperando-se gradualmente".

A empresa tem planos para o mercado consumidor do Brasil, onde lançou em 2010 a illycaffè Sud America, com foco na distribuição de toda a linha de produtos.

"Espero que o Brasil em poucos anos supere os Estados Unidos como o maior consumidor de café, ainda há espaço para o crescimento no consumo no Brasil, isso cria uma grande oportunidade de distribuição neste país", declarou.

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Fonte:
Reuters

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