Pastagens secas e demanda em alta faz carne bovina subir até 30% nos EUA

Publicado em 23/05/2014 16:22

Os preços da carne bovina estão registrando fortes altas nos Estados Unidos desde que uma forte seca começou a secar pastagens em diversos estados produtores no Meio-Oeste, principalmente no Texas, Arizona, Nevada, Novo México e Califórnia, no início do ano. Além disso, o aumento da demanda da China e dos Estados Unidos estão ajudando a manter o mercado em alta. 

Segundo informações da consultoria Informa Economics FNP, esse aumento dos preços nos EUA tem potencial para mexer com o mercado internacional. “É um aumento muito significativo... De fato, os EUA têm tido problemas com a oferta de bovinos para abate há muito tempo, devido aos problemas de rentabilidade e os custos elevados de produção”, afirmou José Vicente Ferraz, diretor técnico da Informa Economics, em entrevista exclusiva ao Notícias Agrícolas. 

Ferraz afirma que “o rebanho americano não para de bater recordes de redução” e que a falta de oferta de carne dos Estados Unidos no mercado internacional poderá favorecer o aumento das exportações brasileiras. “Logicamente, se tivermos um aumento no preço da carne internacional, ou qualquer fator que afete a oferta nos EUA, isso tende a puxar o preço nosso mercado interno”. 

O Brasil é hoje o segundo maior produtor de carne bovina do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Apesar de ter um rebanho quase duas vezes maior que o norte-americano, a produção brasileira de carne bovina é menor. “Os americanos conseguem engordar o gado em um ciclo de produção mais curto... Aqui no Brasil, precisamos de 30 meses, lá, não chega a 26 meses)”. Ferraz afirma ainda que o Brasil tem possibilidade de viabilizar um aumento na produção, com investimento em produtividade.   

Seca na Austrália
A Austrália, um dos maiores exportadores de carne bovina, não tem condições de expandir seu rebanho devido à falta de áreas, já que grande parte do território australiano é deserto. Além disso, o país também vem enfrentando uma forte seca, principalmente na região do estado de Queensland, que abriga mais da metade do rebanho bovino no país. Nos últimos 18 meses, o oeste e o sul do estado têm registrado precipitações abaixo do nível na média. 

Aumento de até 30% nos preços
De acordo com o site AgWeb, os preços tiveram fortes altas na última semana, depois que compradores dos estados do Norte dos EUA começaram a intensificar as compras nas regiões produtoras nas Planícies do Sul para atender sua demanda. “Há falta de boi gordo em estados como Nebraska e Iowa, então eles estão indo para o sul para comprar”, afirmou o analista de mercado Corbitt Wall. Ele classifica o aumento da demanda como “fora do comum”. 

O aumento dos preços da carne já está afetando o consumidor nos Estados Unidos. O site norte-americano “Guardian Liberty Voice” informou que os preços já subiram entre 20% e 30% em poucos meses em açougues de todo o país. Além da carne bovina, a carne suína também está registrando fortes altas devido à incidência de Diarréia Epidêmica Suína (PEC, na sigla em inglês), que afeta parte dos plantéis nos EUA desde o ano passado. A doença também foi confirmada em alguns rebanhos no Canadá. 

A alta acontece justamente no início da chamada “barbecue season”, ou temporada de churrascos, que começa com a proximidade do verão. As altas são tão significativas que, de acordo com a matéria, podem afetar a maneira como as famílias americanas planejam suas refeições. As elevações nos preços também são registradas no Canadá, onde o preço da carne bovina dobrou nos últimos cinco anos.

Alta dos grãos
O Guardian Liberty Voice explica que, além da forte seca que atinge áreas de pastagens nos EUA, o inverno intenso registrado no ano passado também afetou os rebanhos. A alta nos preços dos grãos – soja e milho – usados na produção de ração para gado é apontada como outro fator importante, assim como o aumento na demanda de importadores. 

Com preços remuneradores e demanda elevada, pecuaristas americanos devem voltar a fazer investimentos em gado e pastagens, o que deve fazer com que os preços recuem. No entanto, de acordo com a matéria, isso só deve acontecer em dois anos ou mais, até então, o consumidor americano deverá continuar comprando. 

Consumo chinês
As importações chinesas de carne bovina, que já cresceram significativamente nos últimos anos, devem aumentar até 3.500% até o ano 2050, atingindo o valor de US$ 150 bilhões ao ano, de acordo com informações do Escritório Australiano de Agricultura, Recursos Econômicos e Ciências. A China deverá responder por 40% do aumento do comércio global de milho nos próximos 10 anos, além de responder por 40% do aumento da demanda mundial por alimentos até 2050. 

Fonte: Informa Economics FNP

Leia mais sobre a seca que atinge os Estados Unidos:

AgWeb: Seca severa afeta áreas de pastagens e prejudicam criação de gado nos EUA

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Por:
Fernanda Bellei
Fonte:
Notícias Agrícolas

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