PR: Onda de frio prejudica produção de trigo e pode afetar produtividade da próxima safra de café

Publicado em 31/07/2013 10:55 e atualizado em 31/07/2013 11:37

O frio intenso da última semana prejudicou a produção de muitas culturas acompanhadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, no Sudeste e Sul do País. Segundo pesquisadores do Centro, ainda não é possível dimensionar as perdas, mas pode haver impacto na oferta. Em algumas áreas de produção, houve chuva forte, geada e até mesmo neve. No Paraná, foi registrada a ocorrência de “geada negra” (congelamento da parte interna da planta, que escurece e morre) que afetou plantações de café e trigo. Por outro lado, a cultura da maçã foi favorecida pela queda nas temperaturas.

As geadas ocorridas no Paraná devem ter pouco impacto no volume de café a ser colhido na safra atual (2013/14), mas podem reduzir a produtividade da temporada seguinte (2014/15) em até 20% frente ao potencial produtivo, segundo indicação de colaboradores do Cepea. Os prejuízos causados, no entanto, só poderão ser calculados e avaliados no período de fixação das flores, que deve ocorrer entre setembro e outubro. O que poderia amenizar as perdas seria o aumento dos tratos culturais para reduzir o nível de desfolha dos cafezais, mas os atuais baixos preços dos grãos devem limitar essa prática.

Em relação ao trigo, as recentes baixas temperaturas têm sido motivo de preocupação para triticultores, especialmente do Paraná. Apesar de as geadas não terem sido tão intensas quanto as previsões indicavam, a atual fase de desenvolvimento da lavoura ainda é suscetível a qualquer alteração climática brusca. Colaboradores do Cepea apontam que a produtividade foi afetada e que também deve haver perda na qualidade do grão. As cotações seguem firmes, sem mudanças significativas, e muitos agentes apontam que a tendência é de alta pelo menos até meados deste segundo semestre.

Na produção de leite, pesquisadores do Cepea apontam que o frio intenso em algumas regiões, principalmente no Sul, tem prejudicado bastante o desenvolvimento das pastagens de inverno, o que pode afetar a produção de leite de julho. A estratégia de parte dos produtores tem sido o uso da silagem – para os que produziram o alimento – e o aumento do uso de ração no cocho.

Para a cultura do algodão não houve danos, porém o frio paralisou a colheita em algumas fazendas.

Hortifrutícolas

Segundo pesquisadores do Cepea, o clima adverso atrasou o transplantio de mudas de cebola no Sul do País. Em locais onde o semeio já foi realizado, os bulbos podem demorar mais para atingir o ponto de maturação. Dessa forma, a colheita de cebola, que ocorreria em novembro, deve atrasar.

Também houve perdas na safra de tomate em Reserva (PR). Alguns produtores adiantaram o transplantio para julho ao invés de agosto, com o intuito de escalonar a oferta. Boa parte dessa produção acabou sendo perdida por conta da geada – ainda não há estimativas dos prejuízos. De acordo com colaboradores do Cepea, essas áreas perdidas deverão ser replantadas, o que provavelmente aumentará os gastos do tomaticultor paranaense. Já em outras áreas de produção, o frio tem apenas diminuído o ritmo de maturação dos frutos, acarretando em maior oferta de tomates verdes no mercado.

Também houve incidência de geada em alguns parreirais do Paraná, que produzem uvas finas (itália) e niagara. Em Marialva, produtores que realizaram as podas afirmam que algumas videiras foram queimadas, e que as perdas serão contabilizadas a partir desta semana. Dependendo do impacto do frio para a safra de fim de ano, período de elevado consumo de uvas, o volume destinado ao mercado pode ser menor, aumentando os preços ao consumidor.

Já para a maçã, o frio foi positivo. Os pomares estão em dormência e corriam o risco de apresentar brotação prematura. Esse período de temperaturas amenas é importante para que macieiras brotem mais uniformes.

Segundo pesquisadores do Cepea, os impactos do frio não chegaram ainda a refletir diretamente em aumentos dos preços dos hortifrutícolas. As baixas temperaturas nos principais centros consumidores reduzem as compras, o que acaba limitando o avanço das cotações. A expectativa é que a volta às aulas possa modificar esse cenário, além do início do mês, aquecendo as vendas nas próximas semanas.

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Fonte:
Cepea

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