Argentina: saiba o estado das chuvas e da safra de verão nas principais regiões

Publicado em 12/04/2017 10:32

Na Argentina, a água começou a baixar em algumas das zonas afetadas nos últimos dias pelas inundações. Porém, como escreve o site Agrositio, "ficaram os destroços e a terrível sensação de começar do zero". Mas as más notícias ainda não terminaram: é alto o perigo de que as chuvas extremas e o transborde de rios se repitam.

"As inundações são o maior desastre natural que ameaça o país e representam 60% dos desastres naturais e 95% dos danos econômicos", explica Catarina Ramírez, especialista de Água e Saneamento do Banco Mundial, que no ano passado realizou um estudo sobre o tema.

Ramírez lembra que só na província de Buenos Aires, no ano de 2015, as chuvas afetaram 800.000 hectares e foram perdidas quase 6000 cabeças de gado, o que implicou em uma perda de 652 milhões de dólares.

Salto Grande, em Santa Fe, Argentina

Salto Grande, em Santa Fe. Foto: @AnPasserini, no Twitter

Nas estimativas de Germán Heinzenknecht, especialista da Consultoria de Climatologia Aplicada do país, o clima chuvoso nas zonas agrícolas do pampa úmido já começou a ceder. "A continuidade do mau tempo começa a ceder lentamente e por setores, não sem deixar resíduos de chuvas fracas e chuviscos nas áreas mais centrais. O sul de Santa Fe e o sudeste de Córdoba são as últimas zonas das províncias do centro a sair do sistema de mau tempo principal", indicou o especialista.

Como sinalizou Heinzenknecht, há uma intensa troca de massa de ar. A partir de então, entrará uma massa de ar seco e bastante frio.

"A saída do sistema de baixa pressão sobre o sudeste de Buenos Aires ainda pode deixar chuvas sobre a zona, principalmente nos setores mais costeiros. O aumento da intensidade do vento sobre o centro-sul de Buenos Aires e La Pampa será outro fator a se ter em conta. A zona ficará exposta a intensos ventos do setor sul que irão trocando de posição de leste a oeste ao longo do dia", acrescentou.

Las Flores, em Buenos Aires, Argentina

Las Flores, em Buenos Aires. Foto por @facuorli, no Twitter

Para o especialista, a zona mais baixa dos Pampas, o sudoeste de Santa Fe, o sudeste de Córdoba e o noroeste de Buenos Aires, além de mais alguns setores leiteiros de Santa Fe e Córdoba são os que poderão ter mais inconvenientes para a colheita.

Chuvas nos próximos dias

De acordo com a Perspectiva Climática divulgada pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), a partir de amanhã a frente que causou a água em abundância na Argentina ficará concentrada na região Norte do país, com chuvas de intensidade variada e tempestades severas.

No leste do noroeste argentino, na maior parte do Paraguai, na Região do Chacho, no extremo nordeste da região dos Pampas e no norte da Mesopotâmia será possível observar chuvas de abundantes a muito abundantes, de 25 a 100mm, com amplos focos de risco de granizo, ventos e aguaceiros torrenciais. O restante da área agrícola enfrentará apenas chuvas escassas. Essas previsões também se estendem por parte da região Sul do Brasil, como é possível observar no mapa:

Mapa Chuvas na Argentina

Dúvidas na produção final

No último final de semana, caiu a mesma quantidade de água que a média dos dois ou três meses, segundo a época do ano. Para o ministro da Agroindústria de Buenos Aires, Leonardo Sarquís, as chuvas de mais de 50mm afetaram 37 partidos, nos quais são produzidos soja, milho, carne e leite. Se trata de quase 30% dos 128 partidos produtivos (sobre um total de 135) que a província possui.

"Não podemos saber o que ocorreu até que a água não baixe. Falta certo tempo para a colheita de soja e milho, mas vão haver lugares que vão sofrer perdas e outros com rendimentos tão bons que vão compensar essas perdas", disse Sarquís.

General Villegas, Buenos Aires, Argentina

General Villegas, em Buenos Aires. Foto: @ramacuenca, no Twitter

Em linhas gerais, a amplitude do fenômeno do final de semana deixou suas consequências. A colheita de soja, que na semana passada havia avançado 5,9% da superfície plantada (19,2 milhões de hectares), está paralisada. E também há dúvidas sobre seu volume final. Se vinha prevendo uma colheita de 56,5 milhões de toneladas, mas segundo Rodolfo Rossi, presidente da Associação da Cadeia de Soja (Acsoja) da Argentina, "vai ser difícil" alcançar esse número. As chuvas seguem afetando a zona núcleo, que são as que mais somam à produção. Para Gustavo Duarte, produtor no oeste da província de Buenos Aires, "mais de 15% dos cultivos se verão afetados".

Confira, ainda, como se encontra a situação nas mais diversas zonas agrícolas do país:

Centro-Norte de Santa Fe

Embora os lençois freáticos se encontrem saturados, a situação não aponta para gravidade. A soja de primeira etapa continua apontando com rendimentos próximos a 3500khg/ha.

Centro-Norte de Córdoba

Praticamente não houve chuvas. Para a soja de primeira etapa, a colheita seguiu com rendimento médio de 4000 a 4500kg/ha.

Sul de Córdoba

Persiste o clima úmido e sem expectativa certeira para retomar a colheita. Caminhos em mal estado e com pouco trânsito. Em algumas áreas, as chuvas não causaram danos, mas devem atrasar a colheita. Soja com rendimento entre 4000 a 4300kg/ha.

Núcleo Norte

Muita água nos campos. A colheita retornaria apenas em dois a três dias. Baixa probabilidade de danos. Lotes alagados e caminhos intransitáveis fazem com que os trabalhos demorem a se iniciar. Rendimentos se mantêm entre 3500kg/ha e 4800kg/ha. O milho de primeira etapa apresenta rendimento médio de 9000kg/ha.

Núcleo Sul

Acumulado de 150mm a 180mm. Assim que as chuvas pararem, a colheita deve reiniciar em 4 a 5 dias. Até o momento, 25% da soja foi colhida. Caminhos inundados e destruídos. Rendimentos podem cair de 5% a 10% em algumas regiões. Em outras regiões, a água também poderia ser vilã na qualidade do produto colhido. Rendimentos oscilam entre 3800kg/ha e 4500kg/ha.

Tandil, em Buenos Aires

Tandil, em Buenos Aires. Foto: @Dagiminiutz, no Twitter

Centro-este de Entre Ríos

Cultivos em bom estado. Milho de primeira etapa na reta final da colheita e rendimentos de 8000kg/ha. Colheita de soja se iniciando com rendimentos médios de 3200kg/ha.

Norte de La Pampa-oeste de Buenos Aires

Acumulado de 155mm a 170mm em 9 de Julio. Chuva não ocasionou inconvenientes, sendo que alguns solos apresentavam certo déficit hídrico. Colheita deve retomar em quatro a cinco dias.

General Villegas

Parte da região anterior, o partido da província de Buenos Aires é um caso a parte, já que vem sofrendo com chuvas desde o último mês de outubro, começou "uma corrida contra o tempo" para aliviar a situação causada pelas inundações, como escreve o jornal argentino La Nación. Com as chuvas do último final de semana, essa área tem no acumulado 750mm ao longo do ano e se estima, segundo cálculos privados dos produtores, que 70% da superfície produtiva do partido está muito comprometida. A colheita da safra de verão ainda não começou.

Sul de La Pampa-sudoeste de Buenos Aires

De 75mm a 90mm. Se estima que não houve deterioração significativa. No decorrer do ano, caíram 490mm. Rendimento médio de girassol fica em torno de 2000kg/ha a 2200kg/ha.

Sudeste de Buenos Aires

Choveram 220mm. Rotas e caminhos cortados. Em sete dias poderia voltar a colheita, quantificando possíveis danos.

Soja em Buenos Aires, Argentina

Soja inundada na província de Buenos Aires. Foto enviada para o Notícias Agrícolas por Aluízio Nascimento

Cuenca del Salado

Acumulado de chuvas de 70 a 105mm. Os solos precisavam de chuvas, que foram absorvidas sem dificuldades. Soja tem perspectiva de rendimento de 3500kg/ha a 3600kg/ha. Dentro de 10 dias a colheita da safra de verão deverá ser retomada.

Com informações do Infocampo.com.ar, La Nación - Argentina, Bolsa de Cereais de Buenos Aires e Agrositio

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Por:
Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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