Enchentes nos EUA destroem silos e travam logística no Corn Belt

Publicado em 18/03/2019 17:39

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O Meio-Oeste e as Planícies norte-americanos têm sido duramente castigados nos últimos dias por conta das chuvas intensas que chegam à regiões. Os estados de Nebraska, Iowa, Missouri, Kansas e as Dakotas foram alguns dos mais afetados, registrando inundações capazes até mesmo de destruir silos cheios de grãos. Os prejuízos ainda estão sendo contabilizados. 

E os mapas atualizados do NOAA - o serviço oficial de clima do governo dos Estados Unidos - mostram a continuidade de problemas e de chuvas em excesso nos períodos dos próximos 6 a 10 e 8 a 14 dias. No mapa abaixo, de 18 de março, os pontos em laranja mostram inundações leves; os vermelhos inundações moderadas e os roxos, intensas. 

Mapa das enchentes EUA

Há centenas de rodovias e ferrovias cobertas pela água, silos e outras estruturas completamente destruídas em fazendas de importantes estados produtores do Corn Belt, animais lutando para sobreviver e os produtores norte-americanos se preparando, prestes a darem início ao plantio da safra 2019/20. 

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Até este momento, segundo a mídia norte-americana, as enchentes já causaram a morte de aos menos três pessoas e de um número ainda não sabido de animais, além de terem desabrigado centenas de pessoas. Todo o sistema logístico local, é claro, está comprometido e completamente parado. 

As imagens a seguir, colhidas no Twitter, mostram alguns pontos de alagamento e das perdas visíveis. Trata-se da pior enchente nos Estados Unidos em quase 130 anos. 

Enchente em Nebraska - EUA - Março 2019

Enchente em Nebraska - EUA - Março 2019 Enchente em Nebraska - EUA - Março 2019

Enchente em Nebraska - EUA - Março 2019 

Enchente em Nebraska - EUA - Março 2019

Além das propriedades rurais, os elevados níveis da água têm prejudicado de forma também bastante severa diversos setores da agroindústria. A multinacional ADM - uma das maiores do mundo no setor - fechou as portas de sua planta de etanol em Columbus/Nebraska, ainda sem data para a reabertura, segundo noticiou o portal internacional Farm Futures. 

"Neste momento, não temos ferrovias ou rodovias que permitam o acesso ao local por conta do alto nível da água. Não temos agora sequer estimativas de quando poderemos voltar às operações normais", disse Chris Cuddy, presidente das soluções em carboidrato da ADM em uma declaração feita nesta segunda-feira por email. 

O excesso de chuvas dias antes do início da primavera não é incomum nos EUA, principalmente nesta área, porém, as cheias deste ano trazem algumas particularidades inéditas, segundo o especialista Mike Steenhoek, diretor da Soy Transportation Coalition. 

"1. O Meio-Oeste e as Planícies receberam volumes recordes de neve neste inverno; 2. o frio extremo e as temperaturas abaixo de congelantes que ainda persistem mantêm a neve concentrada; 3. as temperaturas baixas e abaixo de zero se estenderam até mais tarde do que o normal; muitos acres já estavam saturados pela umidade alta de 2018", explica Steenhoek. 

E tais problemas não deverão se resolver nos próximos dias, mantendo todo o complexo rural destes locais comprometido e pressionado. O tráfego de barcaças pelas hidrovias americanas - um dos principais modais para o transporte de grãos do país  - também está comprometido. 

Como explica o analista sênior de grãos do Farm Futures, Bryce Knorr, a situação pode se agravar com "o clima que está mudando, ficando ainda mais úmido, mas com temperaturas acima do normal para o período, provocando o derretimento de toda essa neve. Além disso, precipitações também deverão ficar acima da média nesta próxima semana". 

Os especialistas afirmam, porém, que ainda é cedo para dizer que essas condições no quase início da primavera norte-americana já são certeza de um comprometimento da safra 2019/20. O alerta, porém, está dado e será preciso acompanhar como serão as condições daqui em diante. 

Logística x Prêmios

Com todo o sistema logístico comprometido nestas regiões do Corn Belt, os prêmios pagos aos grãos norte-americanos mostraram alguma mudança, ainda de acordo com Bryce Knorr. Há produtores, inclusive, tentando garantir alguma oportunidade de melhores negócios onde os preços melhoraram em função dessa situação e onde o transporte não foi tão duramente afetado. 

Com a redução das barcaças disponíveis para a movimentação dos grãos, os prêmios subiram em alguns terminais, como em Saint Louis/Missouri e Clinton/Iowa. O movimento, entretanto, não foi generalizado.

De acordo com o Relatório Semanal de Transporte de Grãos do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), na semana encerrada em 9 de março, apenas 486 barcaças foram descarregadas na área de New Orleans, a menor desde junho de 2017. A média das últimas quatro semanas, como mostra o boletim, ficou 21% abaixo da média dos últimos três anos. 

Há muitos pontos do rio Mississipi, um dos principais no transporte de grãos dos EUA, onde o nível da água subiu surpreendentemente e travou toda a logística. As poucas horas de luz do dia, ainda segundo Knorr, é outro agravante. 

"Os ventos fortes, a neve e as inundações impediram que a maioria dos elevators (terminais recebedores de grãos) se preocupasse em encontrar vendedores", disse o analista. 

Prêmios do Milho nos EUA

Movimento dos prêmios do milho nos EUA - Fonte: Farm Futures

No mercado disponível da soja, as reações foram bastante semelhantes. Enquanto os prêmios se fortaleceram em algumas regiões, perderam valor em outras, mesmo com toda essa complicação na logística. 

"Um grande volume de vendas ainda não firmadas e o movimento mais lento de produtos para o Golfo agora pode ajudar a fortalecer os prêmios, pelo menos pontualmente. Os valores, porém, seguirão pressionados diante dos altos estoques ainda disponíveis nos EUA", explica Knorr. 

Prêmios da Soja nos EUA

Movimento dos prêmios da soja nos EUA - Fonte: Farm Futures

Número de mortos por ciclone e enchentes em Moçambique pode superar 1 mil

MAPUTO/HARARE (Reuters) - O número de pessoas mortas por uma forte tempestade e inundações anteriores em Moçambique pode superar 1.000, disse o presidente do país nesta segunda-feira, colocando o possível total de vítimas fatais muito acima dos dados atuais.

Até o momento foram confirmadas 84 mortes em Moçambique como resultado do ciclone Idai, que também deixou um rastro de morte e destruição no Zimbábue e em Malawi, com vastas áreas de terra inundadas, estradas destruídas e comunicação danificada.

Em entrevista à Rádio Moçambique, o presidente Filipe Nyusi disse que sobrevoou a região afetada, onde dois rios transbordaram. As aldeias desapareceram, afirmou, e corpos boiavam na água.

"Tudo indica que podemos registrar mais de 1 mil mortes", afirmou.

A cidade portuária moçambicana de Beira sofreu grandes danos, informou a Cruz Vermelha. "A escala da devastação (em Beira) é enorme. Parece que 90 por cento da área está completamente destruída", disse Jamie LeSueur, líder da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC) no local.

O ciclone também matou 89 pessoas no Zimbábue, segundo uma autoridade do Ministério da Informação, enquanto o número de vítimas fatais no Malawi decorrentes de enchentes era de 56 até a semana passada. Não foram divulgados novos números de vítimas no país após a chegada do ciclone.

No Zimbábue, o distrito de Chimanimani ficou isolado do resto do país devido a chuvas torrenciais e ventos de até 170 quilômetros por hora que varreram estradas, casas e pontes e derrubaram linhas de energia e comunicação.

Imagem aérea mostra alagamento em Beira, Moçambique, provocado por ciclone Idai
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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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