Tempo: Plantio da soja pode ser impactado a partir de setembro com tendência de atraso das chuvas por conta do El Niño
O inverno começou na última sexta-feira (21) no Brasil. No decorrer da estação, começam os preparativos para a próxima safra de grãos no Brasil e as notícias não são boas. A tendência, até o momento, é de atenção porque no mês de setembro, quando parte do país já inicia o plantio, as chuvas não devem ajudar.
"A tendência é de um viés mais aquecido no Pacífico nesse período [início do plantio da soja]. Há o risco de que ocorra um atraso das chuvas para o plantio e outubro [início da primavera] também pode ser mais seco. Isso precisa ser acompanhado", afirma a meteorologista da Climatempo, Graziella Gonçalves.
O plantio da soja está liberado para acontecer a partir da segunda quinzena de setembro nos principais estados produtores do Brasil, dentre eles Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, quando termina o vazio sanitário. Outros estados como Tocantins, Bahia e Goiás realizam a semeadura a partir de outubro.
Veja os mapas de anomalias de temperatura e precipitação para o inverno de 2019 em todo o Brasil:
Fonte: Climatempo
Nas anomalias de precipitação para o mês de setembro, é possível ver que as chuvas até acontecem no Centro-Oeste do país e podem ficar acima da média em alguns locais. "Essa chuva que deve retornar vai ser de maneira muito mal distribuída", afirma Graziella. E isso vai acontecer muito por conta da influência do fenômeno El Niño.
O mapa de anomalia de temperatura mostra que o mês de setembro também deve ser de máximas mais altas. "Os meses de agosto e setembro devem ser com pouco frio ou quase sem resfriamento intenso. A previsão é de que os dois meses transcorram com dias com tardes relativamente quentes e frio ameno à noite no centro-sul do país", destaca a Climatempo.
A região Sul do país, que também abrange importantes estados importantes de soja, deve ter o início do inverno com chuvas, inclusive com risco de temporais em julho, mas nos meses seguintes um cenário adverso também pode ocorrer. "As condições para chuva diminuem em agosto... Este mês deve terminar com chuva abaixo da média. Em setembro, a chuva retorna sobre o Sul e voltam os temporais nos três estados", informou a Climatempo.
Previsão probabilística do IRI para ocorrência de El Niño ou La Niña. Fonte: IRI
O inverno tem alto percentual para ocorrência do El Niño, de até 80% entre os meses maio, junho e julho, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para Clima e Sociedade, (IRI, na sigla em inglês). Em junho, julho e agosto, esse número cai para cerca de 65% e depois pouco menos de 60% em julho, agosto e setembro.
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A meteorologia aposta que por conta do fenômeno climático a região Sul deve ter mais chuva, principalmente em julho, além de possibilidade de geada, nevoeiro e até neve. No Sudeste e Centro-Oeste, são esperadas poucas chuvas, um inverno mais quente, mas ainda há chances de geadas e nevoeiro.
A Climatempo ressalta ainda que um dos efeitos do El Niño é dificultar a entrada do frio de origem polar sobre o interior do Brasil. "Com poucas incursões de ar frio pelo interior do país, o inverno de 2019 terá poucos dias com frio intenso e deve terminar com temperaturas acima da média", disse.
Climatologia de precipitação e temperatura média do ar para o trimestre julho, agosto e setembro. Período de referência: 1981 – 2010 - Fonte: Inmet
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) ressalta que, climatologicamente, o inverno é mesmo marcado por ser menos chuvoso no Sudeste, Centro-Oeste e parte do Norte e Nordeste do país, enquanto que o noroeste da região Norte, leste do Nordeste e parte do Sul tendem a ter maiores precipitações, mas neste ano a situação pode ser adversa.
A redução das chuvas em grande parte do país nesta época do ano diminui a umidade relativa do ar, segundo o instituto meteorológico brasileiro, o que favorece bastante a incidência de queimadas e incêndios florestais, bem como aumento de doenças respiratórias.
Veja a previsão da Climatempo com a tendência de chuva para o inverno de 2019 em cada região do Brasil:
Região Sul
O inverno começa úmido na maior parte da Região Sul. A existência do El Niño, mesmo que fraco, contribui para ocorrência de áreas de instabilidade frequentes no mês de julho. As condições para chuva diminuem em agosto e a chuva será menos frequente. Este mês deve terminar com chuva abaixo da média. Em setembro, a chuva retorna sobre o Sul e voltam os temporais nos três estados.
Região Sudeste
Normalmente o inverno é uma estação de pouca chuva na Região Sudeste. O inverno de 2019 será predominantemente seco no Sudeste e de forma geral, a estação deve terminar com chuva abaixo da média na maioria das áreas da Região.
Em julho, a passagem das frentes frias deve deixar alguma chuva no estado de São Paulo, no estado do Rio de Janeiro, no sul e leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. Mas a chuva que ocorrer será com pouco volume e por 1 a 2 dias. O mês de agosto tende a ser mais seco em toda o Sudeste. O raros episódios de chuva devem se concentrar em regiões próximas ao litoral. Em setembro o ar úmido volta a se espalhar e a chuva retorna, porém de maneira muito mal distribuída, atingindo principalmente São Paulo.
Região Centro-Oeste
O tempo seco predomina na maioria das áreas do Centro-Oeste durante todo o inverno de 2019. Vale lembrar que é muito comum não chover por várias semanas consecutivas na Região.
No mês de julho, a passagem de frentes frias e a formação de sistemas de baixa pressão atmosférica trazem pancadas de chuva para a maioria das áreas de Mato Grosso do Sul. Eventos de chuva forte podem ocorrer no sul deste estado.
Em agosto, o tempo muito seco predomina em toda a Região Centro-Oeste. Mas para setembro espera-se um aumento de umidade, de forma geral, que vai permitir a ocorrência de algumas pancadas de chuva sobre a maior parte da Região. Porém, a chuva que ocorrer será em pequenas áreas, mal distribuída e sem grandes volumes.
Região Nordeste
O fluxo de umidade marítima sobre o Nordeste continua forte durante o mês de julho permitindo a formação de mais áreas de instabilidade pela costa. Assim, eventos de chuva forte ainda devem ser esperados nas áreas litorâneas, especialmente na costa leste, atingindo todas as capitais. Embora menos frequentes, a costa norte ainda pode ter episódios de chuva forte. A umidade chega até o Agreste e mesmo o sertão pode ter dias de muita nebulosidade e chuva fraca.
Para o mês de agosto, a tendência é de enfraquecimento do acúmulo de umidade sobre o Nordeste. As condições para chuva diminuem e os períodos com sol e tempo seco aumentam.
Em setembro, a chance de chover será menor do que em agosto e o padrão seco predomina no Nordeste.
Região Norte
O inverno de 2019 deve ser com características típicas da estação na Região Norte do Brasil. É uma estação de pouca chuva e as áreas de instabilidade se concentram na porção norte da Região.
O tempo seco predomina no inverno deste ano por quase toda a Região Norte. Em julho e em agosto, as áreas de instabilidade se concentram no extremo norte e as pancadas de chuva ainda serão frequentes no norte do Amazonas, norte do Pará, em Roraima e no Amapá.
Setembro será um mês de menos eventos de chuva no extremo norte da Região e o tempo seco e quente vai predominar.
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