Inmet passa por processo de desligamento de estações convencionais, reconhece falhas e pretende restabelecer funcionamento pleno até o fim do ano
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com 115 anos de história dedicados à coleta e análise de dados climáticos no Brasil, passa por um processo de reestruturação após passar por um período difícil, que inclui perda de profissionais e falhas operacionais em sua rede de estações meteorológicas. As estações, responsáveis por fornecer informações essenciais para a previsão do tempo e a gestão de riscos climáticos, têm enfrentado problemas de manutenção que comprometeram o envio regular de dados.
As falhas se concentram tanto em estações convencionais, que dependem de leitura manual feita por técnicos em campo, quanto nas automáticas, que transmitem informações via satélite ou rede celular diretamente para a sede do Inmet, em Brasília. A situação chamou a atenção da comunidade científica e foi tema central de uma pesquisa conduzida pelo vice-reitor da Unisinos, Artur Eugênio Jacobus. O levantamento, com foco no Rio Grande do Sul, revelou que mais da metade das estações avaliadas apresentaram falhas. Os casos mais notórios são de equipamentos instalados em capitais, sendo que o período de inatividade mais longo é o de Recife (PE), que não envia dados desde 2021. Confira o relatório na íntegra:
Como mostra o relatório, muitas das áreas avaliadas apresentam alto potencial agrícola ou são regiões urbanizadas que contam diretamente da produtividade das lavouras*. Ou seja, são localidades em que a cadeia do agronegócio depende fortemente de informações meteorológicas precisas para manter suas atividades. Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o Inmet reconheceu os problemas e atribuiu parte das dificuldades à pandemia, que comprometeu a realização de manutenções preventivas nas estações. Segundo a meteorologista Márcia Seabra, que atua no Instituto, o percentual de estações operantes chegou a cair para 50%, mas atualmente varia entre 75% e 80%. A meta, de acordo com ela, é restabelecer a cobertura total até o final de 2024.
“Estamos criando unidades de apoio dentro das superintendências estaduais, com equipes locais treinadas para realizar manutenção nas estações. Isso deve reduzir o tempo de resposta e garantir maior estabilidade operacional”, explica. "Além disso, nossa atuação não atende exclusivamente o agronegócio e nossos dados atendem todo o território nacional", complementa.
Atualmente, o Brasil conta com 133 estações convencionais e 560 automáticas. Os problemas mais recorrentes estão ligados ao desgaste de baterias, cuja substituição, embora simples, depende de técnicos especializados. Os treinamentos já estão em curso, e o objetivo é que, até o início de 2026, o Inmet possa migrar de um modelo de manutenção corretiva para um sistema preventivo, capaz de manter a rede plenamente funcional.
Enquanto a recuperação total da rede não é concluída, os dados das estações meteorológicas inativas vêm sendo complementados por informações de instituições estaduais e municipais. Todos os dados públicos podem ser visualizados em tempo real por meio da plataforma oficial do Inmet: mapas.inmet.gov.br
“Por uma questão de agilidade, disponibilizamos dados brutos em tempo real no nosso site, que depois são qualificados. Se qualquer problema encontrado na informação, ela é retirada do sistema”, argumenta Márcia.
Em relação às mudanças pelas quais o Instituto passa, ela diz que as estações convencionais serão desligadas e trocadas para automáticas, aumentando a frequência de leituras sem perda de dados históricos. Além disso, novos profissionais passam a atuar no Instituto e atuarão na sede em Brasília. “Tivemos um concurso recentemente e receberemos 80 novos profissionais. Desse montante, 40 são meteorologistas, que atuarão nos dados climáticos e nas melhorias que forem necessárias. Com isso, temos projetos de expansão de nossa grade, para que cada estação cubra um raio de 40 km”, comenta.
Além das melhorias operacionais, o Inmet também se prepara para atualizar seu modelo de previsão numérica do tempo. Atualmente, o Instituto utiliza o COSMO (Consortium for Small-scale Modeling), desenvolvido em colaboração com diversos países. No entanto, o consórcio não atualiza a base desde 2021. O modelo será substituído pelo ICON (Icosahedral Nonhydrostatic Model), desenvolvido pelo serviço meteorológico da Alemanha, o DWD. “O Inmet já adquiriu a licença do ICON e em breve iniciaremos a migração de dados com manutenção de nossos dados históricos”, diz a meteorologista.
*O Notícias Agrícolas entrou em contato com o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) para detalhar os possíveis impactos dessa falta de dados para a agricultura, mas até o momento não houve resposta.
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