Estiagem é problema: Produtores esperam chegada da chuva para iniciar o plantio de cultivares

Publicado em 10/09/2010 08:45
O plantio da safra de verão deve atrasar devido à estiagem. Depois de um período de aproximadamente um ano com águas aquecidas pelo El Niño, desde junho se observa um processo de resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial, indicando o retorno do fenômeno La Niña e alterações no clima.

O resfriamento deve aumentar gradualmente no decorrer deste inverno, com o La Niña ocorrendo durante a primavera e permanecendo durante o verão 2011. A previsão é que um episódio de intensidade forte deva durar pelo menos até o outono de 2011. Esse fenômeno atrasa a volta das chuvas no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, que devem ocorrer apenas em outubro.

Porém, em comparação com o ano passado a produção não deve diminuir, mas os lucros serão mais baixos devido a queda de preços. Na soja, por exemplo, a margem de lucro deve ficar entre 18% e 40%. No milho, a redução dos ganhos deve chegar a 12%. Em 2009, a área plantada de soja, feijão e milho chegou a 91.300 hectares e a produção dos três juntos chegou a 415 mil toneladas.

Segundo o engenheiro agrônomo da Embrapa Cerrados/DF, Sebastião Pedro, a safra de feijão para 2010 deve permanecer nos 16%, ou até mesmo subir. A de soja deve aumentar e o milho deve diminuir devido à dificuldade de crédito e os baixos preços do produto no mercado.

TUDO PRONTO

Na Fazenda Dani, localizada na BR 251 saída de Brasília para Unaí, o proprietário Ney Antônio Schnaider, que é produtor há 32 anos, tem quatro tipos de cultivo. São 270 hectares distribuídos em 220 de soja, 20 de feijão, 20 de milho e o restante de sorgo. Ele conta que não chove na região há 60 dias e isso, provavelmente, atrasará o plantio para o verão. Porém, ele está pronto para o plantio da safra de verão. "Nosso primeiro passo é prever o clima. Estamos prevendo um risco por conta da seca, mas após as primeiras chuvas faremos o plantio". Ney utiliza o plantio direto, a forragem e diz que é importante tratar a semente.

Ele acredita que escalonar a plantação também o ajuda a fujir da estiagem. "O produtor que adotou o escalonamento tende a sofrer menos problemas com o que plantou tudo de uma vez", disse o agrônomo e filho do produtor Ney, Gustavo Schnaider. Segundo ele, escalonar é plantar uma determinada cultura em diversas épocas. Caso haja algum problema, o próximo plantio vai reduzir os prejuízos anteriores.

Os agricultores do Distrito Federal estão terminando a colheita das culturas de inverno como o trigo, feijão irrigado e do sorgo e milho safrinha, e iniciam a preparação do plantio da safra de verão 2010/11. O engenheiro agrônomo Sebastião explica que a valorização da soja no mercado internacional a partir de julho, a menos de dois meses do início do plantio da nova safra no Centro-Oeste, não foi suficiente para animar os produtores a acelerar a compra dos insumos necessários, para a formação das lavouras.

"Em um ciclo que as margens de lucro devem ser menores, qualquer alta de preço seria, em tese, aproveitada para melhorar as relações de troca". Ele relata ainda que a desvalorização do dólar diante do real não melhorou as contas do agricultor e as transações envolvendo fertilizantes, defensivos e outros produtos seguem a passos lentos. "O câmbio abaixo de R$ 1,80 é reclamação generalizada". O preço de produção de soja por hectare é de R$ 1.641, de milho por hectare é de R$ 2.020 e de feijão por hectare é de R$ 2.336. Sebastião ensina que o uso de sementes de boa qualidade garante boa germinação e estabelecimento da população ideal de plantas. "Além disso, devem-se tratar as sementes com inoculantes (fixação biológica de nitrogênio) e defensivos para proteger as sementes e as plântulas", resume.

Fazer a escolha certa

Escolher cultivares de acordo com a adaptabilidade na região, sua capacidade produtiva e resistência a pragas e doenças é o ideal. Além disso, não se deve apostar em uma só cultivar. Ao contrario, deve-se compor um leque de cultivares com características diferentes quanto ao ciclo a fim de minimizar os riscos climáticos e otimizar a capacidade de uso das máquinas e mão de obra da fazenda.

Como deve ser feito o tratamento de sementes e porque adotar esse procedimento? Deve-se utilizar sementes de boa qualidade para garantir boa germinação e estabelecimento da população ideal de plantas. Além disso, devem-se tratar as sementes com inoculantes (fixação biológica de nitrogênio) e defensivos para proteger as sementes e as plântulas em fase de germinação do ataque de insetos e doenças.

Para obter bons resultados é preciso fazer a correção e a adubação baseadas no resultado da análise do solo. O que deve ser feito com antecedência ao plantio, de pelo menos três meses, para permitir que os corretivos (calcário e gesso agrícola) possam reagir adequadamente com o solo.

Deve-se ressaltar ainda que a adubação tem que ser feita de acordo com os resultados da análise do solo e considerando as exigências da espécie que será cultivada. A adubação pode ser feita de forma antecipada, no momento do plantio ou em cobertura, dependendo de cada caso, e da recomendação de um engenheiro agrônomo que conheça a realidade do produtor. "Neste caso, não existe uma receita, cada caso é um caso".

ZONEAMENTO

O engenheiro agrônomo da Embrapa Cerrados/DF, Sebastião Pedro, explica que a hora certa de semear é aquela indicada pelo zoneamento agroclimático da região. "Cada espécie tem sua melhor época de plantio já definida pela pesquisa agropecuária e é indicada pelo serviço de zoneamento agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento".

O agrônomo diz, ainda, que para fazer o plantio corretamente, as máquinas devem estar bem reguladas, o solo na umidade e textura adequadas para receberem a semente de modo a permitir que elas germinem e a planta se estabeleça com bom enraizamento. "Para isso, o agricultor deve planejar tudo de forma antecipada, para que quando chegue o momento certo ele possa fazer bem o trabalho de plantio", finaliza.

SAIBA +

O plantio direto acontece no Brasil desde 1970. Nele, a semente é colocada no solo não revolvido (sem prévia aração ou gradagem leve niveladora), usando-se semeadeiras especiais.

Uma pequena cova é aberta com profundidades e larguras suficientes para garantir a adequada cobertura e contato da semente com o solo. Nesse tipo de plantio não se usa os implementos arado e grade leve niveladora, que são comuns na agricultura brasileira e no preparo do solo antes da semeadura.

Aliás, uma vez adotado o plantio direto, ele não deve ser utilizado intercalado com arado, grade niveladora e grade aradora. Devemos entender que a manutenção de restos de culturas comerciais ou adubos verdes na superfície do solo é de extrema importância para o sucesso do plantio direto.

Muitos agricultores que plantam milho, soja, trigo, feijão e arroz estão adotando o plantio direto, por ele ser um pouco mais rentável que o plantio convencional.

Isso ocorre porque no convencional, devido à existência de palha cobrindo o solo, há melhor retenção de umidade havendo maiores rendimentos em anos secos. Não ocorre erosão e, assim, não há necessidade de replantio, que implica em novo preparo de solo com consequente maior gasto de combustível, sementes e adubos.

No plantio convencional é possível semear 3 a 6 dias após uma chuva forte. No plantio direto semease de 6 a 12 dias após uma chuva, resultando no aproveitamento de melhores épocas de plantio.

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Fonte:
Jornal de Brasília

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