La Ninã: Preocupação agora passa a ser com a colheita
O plantio na poeira foi o primeiro dos desafios impostos pelo fenômeno climático nesta temporada, alertam os meteorologistas. Segundo eles, a próxima prova de fogo ocorrerá na virada do ano na Região Sul. O La Niña aumenta o risco de estiagem entre dezembro e janeiro.
O alerta maior é para o Rio Grande do Sul, mas vale também para Santa Catarina, Paraná e para o sul do Mato Grosso do Sul, pontua Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista do Instituto Somar. “As chuvas tendem a ser mais escassas, abaixo da média, e mal distribuídas. As quebras devem ser pontuais, vão pegar mais quem não escalonou (o plantio)”, explica.
Para o Paraná, a falta de umidade nesta época pegaria boa parte das lavouras de soja e milho em fase suscetível. Depois de começarem com atraso, os trabalhos de plantio concentraram-se na primeira quinzena de outubro. Houve também concentração de ciclos produtivos. Os mais curtos têm a preferência do produtor, que tem pressa para semear o milho safrinha após a colheita da safra de verão.
Se a previsão de seca se confirmar, colocará em xeque o potencial produtivo da safra de verão paranaense e a produção estadual de soja e milho deve ficar abaixo das 19,2 milhões de toneladas previstas pela Expedição.
Em Mato Grosso, depois de perder alguns hectares para o algodão, a soja terá uma temporada de desenvolvimento tranquila, de acordo com a meteorologia. Pelo menos até a época da colheita, que pode ser prejudicada pelo excesso de chuva.
“Com a volta das chuvas agora em novembro, o clima não fica excepcional, mas melhora bastante no Centro-Oeste”, avalia Santos. Até o início da semana que vem, Mato Grosso, Goiás e o Norte de Mato Grosso do Sul receberão precipitações generosas, aponta previsão do Somar. O volume acumulado no período deve superar 100 mm em toda a região e passar dos 150 mm em algumas áreas.
Ainda ativo no outono, o La Niña pode comprometer também a segunda safra mato-grossense, alerta o meteorologista. “A safrinha do Centro-Oeste depende de umidade em abril e maio, mas nenhum dos modelos climáticos indica chuva nessa época na região”, relata.